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quarta-feira, 25 de junho de 2008
O Caminho Certo...
segunda-feira, 23 de junho de 2008
Tocar ou esbarrar ?
Todos temos enterrados e muitas vezes ativos em nossos corações, traumas, medos, ressentimentos e rancores, que nos corroem por dentro, gerando um buraco enorme em nossas almas, nos impedindo muitas vezes de nos aproximarmos mais de Deus. Esta linda passagem da Sagrada Escritura, nos narra um dos únicos momentos em que Jesus, profere uma cura, sem exatamente premedita-la, ou seja, Jesus nem sequer tinha visto a Mulher Hemorroísa diante de si, e mesmo assim ela foi curada.
Jesus era rodeado e exprimido por uma multidão, e muitos esbarravam em Jesus, cruzavam o caminho de Jesus, mas somente uma pessoa (pelo que se lê na Sagrada Escritura), foi efetivamente curada naquele momento, e foi a mulher hemorroísa. Isto ocorreu, pois há uma grande diferença entre "esbarrar" no manto de Jesus, e realmente querer tocar no manto de Jesus.
Naquele momento, a mulher venceu a resistência da multidão e alcançou a orla do manto de Cristo, e ele, sem a ver, sentiu uma grande força sair de si, e percebeu ali o que havia ocorrido, pois sem mesmo olhar, ele percebeu que alguém havia tocado o seu manto.
Em nossas vidas, devemos "QUERER" tocar no manto de Jesus, se quisermos que sejamos curados de nossos males e mazelas, e os caminhos para tocar em Jesus são fartos na nossa igreja, sendo entre eles o mais importante a Santa Eucaristia.
No momento da comunhão, quando se toca com os lábios a Santa Eucaristia, naquele momento, nos assemelhamos como a Hemorroisa, pois estamos indo ao encontro de Jesus Eucarístico, estamos indo ao encontro daquele que pode e vai curar a nossa alma dos nossos pesadelos mais profundos, estamos naquele momento, indo em meio a multidão, tocar o seu Corpo Santo, e assim também tornar-nos solo Santo, pois ali, no memento em que colocamos a Santa Eucaristia na boca, e sentimos a presença de Jesus dentro de nós, nos tornamos Cristificados por inteiro.
Portanto, saibamos, que não importa se tocamos na orla do seu manto, num fio de barba ou num dedo de Jesus, pois onde quer que toquemos em Jesus, estaremos tocando em Jesus por inteiro, pois um só pedaço de sua carne, ou uma só gota de seu Sangue, é Jesus por inteiro, em todo seu Copro, Sangue, Alma e Divindade.
Queiramos, mais do que nunca, tocar o Preciosíssimo Corpo e o Preciosíssimo sangue de Jesus...
A Paz
Diogo Pitta
Lutero, os Reformadores e Nossa Senhora...
Lutero, em 1522, escreveu um belo comentário do Magnificat de Nossa Senhora, onde repetidas vezes a chama de a “doce Mãe de Deus”. E nele Lutero pede à Virgem “que ore por ele”. Entre outras coisas ele disse da Virgem Maria: “Peçamos a Deus que nos faça compreender bem as palavras do Magnificat… Oxalá Cristo nos conceda esta graça por intercessão de sua Santa Mãe! Amém. (”Comentário do Magnificat”).
Como então os protestantes, os seguidores de Lutero, não aceitam a intercessão de Nossa Senhora? É bom recordar também que Lutero implorou a intercessão de Santa Ana, mãe de Nossa Senhora, quando quase foi atingido por um raio.
Lutero disse ainda: “Ela [Maria]nos ensina como devemos amar e louvar a Deus, com alma despojada e de modo verdadeiramente conveniente, sem procurar nele o nosso interesse… Eis um modo elevado, puro e nobre de louvar: é bem próprio de um espírito alto e nobre corno o da Virgem. ” (“Maria Mãe dos homens”, Edições Paulinas, SP, p. 561).
