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sábado, 30 de julho de 2011

Imitando as virtudes de Maria

Profunda humildade: Maria sabia reconhecer-se como humilde serva, sentia-se nada diante do Senhor, sem vaidade nenhuma oferecia ao Senhor os louvores que recebia e não havia nada em seu coração que centrasse nela própria. Ela era simples, todos seus actos eram feitos no silêncio e no escondimento. A humildade de Maria é a principal virtude que esmaga a cabeça do demónio. Nossa Senhora nunca se esqueceu que tudo nela era dom de Deus. Ela se alegrava em servir ao próximo e se colocava sempre em último lugar.
Imitando essa virtude: Devemos buscar a humildade, pensando sempre que se temos qualidades e potenciais tudo devemos a Deus, tudo isso é dom de Deus. Compreendamos que o homem sem Deus não é nada e nada possui. Nunca se deixar levar pelo orgulho, pela vaidade e soberba. Ser modestos, comedidos, sem vaidade, sempre dispostos a servir aos outros, ter simplicidade na maneira de se apresentar e quando receber um elogio dar os créditos a Deus. A humildade se opõe a soberba. “Porque pôs os olhos na humildade da sua Serva…” (Luc. 1,48) “Derrubou os poderosos de seus tronos E exaltou os humildes.” (Luc. 1,52).
Paciência Heróica: Nossa Senhora passou por muitos momento estressantes de provação, de incomodo e de dor, durante toda sua vida, mas suportou tudo com paciência. Sua tolerância era admirável! Nunca se revoltou contra os acontecimentos, nem mesmo quando viu o próprio filho na Cruz! Sabia que tudo era vontade de Deus e meditava tudo isso em seu coração. Maria, nossa mãe, teve sempre paciência, sabendo aguardar em paz aquilo, que ainda não se tenha obtido, acreditando que iria conseguir, pela espera em Deus.
Imitando essa virtude: Ter paciência é não perder a calma, manter a serenidade e o controlo emocional. Além disso é saber suportar, como Maria, os desabores e contrariedades do dia a dia, saber suportar com paciências nossas próprias cruzes. Devemos saber ouvir as pessoas com calma e atenção, sem pressa, exercitando assim a virtude da caridade. Fazer um esforço para nos calarmos frente aquelas situações mais irritantes e estressantes. Quando houver um momento de impaciência pode-se rezar uma oração, como por exemplo, um Pai-nosso, buscando se acalmar para depois tentar resolver o conflito. Devemos nos propor, firmemente não nos queixarmos da saúde, do calor ou do frio, do abafamento no autocarro lotado, do tempo que levamos sem comer nada... Temos que renunciar, frases típicas, que são ditas pelos impacientes: “Você sempre faz isso!”, “De novo, mulher, já é a terceira vez que você...!”, “Outra vez!”, “Já estou cansado”, “Estou farto disso!”. Fugir da ira, se calando ou rezando nesses momentos. A paciência se opõe a Ira! “Não só isso, mas nos gloriamos até das tribulações. Pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança.”(Rom. 5,3-4) “Eu, porém, vos digo que todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, esta­rá sujeito ao inferno de fogo.”(Mat 5,22).

Contínua Oração: Nossa Senhora era silenciosa, estava sempre num espírito perfeito de oração. Tinha a vida mergulhada em Deus, tudo fazia em Sua presença. Mulher de oração e contemplação, sempre centrada em Deus. Buscava a solidão e o retiro pois é na solidão que Deus fala aos corações. "Eu a levarei à solidão e falarei a seu coração (Os 2, 14)" Em sua vida a oração era contínua e perseverante, meditando a Palavra de Deus em seu coração, louvando a Deus no Magnificat, pedindo em Caná, oferecendo as dores tremendas que sentiu na crucificação de Jesus, etc.
Imitando essa virtude: Buscar uma vida interior na presença de Deus, um “espírito” contínuo de oração. Não se limitar somente as orações ao levar, ao se deitar e nas refeições, estender a oração para a vida, no trabalho, nos caminhos, em fim, em todas as situações, buscando a vontade de Deus em sua vidas. "Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai". (Cl 3,17). e "Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a acção de graças. E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus."(Fil 6,6-7).
Obediência Perfeita: Maria disse seu “sim” a Deus e ao projecto da salvação, livremente, por obediência a vontade suprema de Deus. Um “sim” amoroso, numa obediência perfeita, sem negar nada, sem reservas, sem impor condições. Durante toda a vida Nossa Mãezinha foi sempre fiel ao amor de Deus e em tudo o obedeceu. Ela também respeitava e obedecia as autoridades, pois sabia que toda a autoridade vem de Deus.
Imitando essa virtude: O Catecismo da Igreja Católica indica que a obediência é a livre submissão à palavra escutada, cuja verdade está garantida por Deus, que é a Verdade em si mesma. Esforcemo-nos para obedecer a requisitos ou a proibições. A subordinação da vontade a uma autoridade, o acatamento de uma instrução, o cumprimento de um pedido ou a abstenção de algo que é proibido, nos faz crescer. Rezar pelos superiores. Obedecer sempre a Deus em primeiro lugar e depois aos superiores. Obedecer a Deus é obedecer seus Mandamentos, ser dócil a Sua vontade. Também é ouvir a palavra e a colocar em prática. “Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.” (Luc 1, 38).

Mãe do Supremo Amor: Nossa Mãe cheia de graça ama toda a humanidade com a totalidade do seu coração. Cheia de amor, puro e incondicional de mãe, nos ama com todo o seu coração imaculado, com toda energia de sua alma. Nada recusa, nada reclama, em tudo é a humilde serva do Pai. Viveu o amor a Deus, cumprindo perfeitamente o primeiro mandamento. Fez sempre a Vontade Divina e por amor a Deus aceitou também amar incondicionalmente os filhos que recebeu na cruz. Era cheia da virtude da caridade, amou sempre seu próximo, como quando visitou Isabel, sua prima, para a ajudar, ou nas bodas de Caná, preocupada porque não tinham mais vinho.
Imitando essa virtude: Todos os homens são chamados a crescer no amor até à perfeição e inteira doação de si mesmo, conforme o plano de Deus para sua vida. Devemos buscar o verdadeiro amor em Deus, o amor ágape, que nos une a todos como irmãos. Praticar o amor ao próximo, a bondade, benevolência e compaixão. O amor é doação, assim como Maria doou sua vida e como Jesus se doou no cruz para nos salvar, também devemos nos doar ao próximo, por essa razão o amor é a essência do cristianismo e a marca de todo católico. "Por ora subsistem a fé, a esperança e o amor – estes três. Porém, o maior deles é o amor." (I Cor. 13,13).

Mortificação Universal: Maria, mulher forte que assume a dor e o sofrimento unida a Jesus e ao seu plano de salvação. Sabe sofrer por amor, sabe amar sofrendo e oferecendo dores e sacrifícios. Sabe unir-se ao plano redentor, oferecendo a Vítima e oferecendo-se com Ela. Maria empreendeu, e abraçou uma vida cheia de enormes sofrimentos, e os suportou, não só com paciência, mas com alegria sobrenatural. Nada de revolta, nada de queixas, nada de repreensões ou mau humor. Pelo contrário, dedicou-se à meditação para buscar entender o motivo que leva um Deus perfeito a permitir aqueles acontecimentos. Pela meditação, pela submissão, pela humildade, Ela encontrou a verdade.

