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terça-feira, 28 de junho de 2011

Solenidade de São Pedro e São Paulo


Pedro e Paulo representam duas dimensões da vocação apostólica
“Eis os santos que, vivendo neste mundo, plantaram a Igreja, regando-a com seu sangue. Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus”.
 
Meus queridos Irmãos, 

 Celebramos hoje, 29/06, a festa das duas colunas da Igreja: São Pedro e São Paulo. Pedro: Simão responde pela fé dos seus irmãos (cf. Evangelho de Mateus 16,13-19). Por isso, Jesus lhe dá o nome de Pedro, que significa sua vocação de ser “pedra”, rocha, para que o Senhor edifique sobre ele a comunidade daqueles que aderem a ele na fé. Pedro deverá dar firmeza aos seus irmãos (cf. Lc 22,32). Esta “nomeação” vai acompanhada de uma promessa infalível: as “portas” (que correspondem à cidade, reino) do inferno (o poder do mal, da morte) não poderão nada contra a Santa Igreja de Cristo, que é uma realização do “Reino do Céu” (de Deus). A libertação da prisão ilustra esta promessa na primeira Leitura. Cristo lhe confia também “o poder das chaves”, ou seja, o serviço de “mordomo” ou administrador de sua casa, de sua família, de sua comunidade ou cidade. Na medida em que a Igreja é a realização, provisória, parcial, do Reino de Deus, Pedro e seus sucessores, os Papas, são administradores dessa parcela do Reino de Deus. Eles têm a última responsabilidade do serviço pastoral. Pedro, sendo aquele que responde “pelos Doze”, administra ou governa as responsabilidades da evangelização. E recebe, ainda, o poder de ligar e de desligar, o poder de decisão, de obrigar ou deixar livre. Não se trata de um poder ilimitado, mas da responsabilidade pastoral, que concerne à orientação dos fiéis para a vida em Deus, no caminho de Cristo. 

Paulo aparece mais na qualidade de fundador carismático da Igreja. Sua vocação se dá na visão de Nosso Senhor Jesus Cristo no caminho de Damasco: de perseguidor, transforma-se em mensageiro de Cristo, “apóstolo”, grande pedagogo da missão e da vida do Senhor. É Paulo que realiza, por excelência, a missão dos apóstolos de serem testemunhas do Ressuscitado até os confins da terra. As cartas a Timóteo, escritas da prisão de Roma, são a prova disso, pois Roma é a capital do mundo, o trampolim para o Evangelho se espalhar por todo o mundo civilizado daquele tempo. São Paulo é o apóstolo das nações. No fim da sua vida, pode oferecer uma vida como oferenda adequada a Deus, assim como ele ensinou. Como Pedro, Paulo experimentou Deus como Aquele que nos liberta da tribulação. 

Pedro foi crucificado de cabeça para baixo. Os artistas da iconografia católica colocaram as chaves da Igreja em sua mão, para distinguir o seu encargo de possuidor das chaves da salvação. Paulo foi morto decapitado por ser cidadão romano, o que o impedia de ser crucificado. Os artistas da iconografia católica lhe põem sempre na mão uma espada, além de um livro, para simbolizar as várias epístolas teológicas que legou para a Igreja de Cristo. 

Por isso o Evangelho nos fala da confissão de fé de Pedro e a promessa de Jesus para seu futuro. Jesus apelidara Simão de Cefas, que, em aramaico, significa "pedra". O apelido pegara a ponto de todos o chamarem de Simão Pedro ou simplesmente de Pedro. Pedro assim será o fundamento da Igreja, do novo Povo de Deus. A pedra na Bíblia significava e significa a segurança, a solidez e a estabilidade, como régio és meu penedo de salvação. Mas Jesus sabia que, sendo criatura humana, Pedro, por mais fiel que Lhe fosse, seria sempre uma criatura fraca. Por isso, se faz de Pedro o fundamento, reserva para si todo o peso e todo o equilíbrio da construção e sem a qual o inteiro edifício viria abaixo. 

O simbolismo das chaves é claro. A chave abre e fecha. Possuir a chave significa garantia, propriedade, poder de administrar. Isaías tem uma profecia sobre a derrubada do administrador. Sobna e sua substituição pelo obscuro empregado Eliaquim. Põe na boca de Deus estas palavras: “Colocarei as chaves da casa de Davi sobre seus ombros: ele abrirá e ninguém fechará, ele fechará e ninguém abrirá”(cf. Is 22,22). 

O texto aproxima-se muito à promessa de Jesus, até mesmo na escolha de um humilde pescador para administrar a nova casa de Deus. Assim como Eliaquim não se tornou o dono da casa de Davi, também Pedro não será o dono da nova comunidade. O dono continuará sempre sendo o próprio Deus. Em linguagem jurídica, diríamos que Pedro tornou-se o fiduciário de Cristo. O binômio ligar-desligar repete o abrir-fechar das chaves. Pedro recebe o direito e a obrigação de decidir sobre a autenticidade da doutrina e comportamento dos cristãos diante dos ensinamentos de Jesus. Esta missão de todos os Papas, sucessores de Pedro, que bem podem ser definidos como os guardiões da verdade e da caridade. Celebrar São Pedro, para os cristãos, é também celebrar o Papa. 

Pedro e Paulo representam duas dimensões da vocação apostólica, diferentes, mas complementares. As duas foram necessárias, para que pudéssemos comemorar hoje os fundadores da Igreja Universal. Esta complementaridade dos carismas de Pedro e Paulo continua atual na Igreja de Cristo hoje: a responsabilidade institucional e criatividade missionária, responsabilidade de todos nós! 

Rezemos, pois, pelo nosso Santo Padre Bento XVI que para fiel a missão de ter o serviço da caridade de dirigir a Igreja de Cristo nos interpele para seguirmos a missão de Pedro e de Paulo para sermos testemunhas de Cristo no mundo. Amém! 

Fonte: http://cancaonova.com

PAX CHRISTI
Diogo Pitta

São Paulo: A relação com o Jesus histórico - Bento XVI


Queridos irmãos e irmãs! 

