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quarta-feira, 25 de junho de 2008

O Caminho Certo...

Sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que seja reduzido à impotência o corpo (outrora) subjugado ao pecado, e já não sejamos escravos do pecado. (Rom 6, 6)

Muito se discute, nos dias atuais, sobre o que é o pecado, e como ele se manifesta em nossas vidas: se é mortal ou não, se há perdão ou não. Deixando um pouco de lado a questão de pecados veniais ou mortais, é preciso analisar a origem do pecado e de que maneira ele entra em nossas vidas. A Palavra de Deus diz que o inimigo (diabo) veio para roubar, matar e destruir, diz que é o pai da mentira, e isto, como não poderia deixar de ser, é inteiramente verdade: Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.(Jo 8, 44). Nós, porém, devemos ter cautela, para não atribuir ao inimigo uma culpa que muitas vezes parte de dentro de nós, e com isso, mistificando nossas falhas, acabamos por esconder-nos atrás da maldade do inimigo, e com isso fazendo crescer ainda mais os nossos defeitos.
Hoje em dia, o mundo cultua o pecado. Há uma medonha cultura do pecado, que mesmo que nós não queiramos participar, ela bate à nossa porta a fim de nos assolar, e isto principalmente com os mais jovens, os menos experimentados no amor de Cristo, os que não crêem em Deus, e assim por diante.
No que diz respeito à juventude, o pecado se inicia em sua grande maioria por uma procura desesperada por felicidade, por alegria e principalmente por amor. Tentam em vão, buscar este amor e alegria em noitadas, no álcool, em orgias e nas drogas. Estes meios trazem sim alguma euforia, mas esta euforia é como fumaça: algo que não dura, é um sentimento que permanece por algumas horas, e quando esta euforia acaba, dá lugar à depressão, vazio, tristeza e solidão. Quando a fuga é para as drogas, é claro que há o fator da dependência química, mas o verdadeiro pecado é não reconhecer que precisa ser tratado deste vício . Após o efeito do entorpecente, a pessoa é acometida por um imenso quadro depressivo, isto por efeitos fisiológicos e psicológicos. Fisiológicos, pois no momento em que se ingere algum entorpecente, a maioria deles altera o funcionamento do Sistema Nervoso Central, aumentando suas atividades neurais, tornando o indivíduo mais atento, eufórico e disposto, isto ocorre enquanto há o efeito das drogas; e os efeitos psicológicos, pois após o efeito da droga, se inicia o quadro depressivo, já que naquele momento, o indivíduo se dá conta do que ocorreu, que toda aquela euforia, todo aquele aparente amor que os “amigos” sentiam por ele, era ilusão. Logo, encontrar o amor, o respeito e compreensão nas drogas, ou em qualquer outro vício é impossível.
Procurar a felicidade é algo que exige cautela na escolha dos caminhos, pois no mundo de hoje são fartos os caminhos que conduzem à perdição. O mundo de hoje prega, de maneira veemente, que se uma pessoa com tendências homossexuais, que acha que sua felicidade está em realizar uma cirurgia de troca de sexo, ela deve seguir seus instintos e realizar a tal cirurgia. Atualmente a busca pela tal “felicidade” não tem limites, não tem precedentes, não tem critério e nem freio, e com isso o plano de Deus acaba por ser esquecido ou ignorado. E é neste momento, que o pecado entra em nossas vidas.
No momento em que pecamos, NÓS nos afastamos da graça e do amor de Deus, que é abundante de Graça e Amor, mas no momento em que nos afastamos de Seu Amor e Sua Graça, o pecado prevalece em nossa vida, dando lugar apenas a destruição, mentira e infelicidade. Entendamos que, no momento em que OPTAMOS por procurar nossa felicidade em algo em que Deus e seu Filho não estão, buscamos a felicidade nos braços do inimigo. Neste momento, a opção por procurar a felicidade nos braços errados é uma decisão nossa, é uma opção livre, e por isso devemos ter cautela em atribuir “tudo” ao inimigo, isentando-nos à nós mesmos de nossas culpas. No momento em que nos lançamos nos braços do inimigo, aí a ação maligna se faz presente, e termina de destruir os muros da alma.
Portanto, pecar ou não pecar é uma opção, e optar pelo caminho certo faz toda a diferença. Geralmente todo caminho que é mais fácil, rápido e sem incômodos é nocivo à nossa alma, degrada nossos sentimentos. O caminho para a felicidade e o amor, é Cristo. O próprio Cristo, foi açoitado, padeceu na cruz, para que tivéssemos felicidade em nossas vidas, para que fossemos absolvidos de nossos pecados, mas o que se vê hoje é o Cristo sendo novamente crucificado. Ele é novamente crucificado a cada vez que buscamos felicidade nos braços do inimigo, cada vez em que recorremos a outros meios para buscar a felicidade que não Nele. Diz o Cristo; Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores." (Mt 9, 13), logo, apenas nele, conseguiremos a cura para nossos males, porém, o momento em que ocorrerá a cura para nossas mazelas, cabe à Cristo a decisão de qual momento é o mais adequado para que ocorra, portanto, não devemos nos decepcionar caso nossa cura demore mais do que esperávamos, pois é como se fosse um tratamento médico, onde pode ocorrer uma cura instantânea, ou podemos permanecer numa “UTI”, até que nos seja dada uma “ALTA”. Devemos portanto ter paciência e confiança em Cristo.