“Maria - escreve Lutero - não se orgulha da sua dignidade nem da sua indignidade, mas unicamente da consideração divina, que é tão superabundante de bondade e de graça que Deus olhou para uma serva assim tão insignificante e quis considerá-la com tanta magnificência e tanta honra… Ela não exaltou nem a virgindade nem a humildade, mas unicamente o olhar divino repleto de graça. (…) De fato não deve ser louvada a sua pequenez, mas o olhar de Deus”. (idem)
Lutero mostra que Nossa Senhora não atrai a nossa atenção sobre Si, mas leva-nos a olhar para Deus: “… Maria não quer ser um ídolo; não é Ela que faz, é Deus que faz todas as coisas. Deve ser invocada para que Deus, por meio da vontade dela, faça aquilo que pedimos; assim devem ser invocados também todos os outros santos, deixando que a obra seja inteiramente de Deus” (idem pp.574-575).
Madre Basiléia, é da Sociedade das Irmãs de Darmtadt, fundada na Alemanha e presente no Brasil, luterana; no entanto, as irmãs dessa Comunidade acrescentam no seu nome de Batismo o de Maria, como acontece em algumas Congregações católicas. M. Basiléia escreveu o livro “Maria – Der Weg der Mutter des Herrn”, sobre o “Caminho de Maria”, publicado em Português, em Curitiba (1982), onde cita algumas coisas que Lutero escreveu da Virgem Maria, que transcrevemos da Revista Pergunte e Responderemos, n. 429, 1998 – Lutero e Maria Santíssima, pp. 81-86).
“O que são as servas, os servos, os senhores, as mulheres, os príncipes, os reis, os monarcas da terra, em comparação com a Virgem Maria, que, além de ter nascido de uma estirpe real, é também Mãe de Deus, a mulher mais importante da Terra? No meio de toda a Cristandade ela é a jóia mais preciosa depois de Cristo, a qual nunca pode ser suficientemente exaltada; a imperatriz e rainha mais digna, elevada acima de toda nobreza, sabedoria e santidade”.
“Por justiça teria sido necessário encomendar-lhe um carro de outro e conduzi-la com 4000 cavalos, tocando a trombeta diante da carruagem, anunciando: “Aqui viaja a mulher bendita entre todas as mulheres, a soberana de todo o gênero humano”. Mas tudo isso foi silenciado; a pobre jovenzinha segue a pé, por um caminho tão longo, e apesar disso, é de fato a Mãe de Deus. Por isso não nos deveríamos admirar, se todos os montes tivessem pulado e dançado de alegria”.
“Esta única palavra “mãe de Deus” contém toda a sua honra. Ninguém pode dizer algo de maior dela ou exalta-la, dirigindo-se à ela, mesmo que tivessem tantas línguas quantas folhas crescem nas folhagens, quantas graminhas há na terra, quantas estrelas brilham no céu e quantos grãozinhos de areia existem no mar. Para entender o significado do que é ser mãe de Deus, é preciso pesar e avaliar esta palavra no coração”. (Explicação do Magníficat)
Depois de citar essas palavras de Lutero, M. Basiléia ainda escreve: “Ao ler essas palavras de Martinho Lutero, que até o fim de sua vida honrava a mãe de Jesus, que santificava as festas de Maria e diariamente cantava o Magnificat, se percebe quão longe nós geralmente nos distanciamos da correta atitude para com ela, como Martinho Lutero nos ensina, baseando-se na Sagrada Escritura. Quão profundamente todos nós, evangélicos, deixamo-nos envolver por uma mentalidade racionalista, apesar de que em nossos escritos confessionais se lêem sentenças como esta: “Maria é digna de ser honrada e exaltada no mais alto grau” (Art. 21,27 da Apologia de Confissão de Augsburgo).
Em 1537, em seus “Artigos da Doutrina Cristã”, é o próprio Lutero quem diz: “O Filho de Deus fez-se homem, de modo a ser concebido do Espírito Santo sem o concurso de varão e a nascer de Maria pura, santa e sempre virgem”.