Nas últimas catequeses sobre São Paulo falei do seu encontro com Cristo ressuscitado, que mudou profundamente a sua vida, e depois da sua relação com os doze Apóstolos chamados por Jesus particularmente com Tiago, Cefas e João e da sua relação com a Igreja de Jerusalém. Permanece agora a questão sobre o que São Paulo soube do Jesus terreno, da sua vida, dos seus ensinamentos, da sua paixão. Antes de entrar nesta questão, pode ser útil ter presente que o próprio São Paulo distingue dois modos de conhecer Jesus e mais em geral dois modos de conhecer uma pessoa. Escreve na Segunda Carta aos Coríntios: "De modo que, desde agora em diante, a ninguém conhecemos segundo a carne. Ainda que tenhamos conhecido a Cristo desse modo, agora já não O conhecemos assim" (5, 16).
Conhecer "segundo a carne", de modo carnal, significa conhecer de modo apenas exterior, com critérios superficiais: pode-se ter visto uma pessoa diversas vezes, conhecer portanto as suas feições e os diversos pormenores do seu comportamento: como fala, como se move, etc. Contudo, mesmo conhecendo alguém desta forma, não o conhecemos realmente, não se conhece o núcleo da pessoa. Só com o coração se conhece verdadeiramente uma pessoa. De facto, os fariseus e os saduceus conheceram Jesus de modo exterior, ouviram o seu ensinamento, conheceram muitos pormenores acerca dele, mas não O conheceram na sua verdade. Há uma distinção análoga numa palavra de Jesus. Depois da Transfiguração, Ele pergunta aos Apóstolos: "Quem dizem as pessoas que Eu sou?" e "Quem dizeis vós que Eu sou?".
O povo conhece-o, mas superficialmente; sabe diversas coisas acerca d'Ele, mas não O conhece realmente. Ao contrário os Doze, graças à amizade que chama em causa o coração, compreenderam pelo menos na substância e começaram a conhecer quem é Jesus. Também hoje existe este modo diverso de conhecimento: há pessoas doutas que conhecem Jesus nos seus muitos pormenores e pessoas simples que não conhecem estes pormenores, mas conheceram-no na sua verdade: "o coração fala ao coração". E Paulo quer dizer que conhece essencialmente Jesus assim, com o coração, e que conhece deste modo fundamentalmente a pessoa na sua verdade; e depois, num segundo momento, conhece os seus pormenores.
Dito isto, permanece contudo a questão: o que soube São Paulo da vida concreta, das palavras, da paixão, dos milagres de Jesus? Parece certo que não O encontrou durante a sua vida terrena. Através dos Apóstolos e da Igreja nascente conheceu certamente também os pormenores sobre a vida terrena de Jesus. Nas suas Cartas podemos encontrar três formas de referência ao Jesus pré-pascal. Em primeiro lugar, há referências explícitas e directas. Paulo fala da ascendência davídica de Jesus (cf. Rm 1, 3), conhece a existência de seus "irmãos" ou consanguíneos (1 Cor 9, 5; Gl 1, 19), conhece a realização da Última Ceia (cf. 1 Cor 11, 23), conhece outras palavras de Jesus, por exemplo sobre a indissolubilidade do matrimónio (cf. 1 Cor 7, 10 com Mc 10, 11-12), sobre a necessidade que quem anuncia o Evangelho seja mantido pela comunidade porque o operário é digno do seu salário (cf. 1 Cor 9, 14 com Lc 10, 7); Paulo conhece as palavras pronunciadas por Jesus na Últimas Ceia (cf. 1 Cor 11, 24-25 com Lc 22, 19-20) e conhece também a cruz de Jesus. Estas são referências directas a palavras e factos da vida de Jesus.
Em segundo lugar, podemos entrever nalgumas frases das Cartas paulinas várias alusões à tradição confirmada nos Evangelhos sinópticos. Por exemplo, as palavras que lemos na primeira Carta aos Tessalonicenses, segundo as quais "o dia do Senhor virá como um ladrão de noite" (5, 2), não se explicariam com uma referência às profecias veterotestamentárias, porque a comparação do ladrão nocturno se encontra só nos Evangelhos de Mateus e de Lucas, portanto é tirada precisamente da tradição sinóptica. Assim, quando lemos: "Deus escolheu o que segundo o mundo é louco..." (1 Cor 1, 27-28), ouvimos o eco fiel do ensinamento de Jesus sobre os simples e os pobres (cf. Mt 5, 3; 11, 25; 19, 30). Há depois as palavras pronunciadas por Jesus no júbilo messiânico: "Bendigo-Te, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos".
 Paulo sabe é a sua experiência missionária quanto são verdadeiras estas palavras, isto é, que precisamente os simples têm o coração aberto ao conhecimento de Jesus. Também o realce sobre a obediência de Jesus "até à morte", que se lê em Fl 2, 8 não pode deixar de recordar a total disponibilidade do Jesus terreno a realizar a vontade de seu Pai (cf. Mc 3, 35; Jo 4, 34). Portanto Paulo conhece a paixão de Jesus, a sua cruz, o modo como Ele viveu os últimos momentos da sua vida. A cruz de Jesus e a tradição sobre este acontecimento da cruz está no centro do Querigma paulino. Outro pilar da vida de Jesus conhecido por São Paulo é o Sermão da Montanha, do qual cita alguns elementos quase à letra, quando escreve aos Romanos: "Amai-vos uns aos outros... Bendizei aqueles que vos perseguem... Vivei em paz com todos... Vence o mal com o bem...". Portanto, nas suas Cartas há um reflexo fiel do Sermão da Montanha (cf. Mt 5-7).
Por fim, é possível ver um terceiro modo de presença das palavras de Jesus nas Cartas de Paulo: é quando ele realiza uma forma de transposição da tradição pré-pascal para a situação depois da Páscoa. Um caso típico é o tema do Reino de Deus. Ele está certamente no centro da pregação do Jesus histórico (cf. Mt 3, 2; Mc 1, 15; Lc 4, 43). Em Paulo pode-se ver uma transposição desta temática, porque depois da ressurreição é evidente que Jesus em pessoa, o Ressuscitado, é o Reino de Deus. Portanto, o Reino chega aonde está a chegar Jesus. E assim necessariamente o tema do Reino de Deus, no qual estava antecipado o mistério de Jesus, transforma-se em cristologia. Contudo, as mesmas disposições exigidas por Jesus para entrar no Reino de Deus são válidas exactamente para Paulo em relação à justificação mediante a fé: quer a entrada no Reino quer a justificação exigem uma atitude de grande humildade e disponibilidade, livre de presunções, para acolher a graça de Deus.
Por exemplo, a parábola do fariseu e do publicano (cf. Lc 18, 9-14) oferece um ensinamento igual ao de Paulo, quando insiste sobre a exclusão obrigatória de qualquer vanglória em relação a Deus. Também as frases de Jesus sobre os publicanos e as prostitutas, mais disponíveis que os fariseus a acolher o Evangelho (cf. Mt 21, 31; Lc 7, 36-50), e as suas opções de partilha da mesa com eles (cf. Mt 9, 10-13; Lc 15, 1-2) encontram plena correspondência na doutrina de Paulo sobre o amor misericordioso de Deus pelos pecadores (cf. Rm 5, 8-10; e também Ef 2, 3-5). Assim o tema do Reino de Deus é reproposto de forma nova, mas sempre em plena fidelidade à tradição do Jesus histórico.
Outro exemplo de transformação fiel do núcleo doutrinal indicado por Jesus encontra-se nos "títulos" que a Ele se referem. Antes da Páscoa ele mesmo se qualifica como Filho do homem; depois da Páscoa torna-se evidente que o Filho do homem é também o Filho de Deus. Portanto o título preferido por Paulo para qualificar Jesus é Kýrios, "Senhor" (cf. Fl 2, 9-11), que indica a divindade de Jesus. O Senhor Jesus, com este título, sobressai na plena luz da ressurreição. No Horto das Oliveiras, no momento da extrema agonia de Jesus (cf. Mc 14, 36), os discípulos antes de adormecerem tinham ouvido como Ele falava com o Pai e como O chamava "Abbá Pai". É uma palavra muito familiar equivalente ao nosso "papá", usada só por crianças em comunhão com o seu pai. Até àquele momento era impossível que um judeu usasse uma semelhante palavra para se dirigir a Deus; mas Jesus, sendo verdadeiro filho, naquele momento de intimidade fala assim e diz: "Abbá, Pai". Nas Cartas de São Paulo aos Romanos e aos Gálatas surpreendentemente esta palavra "Abbá", que expressa a exclusividade da filiação de Jesus, sai da boca dos baptizados (cf. Rm 8, 15; Gl 4, 6), porque receberam o "Espírito do Filho" e agora trazem consigo este Espírito e podem falar como Jesus e com Jesus como verdadeiros filhos ao seu Pai, podem dizer "Abbá" porque se tornaram filhos no Filho.
E finalmente gostaria de mencionar a dimensão salvífica da morte de Jesus, como encontramos na frase evangélica segundo a qual "o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos" (Mc 10, 45; Mt 20, 28). O reflexo fiel desta palavra de Jesus sobressai na doutrina paulina sobre a morte de Jesus como resgate (cf. 1 Cor 6, 20), como redenção (cf. Rm 3, 24), como libertação (cf. Gl 5, 1) e como reconciliação (cf. Rm 5, 10; 2 Cor 5, 18-20). Está aqui o centro da teologia paulina, que se baseia nesta palavra de Jesus.
Em conclusão, São Paulo não pensa em Jesus na veste de historiador, como numa pessoa do passado. Conhece certamente a grande tradição sobre a sua vida, as palavras, a morte e a ressurreição de Jesus, mas não trata tudo isto como coisas do passado; propõe-no como realidade do Jesus vivo. As palavras e as acções de Jesus para Paulo não pertencem ao tempo histórico, ao passado. Jesus vive e fala agora connosco e vive para nós. É este o verdadeiro modo de conhecer Jesus e de acolher a tradição acerca dele. Também nós devemos aprender a conhecer Jesus não segundo a carne, como uma pessoa do passado, mas como nosso Senhor e Irmão, que hoje está connosco e nos mostra como viver e como morrer. 