Busquemos a felicidade, a acolhida e o Amor, na única Fonte inesgotável e indissolúvel, que são o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, pois diz a Sagrada Escritura; “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.” (Jo 6;56) Busquemos sempre estar diante da sua presença, como filhos que buscam a proteção nos braços do Pai, pois somente assim, alcançaremos uma felicidade; não momentânea, mas eterna.Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15, 5)


A Paz de Cristo.

Diogo Pitta

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Tocar ou esbarrar ?

" Ora, havia ali uma mulher que já por doze anos padecia de um fluxo de sangue, tendo ela ouvido falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe o manto. Dizia ela consigo: Se tocar ainda que seja na orla de seu manto, eu serei curada. Jesus, percebeu imediatamente que saíra dele grande força e voltando-se para o povo, perguntou; "Quem tocou em minhas vestes ? Responderam-lhe os discípulos: Vês que a multidão te comprimes e perguntas quem te tocou. Ele olhava ao derredor para quem o fizera. Ora, a mulher, atemorizada e trêmula, sabendo o que nela se tinha passado, veio lançar-se-lhe aos pés e contou toda a verdade. Mas ele lhe disse: "Filha, a tua fé te salvou. Vá em paz e sê curado do teu mal" (Lc 5, 25-34)
Todos temos enterrados e muitas vezes ativos em nossos corações, traumas, medos, ressentimentos e rancores, que nos corroem por dentro, gerando um buraco enorme em nossas almas, nos impedindo muitas vezes de nos aproximarmos mais de Deus. Esta linda passagem da Sagrada Escritura, nos narra um dos únicos momentos em que Jesus, profere uma cura, sem exatamente premedita-la, ou seja, Jesus nem sequer tinha visto a Mulher Hemorroísa diante de si, e mesmo assim ela foi curada.
Jesus era rodeado e exprimido por uma multidão, e muitos esbarravam em Jesus, cruzavam o caminho de Jesus, mas somente uma pessoa (pelo que se lê na Sagrada Escritura), foi efetivamente curada naquele momento, e foi a mulher hemorroísa. Isto ocorreu, pois há uma grande diferença entre "esbarrar" no manto de Jesus, e realmente querer tocar no manto de Jesus.
Naquele momento, a mulher venceu a resistência da multidão e alcançou a orla do manto de Cristo, e ele, sem a ver, sentiu uma grande força sair de si, e percebeu ali o que havia ocorrido, pois sem mesmo olhar, ele percebeu que alguém havia tocado o seu manto.
Em nossas vidas, devemos "QUERER" tocar no manto de Jesus, se quisermos que sejamos curados de nossos males e mazelas, e os caminhos para tocar em Jesus são fartos na nossa igreja, sendo entre eles o mais importante a Santa Eucaristia.
No momento da comunhão, quando se toca com os lábios a Santa Eucaristia, naquele momento, nos assemelhamos como a Hemorroisa, pois estamos indo ao encontro de Jesus Eucarístico, estamos indo ao encontro daquele que pode e vai curar a nossa alma dos nossos pesadelos mais profundos, estamos naquele momento, indo em meio a multidão, tocar o seu Corpo Santo, e assim também tornar-nos solo Santo, pois ali, no memento em que colocamos a Santa Eucaristia na boca, e sentimos a presença de Jesus dentro de nós, nos tornamos Cristificados por inteiro.
Portanto, saibamos, que não importa se tocamos na orla do seu manto, num fio de barba ou num dedo de Jesus, pois onde quer que toquemos em Jesus, estaremos tocando em Jesus por inteiro, pois um só pedaço de sua carne, ou uma só gota de seu Sangue, é Jesus por inteiro, em todo seu Copro, Sangue, Alma e Divindade.
Queiramos, mais do que nunca, tocar o Preciosíssimo Corpo e o Preciosíssimo sangue de Jesus...
A Paz
Diogo Pitta

Lutero, os Reformadores e Nossa Senhora...