Imitando essa virtude: Muitas vezes Deus nos envia provações que não compreendemos, portanto devemos seguir o exemplo de Nossa Senhora e meditar os motivos que levam um Deus perfeito a permitir essas provações, aceitá-las e saber oferecer todas as nossas dores a Jesus em expiação dos nossos pecados, pelos pecados de todos e pelas almas, unindo nossos sofrimentos aos sofrimentos de Jesus na Cruz. Não devemos oferecer somente os grandes sofrimentos, devemos oferecer também o jejum, fugir do excesso de conforto e prazeres e, na medida do possível, oferecer alguns sacrifícios a Deus, seja no comer (renunciar de algum alimento que se tenha preferência ou simplesmente esperar alguns instantes para beber água quando se tem sede), nas diversões (televisão principalmente), nos desconfortos que a vida oferece (calor, trabalho, etc.), sabendo suportar os outros, tendo paciência em tudo. É indispensável sorrir quando se está cansado, terminar uma tarefa no horário previsto, ter presente na cabeça problemas ou necessidades daquelas pessoas que nos são caras e não só os próprios. Oferecer os sofrimentos, desconfortos da vida, jejuns e sacrifícios a Deus pela salvação das almas. “Ó vós todos, que passais pelo caminho: olhai e julgai se existe dor igual à dor que me atormenta.” (Lamentações 1,12).

Doçura Angélica: Nossa Senhora, é a Augusta Rainha dos Anjos, portanto senhora de uma doçura angélica inigualável. Ela é a cheia de graça, pura e imaculada. Ela pode clamar as Legiões Celestes, que estão às ordens, para perseguirem e combaterem os demónios por toda a parte, precipitando-os no abismo. A Mãe de Deus é para todos os homens a doçura. Com Ela e por Ela, não temos temor.

Imitando essa virtude: A doçura é uma coragem sem violência, uma força sem dureza, um amor sem cólera. A doçura é antes de tudo uma paz, a manifestação da paz que vem do Senhor. É o contrário da guerra, da crueldade, da brutalidade, da agressividade, da violência… Mesmo havendo angústia e sofrimento, pode haver doçura. “Portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência.” (Col. 3,12).
Fé Viva: Feliz porque acreditou, aderiu com seu “sim” incondicional aos planos de Deus, sem ver, sem entender, sem perceber. Nossa Senhora gerou para o mundo a salvação porque acreditou nas palavras do anjo, sua fé salvou Adão e toda a sua descendéncia. Por causa desta fé, proclamou-a Isabel bem-aventurada: “E bem-aventurada tu, que creste, porque se cumprirão as coisas que da parte do Senhor te foram ditas” (Lc 1,45). A inabalável fé de Nossa Senhora sofreu imensas provas: - A prova do invisível: Viu Jesus no estábulo de Belém e acreditou que era o Filho de Deus; - A prova do incompreensível: Viu-O nascer no tempo e acreditou que Ele é eterno; - A prova das aparências contrárias: Viu-O finalmente maltratado e crucificado e creu que Ele realmente tinha todo poder. Senhora da fé, viveu intensamente sua adesão aos planos de Deus com humildade e obediência.
Imitando essa virtude: A fé é um dom de Deus e, ao mesmo tempo, uma virtude, devemos pedir a Jesus como fizeram os apóstolos para aumentar a nossa fé. Porém ter fé não é o bastante, é preciso ser coerente e viver de acordo com o que se crê. “Porque assim como sem o espírito o corpo está morto, morta é a fé, sem as obras” Tg (2,26). Ter fé é acreditar que se recebe uma graça muito antes de a possuir e é, acima de tudo, ter uma confiança inabalável em Deus! “Disse o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá.” (Luc 17,6).
Pureza Divina: Senhora da castidade, sempre virgem, mãe puríssima, sem apego algum as coisas do mundo, Deus era o primeiro em seu coração, sempre teve o corpo, a alma, os sentidos, o coração, centrados no Senhor. O esplendor da Virgindade da Mãe de Deus, fez dela a criatura mais radiosa que se possa imaginar. O dogma de fé na Virgindade Perpétua na alma e no corpo de Maria Santíssima, envolve a concepção Virginal de Jesus por obra do Espírito Santo, assim como sua maternidade virginal. Para resgatar o mundo, Cristo tomou o corpo isento do pecado original, portanto imaculado, de Maria de Nazaré.
Imitando essa virtude: Esta preciosa virtude leva o homem até o céu, pela semelhança que ela dá com os anjos, e com o próprio Jesus Cristo. Nossa Senhora disse, na aparição de Fátima, que os pecados que mais mandam almas para o inferno, são os pecados contra a pureza. Não que estes sejam os mais graves, e sim os mais frequentes. Praticar a virtude da castidade, buscando a pureza nos pensamentos, palavras e acções! Os olhos são os espelhos da alma. Quem usa seus olhos para explorar o corpo do outro com malícia perde a pureza. Portanto, coloque seus olhos em contemplação, por exemplo na Adoração, e receba a luz que santifica. Quem luta pela castidade deve buscá-la por três meios: o jejum, a fugida das ocasiões de pecado e a oração. “Celebremos, pois, a festa, não com o fermento velho nem com o fermento da malícia e da corrupção, mas com os pães não fermentados de pureza e de verdade” (I Cor.5,8).

Referência:
As Virtudes de Nossa Senhora. Disponível em: http://mariaportadoceu.blogspot.com/2009/10/as-virtudes-de-nossa-senhora.html Acesso em: 29 Março 2011.

FONTE: http://www.veritatis.com.br
PAX CHRISTI

Diogo Pitta

Instruções do Código Canônico sobre o Batismo

O Batismo no Código de Direito Canônico:

96.  Pelo batismo o homem é incorporado à igreja de Cristo e nela constituído pessoa, com os deveres e os direitos que são próprios dos cristãos, tendo´se presente a condição deles, enquanto se encontram na comunhão eclesiástica, a não ser que se oponha uma sanção legitimamente infligida. 
111 § 1. Com a recepção do batismo, fica adscrito à Igreja latina o filho de pais que a ela pertencem ou, se um dos dois a ela não pertence, ambos tenham escolhido, de comum acordo, que a prole fosse batizada na Igreja latina; se faltar esse comum acordo, fica adscrito à Igreja ritual à qual pertence o pai.
111 § 2. Qualquer batizando, que tenha completado catorze anos de idade, pode escolher livremente ser batizado na Igreja latina ou em outra Igreja ritual autônoma; nesse caso, ele pertence à Igreja que tiver escolhido. 
204 § 1. Fiéis são os que, incorporados a Cristo pelo batismo, foram constituídos como povo de Deus e assim, feitos participantes, a seu modo, do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo, são chamados a exercer, segundo a condição própria de cada um, a missão que Deus confiou para a Igreja cumprir no mundo. 
645 § 1. Antes de serem admitidos para o noviciado, os candidatos devem exibir a certidão de batismo, de confirmação e de estado livre. 
842 § 1. Quem não recebeu o batismo não pode ser admitido validamente aos outros sacramentos. 
842 § 2. Os sacramentos do batismo, da confirmação e da santíssima Eucaristia acham´se de tal forma unidos entre si, que são indispensáveis para a plena iniciação cristã. 
845 § 1. Os sacramentos do batismo, confirmação e ordem, já que imprimem caráter, não podem ser repetidos. 
849 ´ O batismo, porta dos sacramentos, necessário na realidade ou ao menos em desejo para a salvação, e pelo qual os homens se libertam do pecado, se regeneram tornando´se filhos de Deus e se incorporam à Igreja, configurados com Cristo mediante caráter indelével, só se administra validamente através da ablução com água verdadeira, usando´se a devida fórmula das palavras. 
850 O batismo se administra segundo o ritual prescrito nos livros litúrgicos aprovados, exceto em caso de urgente necessidade, em que se deve observar apenas o que é exigido para a validade do sacramento. 
851 A celebração do batismo deve ser devidamente preparada; assim: 
1° ´ o adulto que pretende receber o batismo seja admitido ao catecumenato e, enquanto possível, percorra os vários graus até a iniciação sacramental, de acordo com o ritual de iniciação, adaptado pela Conferência dos Bispos, e segundo normas especiais dadas por ela; 
2° ´ os pais da criança a ser batizada, e também os que vão assumir o encargo de padrinhos, sejam convenientemente instruídos sobre o significado desse sacramento e aos obrigações dele decorrentes; o pároco, por si ou por outros, cuide que os pais sejam devidamente instruídos por meio de exortações pastorais, e também mediante a oração comunitária reunindo mais famílias e, quando possível, visitando´as. * Ver Legislação Complementar da CNBB ´ na nota ´ Sobre o modo de preparar convenientemente a celebração do batismo, cf. os documentos da CNBB: ´´Pastoral do Batismo´´, aprovado na 13ª Assembléia Geral (1973) (incluído na ´´Pastoral dos Sacramentos da Iniciação Cristã´´, Col. Documentos da CNBB, n. 2a); ´´Batismo de Crianças. Subsídios Teológico´litúrgico´pastorais´´, aprovado pela 18ª Assembléia Geral (1980). Advirta´se que, no n. 2 deste cânon, se estabelece, como norma universal, algo semelhante ao nosso ´´curso´´ de batizados. 
853 A água a ser utilizada na administração do batismo, exceto em caso de necessidade, deve ser benzida segundo as prescrições dos livros litúrgicos. 
854 O batismo seja conferido por imersão ou por infusão, observando´se as prescrições da Conferência dos Bispos. 
§ 1. Os ministros católicos só administram licitamente os sacramentos aos fiéis católicos que, por sua vez, somente dos ministros católicos licitamente os recebem, salvas as prescrições dos §§ 2, 3 e 4 deste cânon e do cân. 861, § 2. 
NOTA: O rito de imersão demonstra mais claramente a participação na morte e na ressurreição de Cristo, mas o rito de infusão (derramamento de água) é plenamente legítimo. O novo Código ´ do mesmo modo que os novos livros rituais ´ já não fala do batismo por aspersão. De acordo com a tradição, ele seria válido, mas atualmente não é lícito usá´lo. Entre nós continua a praxe de batizar por infusão; no entanto, permite´se o batismo por imersão, onde houver condições adequadas, a critério do Bispo Diocesano.
855 Cuidem os pais, padrinhos e pároco que não se imponham nomes alheios ao senso cristão. 
856 Embora o batismo possa ser celebrado em qualquer dia, recomenda´se, porém, que ordinariamente seja celebrado no domingo ou, se for possível, na vigília da Páscoa. 
857 § 1. Exceto em caso de necessidade, o lugar próprio para o batismo é a igreja ou oratório. 
857 § 2. Tenha´se como regra geral que o adulto seja batizado na própria igreja paroquial e a criança na igreja paroquial dos pais, salvo se justa causa aconselhar outra coisa. 
858§ 1. Toda a igreja paroquial tenha sua pia batismal, salvo direito cumulativo já adquirido por outras igrejas. 
858§ 1. Exceto em caso de necessidade, o batismo não seja conferido em casas particulares, salvo permissão do Ordinário local, por justa causa. 
860§ 2. Exceto em caso de necessidade ou por outra razão pastoral que o imponha, não se celebre o batismo em hospitais, salvo determinação contrária do Bispo diocesano. 
861§ 1. Ministro ordinário do batismo é o Bispo, o presbítero e o diácono, mantendo´se a prescrição do cân. 530, n. 1. 
861 § 2. Na ausência ou impedimento do ministro ordinário, o catequista ou outra pessoa para isso designada pelo Ordinário local pode licitamente batizar; em caso de necessidade, qualquer pessoa movida por reta intenção; os pastores de almas, principalmente o pároco, sejam solícitos para que os fiéis aprendam o modo certo de batizar. 
862 Exceto em caso de necessidade, a ninguém é lícito, sem a devida licença, conferir o batismo em território alheio, nem mesmo aos próprios súditos. 
863 O batismo dos adultos, pelo menos daqueles que completaram catorze anos, seja comunicado ao Bispo diocesano, a fim de ser por ele mesmo administrado, se o julgar conveniente. 
864 É capaz de receber o batismo toda pessoa ainda não batizada, e somente ela. 
865 § 1. Para que o adulto possa ser batizado, requer´se que tenha manifestado a vontade de receber o batismo, que esteja suficientemente instruído sobre as verdades da fé e as obrigações cristãs e que tenha sido provado, por meio de catecumenato, na vida cristã; seja também admoestado para que se arrependa de seus pecados. 
865 § 2. O adulto, que se encontra em perigo de morte, pode ser batizado se, possuindo algum conhecimento das principais verdades da fé, manifesta de algum modo sua intenção de receber o batismo e promete observar os mandamentos da religião cristã. 
866 A não ser que uma razão grave o impeça, o adulto que é batizado seja confirmado logo depois do batismo e participe da celebração eucarística, recebendo também a comunhão. 
867 § 1. Os pais têm a obrigação de cuidar que as crianças sejam batizadas dentro das primeiras semanas; logo depois do nascimento, ou mesmo antes, dirijam´se ao pároco a fim de pedirem o sacramento para o filho e serem devidamente preparados para eles. 
867 § 2. Se a criança estiver em perigo de morte, seja batizada sem demora. 
868 § 1. Para que uma criança seja licitamente batizada, é necessário que: 
1° ´ os pais, ou ao menos um deles ou quem legitimamente faz as suas vezes, consintam; 
2° ´ haja fundada esperança de que será educada na religião católica; se essa esperança faltar de todo, o batismo seja adiado segundo as prescrições do direito particular, avisando´se aos pais sobre o motivo. 