 FONTE:Papa Bento XVI Audiência Geral - 8 de Outubro de 2008 - http://www.vatican.va.

Pedro, a rocha sobre a qual Cristo fundou a Igreja - Bento XVI

Queridos irmãos e irmãs

Retomamos as catequeses semanais que iniciámos nesta primavera. Na última, de há quinze dias, falei de Pedro como o primeiro dos Apóstolos; hoje, queremos voltar mais uma vez sobre esta grande e importante figura da Igreja. O evangelista João, narrando o primeiro encontro de Jesus com Simão, irmão de André, registra um acontecimento singular: Jesus, "fixando nele o olhar... disse: "Tu és Simão, o filho de João. Hás-de chamar-te Cefas que significa Pedra"" (Jo 1, 42). Jesus não costumava mudar o nome aos seus discípulos. Se excluirmos o apelativo de "filhos do trovão", dirigido numa circunstância precisa aos filhos de Zebedeu (cf. Mc 3, 17) que não voltou a usar sucessivamente, Ele nunca atribuiu um novo nome a um discípulo seu. Mas fê-lo com Simão, chamado-o Cefas, nome que depois foi traduzido em grego Petros, em latim Petrus. E foi traduzido precisamente porque não era só um nome; era um "mandato" que Pedro recebia daquele modo do Senhor. O novo nome Petrus voltará várias vezes nos Evangelhos e terminará por substituir o nome originário, Simão.
O facto adquire relevo particular se se considera que, no Antigo Testamento, a mudança do nome anunciava em geral a designação de uma missão (cf. Gn 17, 5; 32, 28ss, etc.). De facto, a vontade de Cristo de atribuir a Pedro um papel especial no âmbito do Colégio apostólico resulta de numerosos indícios: em Cafarnaum o Mestre é hospedado em casa de Pedro (Mc 1, 29); quando a multidão se comprime nas margens do lago de Genesaré, entre as duas barcas ali ancoradas, Jesus escolhe a de Simão (Lc 5, 3); quando em circunstâncias particulares Jesus se faz acompanhar só por três discípulos, Pedro é sempre recordado como primeiro do grupo: assim na ressurreição da filha de Jairo (cf. Mc 9, 2; Mt 17, 1; Lc 9, 28), e por fim durante a agonia no Horto do Getsémani (cf. Mc 14, 33; Mt 16, 37). E ainda: dirigem-se a Pedro os cobradores do imposto para o Templo e o Mestre paga para si e somente para ele (cf. Mt 17, 24-27); a quem lava primeiro os pés é a Pedro (cf. Jo 13, 6) e reza unicamente por ele para que não lhe venha a faltar a fé e possa depois confirmar nela os outros discípulos (cf. Lc 22, 30-31).
De resto, o próprio Pedro tem consciência desta sua posição particular: com frequência é ele que, em nome também dos outros, toma a palavra para pedir a explicação de uma parábola difícil (Mt 15, 15), ou o sentido exacto de um preceito (Mt 18, 21) ou a promessa formal de uma recompensa (Mt 19, 27). Em particular, é ele quem resolve o embaraço de determinadas situações intervindo em nome de todos. E também quando Jesus, desanimado pela incompreensão da multidão depois do discurso sobre o "pão de vida", pergunta: "Também vós quereis ir embora?", a resposta de Pedro é peremptória: "Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna" (cf. Jo 6, 67-69). Igualmente decidida é a profissão de fé que, ainda em nome dos Doze, ele faz perto de Cesareia de Filipe. A Jesus que pergunta: "Vós quem dizeis que Eu sou?", Pedro responde: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16, 15-16). Em resposta Jesus pronuncia então a declaração solene que define, de uma vez para sempre, o papel de Pedro na Igreja: "Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja... Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu" (Mt 16. 18-19). As três metáforas às quais Jesus recorre são em si muito claras: Pedro será o fundamento rochoso sobre o qual apoiará o edifício da Igreja; ele terá as chaves do Reino dos céus para abrir ou fechar a quem melhor julgar; por fim, ele poderá ligar ou desligar no sentido que poderá estabelecer ou proibir o que considerar necessário para a vida da Igreja, que é e permanece Cristo. É sempre Igreja de Cristo e não de Pedro. Deste modo, é descrito com imagens de plástica evidência o que a reflexão sucessiva qualificará com a palavra de "primazia de jurisdição".
Esta posição de preeminência que Jesus decidiu conferir a Pedro verifica-se também depois da ressurreição: Jesus encarrega as mulheres de ir anunciar a Pedro, distintamente dos outros Apóstolos (cf. Mc 16, 7); Madalena vai ter com ele e com João para os informar que a pedra tinha sido afastada da entrada do sepulcro (cf. Jo 20, 2) e João dá-lhe a precedência quando chegam diante do túmulo vazio (cf. Jo 20, 4-6); será depois Pedro, entre os Apóstolos, a primeira testemunha de uma aparição do Ressuscitado (cf. Lc 24, 34; 1 Cor 15, 5). Este seu papel, realçado com decisão (cf. Jo 20, 3-10), marca a continuidade entre a preeminência obtida no grupo apostólico e a preeminência que continuará a ter na comunidade que nasceu depois dos acontecimentos pascais, como afirma o Livro dos Actos (cf. 1, 15-26; 2, 14-40; 3, 12-26; 4, 8-12; 5, 1-11.29; 8, 14-17; 10; etc.). O seu comportamento é considerado tão decisivo, que está no centro de observações e também de críticas (cf. Act 11, 1-18; Gl 2, 11-14). Ao chamado Concílio de Jerusalém Pedro desempenha uma função directiva (cf. Act 15 3; Gl 2, 1-10), e precisamente por este seu ser como testemunha da fé autêntica o próprio Paulo reconhecerá nele uma certa qualidade de "primeiro" (cf. 1 Cor 15, 5; Gl 1, 18; 2, 7s.; etc.). Depois, o facto de que vários textos-chave relativos a Pedro possam ser relacionados com o contexto da Última Ceia, na qual Cristo confere a Pedro o ministério de confirmar os irmãos (cf. Lc 22, 31s.), mostra como a Igreja que nasce do memorial pascal celebrado na Eucaristia tenha no ministério confiado a Pedro um dos seus elementos constitutivos.
Esta contextualização da Primazia de Pedro na Última Ceia, no momento institutivo da Eucaristia, Páscoa do Senhor, indica também o sentido último desta Primazia: Pedro deve ser, para todos os tempos, o guardião da comunhão com Cristo; deve guiar à comunhão com Cristo; deve preocupar-se por que a rede não se rompa e assim possa perdurar a comunhão universal. Só juntos podemos estar com Cristo, que é o Senhor de todos. A responsabilidade de Pedro é garantir assim a comunhão com Cristo com a caridade de Cristo, conduzindo à realização desta caridade na vida de todos os dias. Rezemos para que a Primazia de Pedro, confiada a pobres pessoas humanas, possa ser sempre exercida neste sentido originário querido pelo Senhor e, assim, possa ser cada vez mais reconhecida no seu verdadeiro significado pelos irmãos que ainda não estão em plena comunhão connosco. 