O protestantismo atual se mostra intolerante com a Virgem Santíssima, no entanto, Martinho Lutero, Calvino, Zwinglio, e os reformadores do Séc. XVI tinham uma estima e reverência profundas a Nossa Senhora, como poderemos ver abaixo. Algumas denominações protestantes estão redescobrindo isso. Por exemplo, Madre Basiléia Schlink, luterana, prega a recuperação da veneração à Virgem Mãe de Deus.
Lutero, em 1522, escreveu um belo comentário do Magnificat de Nossa Senhora, onde repetidas vezes a chama de a “doce Mãe de Deus”. E nele Lutero pede à Virgem “que ore por ele”. Entre outras coisas ele disse da Virgem Maria: “Peçamos a Deus que nos faça compreender bem as palavras do Magnificat… Oxalá Cristo nos conceda esta graça por intercessão de sua Santa Mãe! Amém. (”Comentário do Magnificat”).
Como então os protestantes, os seguidores de Lutero, não aceitam a intercessão de Nossa Senhora? É bom recordar também que Lutero implorou a intercessão de Santa Ana, mãe de Nossa Senhora, quando quase foi atingido por um raio.
Lutero disse ainda: “Ela [Maria]nos ensina como devemos amar e louvar a Deus, com alma despojada e de modo verdadeiramente conveniente, sem pro­curar nele o nosso interesse… Eis um modo elevado, puro e nobre de louvar: é bem próprio de um espírito alto e nobre corno o da Virgem. ” (“Maria Mãe dos homens”, Edições Paulinas, SP, p. 561).
“Maria - escreve Lutero - não se orgulha da sua dig­nidade nem da sua indignidade, mas unicamente da consideração divina, que é tão superabundante de bondade e de graça que Deus olhou para uma serva assim tão insignificante e quis considerá-la com tanta magnificência e tanta honra… Ela não exaltou nem a vir­gindade nem a humildade, mas unicamente o olhar divino repleto de graça. (…) De fato não deve ser louvada a sua pequenez, mas o olhar de Deus”. (idem)
Lutero mostra que Nossa Senhora não atrai a nossa atenção sobre Si, mas leva-nos a olhar para Deus: “… Maria não quer ser um ídolo; não é Ela que faz, é Deus que faz todas as coisas. Deve ser invocada para que Deus, por meio da vontade dela, faça aquilo que pedimos; assim devem ser invocados também todos os outros santos, dei­xando que a obra seja inteiramente de Deus” (idem pp.574-575).
Madre Basiléia, é da Sociedade das Irmãs de Darmtadt, fundada na Alemanha e presente no Brasil, luterana; no entanto, as irmãs dessa Comunidade acrescentam no seu nome de Batismo o de Maria, como acontece em algumas Congregações católicas. M. Basiléia escreveu o livro “Maria – Der Weg der Mutter des Herrn”, sobre o “Caminho de Maria”, publicado em Português, em Curitiba (1982), onde cita algumas coisas que Lutero escreveu da Virgem Maria, que transcrevemos da Revista Pergunte e Responderemos, n. 429, 1998 – Lutero e Maria Santíssima, pp. 81-86).
“O que são as servas, os servos, os senhores, as mulheres, os príncipes, os reis, os monarcas da terra, em comparação com a Virgem Maria, que, além de ter nascido de uma estirpe real, é também Mãe de Deus, a mulher mais importante da Terra? No meio de toda a Cristandade ela é a jóia mais preciosa depois de Cristo, a qual nunca pode ser suficientemente exaltada; a imperatriz e rainha mais digna, elevada acima de toda nobreza, sabedoria e santidade”.
“Por justiça teria sido necessário encomendar-lhe um carro de outro e conduzi-la com 4000 cavalos, tocando a trombeta diante da carruagem, anunciando: “Aqui viaja a mulher bendita entre todas as mulheres, a soberana de todo o gênero humano”. Mas tudo isso foi silenciado; a pobre jovenzinha segue a pé, por um caminho tão longo, e apesar disso, é de fato a Mãe de Deus. Por isso não nos deveríamos admirar, se todos os montes tivessem pulado e dançado de alegria”.
“Esta única palavra “mãe de Deus” contém toda a sua honra. Ninguém pode dizer algo de maior dela ou exalta-la, dirigindo-se à ela, mesmo que tivessem tantas línguas quantas folhas crescem nas folhagens, quantas graminhas há na terra, quantas estrelas brilham no céu e quantos grãozinhos de areia existem no mar. Para entender o significado do que é ser mãe de Deus, é preciso pesar e avaliar esta palavra no coração”. (Explicação do Magníficat)