868 § 2. Em perigo de morte, a criança filha de pais católicos, e mesmo não´católicos, é licitamente batizada mesmo contra a vontade dos pais. 
869 § 1. Havendo dúvida se alguém foi batizado ou se o batismo foi conferido validamente, e a dúvida permanece depois de séria investigação, o batismo lhe seja conferido sob condição. 
869 § 2. Aqueles que foram batizados em comunidade eclesial não´católica não devem ser batizados sob condição, a não ser que, examinada a matéria e a forma das palavras usadas no batismo conferido, e atendendo´se à intenção do batizado adulto e do ministro que o batizou, haja séria razão para duvidar da validade do batismo.
NOTA: O § 2 conserva a presunção de validade do batismo conferido em comunidades acatólicas, reafirmada pelo no. 95 do novo Diretório Ecumênico. No Brasil, para complementar o primeiro Diretório, foi feita uma pesquisa pelo Secretariado Nacional de Teologia, sobre o modo de conferir o batismo nas comunidades acatólicas atuantes em nosso país. Os resultados dessa pesquisa, complementados posteriormente, foram incluídos no verbete ´´Batismo´´ do Guia Ecumênico (Col. Estudos da CNBB, n. 21). Lá se conclui o seguinte: 
A) Diversas Igrejas batizam, sem dúvida, validamente; por esta razão, um cristão batizado numa delas não pode ser normalmente rebatizado, nem sequer sob condição. Essas Igrejas são: 
a) Igrejas Orientais (´´Ortodoxas´´, que não estão em comunhão plena com a Igreja católico´romana, das quais, pelo menos, seis se encontram presentes no Brasil); 
b) Igreja vétero´católica; 
c) Igreja Episcopal do Brasil (´´Anglicanos´´); 
d) Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB); 
e) Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB); 
f) Igreja Metodista. 
B) Há diversas Igrejas nas quais, embora não se justifique nenhuma reserva quanto ao rito batismal prescrito, contudo devido à concepção teológica que têm do batismo ´ p. ex., que o batismo não justifica e, por isso, não é tão necessário ´, alguns de seus pastores, segundo parece, não manifestam sempre urgência em batizar seus fiéis ou em seguir exatamente o rito batismal prescrito: também nesses casos, quando há garantias de que a pessoa foi batizada segundo o rito prescrito por essas Igrejas, não se pode rebatizar, nem sob condição. Essas Igrejas são: 
a) Igrejas presbiterianas; 
b) Igrejas batistas; 
c) Igrejas congregacionistas; 
d) Igrejas adventistas; 
e) a maioria das Igrejas pentecostais (Assembléia de Deus, Congregação Cristã do Brasil, Igreja do Evangelho Quadrangular, Igreja Deus é Amor, Igreja Evangélica Pentecostal ´´O Brasil para Cristo´´); 
f) Exército da Salvação (este grupo não costuma batizar, mas quando o faz, realiza´o de modo válido quanto ao rito). 
C) Há Igrejas de cujo batismo se pode prudentemente duvidar e, por essa razão, requer´se, como norma geral, a administração de um novo batismo, sob condição. Essas Igrejas são: 
a) Igreja Pentecostal Unida do Brasil (esta Igreja batiza apenas ´´em nome do Senhor Jesus´´, e não em nome da SS. Trindade); 
b) ´´Igrejas Brasileiras´´ (embora não se possa levantar nenhuma objeção quanto à matéria ou à forma empregadas pelas ´´Igrejas Brasileiras´´, contudo, pode´se e deve´se duvidar da intenção de seus ministros; cf. Comunicado Mensal da CNBB, setembro de 1973, p. 1227, c, n. 4; cf. também, no ´Guia Ecumênico´, o verbete ´Brasileiras, Igrejas´); 
c) Mórmons (negam a divindade de Cristo, no sentido autêntico e, conseqüentemente, o seu papel redentor). 
D) Com certeza, batizam invalidamente: 
a) Testemunhas de Jeová (negam a fé na Trindade); 
b) Ciência Cristã (o rito que pratica, sob o nome de batismo, tem matéria e forma certamente inválidas. Algo semelhante se pode dizer de certos ritos que, sob o nome de batismo, são praticados por alguns grupos religiosos não´cristãos, como a Umbanda). 
869 § 3. Nos casos mencionados nos §§ 1 e 2, se permanecerem duvidosas a celebração ou a validade do batismo, não seja este administrado, senão depois que for exposta ao batizando, se adulto, a doutrina sobre o sacramento do batismo; a ele, ou aos pais, tratando´se de crianças, sejam explicadas as razões da dúvida sobre a validade do batismo. 
870 A criança exposta ou achada, seja batizada, a não ser que, após cuidadosa investigação, conste de seu batismo. 
871 Os fetos abortivos, se estiverem vivos, sejam batizados, enquanto possível. 
872 Ao batizando, enquanto possível, seja dado um padrinho, a quem cabe acompanhar o batizando adulto na iniciação cristã e, junto com os pais, apresentar ao batismo o batizando criança. Cabe também a ele ajudar que o batizado leve uma vida de acordo com o batismo e cumpra com fidelidade as obrigações inerentes. 
873 Admite´se apenas um padrinho ou uma só madrinha, ou também um padrinho e uma madrinha. 
874 § 1. Para que alguém seja admitido para assumir o encargo de padrinho, é necessário que: 
1° ´ seja designado pelo batizando, por seus pais ou por quem lhes faz as vezes, ou, na falta deles, pelo próprio pároco ou ministro, e tenha aptidão e intenção de cumprir esse encargo; 
2° ´ Tenha completado dezesseis anos de idade, a não ser que outra idade tenha sido determinada pelo Bispo diocesano, ou pareça ao pároco ou ministro que se deva admitir uma exceção por justa causa; 
3° ´ seja católico, confirmado, já tenha recebido o santíssimo sacramento da Eucaristia e leve uma vida de acordo com a fé e o encargo que vai assumir; 
4° ´ não tenha sido atingido por nenhuma pena canônica legitimamente irrogada ou declarada; 
5° ´ não seja pai ou mãe do batizando. 
NOTA: Fora das condições do § 1, que são requeridas pela própria natureza das coisas, não parece que as qualidades expressas neste cânon afetem à validade, mas apenas à liceidade da designação do padrinho. 
O § 2 é mais restritivo do que o no. 98, b) do Diretório Ecumênico, pois lá se permite que os Orientais que não estão em comunhão plena com a Igreja católica desempenhem o papel de verdadeiros padrinhos (não só de testemunhas), no batizado católico. 
874 § 2. O batizado pertencente a uma comunidade eclesial não´católica só seja admitido junto com um padrinho católico, o qual será apenas testemunha do batismo. 
875 Se não houver padrinho, aquele que administra o batismo cuide que haja pelo menos uma testemunha, pela qual se possa provar a administração do batismo. 
876 Para provar a administração do batismo, se não advém prejuízo para ninguém, é suficiente a declaração de uma só testemunha acima de qualquer suspeita, ou o juramento do próprio batizado, se tiver recebido o batismo em idade adulta. 
877 § 1. O pároco do lugar em que se celebra o batismo deve registrar cuidadosamente e sem demora os nomes dos batizados, fazendo menção do ministro, pais, padrinhos, testemunhas, se as houver, do lugar e dia do batismo, indicando também o dia e o lugar do nascimento. 
877 § 2. Tratando´se de filhos de mãe solteira, deve´se consignar o nome da mãe, se consta publicamente da maternidade ou ela o pede espontaneamente por escrito perante duas testemunhas; deve´se também anotar o nome do pai, se sua paternidade se comprova por algum documento público ou por declaração dele, feita perante o pároco e duas testemunhas; nos outros casos, anote´se o nome do batizado, sem fazer menção do nome do pai ou dos pais. 
877 § 3. Tratando´se de filho adotivo, anotem´se os nomes dos adotantes e pelo menos os nomes dos pais naturais, de acordo com o §§ 1 e 2, se assim se fizer também no registro civil da região, observando´se as prescrições da Conferência dos Bispos. 
878 Se o batismo não for administrado pelo pároco ou não estando ele presente, o ministro do batismo, quem quer que seja, deve informar da celebração do batismo ao pároco da paróquia em que o batismo tiver sido administrado, para que este o registre, de acordo com o cân. 877, § 1.