FONTE: Papa Bento XVI Audiência Geral - 7 de Junho de 2006 - http://www.vatican.va.

PAX CHRISTI





Resposta Católica: “Música e Liturgia”


FONTE: http://padrepauloricardo.org

Num tempo onde os ruidos ensurdecedores do mundo e suas doutrinas de morte, tentam destruir a paz e o silêncio interior do homem, a Igreja deve ser um refúgio seguro para os ouvidos da alma. As caixas de som, os amplificadores, os microfones, as guitarras, as palmas e tudo mais, estão cada vez mais alto nas Missas, e a voz de Deus em nosso interior cada vez mais baixa. Onde está a Sacralidade da Santa Missa? Não deveríamos, em nossas celebrações nos colocarmos numa posição de adoração, sem desviar o olhar um segundo sequer, Daquele que sendo Deus, fez-se homem para estar junto de nós? Será que quando explodem as palmas e os agudos estridentes nas Missas, não perdemos um momento sublime de contemplação, onde poderíamos imitar o discípulo amado e repousar no peito de Senhor?
Porém, recuso-me a abandonar esta oportunidade diária de estar em comunhão com meu Senhor, pela Sacrifício da Missa, pois em comunhão com Ele, rezo mais intensamente por todos nós, que erramos constantemente. Meu amor por Cristo é maior que tudo, maior inclusive, que o erro da mão humana.

PAX CHRISTI
Diogo Pitta

Tu és Pedro, Bento XVI! És pedra!

Por Everson Fontes Fonseca (Seminarista)*

Publicado no Jornal da Cidade, Aracaju - SE, em 15/05/2010


Intrépido, destemido, confiante, eis a face do “Cooperador da Verdade”. Confiança inabalável daquele que faz às vezes da Pedra da Igreja de Cristo. Bento XVI, com o seu silêncio comunicante, expressa uma máxima atitude: confia naquele que é a Cabeça da Igreja. Perante tantos ultrajes, ofensas, difamações, lá está ele, cabeça erguida, férula na mão, doce peso da Igreja às costas, voz rouca, testemunha a Verdade. Tu és Pedro, Bento XVI! E não falo de verdade ideológica, mas da Verdade, Cristo Jesus, Nosso Senhor (cf. Jo 14, 6).
No desenrolar dos dias, ao ver inúmeros episódios nefastamente satânicos e odiosos por parte de alguns órgãos da imprensa, tenho presente o que o próprio Jesus já avisara aos seus nas bem-aventuranças: “Felizes sois, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o tipo de mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, p orque será grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5, 11-12).
O ódio ao Papa Ratzinger é o ódio à Igreja. Como voz profética a “Mãe Católica” não pode sucumbir num silêncio omissivo diante das diversas formas de relativismos e de injustiças patrocinadas por ideologias adversas à moral cristã. Aqui, vale ressaltar a pretensão dos que querem descriminalizar o aborto; dos que ambicionam legalizar as uniões homossexuais; dos que se sentem incomodados com a presença e credibilidade da instituição Católica; enfim, de todos os que se colocam contra o Reino de Deus concretizado pela Igreja, e nela. Estes aderentes à subversão dos costumes buscam, inescrupulosamente, a todo o custo e em vão, sacudir a Barca de Pedro, guiada pelo sopro afável do Espírito Santo, cujo leme está nas mãos do fisicamente frágil e espiritualmente inabalável, Bento XVI. Tais “lobos” recorrem ao auxílio de inverdades alardemente divulgadas, ou mesmo correm a trás dos que não testemunham a sua fé e vocação (que, diga-se de passagem, é uma minoria irrisória) para macular a imagem da Totta pulcra (Toda bela), sem mancha e sem ruga Esposa de Cristo.
O Papa tem-se mostrado rocha. Não um seixo qualquer que se fragmenta facilmente, mas caracteriza-se pela sua consistência inabalável, já que alicerça “a Jerusalém Celeste, a nossa Mãe” (Gl 4, 26). Não sentimentalmente frio e apático, e sim transparente como o diamante artisticamente lapidado que possui uma alta valorização e durabilidade. E quem é este artista? Só pode ser Deus mesmo que, com o auxílio da sua graça, vai moldando esse santo homem, através das provações e incompreensões do mundo cruel e relativo que ora vivenciamos.
Incompreensão: alto preço pago pela defesa da Verdade. Aparente derrota: resultado figurativo que os diversos meios contrários à fé desejam passar da Santa Igreja e do Sucessor de Pedro. Confiança: res posta divinamente testemunhal dada por um octogenário ao mundo incrédulo, e por isso desesperançado. Paternidade transparente: adjetivo deste homem que é o Vigário de Cristo. Sim, transparente. Não esbraveja contra os seus opositores, silencia, e neste silêncio age. Não por cobrança exterior, mas continua o que de praxe já fazia esmeradamente: transmite o Cristo, confirma o seu rebanho que a ele foi confiado, extirpa os erros, apregoa a Verdade.
A solidez da Igreja de Cristo aborrece os indiferentes. Por isso, cria-se uma ojeriza à figura petrina. O confirmar os irmãos na fé, nem sempre é fácil. Ao interpelar o magnânimo Pedro para o exercício de apascentar o seu rebanho, Nosso Senhor o previne acerca do seu martírio (cf. Jo 21, 15-19). Hoje, Pedro é interpelado nesse ancião que rege o timão da Barca-grei do Senhor, através de um fiel e corajoso seguimento àquele que o chamou. É por amor que Bento rege. É por amor que Bento sofre o seu ma rtírio incruento, a sua aparente solidão humana. Porém, esta carência superficial é recompensada pela paz de espírito dada pelo Ressuscitado, luz inextinguível que brilha em meio às trevas do pecado e do mundo.
Agora, é mais fácil ter em mente o que Jesus quis dizer com “o poder do inferno nunca prevalecerá sobre ela” (cf. Mt 16, 18). É uma promessa! Esta se cumpre cotidianamente, principalmente quando parece que tudo e todos estão contra ela. É a Igreja que testemunha o Cristo. É o Cristo que perpetua o seu Reino através do testemunho de sua Amada.
Indago-me: Qual será a atitude do mundo quando perceber que a “enganosa veracidade” dos fatos que momentaneamente incriminam o Papa foi causada por homens desleais e maledicentes? Quando se derem conta que a todo instante foram enganados por mentirosos e antiéticos veículos de comunicação que abominam a Verdade em nome de suas “verdades”? Reconhecerão a voz profético-denu nciadora de Bento XVI ao anunciar o Cristo, cujo olhar incomoda?
“Salve, Santo Padre! Vivas tanto ou mais que Pedro!” É assim que cantamos a ti na Marcha Pontifícia. É um desejo nosso, Santo Padre: que em ti, apesar da tua longevidade, resplandeça a jovialidade daquela a quem te foi dado o encargo de governá-la vigorosamente. Ainda que as intempéries do mar do mundo balancem a Barca de Pedro, a Igreja de Cristo permanece firme, Bento, com fé inabalável. Ela não afundará! O Senhor está com ela até o fim dos tempos! (cf. Mt 28, 20).
Tu és feliz, Bento XVI! És por sofreres injúrias, perseguições e mentiras por amor à Verdade! A Verdade a quem defendes recompensar-te-á, ó Pedro em meio a nós, ó Bento XVI! “Tu es Petrus, et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam!” (Tu ésPedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja!). 