M.Basiléia explica porque escreveu este livro para os evangélicos: “Minha intenção ao escrever este opúsculo sobre o caminho de Maria, segundo o que diz dela a Sagrada Escritura, foi conscientemente reparar esta omissão pela qual me tornei culpada para com o testemunho da Palavra de Deus. Nas últimas décadas o Senhor me concedeu a graça de aprender a amar e honrar cada vez mais a Maria, a mãe de Jesus… Minha sincera intenção ao escrever esse livro, é fazer o que posso para ajudar, a fim de que entre nós, os evangélicos, a mãe de nosso Senhor seja novamente amada e honrada, como lhe compete, segundo as Palavras da Sagrada Escritura e conforme nos recomendou Martinho Lutero, nosso reformador”.
Continua M. Basiléia: “A nossa Igreja Evangélica deixou de lhe prestar honra e louvor; receando com isso reduzir a honra devida a Jesus. Mas o que aconteceu é o seguinte: toda honra autêntica dirigida aos discípulos de Jesus e também à Sua Mãe aumenta a honra do Senhor. Pois foi Ele, só Ele, que os elegeu, os cobriu com sua graça e fez deles Seu vaso de eleição. Por sua fé, seu amor e sua dedicação para com Deus, é Deus colocado no centro das atenções e é glorificado”… “É também intenção nossa – como Imaculada de Maria – contribuir em obediência à Sagrada Escritura, para que nosso Senhor Jesus não seja entristecido por um comportamento nosso destituído de reverência para com Sua mãe ou até de desprezo. Pois ela é Sua mãe que O deu à luz e O criou e educou e a cujo respeito falou o Espírito Santo, por intermédio de Isabel: “Bem-aventurada a que creu”! João Calvino, o reformador protestante de Genebra, aceitou o título de “Mãe de Deus” (Théotokos) definido pelo Concílio de Éfeso, no ano 431, quando foi condenada a heresia de Nestório. Ele sustenta a Virgindade de Maria, afirmando que os irmãos de Jesus citados em Mt 13, 55 não são filhos de Maria, mas parentes do Senhor; professar o contrário, segundo Calvino, significa “ignorância”, “louca sutileza” e “abuso da Sagrada Escritura”. (Revista PR, n. 429, p. 34, 1998)
Calvino disse: “Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus.” (Comm. Sur l’Harm. Evang.,20)
Em 1542, João Calvino publicou o Catecismo da Igreja de Genebra, onde se lê: “O Filho de Deus foi formado no seio da Virgem Maria… Isto aconteceu por ação milagrosa do Espírito Santo sem consórcio de varão” .
“Firmemente creio, segundo as palavras do Evangelho, que Maria, como virgem pura, nos gerou o Filho de Deus e que, tanto no parto quanto após o parto, permaneceu virgem pura e íntegra.” (”Corpus Reformatorum”)
Zwinglio, o reformador protestante de Zurich, conservou três festas marianas (Anunciação, Visitação, Apresentação no Templo) e a recitação da Ave Maria durante o culto sagrado. (PR, idem)
John Wesley, fundador da Igreja metodista na Inglaterra, em 1739, disse: “Creio que [Jesus] foi feito homem, unindo a natureza humana à divina em uma só pessoa; sendo concebido pela obra singular do Espírito Santo, nascido da abençoada Virgem Maria que, tanto antes como depois de dá-lo à luz, continuou virgem pura e imaculada.”
Ora, se os fundadores do protestantismo veneravam e amavam tanto a Virgem Maria, por que, então, hoje, observamos um afastamento da Mãe de Deus? Nossos irmãos separados devem com urgência rever esta questão, como pede a luterana M. Basiléia. Não queremos afrontar esses nossos irmãos, ao contrário, queremos apenas convidá-los para juntos louvarmos e honrarmos Aquela que nos deu o Salvador.