Depois de citar essas palavras de Lutero, M. Basiléia ainda escreve: “Ao ler essas palavras de Martinho Lutero, que até o fim de sua vida honrava a mãe de Jesus, que santificava as festas de Maria e diariamente cantava o Magnificat, se percebe quão longe nós geralmente nos distanciamos da correta atitude para com ela, como Martinho Lutero nos ensina, baseando-se na Sagrada Escritura. Quão profundamente todos nós, evangélicos, deixamo-nos envolver por uma mentalidade racionalista, apesar de que em nossos escritos confessionais se lêem sentenças como esta: “Maria é digna de ser honrada e exaltada no mais alto grau” (Art. 21,27 da Apologia de Confissão de Augsburgo).
Em 1537, em seus “Artigos da Doutrina Cristã”, é o próprio Lutero quem diz: “O Filho de Deus fez-se homem, de modo a ser concebido do Espírito Santo sem o concurso de varão e a nascer de Maria pura, santa e sempre virgem”.
M.Basiléia explica porque escreveu este livro para os evangélicos: “Minha intenção ao escrever este opúsculo sobre o caminho de Maria, segundo o que diz dela a Sagrada Escritura, foi conscientemente reparar esta omissão pela qual me tornei culpada para com o testemunho da Palavra de Deus. Nas últimas décadas o Senhor me concedeu a graça de aprender a amar e honrar cada vez mais a Maria, a mãe de Jesus… Minha sincera intenção ao escrever esse livro, é fazer o que posso para ajudar, a fim de que entre nós, os evangélicos, a mãe de nosso Senhor seja novamente amada e honrada, como lhe compete, segundo as Palavras da Sagrada Escritura e conforme nos recomendou Martinho Lutero, nosso reformador”.
Continua M. Basiléia: “A nossa Igreja Evangélica deixou de lhe prestar honra e louvor; receando com isso reduzir a honra devida a Jesus. Mas o que aconteceu é o seguinte: toda honra autêntica dirigida aos discípulos de Jesus e também à Sua Mãe aumenta a honra do Senhor. Pois foi Ele, só Ele, que os elegeu, os cobriu com sua graça e fez deles Seu vaso de eleição. Por sua fé, seu amor e sua dedicação para com Deus, é Deus colocado no centro das atenções e é glorificado”… “É também intenção nossa – como Imaculada de Maria – contribuir em obediência à Sagrada Escritura, para que nosso Senhor Jesus não seja entristecido por um comportamento nosso destituído de reverência para com Sua mãe ou até de desprezo. Pois ela é Sua mãe que O deu à luz e O criou e educou e a cujo respeito falou o Espírito Santo, por intermédio de Isabel: “Bem-aventurada a que creu”! João Calvino, o reformador protestante de Genebra, aceitou o título de “Mãe de Deus” (Théotokos) definido pelo Concílio de Éfeso, no ano 431, quando foi condenada a heresia de Nestório. Ele sustenta a Virgindade de Maria, afirmando que os irmãos de Jesus citados em Mt 13, 55 não são filhos de Maria, mas parentes do Senhor; professar o contrário, segundo Calvino, significa “ignorância”, “louca sutileza” e “abuso da Sagrada Escritura”. (Revista PR, n. 429, p. 34, 1998)
Calvino disse: “Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus.” (Comm. Sur l’Harm. Evang.,20)
Em 1542, João Calvino publicou o Catecismo da Igreja de Genebra, onde se lê: “O Filho de Deus foi formado no seio da Virgem Maria… Isto aconteceu por ação milagrosa do Espírito Santo sem consórcio de varão” .
“Firmemente creio, segundo as palavras do Evangelho, que Maria, como virgem pura, nos gerou o Filho de Deus e que, tanto no parto quanto após o parto, permaneceu virgem pura e íntegra.” (”Corpus Reformatorum”)
Zwinglio, o reformador protestante de Zurich, conservou três festas marianas (Anunciação, Visitação, Apresentação no Templo) e a recitação da Ave Maria durante o culto sagrado. (PR, idem)
John Wesley, fundador da Igreja metodista na Inglaterra, em 1739, disse: “Creio que [Jesus] foi feito homem, unindo a natureza humana à divina em uma só pessoa; sendo concebido pela obra singular do Espírito Santo, nascido da abençoada Virgem Maria que, tanto antes como depois de dá-lo à luz, continuou virgem pura e imaculada.”
Ora, se os fundadores do protestantismo veneravam e amavam tanto a Virgem Maria, por que, então, hoje, observamos um afastamento da Mãe de Deus? Nossos irmãos separados devem com urgência rever esta questão, como pede a luterana M. Basiléia. Não queremos afrontar esses nossos irmãos, ao contrário, queremos apenas convidá-los para juntos louvarmos e honrarmos Aquela que nos deu o Salvador.