* Da Arquidiocese de Aracaju e bacharelando em Teologia pelo Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, em Aracaju-SE.

 FONTE: Salvem a Liturgia! -  http://www.salvemaliturgia.com

PAX CHRISTI
Diogo Pitta


Concílio Vaticano II: Dei Verbum - Sagrada Tradição e Sagrada Escritura .

CAPÍTULO II
A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA

  Os apóstolos e seus sucessores, transmissores do Evangelho

 7. Deus dispôs amorosamente que permanecesse integro e fosse transmitido a todas as gerações tudo quanto tinha revelado para salvação de todos os povos. Por isso, Cristo Senhor, em quem toda a revelação do Deus altíssimo se consuma (cfr. 2 Cor. 1,20; 3,16-4,6), mandou aos Apóstolos que pregassem a todos, como fonte de toda a verdade salutar e de toda a disciplina de costumes, o Evangelho prometido antes pelos profetas e por Ele cumprido e promulgado pessoalmente (1), comunicando-lhes assim os dons divinos. Isto foi realizado com fidelidade, tanto pelos Apóstolos que, na sua pregação oral, exemplos e instituições, transmitiram aquilo que tinham recebido dos lábios, trato e obras de Cristo, e o que tinham aprendido por inspiração do Espírito Santo, como por aqueles Apóstolos e varões apostólicos que, sob a inspiração do mesmo Espírito Santo, escreveram a mensagem da salvação (2). 

Porém, para que o Evangelho fosse perenemente conservado integro e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram os Bispos como seus sucessores, «entregando lhes o seu próprio ofício de magistério». Portanto, esta sagrada Tradição e a Sagrada Escritura dos dois Testamentos são como um espelho no qual a Igreja peregrina na terra contempla a Deus, de quem tudo recebe, até ser conduzida a vê-lo face a face tal qual Ele é (cfr. 1 Jo. 3,2).

A sagrada Tradição

8. E assim, a pregação apostólica, que se exprime de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se, por uma sucessão contínua, até à consumação dos tempos. Por isso, os Apóstolos, transmitindo o que eles mesmos receberam, advertem os fiéis a que observem as tradições que tinham aprendido quer por palavras quer por escrito (cfr. 2 Tess. 2,15), e a que lutem pela fé recebida dama vez para sempre (cfr. Jud. 3)(4). Ora, o que foi transmitido pelos Apóstolos, abrange tudo quanto contribui para a vida santa do Povo de Deus e para o aumento da sua fé; e assim a Igreja, na sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo aquilo que ela é e tudo quanto acredita. 

Esta tradição apostólica progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo (5). Com efeito, progride a percepção tanto das coisas como das palavras transmitidas, quer mercê da contemplação e estudo dos crentes, que as meditam no seu coração (cfr. Lc. 2, 19. 51), quer mercê da íntima inteligência que experimentam das coisas espirituais, quer mercê da pregação daqueles que, com a sucessão do episcopado, receberam o carisma da verdade. Isto é, a Igreja, no decurso dos séculos, tende contìnuamente para a plenitude da verdade divina, até que nela se realizem as palavras de Deus. 

Afirmações dos santos Padres testemunham a presença vivificadora desta Tradição, cujas riquezas entram na prática e na vida da Igreja crente e orante. Mediante a mesma Tradição, conhece a Igreja o cânon inteiro dos livros sagrados, e a própria Sagrada Escritura entende-se nela mais profundamente e torna-se incessantemente operante; e assim, Deus, que outrora falou, dialoga sem interrupção com a esposa do seu amado Filho; e o Espírito Santo - por quem ressoa a voz do Evangelho na Igreja e, pela Igreja, no mundo - introduz os crentes na verdade plena e faz com que a palavra de Cristo neles habite em toda a sua riqueza (cfr. Col. 3,16).

Relação entre a sagrada Tradição e a Sagrada Escritura

9. A sagrada Tradição, portanto, e a Sagrada Escritura estão ìntimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim. A Sagrada Escritura é a palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito Santo; a sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos, para que eles, com a luz do Espírito de verdade, a conservem, a exponham e a difundam fielmente na sua pregação; donde resulta assim que a Igreja não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas. Por isso, ambas devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência (6).
Relação de uma e outra com a Igreja e com o Magistério eclesiástico

10. A sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só depósito sagrado da palavra de Deus, confiado à Igreja; aderindo a este, todo o Povo santo persevera unido aos seus pastores na doutrina dos Apóstolos e na comunhão, na fracção do pão e na oração (cfr. Act. 2,42 gr.), de tal modo que, na conservação, actuação e profissão da fé transmitida, haja uma especial concordância dos pastores e dos fiéis (7). 