Prof. Felipe Aquino
As imagens na tradição da Igreja
Fonte: www.cleofas.com.br
Professor Felipe Aquino
PAX CHRISTI
Diogo Pitta
sexta-feira, 20 de junho de 2008
quarta-feira, 18 de junho de 2008
A vida às vezes se torna um deserto...
Em muitos momentos de nossas vidas, somos levados à situações nas quais nos encontramos aparentemente sós e indefesos, realmente como se estivéssemos aprisionados em um deserto. Um deserto, no seu sentido literal da palavra, é um lugar de solidão, abandonado, árido, despovoado e às vezes esquecido. Em um deserto, não se tem perspectiva de encontros, ou seja, nos encontramos totalmente sós. Este é o momento em que devemos tomar cuidado com algumas armadilhas que são postas diante de nós, e que muitas vezes sem percebermos, já estamos sendo vítima delas.
Fazendo uma analogia do deserto com nossas vidas, meditemos, sobre os valores que o mundo atual prega e defende, como a ditadura de uma suposta beleza, a aceitação de questões contra a vida humana, aceitação de questões amorais, enfim, tudo que de certa forma, supostamente nos isola da sociedade atual, pois nossos valores, enquanto cristãos, são totalmente inversos. Outro dia, uma pessoa bem próxima de mim, me questionou sobre minhas atitudes cristãs diante das outras pessoas, em uma festa, dizendo que eu e o grupo do qual faço parte, estaríamos segregando as outras pessoas que estavam na festa, pois eles sentiram-se excluídos do nosso grupo, pois só falávamos de Deus, só cantávamos para Deus, enquanto que uma outra roda de colegas, ali, bem próximo, nos segregavam por optarem por outros assuntos, temas os quais já não mais alimentam a nossa alma e nossos corações, logo, respondi á esta pessoa bem próxima de mim: Quem está segregando quem?
Então, o deserto ao qual me refiro, é o deserto da alma, o deserto que insiste em assolar nossas vidas, e que n grande maioria das vezes, cedemos ás tentações do inimigo, pois sem dúvidas, o inimigo nos tentará, como tentou à Cristo no deserto, ele nos mostrará saídas deste deserto, que nos levarão à ruína, nos mostrará alimentos em nossos momentos de fome extrema, que na verdade são apenas areia, portanto devemos nos precaver e nos munir do amor e divina misericórdia de Deus, devemos encher nossas almas e nossos corações como o amor incondicional de Cristo, pois assim como diz em Hebreus 2,18 "Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados."
É exatamente como diz a sagrada escritura, apenas o próprio Cristo, aquele que mais foi tentado, pode nos indicar um norte, uma direção segura para sairmos a salvos dos desertos impostos pelo mundo, logo, que quando em situações de deserto, olhemos para o alto, busquemos o nosso verdadeiro alimento vivo, pois o alimento que ele tem a nos oferecer para nos fortalecer física e espiritualmente, não é feito de pedras ou areia, é feito com sua própria carne, banhada no seu próprio sangue.
A Paz de Cristo
Diogo Pitta
segunda-feira, 16 de junho de 2008
Harmonia Conjugal
domingo, 15 de junho de 2008
A REVELAÇÃO COMO ENCONTRO
Deus, na medida em que é revelado à experiência humana por intermédio de Jesus, é pessoal. E é possível descrever a experiência dessa revelação utilizando-se analogamente um marco de comunicação intersubjetiva ou interpessoal. Não se trata de uma operação dedutiva que argumenta com base na personalidade de Deus, e sim de uma fenomelogia da experiência da revelação cristã que responde pela crença segundo a qual Deus é pessoal. A revelação cristã não se afigura como conhecimento a respeito de Deus como que de um objeto, nem mesmo como conhecimento sobre uma pessoa transcendente. A revelação cristã assume antes a forma de um encontro pessoal com um sujeito divino. Quais são alguns dos atributos da experiência quando descrita nesse paradigma?