PAX CHRISTI
Diogo Pitta

Anunciada descoberta da tumba de São Felipe

Em Pamukkale, antiga Hierápolis (Turquia), onde o apóstolo faleceu


CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 28 de julho de 2011 (ZENIT.org) - Os arqueólogos asseguram que se trata da tumba do apóstolo Felipe, um dos 12 discípulos que acompanharam Jesus.

A descoberta aconteceu em Pamukkale, antiga Hierápolis, em Anatólia Ocidental (Turquia), cidade em que Felipe morreu, depois de ter pregado na Grécia e na Ásia Menor.

A descoberta foi realizada pela missão arqueológica italiana empreendida desde 1957, composta hoje por uma equipe internacional, dirigida desde o ano 2000 por Francesco D'Andria, professor da Universidade de Salento.

Um resultado importante na busca da tumba de São Felipe - recorda L'Osservatore Romano -, já tinha sido alcançado em 2008, quando a equipe encontrou a rua que os peregrinos percorriam para chegar ao sepulcro do apóstolo. Agora se chegou a esta nova meta.

"Junto ao Martyrion (edifício de culto octogonal, construído no lugar onde Felipe foi martirizado), encontramos uma basílica do século V de três naves", explica o diretor da missão.

"Esta igreja foi construída ao redor de um túmulo romano do século I, que evidentemente gozava da máxima consideração, já que mais tarde se decidiu edificar ao seu redor uma basílica. Trata-se de uma tumba em forma de nicho, com uma câmara funerária."

Colocando em relação esses e muitos outros elementos, "chegamos à certeza de ter encontrado a tumba do apóstolo Felipe, que era meta de peregrinação a este lugar", afirma D'Andria.

No século IV, Eusébio de Cesareia escreveu que duas estrelas brilhavam na Ásia: João, sepultado em Éfeso, e Felipe, "que descansa em Hierápolis".

A questão ligada à morte do apóstolo suscita controvérsia. Segundo uma antiga tradição, de fato, ele não teria morrido martirizado. Já os evangelhos apócrifos contam que ele teria sofrido martírio sob os romanos.

FONTE: http://www.cleofas.com.br

PAX CHRISTI

Diogo Pitta

Sobre a necessidade de uma fé mais profunda


 Padre Garrigou-Lagrange

Deve-se, desde o início, falar da necessidade de uma fé mais profunda, por causa dos perigos provindos de erros gravíssimos, atualmente espalhados pelo mundo, e por causa da insuficiência dos remédios a que freqüentemente recorremos contra eles.
 
Os perniciosos erros que se espalham pelo mundo, tendem à descristianização completa dos povos. Ora, isto começa com a renovação do paganismo no século XVI, ou seja, com a renovação da soberba e da sensualidade pagã entre cristãos. Este declínio avançou com o protestantismo, por sua negação do Sacrifício da Missa, do valor da absolvição sacramental e, por conseqüência, da confissão; por sua negação da infalibilidade da Igreja, da Tradição ou Magistério, e da necessidade de se observar os preceitos para a salvação. Em seguida, a Revolução francesa lutou manifestamente para a descristianização da sociedade, conforme os princípios do Deísmo e do naturalismo — isto é: se Deus existe, não cuida das pessoas individuais, mas somente das leis universais. O pecado, por estes princípios, não é uma ofensa à Deus, mas apenas um ato contra a razão, que sempre evolui; assim, considerava-se o furto como pecado enquanto se admitia o direito à propriedade individual; porém, se a propriedade individual é, como dizem os comunistas, contrário ao que se deve à comunidade, nesse caso, é a própria propriedade individual que é furto.
 
Em seguida, o espírito da revolução conduziu ao liberalismo que, por sua vez, queria permanecer numa meia altitude entre a doutrina da Igreja e os erros modernos. Ora, o liberalismo nada concluía; não afirmava, nem negava, sempre distinguia, e sempre prolongava as discussões, pois não podia resolver as questões que surgiam do abandono dos princípios do cristianismo. Assim, o liberalismo não era suficiente para agir, e após ele veio o radicalismo mais oposto aos princípios da Igreja, sob a capa de “anticlericalismo”, para não dizer anticristianismo. Assim, os maçons. O radicalismo, então, conduziu ao socialismo e o socialismo, ao comunismo materialista e ateu, como agora na Rússia, e quis invadir a Espanha e outras nações negando a religião, a propriedade privada, a família, a pátria, e reduzindo toda a vida humana à vida econômica como se só o corpo existisse, como se a religião, as ciências, as artes, o direito fossem invenções daqueles que querem oprimir os outros e possuir toda propriedade privada.
 
Contra todas essas negações do comunismo materialista, só a Igreja, somente o verdadeiro Cristianismo ou Catolicismo pode resistir eficazmente, pois só ele contém a Verdade sem erro.
 
Portanto, o nacionalismo não pode resistir eficazmente ao comunismo. Nem, no campo religioso, o protestantismo, como na Alemanha e na Inglaterra, pois contém graves erros, e o erro mata as sociedades que nele se fundam, assim como a doença grave destrói o organismo; o protestantismo é como a tuberculose ou como o câncer, é uma necrose por sua negação da Missa, da confissão, da infalibilidade da Igreja, da necessidade de observar os preceitos.
 
O que, pois, se segue dos erros citados no que diz respeito à legislação dos povos? Esta legislação torna-se paulatinamente atéia. Não somente desconsidera a existência de Deus e a lei divina revelada, tanto positiva como natural, mas formula várias leis contrárias à lei divina revelada, por exemplo, a lei do divórcio e a lei da escola laica, que termina por tornar-se atéia, nos três graus: escolas primárias, liceus ou ginásios e universidades, nas quais freqüentemente reduz-se a religião à história mais ou menos racionalista das religiões, na qual o cristianismo somente aparece como no modernismo, como uma forma agora mais alta da evolução de um senso religioso que sempre muda, de modo que nenhum dogma seria imutável nem imutáveis os preceitos; por fim, vem a liberdade total de cultos ou religiões, e da própria impiedade ou irreligião. Ora, as repercussões destas leis em toda sociedade são enormes; tome, por exemplo, a repercussão da lei do divórcio: qualquer que seja o ano, qualquer que seja a nação, milhares de famílias são destruídas pelo divórcio e deixam sem educação, sem direção, crianças que terminam por se tornar ou incapazes, ou exaltadas, ou más, por vezes, péssimas. Do mesmo modo, saem da escola atéia, todos os anos, muitos homens ou cidadãos sem nenhum princípio religioso. E portanto, em lugar da fé, da esperança e da caridade cristã, têm eles a razão desordenada, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos, o desejo de riqueza e a soberba de vida. Todas essas coisas são erigidas em um sistema especial materialista, sob o nome de ética laica ou independente, sem obrigação e sanção, na qual às vezes remanesce algum vestígio do decálogo, mas um vestígio sempre mutável. Se, porém, os efeitos  dolorosíssimos destes erros perniciosos ainda não aparecem claramente na primeira geração, na terceira, quarta e quinta se manifestam segundo a lei da aceleração na queda. — É como na aceleração da queda dos corpos: se numa 1a. etapa da descida, a velocidade é como que 20, numa 5ª será como que 100. E isto se contrapõe ao progresso da caridade, que, segundo a parábola do semeador, é por vezes 30, 50, 100 para um.
 