Porém, o encargo de interpretar autênticamente a palavra de Deus escrita ou contida na Tradição (8), foi confiado só ao magistério vivo da Igreja (9), cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo. Este magistério não está acima da palavra de Deus, mas sim ao seu serviço, ensinando apenas o que foi transmitido, enquanto, por mandato divino e com a assistência do Espírito Santo, a ouve piamente, a guarda religiosamente e a expõe fielmente, haurindo deste depósito único da fé tudo quanto propõe à fé como divinamente revelado. 

É claro, portanto, que a sagrada Tradição, a sagrada Escritura e o magistério da Igreja, segundo o sapientíssimo desígnio de Deus, de tal maneira se unem e se associam que um sem os outros não se mantém, e todos juntos, cada um a seu modo, sob a acção do mesmo Espírito Santo, contribuem eficazmente para a salvação das almas.

Estudemos os Documentos da Santa Igreja!

Fonte: http://www.vatican.va 

PAX CHRISTI
Diogo Pitta

Oração do Papa Bento XVI pela vida nascente.



Senhor Jesus,
que fielmente visitais e cumulais
com a vossa Presença
a Igreja e a história dos homens;
que no admirável Sacramento
do vosso Corpo e do vosso Sangue
nos tornais partícipes da Vida divina
e nos fazeis antegozar
a alegria da Vida eterna;
nós vos adoramos e vos bendizemos.
Prostrados diante de Vós,
nascente e amante da vida
realmente presente e vivo no meio de nós, suplicamos-vos.
Voltai a despertar em nós o respeito por cada vida humana nascente,
tornai-nos capazes de entrever
no fruto do ventre materno
a obra admirável do Criador,
disponde os nossos corações
ao acolhimento generoso de cada criança que está para nascer.
Abençoai as famílias,
santificai a união dos esposos,
tornai fecundo o seu amor.
Acompanhai com a luz
do vosso Espírito as opções
das assembleias legislativas,
para que os povos e as nações reconheçam e respeitem
a sacralidade da vida,
de cada vida humana.
Orientai a obra
dos cientistas e dos médicos,
a fim de que o progresso contribua para o bem integral da pessoa
e ninguém venha a sofrer
supressão e injustiça.
Infundi caridade criativa
nos administradores
e nos economistas,
para que saibam intuir e promover condições suficientes
a fim de que as jovens famílias possam abrir-se serenamente
ao nascimento de novos filhos.
Consolai os cônjuges que sofrem por causa da impossibilidade
de ter filhos e, na vossa bondade, sede providente para com eles.
Educai todos a cuidar das crianças órfãs ou abandonadas,
para que elas possam experimentar o calor da vossa Caridade,
a consolação
do vosso Coração divino.
Com Maria vossa Mãe,
a grande crente, em cuja seio assumistes a nossa natureza humana,
esperamos de Vós, nosso único
e verdadeiro Bem e Salvador,
a força de amar e servir a vida,
à espera de viver sempre em Vós,
na Comunhão
da Bem-Aventurada Trindade.

Fonte: http://www.vatican.va

PAX CHRISTI
Diogo Pitta

Santo Irineu de Lião, Bispo da Igreja.


Sempre que medito sobre a vida e as obras dos Santos Padres dos primeiros séculos do Cristianismo, visualizo um caminho pronto, já construído e bem alicerçado que me leva a Cristo, livre das heresias e dos enganos que constantemente nos são apresentados. No dia de hoje, a Igreja celebra Santo Irineu de Lião.
Santo Irineu de Lião nasceu na Ásia Menor, provavelmente em Esmirna (hoje Izmir, na Turquia) por volta do ano 135-140, e sua obra antignosticista influenciou o pensamento católico do século XX. Filho de gregos passou a infância e a juventude em Esmirna, onde foi discípulo de São Policarpo, Bispo de Esmirna. Numa de suas obras, refere-se  a São Policarpo:
“O que eu aprendi enquanto criança, cresceu com minha alma e se fez um com ela, de tal modo que eu posso dizer o lugar onde se assentava o bem-aventurado Policarpo para falar, como ele entrava e saía, seu modod de viver, seu aspecto físico, os diálogos que mantinha com a multidão como relatava sua relação com João (que viu o Senhor), e com os outros que viram o Senhor, como ele recordava o que ouvira das coisas acerca do Senhor, de seus milagres, de seus ensinamentos; como Policarpo, depois de ter recebido tudo isto de testemunhas oculares da vida do Verbo, relatava-o de acordo com as Escrituras” ( Adv. Her. 20,6)
De origem grega e pré-nissênico, após atuar como missionário no sul da Gália, foi escolhido bispo de Lyon, Lugdunum (175), destacando-se como mediador das controvérsias religiosas entre a igreja oriental e a ocidental, durante os papados de Eleutério e Vítor (175-199). Ele se aproximou dos bispos das outras comunidades cristãs para o triunfo da concórdia e da unidade, sobretudo exortando que se mantivessem ancorados na tradição apostólica para combater o racionalismo gnóstico e aconselhou ao Papa Vítor, respeitosamente a não excomungar as Igrejas da Ásia que não queriam celebrar a Páscoa na mesma data das outras comunidades cristãs. Discípulo de São Policarpo, o santo que havia conhecido pessoalmente o apóstolo São João e outras testemunhas oculares de Jesus, tornou-se o escritor cristão mais importante do século II.

São Gregório de Tours e São Jerônimo o enumeram como mártir, de forma tardia, o que faz com que a Igreja reconheça sua honra como mártir. Porém, não há provas cabais que permitam constatar ou negar tal possibilidade.
Sua principal obra é um conjunto de cinco livros escritos em grego com tradução latina Adversus haereses (Contra os hereges), porém de seus escritos só restam intactos os cinco livros Contra os hereges, nos quais demonstrou ser um teólogo equilibrado e também um dos pastores mais completos que serviram a Igreja de seu tempo. Chegou a Lião (178), para suceder o nonagenário bispo e mártir, São Flotino, e governou a Igreja de Lião até a morte e é celebrado no Ocidente em 28 de junho e no Oriente em 23 de agosto.
Este longo e apologético estudo é a mais antiga discussão sobre as heresias de que se tem memória. Ele teve aceitação muito grande e sucesso tal que conseguiu estabelecer bases mortais para o gnosticismo e critérios para o fazer teológico.

1.                 Demonstração da Pregação apostólica: Esta obra visa apresentar e justificar o ensinamento dos Apóstolos. Não deixa de ser uma catequese para os adultos.
2.                Carta a Flotino; Foi também discípulo de São Policarpo e Sacerdote da Igreja de Roma, porém, à época de envio da carta, Flotino já havia abandonado a fé pelo gnosticismo.