Uma primeira característica da revelação cristã é que se trata de uma comunicação intersubjetiva. Deus é experienciado como sujeito, de tal sorte que o contato ou a percepção humana de Deus não pode ser um conhecimento acerca de Deus como que de um objeto. Na revelação cristã, Deus é experienciado como eu pessoal. Deus é experienciado como presente e interno ao próprio eu; Deus comunica seu ser à consciência do próprio ser-presente-a-si-mesmo. Deus é pessoal, e o fundamento dessa afirmação é a experiência de Deus como sujeito pessoal.
Em segundo lugar, na revelação cristã de Deus, experiencia-se Deus como transcendente. Porque Deus é Deus, a personalidade de Deus consiste em uma subjetividade infinita. Quando experienciamos Deus no âmago de nós mesmos, sabemos que não estamos simplesmente experienciando o eu, e sim uma presença ao eu que transcende infinitamente nossa própria subjetividade. Quando experienciamos Deus nos meios da história e através deles, o tema dessa experiência é que Deus transcende os meios, os eventos, as pessoas e a linguagem históricos que o evocam à consciência. Deus transcende o mundo físico, a própria natureza, o universo ou o cosmo. A infinitude de Deus é vivenciada na experiência da própria finitude de tudo quanto existe e do qual o eu faz parte. Já se percebe aqui uma razão mais profunda pela qual o conhecimento de Deus não pode ser conhecimento objetivo, em nenhuma acepção comum, acerca de Deus. A subjetividade de Deus é uma subjetividade infinita. Não pode ser contida, limitada, fixada, determinada por uma objetividade que por definição é finita, limitada, fixada, determinada por uma objetividade que por definição é finita, limitada e circunscrita. Por sua natureza, uma experiência de Deus é experiência daquilo que transcende infinitamente a própria subjetividade e os meios históricos terrenos que fazem do ser presente de Deus um objeto da consciência.
Em terceiro lugar, o encontro revelacional, portanto, envolve o tema da gratuidade e a fé. Todavia, a partir das coordenadas da comunicação interpessoal, a razão mais profunda desse da graça torna-se manifesta. A autocomunicação de Deus é função de sua liberdade interior. Deus não é compelido a comunicar seu eu interior. A revelação tem sempre o caráter de evento; manifesta-se de forma imprevista. O correlato desse caráter de evento reside na liberdade de Deus. Sempre que a revelação ocorre ou é experienciada como encontro interpessoal com Deus, apropria qualidade temática da experiência é que ela se realiza a partir da livre iniciativa de Deus.
A relevância dessa caracterização da experiência revelacional de Deus reside sobretudo em sua fidelidade à própria experiência. Não corresponde, em certa medida, aos que os cristãos dão a entender quando aludem ao processo revelacional de Deus? Se essa descrição se coaduna efetivamente com a experiência, também encerra alguma relevância adicional. Explica por que a fé cristã não é conhecimento na acepção comum do termo, e ao mesmo tempo preserva a dimensão cognitiva da fé da revelação. A revelação não é sabedoria filosófica, nem conhecimento científico, nem alguma forma de conhecimento impessoal e objetivo, nem conhecimento das coisas ou dos eventos históricos, nem conhecimento histórico, nem conhecimento propositivo acerca de Deus, nem conhecimento produzido por idéias inatas, nem verdade apriorística latente na pessoa humana como tal. Todas essas outras espécies de conhecimento têm algo a ver com a revelação, que, porém, não é redutível a nenhuma dessas formas de conhecimento humano. Pelo contrário, a revelação é sui generis, representa um conhecimento de espécie própria, que em última análise difere de qualquer outra modalidade de conhecimento. Situamo-lo no marco analógico do conhecimento pessoal, intersubjetivo. Entretanto, como resultado da autocomunicação de Deus, transcende o próprio marco analógico.