Prof. Felipe Aquino

As imagens na tradição da Igreja

Na Encarnação do Verbo, Jesus Cristo mostrou aos homens uma face visível de Deus, que quis se servir de numerosos elementos sensíveis (imagens, palavras, cenas históricas…) para nos comunicar a Boa-Nova.
Os cristãos foram, então, compreendendo que segundo a pedagogia divina, deveriam passar da contemplação do visível ao invisível. As imagens, principalmente os que reproduziam personagens e cenas da história sagrada, tornaram-se “a Bíblia dos iletrados” ou analfabetos.
As imagens sempre foram usadas por Jesus e pelos Apóstolos como instrumentos eficazes e reveladores da realidade invisível: para anunciar o Reino de Deus usaram imagens de lírios, pássaros, sal, luz, etc., coisas que estimulavam a compreensão do abstrato através de imagens retiradas do mundo concreto. São Paulo também ensina que o Deus invisível tornou-se visível em Jesus Cristo (cf. Cl 1,15).
A controvérsia iconoclasta, inspirada por correntes judaizantes e heréticas nos séculos VIII e IX, que condenava o uso das imagens, terminou com a reafirmação do culto dessas no Concílio de Nicéia II, em 787.
Os Reformadores protestantes rejeitaram as imagens por causa dos abusos do fim da Idade Média; Lutero, porém, se mostrou bastante liberal com as imagens; não as proibia. Ultimamente entre os luteranos a atitude diante das imagens tem sido submetida a revisão. Lutero disse em 1528:“Tenho como algo deixado à livre escolha as imagens, os sinos, as vestes litúrgicas… e coisas semelhantes. Quem não os quer, deixe-os de lado, embora as imagens inspiradas pela Escritura e por histórias edificantes me pareçam muito úteis… Nada tenho em comum com os Iconoclastas (quebradores de imagens)” (Da Ceia de Cristo).
S. Clemente de Alexandria († antes de 215) dizia que: “O próprio homem é a imagem viva de Deus”, eis o argumento que repete, acrescentando ainda um adágio freqüente na Igreja antiga: “Viste teu irmão, viste teu Deus” (Stromateis I 19 e II 15, PG 8,812 e 1009).
Os cristãos foram percebendo que a proibição de fazer imagens no Antigo Testamento era apenas uma questão pedagógica de Deus com o povo de Israel. As gerações cristãs foram compreendendo que a realidade da Encarnação do Verbo como homem, visível, indicava que eles deveriam subir ao Invisível passando pelo visível que Cristo apresentou aos homens. Assim, começaram a representar e meditar as fases da vida de Jesus e a representação artística das mesmas começaram a surgir como um meio valioso para que o povo fiel se aproximasse do Filho de Deus.
É relevante notar que já nas antigas Catacumbas de Roma, os antigos cemitérios cristãos, encontram-se diversos afrescos geralmente inspirados pelo texto bíblico: Noé salvo das águas do dilúvio, os três jovens cantando na fornalha, Daniel na cova dos leões, os pães e os peixes restantes da multiplicação efetuada por Jesus, o Peixe (Ichthys), que simbolizava o Cristo …
Note que esses cristãos dos primeiros séculos ainda estão debaixo da perseguição dos romanos. E eles faziam imagens e pintavam figuras. Será que eram idólatras por isso? É lógico que não, eles morriam às vezes mártires exatamente para não praticarem a idolatria, reconhecendo César como Deus e lhe queimando incenso. Ora, se os nossos mártires usavam figuras pintadas, é claro que elas são legítimas.
Nas Igrejas as imagens tornaram-se a “Bíblia dos iletrados”, dos simples e das crianças, exercendo grande função catequética. Alguns escritores cristãos nos contam isso.S. Gregório de Nissa (†394) escreveu:“O desenho mudo sabe falar sobre as paredes das igrejas e ajuda grandemente” (Panegírico de S. Teodoro, PG 94, 1248c).
S.João Damasceno, doutor da Igreja, grande defensor das imagens no Concilio de Nicéia II, disse:“O que a Bíblia é para os que sabem ler, a imagem o é para os iletrados” (De imaginibus I 17 PG, 1248c).“Antigamente Deus, que não tem corpo nem face, não poderia ser absolutamente representado através duma imagem. Mas agora que Ele se fez ver na carne e que Ele viveu com os homens, eu posso fazer uma imagem do que vi de Deus.”“A beleza e a cor das imagens estimula minha oração. É uma festa para os meus olhos, tanto quanto o espetáculo dos campos estimula o meu coração para dar glória a Deus” (CIC, 1162).“Como fazer a imagem do invisível? … Na medida em que Deus é invisível, não o represento por imagens; mas, desde que viste o incorpóreo feito homem, fazes a imagem da forma humana: já que o inviável se tornou visível na carne, pinta a semelhança do invisível” (I 8 PG 94, 1237-1240).“Outrora Deus, o Incorpóreo e invisível, nunca era representado. Mas agora que Deus se manifestou na carne e habitou entre os homens, eu represento o “visível” de Deus. Não adoro a matéria, mas o Criador da matéria” (Ibid. I 16 PG 94, 1245s).
O Papa São Gregório Magno († 604), doutor da Igreja, escreveu a Sereno, bispo de Marselha, que ordenou quebrar as imagens:“Tu não devias quebrar o que foi colocado nas Igrejas não para ser adorado, mas simplesmente para ser venerado. Uma coisa é adorar uma imagem, outra coisa é aprender, mediante essa imagem, a quem se dirigem as tuas preces. O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagem o é para os ignorantes; mediante essas imagens aprendem o caminho a seguir. A imagem é o livro daqueles que não sabem ler” (epist. XI 13 PL 77, 1128c).
O Concílio de Nicéia II (787), com base nos sólidos argumentos de grandes teólogos como São João Damasceno, doutor da Igreja, reafirmou a validade do culto de veneração (não adoração) das imagens. O Concílio distinguiu entre Iatréia (em grego adoração), devida somente a Deus, e proskynesis (veneração), tributável aos santos e também às imagens sagradas na medida em que estas representam os santos ou o próprio Senhor; o culto às imagens é, portanto, relativo, só se explica na medida em que é tributado indiretamente àqueles que as imagens representam. Assim se pronunciaram os padres conciliares:
“Definimos … que, como as representações da Cruz …, assim também as veneráveis e santas imagens, em pintura, em mosaico ou de qualquer outra matéria adequada, devem ser expostas nas santas igrejas de Deus (sobre os santos utensílios e os paramentos, sobre as paredes e de quadros), nas casas e nas entradas. O mesmo se faça com a imagem de Deus Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, com as da … santa Mãe de Deus, com as dos santos Anjos e as de todos os santos e justos. Quanto mais os fiéis contemplarem essas representações, mais serão levados a recordar-se dos modelos originais, a se voltar para eles, e lhes testemunhar … uma veneração respeitosa, sem que isto seja adoração, pois esta só convém, segundo a nossa fé, a Deus” (sessão 7, 13 de outubro de 787; Denzinger-Schönmetzer, Enchridion Symbolorum nº 600s).
Note, então, que muito antes da Reforma Protestante, a Igreja já tinha estudado o uso das imagens; isto foi há cerca de 750 anos antes da Reforma.
A sagrada Tradição da Igreja, sempre assistida pelo Espírito Santo (cf. Jo14,15.25; 16,12-13) sempre reconheceu o valor pedagógico e psicológico das imagens como um auxílio para a vida de oração.
Todos os santos da Igreja, em todas as épocas, valorizaram as imagens. Santa Teresa de Ávila († 1582), ao ensinar as vias da oração às suas Religiosas, dizia :“Eis um meio que vos poderá ajudar… Cuidai de ter uma imagem ou uma pintura de Nosso Senhor que esteja de acordo com o vosso gosto. Não vos contenteis com trazê-las sobre o vosso coração sem jamais a olhar, mas servi-vos da mesma para vos entreterdes muitas vezes com Ele” (Caminho de Perfeição, cap. 43,1).
Enfim, Deus não proibiu imagens de maneira absoluta; mas proibiu imagens de ídolos para serem adorados. Sabemos que uma meia verdade é pior do que uma mentira. Não se pode interpretar a Bíblia lendo apenas alguns versículos sobre um determinado assunto; é preciso ler todos os versículos da Bíblia que falam do mesmo assunto para que a interpretação seja correta.O perigo da interpretação fundamentalista é este: fixar os olhos em um único versículo e querer tirar daí uma interpretação definitiva de uma verdade religiosa. Cai-se no erro.