A Igreja do século II estava ameaçada pela chamada gnose, uma doutrina que afirmava que a fé ensinada na Igreja seria apenas um simbolismo para os simples, que não são capazes de compreender coisas difíceis; ao contrário, os idosos, os intelectuais chamavam-se gnósticos teriam compreendido o que está por detrás destes símbolos, e assim teriam formado um cristianismo elitista, intelectualista.
Radicando-se firmemente na doutrina bíblica da criação, Santo Ireneu contesta o dualismo e o pessimismo gnóstico que diminuíam as realidades corpóreas. Ele reivindicava decididamente a santidade originária da matéria, do corpo, da carne, não menos que a do espírito. Mas a sua obra vai muito mais além da confutação da heresia: pode-se dizer de facto que ele se apresenta como o primeiro grande teólogo da Igreja, que criou a teologia sistemática; ele mesmo fala do sistema da teologia, isto é, da coerência interna de toda a fé. No centro da sua doutrina situa-se a questão da "regra da fé" e da sua transmissão. Para Ireneu a "regra da fé" coincide na prática com o Credo dos Apóstolos, e dá-nos a chave para interpretar o Evangelho, para interpretar o Credo à luz do Evangelho. O símbolo apostólico, que é uma espécie de síntese do Evangelho, ajuda-nos a compreender o que significa, como devemos ler o próprio Evangelho.
Num trecho da introdução da obra Adversus Heareses, ele mostra como agem os hereges:
“Alguns, ao rejeitar a verdade, apresentam discursos mentirosos e genealogias sem fim, as quais favorecem mais as discussões do que a construção do edifício de Deus que se realiza na fé, no dizer do Apóstolo e,  por súbdola aparência de verdade, seduzem a mente dos inexpertos e escravizam-nos, falsificando as palavras do Senhor, tornando-se maus intérpretes do que foi corretamente expresso. Sob pretexto de gnose afastam muitos daquele que criou e pôs em ordem este universo, como se pudessem apresentar alguma coisa mais elevada e maior daquele Deus que fez o céu e a terra e tudo o que eles encerram. Ardilosamente, pela arte das palavras, induzem os mais simples a pesquisas e omitindo até as aparências da verdade, levam à ruína, tornando-os ímpios e blasfemos contra o seu Criador, os que são incapazes de discernir o falso do verdadeiro.” (Adv. Heareses Livro I)
Em particular sempre polemizando com o carácter "secreto" da tradição gnóstica, e observando os seus numerosos êxitos entre si contraditórios Ireneu preocupa-se por ilustrar o conceito genuíno de Tradição apostólica:
“A Igreja disseminada por todo o mundo, até aos confins da terra, recebeu dos apóstolos e dos seus discípulos a fé num só Deus, Pai todo-poderoso, que “fez o céu, a terra, o mar e tudo quanto contém” (Ex 20, 11; Act 4, 24); num só Cristo Jesus, Filho de Deus, que encarnou pela nossa salvação; e no Espírito Santo que, através dos profetas, anunciou os desígnios de Deus e a vinda do bem-amado Jesus Cristo nosso Senhor, o seu nascimento da Virgem, a sua Paixão, a sua ressurreição de entre os mortos, a sua ascensão em corpo e alma aos céus, na glória do Pai, para “sujeitar todas as coisas “ (Ef 1, 22) e ressuscitar a carne de todo o género humano – a fim de que, diante de Cristo Nosso Senhor, nosso Deus, nosso Salvador e nosso Rei, segundo os desígnios do Pai invisível, “todo o joelho se dobre nos céus, na terra e nos infernos, e toda a língua O confesse” (Fil 2, 10-11) e de que Ele julgue com justiça todas as criaturas. […]
Esta pregação que a Igreja recebeu, esta fé, é guardada com cuidado, como se a Igreja habitasse uma só casa; embora disseminada por todo o mundo, acredita em tudo isto de forma idêntica em toda a parte, como se tivesse “um só coração e uma só alma” (Act 4, 32); prega, ensina e transmite esta mensagem com voz humana, como se tivesse uma só boca. As línguas que se falam no mundo são diversas, mas a força da tradição é uma e a mesma. As Igrejas estabelecidas na Germânia não crêem nem ensinam coisas diferentes das dos Iberos ou dos Celtas, ou das do Oriente, do Egipto ou da Líbia, nem das que foram fundadas no centro do mundo [a Terra Santa]. Assim como o sol, criatura de Deus, é único e o mesmo em todo o mundo, assim a pregação da verdade brilha em toda a parte, iluminando todos os homens que querem “conhecer a verdade” (1 Tim 2, 4).”( Adv Heareses I, 10, 1-2)
Aprendamos com os Santos Padres da Igreja!

PAX CHRISTI
Diogo Pitta

Referências:
1.                 Introdução à Patrística. Dom Fernando Antônio Figueiredo – Editora Vozes – 2009
2.                 Riquezas da Igreja. Professor Felipe Aquino – Editora Canção Nova – 2008
3.                 Audiência Geral /2007 – Papa Bento XVI - http://www.vatican.va
4.                 Liturgia das Horas. .Do Tratado de Santo Ireneu, bispo, «Contra as heresias» (Livro 4, 20, 5-7: SC 100, 640-642.644-648) (Sec. II)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Embaixador de Israel reconhece a ajuda da Igreja aos judeus


“Não é verdade que a Igreja e o Papa se opuseram a salvar os judeus"

ROMA, quinta-feira, 23 de junho de 2011 (ZENIT.org) - “Seria um erro declarar que a Igreja Católica, o Vaticano e o próprio Papa se opuseram às ações dirigidas a salvar os judeus”, afirmou hoje o embaixador de Israel junto à Santa Sé, Mordechay Lewy, por ocasião da entrega da medalha de “Justo entre as Nações” à memória do sacerdote orionita Gaetano Piccinini, no Centro Dom Orione de Roma.
Durante a 2ª Guerra Mundial, sobretudo durante a ocupação nazista de Roma, Piccinini, agindo com a ajuda da rede de casas da Pequena Obra da Divina Providência de Dom Orione, conseguiu salvar muitos judeus, entre eles os componentes da família de Bruno Camerini, quem pediu oficialmente a condecoração.
“A partir da redada no gueto de Roma, em 16 de outubro de 1943 – afirmou Lewy – e nos dias seguintes, mosteiros e orfanatos mantidos por ordens religiosas abriram as portas aos judeus e temos motivos para pensar que isso aconteceu sob a supervisão dos mais altos expoentes do Vaticano, que estavam, portanto, informados sobre estes gestos.”
Não somente não é verdade que a Igreja Católica e suas instituições se opuseram à salvação dos judeus, senão que “o certo é exatamente o contrário: prestaram ajuda sempre que puderam”.
“O fato de que o Vaticano – acrescentou o embaixador – não tenha podido evitar a partida do trem que levou ao campo de extermínio, durante os três dias transcorridos desde a redada de 16 de outubro até o dia 18, só pode ter aumentado a vontade, por parte vaticana, de oferecer seus próprios locais como refúgio para os judeus.”
Para Lewy, é verdade que “os judeus romanos tiveram uma reação traumática”. Estes, de fato, “viam na pessoa do Papa uma espécie de protetor e esperavam que ele os salvasse e evitasse o pior”.
“Todos nós sabemos o que aconteceu, mas devemos reconhecer que o trem que partiu em 18 de outubro de 1943 foi o único que os nazistas conseguiram organizar de Roma a Auschwitz.”
À pergunta de ZENIT sobre se estas considerações oferecem um olhar diferente sobre as polêmicas que se referem à figura do Papa Pio XII e à iniciativa da sua beatificação, Lewy respondeu: “O judaísmo não é monolítico e há opiniões diferentes no âmbito histórico”.
Sem entrar na questão da beatificação, que pertence à Igreja Católica, “o que nós sabemos não nos permite dizer que tudo foi branco ou preto, mas se equivoca quem nega que o Vaticano, o Papa e as instituições católicas tenham agido para salvar os judeus”.
Talvez possam surgir novos elementos com a abertura dos arquivos vaticanos, “mas não se pode esperar a verdade completa, porque, em tempos tão duros, muitas coisas não podiam sequer ser escritas”.
“Minha opinião pessoal – concluiu o embaixador – é que a verdade daquela época trágica, em sua totalidade, está oculta e assim permanecerá.”
Fonte: http://www.zenit.org/

São Cirilo de Alexandria e a Divina Maternidade de Maria.