Por ser uma forma sui generis de conhecimento, a revelação não compete com nenhuma outra forma de conhecimento, e nenhum outro dado do conhecimento humano com ela compete. Visto que a revelação não é de forma alguma conhecimento objetivo, é simplesmente equivocado, por um erro a priori nas categorias, encarar o conhecimento cientifico ou qualquer outra modalidade de conhecimento deste mundo como ameaça à revelação. Na obstante, em que pese essa diferença qualitativa das demais formas de conhecimento, a revelação é, contudo cognitiva. Como consciência divina, a revelação é uma forma de conhecimento de Deus.
Eduardo Rocha Quintella
Bacharel em Teologia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora-Minas Gerais
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Namoro
No nosso dia-a-dia, interagimos com pessoas diferentes, e cada uma exerce impacto sobre a forma como agimos e tomamos decisões. É difícil nos comunicarmos bem com pessoas que não compreendemos, porque freqüentemente interpretamos de forma incorreta ações ou palavras do outro e, muitas vezes, nos sentimos frustrados ao nos relacionar com quem age e pensa de forma oposta à nossa. Ter consciência das motivações subjacentes do outro pode permitir que resolvamos os conflitos antes mesmo que estes aconteçam.
Quando compreendemos as razões de alguém sobre aquilo que fez ou disse, é menos provável que reajamos negativamente.
Como afirma diácono Nelsinho Corrêa: "As diferenças não são barreiras, e sim, riquezas". É assim que precisamos ver as diferenças de temperamentos: como riquezas. E elas só podem se tornar riquezas se sairmos de nós mesmos para nos colocar no lugar do outro, procurando entender suas motivações.
A questão é que criamos um modelo coletivo de pessoa para nos relacionar, especialmente quando se refere a um relacionamento amoroso. Trazemos em nossa mente certo "tipo" de pessoa idealizada, tanto no aspecto físico quanto em características comportamentais. Isso faz com que nos relacionemos apenas com as aparências e não com a pessoa em si. Assim, as nossas relações correm o risco de se tornar cada vez mais superficiais. Dessa forma, as frustrações vão acontecendo, pois, como não conhecemos as riquezas e o valor do outro, julgamos pelas aparências.
Casal de namorados da Comunidade Canção Nova, Sônia Venâncio e Wanderson falam como enfrentam as diferenças de temperamento no namoro
Na verdade, as diferenças nos complementam. Enquanto encontramos pessoas que são calorosas, amáveis, simpáticas, com capacidade de atrair os outros como se fossem um imã; por outro lado, também encontramos outras que são práticas e possuem firmeza inabalável, são líderes natas. Essas pessoas obtêm sucesso onde os outros fracassaram. Aquele que é muito prático pode ter certa dificuldade em se relacionar, em conquistar a simpatia dos outros, e esta sua "deficiência" pode ser complementada se tem ao seu lado uma pessoa calorosa, simpática, que tem como ponto forte a capacidade de se relacionar.
Precisamos entender que ninguém é perfeito, que todos nós temos limitações e fraquezas. Precisamos caminhar num processo de aceitação de nós mesmos, de nossas limitações e fraquezas, assim como necessitamos aceitar o outro como ele é. A chave de bons relacionamentos está na aceitação do outro como ele realmente é, sem exigir dele uma mudança, a qual, muitas vezes, não conseguimos em nós mesmos.
Victor Frankl afirma que "o amor faz-nos contemplar a imagem de valor de um ser humano". Para ele, o amor autêntico capta o que a pessoa "é" no seu caráter de algo único e na irrepetibilidade e simultaneamente ajuda o outro a se conhecer melhor, alargando os horizontes. O amor autêntico traz em si reciprocidade, por meio do qual cada um se esforça para ser digno do outro e busca vir a ser tal como o outro o vê.
O segredo, portanto, está em procurar pelas riquezas que a pessoa traz em si; aceitar sem exigir mudança do outro, buscando enxergar os acontecimentos por meio do ponto de vista do outro, saindo de si mesmo. É necessário que abramos mão do que trazemos de figura idealizada para que possamos nos encontrar com a riqueza que é o outro.