É a verdadeira descristianização ou apostasia das nações. E isto foi exposto justamente na longa epístola do grande católico espanhol Donoso Cortes escrita ao Cardeal Fornari para que a apresentasse à Pio IX; o título dela é: Sobre o princípio generativo dos graves erros hodiernos (trinta páginas) e Discurso sobre o estado atual da Europa (1830). Cf. Opera do mesmo autor 5 vol. Madrid 1856: trad. Fr, 1862, t. II, p 221, ss; t. I, p 399; trad. It. 1861. Em seguida, a mesma série de erros foi exposta no Silabo de Pio IX, 1861 (Dz. 1701).
 
O princípio destes erros é: Se Deus existe, não cuida das pessoas individuais, mas somente, das leis universais. Daí o pecado não ser uma ofensa contra Deus, mas somente contra a razão, que sempre evolui. Disto segue que não existiu o pecado original, nem a Encarnação Redentora, nem a graça regenerativa, nem os sacramentos que causam a graça, nem o sacrifício e, por isso, não é útil o sacerdócio, nem é útil a oração.
 
No fundo, o Deísmo não parece verdadeiro, pois se os homens individualmente não precisam de Deus, porque se admitiria que Deus existe no céu? É preferível admitir que Deus se faz na humanidade, que é a tendência mesma ao progresso, à felicidade de todos, sobre a qual falam o socialismo e o comunismo.
 
Portanto, qual é, segundo este princípio, o modo de discernir o falso do verdadeiro? O único modo é a livre discussão, no parlamento ou em algum outro lugar, e esta liberdade é, portanto, absoluta, nada pode ser subtraído à sua jurisdição, nem a questão do divórcio, nem a necessidade da propriedade individual, nem a da família ou da religião para os povos.
 
Assim, a discussão fica libérrima, como se não existisse a Revelação divina; se se objeta, por exemplo, que o divórcio é proibido no Evangelho, isto pouco importa.
 
Destas coisas nascem, como é patente, grandes perturbações, inúmeros abortos, crimes, e não se encontra remédio, senão o de aumentar cada vez mais a polícia ou o exército.
 
Mas, a polícia obedece àqueles que estão no poder e não raro, depois destes, vêm seus adversários e ordenam o contrário. De outra parte, tendo-se suprimido a propriedade privada, suprime-se, de modo geral, o patriotismo, que é como a alma do exército.
 
Donde estes remédios não serem suficientes para conservar a ordem e evitar as graves e intermináveis perturbações, pois não mais se admite a lei divina, e nem a lei natural escrita por Deus em nossos corações (E tudo isso é uma demonstração per absurdum da existência de Deus.)
 
Neste caso, é para se concluir com Donoso Cortes que estas sociedades, fundadas sobre princípios falsos ou sobre uma legislação atéia, tendem para a morte. Nelas, com o auxílio da graça, as pessoas individuais podem ainda se salvar, mas estas sociedades, como tais, tendem para a morte, pois o erro, sobre o qual se fundam, mata, como a tuberculose ou o câncer que, progressiva e infalivelmente, destrói nosso organismo. — Só a fé cristã e católica pode resistir a estes erros, e tornar a cristianizar a sociedade, mas, para isso, requer-se uma condição, uma fé mais profunda, conforme a Escritura: « Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé. » (1 Jo 5, 4).

(De Sanctificatione Sacerdotum, intro., tradução: PERMANÊNCIA)

PAX CHRISTI

Diogo Pitta

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Cardeal Cañizares: É recomendável comungar na boca e de joelhos.

Em entrevista concedida à agência ACI Prensa, o Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos no Vaticano, Cardeal Antonio Cañizares Llovera, assinalou que é recomendável que os católicos comunguem na boca e de joelhos.

Assim indicou o Cardeal espanhol que serve na Santa Sé como máximo responsável, depois do Papa, pela liturgia e os sacramentos na Igreja Católica, ao responder se considerava recomendável que os fiéis comunguem ou não na mão.

A resposta do Cardeal foi breve e singela: "é recomendável que os fiéis comunguem na boca e de joelhos".

Do mesmo modo, ao responder à pergunta da ACI Prensa sobre o costume promovido pelo Papa Bento XVI de fazer que os fiéis que recebam dele a Eucaristia o façam na boca e de joelhos, o Cardeal Cañizares disse que isso se deve "ao sentido que deve ter a comunhão, que é de adoração, de reconhecimento de Deus".

"Trata-se simplesmente de saber que estamos diante de Deus mesmo e que Ele veio a nós e que nós não o merecemos", afirmou.

O Cardeal disse também que comungar desta forma "é o sinal de adoração que necessitamos recuperar. Eu acredito que seja necessário para toda a Igreja que a comunhão se faça de joelhos".

"De fato –acrescentou– se se comunga de pé, é preciso fazer genuflexão, ou fazer uma inclinação profunda, coisa que não se faz".

O Prefeito vaticano disse ademais que "se trivializarmos a comunhão, trivializamos tudo, e não podemos perder um momento tão importante como é o de comungar, como é o de reconhecer a presença real de Cristo ali presente, do Deus que é amor dos amores como cantamos em uma canção espanhola".

Ao ser consultado pela ACI Prensa sobre os abusos litúrgicos em que incorrem alguns atualmente, o Cardeal disse que é necessário "corrigi-los, sobre tudo mediante uma boa formação: formação dos seminaristas, formação dos sacerdotes, formação dos catequistas, formação de todos os fiéis cristãos".

Esta formação, explicou, deve fazer que "celebre-se bem, para que se celebre conforme às exigências e dignidade da celebração, conforme às normas da Igreja, que é a única maneira que temos de celebrar autenticamente a Eucaristia".

Finalmente o Cardeal Cañizares disse à agência ACI Prensa que nesta tarefa de formação para celebrar bem a liturgia e corrigir os abusos, "os bispos têm uma responsabilidade muito particular, e não podemos deixar de cumpri-la, porque tudo o que façamos para que a Eucaristia se celebre bem será fazer que na Eucaristia se participe bem".
 
FONTE: http://www.acidigital.com/
 
PAX CHRISTI
Diogo Pitta

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A Resposta Católica: “Indulgências”


 Pe. Paulo Ricardo responde a pergunta: ” O que são as indulgências e como recebê-las?

Fonte: padrepauloricardo.org

PAX CHRISTI
Diogo Pitta

domingo, 24 de julho de 2011

A Confissão dos pecados

Todos os nossos pecados – passados, presentes e futuros – são perdoados de uma vez por todas quando nos tornamos cristãos? Não, de acordo com a Bíblia ou com os primeiros Padres da Igreja. A Escritura não afirma em nenhum lugar que os nossos pecados futuros são perdoados. Ao contrário, Ela nos ensina a orar: "E perdoai-nos as nossas dívidas, como nós também temos perdoado aos nossos devedores." (Mt 6:12).
O meio pelo qual Deus perdoa pecados depois do batismo é a confissão: "Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade." (1Jo 1:9). Pecados menores ou veniais podem ser confessados diretamente a Deus, mas para pecados graves ou mortais, que esmagam a vida espiritual da alma, Deus instituiu um meio diferente para obter perdão: o sacramento conhecido popularmente como confissão, penitência ou reconciliação.