Fonte: www.cleofas.com.br
Professor Felipe Aquino

PAX CHRISTI
Diogo Pitta

quarta-feira, 18 de junho de 2008

A vida às vezes se torna um deserto...

"ENTÃO foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo". Mt 4,1

Em muitos momentos de nossas vidas, somos levados à situações nas quais nos encontramos aparentemente sós e indefesos, realmente como se estivéssemos aprisionados em um deserto. Um deserto, no seu sentido literal da palavra, é um lugar de solidão, abandonado, árido, despovoado e às vezes esquecido. Em um deserto, não se tem perspectiva de encontros, ou seja, nos encontramos totalmente sós. Este é o momento em que devemos tomar cuidado com algumas armadilhas que são postas diante de nós, e que muitas vezes sem percebermos, já estamos sendo vítima delas.
Fazendo uma analogia do deserto com nossas vidas, meditemos, sobre os valores que o mundo atual prega e defende, como a ditadura de uma suposta beleza, a aceitação de questões contra a vida humana, aceitação de questões amorais, enfim, tudo que de certa forma, supostamente nos isola da sociedade atual, pois nossos valores, enquanto cristãos, são totalmente inversos. Outro dia, uma pessoa bem próxima de mim, me questionou sobre minhas atitudes cristãs diante das outras pessoas, em uma festa, dizendo que eu e o grupo do qual faço parte, estaríamos segregando as outras pessoas que estavam na festa, pois eles sentiram-se excluídos do nosso grupo, pois só falávamos de Deus, só cantávamos para Deus, enquanto que uma outra roda de colegas, ali, bem próximo, nos segregavam por optarem por outros assuntos, temas os quais já não mais alimentam a nossa alma e nossos corações, logo, respondi á esta pessoa bem próxima de mim: Quem está segregando quem?
Então, o deserto ao qual me refiro, é o deserto da alma, o deserto que insiste em assolar nossas vidas, e que n grande maioria das vezes, cedemos ás tentações do inimigo, pois sem dúvidas, o inimigo nos tentará, como tentou à Cristo no deserto, ele nos mostrará saídas deste deserto, que nos levarão à ruína, nos mostrará alimentos em nossos momentos de fome extrema, que na verdade são apenas areia, portanto devemos nos precaver e nos munir do amor e divina misericórdia de Deus, devemos encher nossas almas e nossos corações como o amor incondicional de Cristo, pois assim como diz em Hebreus 2,18 "Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados."
É exatamente como diz a sagrada escritura, apenas o próprio Cristo, aquele que mais foi tentado, pode nos indicar um norte, uma direção segura para sairmos a salvos dos desertos impostos pelo mundo, logo, que quando em situações de deserto, olhemos para o alto, busquemos o nosso verdadeiro alimento vivo, pois o alimento que ele tem a nos oferecer para nos fortalecer física e espiritualmente, não é feito de pedras ou areia, é feito com sua própria carne, banhada no seu próprio sangue.

A Paz de Cristo

Diogo Pitta

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Harmonia Conjugal

Casamento, uma escola de amor...