São Cirilo de Alexandria, nasceu na metrópole Egípcia chamada Alexandria entre 370 e 380 dC. São Cirilo foi proclamado Doutor da Igreja pelo Papa LeãoXIII, que atribuiu contemporaneamente o mesmo título também a outro importante representante da patrística grega, São Cirilo de Jerusalém. Revelam-se assim a atenção e o amor pelas tradições cristãs orientais daquele Papa, que em seguida desejou proclamar Doutor da Igreja também São João Damasceno, mostrando deste modo que tanto a tradição oriental como a ocidental exprimem a doutrina da única Igreja de Cristo.
Antes de ser ordenado presbítero, viveu vida monástica e após sua ordenação, seguiu seu tio, Teófilo, que era Bispo de Alexandria e administrou com mão firme e com prestígio a diocese Alexandrina. Com o falecimento de seu ti em 412, Cirilo foi eleito Bispo de Alexandria, governando com grande energia durante trinta e dois anos, visando sempre afirmar o seu primado em todo o Oriente, fortalecido inclusive pelos tradicionais vínculos com Roma. Lutou valorosamente contra as doutrinas de Nestório, que foi condenado como herege no Concílio deÉfeso (431) por defender que Maria não era mãe de Deus, mas apenas mãe de Jesus. Cirilo foi mais tarde definido "guardião da exactidão" que se deve entender como guardião da verdadeira fé e mesmo "selo dos Padres", tendo ele escrito verdadeiras obras eruditas que visavam a defesa e explicação da fé católica. Nos anos seguintes, dedicou-se de todos os modos à defesa e ao esclarecimento da sua posição teológica até à sua morte, ocorrida no dia 27 de Junho de 444.
Ainda em referência à heresia nestoriana, também chamada nestorianismo, Cirilo escreve em 429, uma carta destinada aos monges e Bispo de todo o Egito (Alexandria estava no Egito) condenado a tese de Nestório. Estabelecem um discutição entre a Igreja Cristã no Egito, e o grupo nestoriano de Constantinopla (Turquia). As duas correntes apelam ao Papa Celestino I, que convocando um sínodo rejeitou a tese de Nestório em 430. Deu ordem para São Cirilo para que aconselhasse a Nestório a retirar suas teses num prazo de Dez dias, e Cirilo então enviou ao Patriarca de Constantinopla os doze anatematismo (anátema,= erro) da tese de Nestório. Com o intuito de levar ao fim este impasse, o Imperador Teodósio II ( amparado pelo cesaropapismo), convocou o Concílio Ecumênico de Éfeso, no qual São Cirilo de Alexandria foi seu representante. Presentes no referido Concílio 198 bispos, a heresia nestoriana foi novamente condenada, sendo Nestório excomungado. Registrou-se nesse episódio uma bela participação do povo de Deus, como no caso do arianismo. Os nestorianos, com mais de duzentos bispos, conventos, etc., propagaram-se durante 6 séculos, penetrando na Índia, e na China. Em 1916 haviam ainda uns 600 mil nestorianos caldeus, com a sede em Bagdad. Ultimamente estão se convertendo e voltando em massa à Igreja Católica.
Segue abaixo uma das epístolas de São Cirilo de Alexandria, na qual mostra-se ardente defensor da Divindade Materna de Maria. (Epist. 1: PG 77, 14-18.27-30) (Sec. V);
“Muito me admiro de que haja quem duvide se efectivamente a Virgem Santíssima deve ser chamada Mãe de Deus. Na verdade, se Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, por que motivo é que a Virgem Santíssima, que O deu à luz, não há-de ser chamada Mãe de Deus? Esta é a fé que os discípulos do Senhor nos transmitiram, embora não usassem esta mesma expressão. Assim nos ensinaram também os santos Padres. Em particular Santo Atanásio, nosso pai na fé, de ilustre memória, no livro que escreveu sobre a santa e consubstancial Trindade, na terceira dissertação a cada passo dá à Santíssima Virgem o título de Mãe de Deus.
Sinto-me obrigado a citar aqui as suas próprias palavras, que são do teor seguinte: «A Sagrada Escritura, como tantas vezes fizemos notar, tem como finalidade e característica afirmar de Cristo, nosso Salvador, estas duas coisas: que é Deus e nunca deixou de o ser, uma vez que é o Verbo do Pai, seu esplendor e sabedoria; e também que nestes últimos tempos, por causa de nós Se fez homem, assumindo um corpo da Virgem Maria, Mãe de Deus».
E continua assim pouco mais adiante: «Houve muitos que foram santos e livres de todo o pecado: Jeremias foi santificado desde o seio materno; e também João, antes de ser dado à luz, exultou de alegria, ao ouvir a voz de Maria, Mãe de Deus». Estas palavras são de um homem inteiramente digno de fé, a quem podemos seguir com toda a confiança, pois seria incapaz de pronunciar uma só palavra contrária à Escritura divina.
E de facto a Escritura, inspirada por Deus, afirma que o Verbo Se fez carne, isto é, Se uniu a uma carne dotada de uma alma racional. Por conseguinte, o Verbo de Deus assumiu a descendência de Abraão e, ao formar para Si um corpo vindo de uma mulher, fez-Se participante da carne e do sangue. Deste modo, já não é somente Deus, mas também homem semelhante a nós, em virtude da sua união com a nossa natureza.
Portanto o Emanuel, Deus-connosco, consta de duas realidades: divindade e humanidade. Mas é um só Senhor Jesus Cristo, um só verdadeiro Filho por natureza, ainda que ao mesmo tempo Deus e homem. Não é apenas um homem divinizado, como aqueles que pela graça se tornam participantes da natureza divina; mas é verdadeiro Deus que, por causa da nossa salvação, Se fez visível em forma humana, como também testemunha São Paulo com estas palavras: Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sob o jugo da Lei e nos tornar seus filhos adoptivos.”


Referências:
  • Liturgia das Horas; Defensor da maternidade divina da Virgem Maria - Epist. 1: PG 77, 14-18.27-30
  • http://www.paginaoriente.com/santosdaigreja;
  • São Cirilo de Alexandria – Audiência Geral do Papa bento XVI - 3 de Outubro de 2007 - http://www.vatican.va;
  • Monsenhor Cristiani - Breve Histórico das heresias; Erros Cristológicos do VI ao VII século; Pg 37-38 – Editora Flamboyant – 1962.

PAX CHRISTI
Diogo Pitta