Este sacramento está enraizado na missão que Deus deu a Cristo como o Filho do Homem na terra para ir e perdoar pecados (cf. Mt 9:6). Assim, a multidão que testemunhou esse novo poder "glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens." (Mt 9:8; observe o plural "homens"). Depois da Sua ressurreição, Jesus transmitiu Sua missão de perdoar pecados aos seus ministros, dizendo-lhes "Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós... Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos." (Jo 20:21–23).

Visto que não é possível confessar todas as nossas muitas faltas diárias, sabemos que a reconciliação sacramental é necessária apenas para pecados graves ou mortais – mas é necessária, senão Cristo não teria ordenado isso.

Ao longo do tempo, mudaram as formas que o sacramento foi administrado. Na Igreja primitiva, pecados publicamente conhecidos (como apostasia) foram muitas vezes confessados abertamente na igreja, embora a confissão privada com um sacerdote fosse sempre uma opção para os pecados cometidos particularmente. Ainda assim, a confissão não era apenas algo feito em silêncio a Deus por si só, mas algo feito "na igreja", como o Didaqué (70 d.C.) indica.

As penitências também tendiam a ser executadas antes e não após a absolvição, e elas eram muito mais rigorosas que as de hoje (penitência de dez anos para o aborto, por exemplo, era comum na Igreja primitiva).
Mas o básico do sacramento sempre esteve lá, conforme revelam as citações seguintes. De especial significado é seu reconhecimento de que a confissão e a absolvição devam ser recebidas por um pecador antes de receber a Sagrada Comunhão, porque "todo aquele que... come o pão ou bebe o cálice do Senhor de forma indigna será culpado por profanar o corpo e o sangue do Senhor. "(1Cor 11:27).

A Didaqué

"Confessa teus pecados na igreja e não eleves tua oração com uma consciência má. Este é o modo de vida... No Dia do Senhor reuni-vos juntos, parti o pão e dai graças, depois de confessares tuas transgressões para que teu sacrifício possa ser puro." (Didaqué 4:14, 14:1 [70 d.C.]).

A Carta de Barnabé

"Vós deveis julgar retamente. Vós não deveis fazer um cisma, mas deveis pacificar aqueles que lutam por trazer-vos reunidos. Vós deveis confessar vossos pecados. Vós não deveis ir à oração com uma consciência má. Este é o caminho da luz." (Carta de Barnabé 19 [74 d.C]).

Inácio de Antioquia

"Para que todos quantos são de Deus e de Jesus Cristo estejam também com o bispo. E tantos quantos devam, no exercício de penitência, retornar para a unidade da Igreja, estes, também, devam pertencer a Deus, que eles possam viver de acordo com Jesus Cristo." (Carta aos Filadelfienses 3 [110 d.C.]).
"Porque onde há divisão e ira, Deus não habita. A todos eles que se arrependem, o Senhor concede perdão, se eles apresentam penitência para a unidade de Deus e a comunhão com o bispo." (idem, 8).

Ireneu

"[Os discípulos gnósticos de Marcos] têm iludido muitas mulheres... Suas consciências têm sido marcadas como acontece com um ferro quente. Algumas dessas mulheres fazem uma confissão pública, mas outras ficam envergonhadas de fazer isso, e, em silêncio, como se retirando de si mesmas a esperança de vida de Deus, elas apostatam inteiramente ou hesitam entre os dois cursos." (Contra as Heresias 1:22 [189 d.C.]).

Tertuliano

"[Com relação à confissão, alguns] fogem deste trabalho como sendo uma exposição de si mesmos, ou eles adiam de dia para dia.

Hipólito

"[O bispo conduzindo a ordenação do novo bispo deve orar:] Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo... Derrame agora o poder que vem de Vós, do Vosso Espírito real, que destes ao Vosso amado Filho, Jesus Cristo, e que Ele deu aos seus santos apóstolos... e concedei a este Vosso servo, que Vós escolhestes para o episcopado, [o poder] para alimentar Vosso rebanho sagrado e para servir sem culpa como Vosso sumo sacerdote, ministrando dia e noite para propiciar incessantemente diante de Vosso rosto e para oferecer-Vos os dons da Vossa santa Igreja, e pelo Espírito de sumo sacerdócio ter a autoridade para perdoar pecados de acordo com Vosso mandamento." (Tradição Apostólica 3 [215 d.C.]).

Orígenes

"[Um método final de perdão], embora difícil e trabalhoso, [é] a remissão dos pecados por meio da penitência, quando o pecador... não se retrai de declarar seu pecado a um sacerdote do Senhor e de buscar remédio, após a forma dele que diz: 'Eu disse, "Ao Senhor acusar-me-ei de minha iniquidade"'" (Homilias sobre Levítico 2:4 [248 d.C.]).

Cipriano de Cartago

"O apóstolo [Paulo] da mesma forma dá testemunho e diz: ‘... Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor." (1Cor 11:27]. Mas [o impenitente] repele desdenhosamente e despreza todos esses avisos; antes de que seus pecados sejam expiados, antes de que eles tenham feito uma confissão de seus crimes, antes de que sua consciência tenha sido purgada na cerimônia e às mãos do sacerdote... eles fazem violência ao corpo e sangue [do Senhor], e com suas mãos e boca pecam contra o Senhor mais do que quando O negavam" (Os Decaídos 15:1–3 (251 d.C.]).

"De fé bem maior e temor salutar são aqueles que... confessam seus pecados aos sacerdotes de Deus de uma maneira franca e na tristeza, fazendo uma declaração aberta de consciência... Eu vos suplico, irmãos, que todos que pecaram confessem seus pecados enquanto ainda estão neste mundo, enquanto sua confissão ainda é admissível, enquanto a satisfação e a remissão feita através dos sacerdotes ainda são agradáveis diante do Senhor." (idem., 28).

"[Os] pecadores podem fazer penitência para um tempo determinado, e de acordo com as regras de disciplina vêm à confissão pública, e por imposição da mão do bispo e clero recebe o direito de comunhão. [Mas agora alguns] com seu tempo [de penitência] ainda não cumprido... eles são admitidos à comunhão, e seu nome é apresentado; e enquanto a penitência ainda não é realizada, a confissão ainda não é feita, as mãos do bispo e clero ainda não são postas sobre eles, a Eucaristia é dada a eles; contudo está escrito, 'Por isso, todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor.' [1Cor 11:27]" (Cartas 9:2 [253 d.C.]).

"E não penses, querido irmão, que vai ser reduzida a coragem dos irmãos, ou que os martírios falharão por esta causa, que a penitência seja diminuída para os decaídos, e que a esperança de paz [ou seja, a absolvição] seja oferecida ao penitente... Para os adúlteros mesmo um tempo de arrependimento é concedido por nós, e a paz é dada." (idem., 51[55]:20).