O casamento, e a família de modo especial, é uma escola de amor, porque a convivência diária obriga a acolher os outros com respeito, diálogo, compreensão, tolerância e paciência. Esse exercício forte de vivência das virtudes faz cada um crescer como pessoa humana. Na família, Deus nos ensina a amar e nos dá a oportunidade de sermos amados.
A harmonia conjugal é atingida quando o casal, na vivência do amor, ‘supera-se a si mesmo’ e harmoniza as suas qualidades numa união sólida e profunda. Quando isso ocorre cada um passa a ser enriquecido pelas qualidades do outro. Há, então, como que uma transfusão de dons entre ambos. Mas, para isso, é preciso que o casal chegue à unidade, superando as falsidades, infantilidades, mentiras e infidelidades. Para chegar a esse ponto é necessário olhar para o outro com muita seriedade, respeito e atenção.
Ninguém é obrigado a se casar e a constituir uma família, mas se tomamos esta decisão, então devemos ‘casar pra valer’, com toda responsabilidade. Aquela pessoa com quem decidimos nos casar é a ‘escolhida’ entre todos os homens ou mulheres que conhecemos; e, portanto, como o(a) eleito(a), devemos ter-lhe em alta estima, como a pessoa ‘especial’ na nossa vida, merecedora, portanto, de toda atenção e respeito.
É lamentável que entre muitos casais, com o passar do tempo, e com a rotina do dia-a-dia, a atenção com o outro, e, pior ainda, o respeito, vão acabando. Não tem lógica, por exemplo, que um ofenda o outro com palavras pesadas, o que provoca ressentimentos; não tem cabimento que o marido fique falando mal da esposa para os outros, criticando-a para terceiros. Isso também é infidelidade. Pois esta não acontece somente no campo sexual.
Por outro lado, é preciso cuidar para que a atenção e o carinho para com o outro não diminuam. É importante manter acesa a chama do desejo de agradar o outro. São nos detalhes que muitas vezes isso se manifesta: Qual é a roupa que ela gosta que eu vista? Qual é o corte de cabelo que ele gosta? Qual é a moda que ele gosta? Qual é a comida de que ele gosta? Quais são os móveis que ela gosta? Qual é o carro que ela prefere? Qual é o lazer que ele gosta? Enfim, a preocupação em alegrar o outro – sem cair no exagero, é claro – é o que mantém a comunhão de vidas.


domingo, 15 de junho de 2008

A REVELAÇÃO COMO ENCONTRO

Deus, na medida em que é revelado à experiência humana por intermédio de Jesus, é pessoal. E é possível descrever a experiência dessa revelação utilizando-se analogamente um marco de comunicação intersubjetiva ou interpessoal. Não se trata de uma operação dedutiva que argumenta com base na personalidade de Deus, e sim de uma fenomelogia da experiência da revelação cristã que responde pela crença segundo a qual Deus é pessoal. A revelação cristã não se afigura como conhecimento a respeito de Deus como que de um objeto, nem mesmo como conhecimento sobre uma pessoa transcendente. A revelação cristã assume antes a forma de um encontro pessoal com um sujeito divino. Quais são alguns dos atributos da experiência quando descrita nesse paradigma?

Uma primeira característica da revelação cristã é que se trata de uma comunicação intersubjetiva. Deus é experienciado como sujeito, de tal sorte que o contato ou a percepção humana de Deus não pode ser um conhecimento acerca de Deus como que de um objeto. Na revelação cristã, Deus é experienciado como eu pessoal. Deus é experienciado como presente e interno ao próprio eu; Deus comunica seu ser à consciência do próprio ser-presente-a-si-mesmo. Deus é pessoal, e o fundamento dessa afirmação é a experiência de Deus como sujeito pessoal.

Em segundo lugar, na revelação cristã de Deus, experiencia-se Deus como transcendente. Porque Deus é Deus, a personalidade de Deus consiste em uma subjetividade infinita. Quando experienciamos Deus no âmago de nós mesmos, sabemos que não estamos simplesmente experienciando o eu, e sim uma presença ao eu que transcende infinitamente nossa própria subjetividade. Quando experienciamos Deus nos meios da história e através deles, o tema dessa experiência é que Deus transcende os meios, os eventos, as pessoas e a linguagem históricos que o evocam à consciência. Deus transcende o mundo físico, a própria natureza, o universo ou o cosmo. A infinitude de Deus é vivenciada na experiência da própria finitude de tudo quanto existe e do qual o eu faz parte. Já se percebe aqui uma razão mais profunda pela qual o conhecimento de Deus não pode ser conhecimento objetivo, em nenhuma acepção comum, acerca de Deus. A subjetividade de Deus é uma subjetividade infinita. Não pode ser contida, limitada, fixada, determinada por uma objetividade que por definição é finita, limitada, fixada, determinada por uma objetividade que por definição é finita, limitada e circunscrita. Por sua natureza, uma experiência de Deus é experiência daquilo que transcende infinitamente a própria subjetividade e os meios históricos terrenos que fazem do ser presente de Deus um objeto da consciência.

Em terceiro lugar, o encontro revelacional, portanto, envolve o tema da gratuidade e a fé. Todavia, a partir das coordenadas da comunicação interpessoal, a razão mais profunda desse da graça torna-se manifesta. A autocomunicação de Deus é função de sua liberdade interior. Deus não é compelido a comunicar seu eu interior. A revelação tem sempre o caráter de evento; manifesta-se de forma imprevista. O correlato desse caráter de evento reside na liberdade de Deus. Sempre que a revelação ocorre ou é experienciada como encontro interpessoal com Deus, apropria qualidade temática da experiência é que ela se realiza a partir da livre iniciativa de Deus.

A relevância dessa caracterização da experiência revelacional de Deus reside sobretudo em sua fidelidade à própria experiência. Não corresponde, em certa medida, aos que os cristãos dão a entender quando aludem ao processo revelacional de Deus? Se essa descrição se coaduna efetivamente com a experiência, também encerra alguma relevância adicional. Explica por que a fé cristã não é conhecimento na acepção comum do termo, e ao mesmo tempo preserva a dimensão cognitiva da fé da revelação. A revelação não é sabedoria filosófica, nem conhecimento científico, nem alguma forma de conhecimento impessoal e objetivo, nem conhecimento das coisas ou dos eventos históricos, nem conhecimento histórico, nem conhecimento propositivo acerca de Deus, nem conhecimento produzido por idéias inatas, nem verdade apriorística latente na pessoa humana como tal. Todas essas outras espécies de conhecimento têm algo a ver com a revelação, que, porém, não é redutível a nenhuma dessas formas de conhecimento humano. Pelo contrário, a revelação é sui generis, representa um conhecimento de espécie própria, que em última análise difere de qualquer outra modalidade de conhecimento. Situamo-lo no marco analógico do conhecimento pessoal, intersubjetivo. Entretanto, como resultado da autocomunicação de Deus, transcende o próprio marco analógico.

Por ser uma forma sui generis de conhecimento, a revelação não compete com nenhuma outra forma de conhecimento, e nenhum outro dado do conhecimento humano com ela compete. Visto que a revelação não é de forma alguma conhecimento objetivo, é simplesmente equivocado, por um erro a priori nas categorias, encarar o conhecimento cientifico ou qualquer outra modalidade de conhecimento deste mundo como ameaça à revelação. Na obstante, em que pese essa diferença qualitativa das demais formas de conhecimento, a revelação é, contudo cognitiva. Como consciência divina, a revelação é uma forma de conhecimento de Deus.

Eduardo Rocha Quintella

Bacharel em Teologia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora-Minas Gerais

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Namoro

Como lidar com as diferenças de temperamento no relacionamento ...

No nosso dia-a-dia, interagimos com pessoas diferentes, e cada uma exerce impacto sobre a forma como agimos e tomamos decisões. É difícil nos comunicarmos bem com pessoas que não compreendemos, porque freqüentemente interpretamos de forma incorreta ações ou palavras do outro e, muitas vezes, nos sentimos frustrados ao nos relacionar com quem age e pensa de forma oposta à nossa. Ter consciência das motivações subjacentes do outro pode permitir que resolvamos os conflitos antes mesmo que estes aconteçam.
Quando compreendemos as razões de alguém sobre aquilo que fez ou disse, é menos provável que reajamos negativamente.
Como afirma diácono Nelsinho Corrêa: "As diferenças não são barreiras, e sim, riquezas". É assim que precisamos ver as diferenças de temperamentos: como riquezas. E elas só podem se tornar riquezas se sairmos de nós mesmos para nos colocar no lugar do outro, procurando entender suas motivações.
A questão é que criamos um modelo coletivo de pessoa para nos relacionar, especialmente quando se refere a um relacionamento amoroso. Trazemos em nossa mente certo "tipo" de pessoa idealizada, tanto no aspecto físico quanto em características comportamentais. Isso faz com que nos relacionemos apenas com as aparências e não com a pessoa em si. Assim, as nossas relações correm o risco de se tornar cada vez mais superficiais. Dessa forma, as frustrações vão acontecendo, pois, como não conhecemos as riquezas e o valor do outro, julgamos pelas aparências.
Casal de namorados da Comunidade Canção Nova, Sônia Venâncio e Wanderson falam como enfrentam as diferenças de temperamento no namoro
Na verdade, as diferenças nos complementam. Enquanto encontramos pessoas que são calorosas, amáveis, simpáticas, com capacidade de atrair os outros como se fossem um imã; por outro lado, também encontramos outras que são práticas e possuem firmeza inabalável, são líderes natas. Essas pessoas obtêm sucesso onde os outros fracassaram. Aquele que é muito prático pode ter certa dificuldade em se relacionar, em conquistar a simpatia dos outros, e esta sua "deficiência" pode ser complementada se tem ao seu lado uma pessoa calorosa, simpática, que tem como ponto forte a capacidade de se relacionar.
Precisamos entender que ninguém é perfeito, que todos nós temos limitações e fraquezas. Precisamos caminhar num processo de aceitação de nós mesmos, de nossas limitações e fraquezas, assim como necessitamos aceitar o outro como ele é. A chave de bons relacionamentos está na aceitação do outro como ele realmente é, sem exigir dele uma mudança, a qual, muitas vezes, não conseguimos em nós mesmos.
Victor Frankl afirma que "o amor faz-nos contemplar a imagem de valor de um ser humano". Para ele, o amor autêntico capta o que a pessoa "é" no seu caráter de algo único e na irrepetibilidade e simultaneamente ajuda o outro a se conhecer melhor, alargando os horizontes. O amor autêntico traz em si reciprocidade, por meio do qual cada um se esforça para ser digno do outro e busca vir a ser tal como o outro o vê.
O segredo, portanto, está em procurar pelas riquezas que a pessoa traz em si; aceitar sem exigir mudança do outro, buscando enxergar os acontecimentos por meio do ponto de vista do outro, saindo de si mesmo. É necessário que abramos mão do que trazemos de figura idealizada para que possamos nos encontrar com a riqueza que é o outro.


Manuela Mello
psicologia@cancaonova.comMissionária da Comunidade Canção Nova, formada em Psicologia, com especialização em Logoterapia e MBA em Gestão de Recursos Humanos.