"Mas eu me pergunto se alguns são tão obstinados para pensar que o arrependimento não seja concedido aos decaídos, ou supor que o perdão é para ser negado ao penitente, quando está escrito, 'Lembra-te por que motivo estás caído, e arrepende-te, e faz as primeiras obras' [Ap 2:5], que certamente é dito a ele que evidentemente caiu, e a quem o Senhor exorta a levantar-se novamente por seus atos [de penitência], porque está escrito: 'A esmola livra da morte.' [Tb 12:9]" (idem, 51[55]:22).

O sábio persa Afrahat

"Vós [sacerdotes], então, que sois discípulos do nosso ilustre médico [Cristo], não deveis negar um curativo àqueles que necessitam de cura. E se alguém descobre a ferida dele antes de vós, dai-lhe o remédio do arrependimento. E aquele que tem vergonha de tornar conhecido sua fraqueza, encorajai-o para que ele não o esconda de vós. E quando ele vos tiver revelado, não o torne público, para que, por causa disso, o inocente possa ser considerado como culpado por nossos inimigos e por aqueles que nos odeiam." (Tratados 7:3 [340 d.C.]).

Basílio, o Grande

"É necessário confessar nossos pecados àqueles a quem é confiada a entrega dos mistérios de Deus. Aqueles fazendo penitência de antigos são encontrados para tê-la feito antes dos santos. Está escrito no Evangelho que eles confessaram seus pecados a João Batista [Mt 3:6], mas em Atos [19:18] eles confessaram aos apóstolos." (Regras Brevemente Tratadas 288 [374 d.C.]).

João Crisóstomo

"Os sacerdotes receberam um poder que Deus não deu nem aos anjos, nem aos arcanjos. Foi dito a eles: 'Tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu'. De fato, os governantes temporais têm o poder de ligação; mas eles só podem ligar o corpo. Os sacerdotes, por outro lado, podem ligar com um vínculo que pertence à própria alma e transcende os próprios céus. [Deus] não lhes deu todos os poderes do céu? 'Àqueles a quem perdoardes os pecados,' diz, 'ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.' Que poder há maior do que este? O Pai deu ao Filho todo julgamento. E agora eu vejo o Filho colocando todo esse poder nas mãos dos homens [Mt 10:40; Jo 20:21–23]. Eles são elevados a esta dignidade como se eles já fossem recolhidos ao céu." (O Sacerdócio 3:5 [387 d.C.]).

Ambrósio de Milão

"Para aqueles a quem foi dado [o direito de ligação e separação], é óbvio que ambos são permitidos, ou nenhum é permitido. Ambos são permitidos para a Igreja, nenhum é permitido para a heresia. Porque este direito foi concedido somente aos sacerdotes." (Penitência 1:1 [388 d.C.]).

Jerônimo

"Se a serpente, o diabo, morde alguém secretamente, ele infecta essa pessoa com o veneno do pecado. E se quem foi mordido se mantém em silêncio e não faz penitência, e não quer confessar sua ofensa... então seu irmão e seu mestre, que têm a palavra [de absolvição] que vai curá-lo, não pode ajudá-lo." (Comentário sobre Eclesiastes 10:11 [388 d.C.]).

Agostinho

"Quando tiveres sido batizado, mantém uma vida boa nos mandamentos de Deus para que possas preservar teu batismo até o fim. Não te digo que viverás aqui sem pecado, mas eles são pecados veniais os quais esta vida nunca está sem. O Batismo foi instituído para todos os pecados. Para os pecados leves, sem os quais nós não podemos viver, a oração foi instituída... Mas não cometas aqueles pecados por conta dos quais tu terias de ser separado do corpo de Cristo. Que pereça o pensamento! Porque aqueles a quem vês fazendo penitência cometeram crimes, também adultério ou algumas outras maldades. É por isso que eles estão fazendo penitência. Se os pecados deles fossem leves, a oração diária bastaria para apagá-los... Na Igreja, portanto, há três maneiras de os pecados serem perdoados: nos batismos, na oração e na humildade maior de penitência." (Sermão aos Catecúmenos sobre o Credo 7:15, 8:16 [395 d.C.]).

Traduzido para o Veritatis Splendor por Marcos Zamith diretamente do original em inglês em http://www.catholic.com/library/Confession.asp

Fonte: http://www.veritatis.com.br

PAX CHRISTI

Diogo Pitta

sábado, 23 de julho de 2011

Jesus e as diversas formas de santidade

"Mansiones multae sunt in domo Patris mei." (Jo 14, 2)

 
R. Garrigou-Lagrange, O.P.

A intimidade de Cristo, sobre a qual já falamos, assume diferentes formas que contribuem para a harmonia do corpo místico de Nosso Senhor, isto é, sua variedade na sua profunda unidade. Na Igreja, a união dessas duas notas: a unidade e a catolicidade (a unidade de fé, de esperança, de caridade, de culto, de governo, apesar da variedade de lugares e de tempo, de raças, de línguas, de costumes, de instituições) constitui, no meio de tantas causas de divisão, um milagre moral permanente [1]. É também a realização de uma profecia de Cristo, o qual anunciou que sua Igreja devia se espalhar por todos os povos [2] e que, portanto, ela devia permanecer perfeitamente una [3] para conduzir as almas de todos os países e de todos os séculos à vida eterna.

É importante perceber bem a razão desta variedade na unidade. A diversidade de temperamentos, de caracteres, de fisionomias espirituais, é, muitas vezes, uma ocasião de sofrimentos salutares, mas também, ai de nós, de falta de caridade, de irritação, de impaciência, de julgamentos temerários. Na nossa estreiteza, gostaríamos, às vezes, que todas as almas fossem absolutamente iguais, tivessem o mesmo atrativo dominante que nós. Graças a Deus, isto não é assim. A harmonia da Igreja, inclusive a das Ordens Religiosas e mesmo das comunidades, exigem uma certa diversidade. Nesta vasta planície fértil que é a Igreja se elevam várias colinas, do alto das quais se vê como que com os olhos de um S. Bento, ou de um S. Domingos ou de um S. Francisco, ou de um S. Inácio, ou de uma Santa Teresa. "Existem várias moradas na casa de meu Pai." disse Nosso Senhor.

Para nos esclarecer sobre esse ponto, convém considerar as diferentes formas de santidade que respondem a atrativos dominantes diversos e a provações diferentes.

Cada uma dessas fisionomias espirituais tem a sua grandeza e a sua beleza.

Foi observado várias vezes que a santidade aparece sob três formas bem distintas, que correspondem a três graças predominantes, e que tendem a se aproximar, como os caminhos que, por vertentes opostas, conduzem ao cume de uma montanha. Estas três formas de santidade, como veremos, são eminentementes contidas na Santa alma de Cristo e em Maria.

* * *
A santidade aparece sob três formas bem distintas que respondem aos três grandes deveres para com Deus: o conhecê-lo, amá-lo, servi-lo. Todo cristão, sem dúvida, deve observar cada um desses três deveres; mas, no corpo místico, este deve sobressair em tal função e aquele em tal outra.

Existem almas santas que têm por missão sobretudo amar a Deus com ardente amor e reparar assim as ofensas de que Ele é objeto; elas recebem logo graças de amor que transformam suas vontades e fazem delas uma força viva que não cessa de se consumir para glória de Deus e salvação do próximo.

Outras almas devem sobressair na contemplação de Deus, conhecê-lo, mostrar-nos o caminho que leva a Ele; elas recebem desde o início graças de luz, que clareiam cada vez mais suas inteligências e são como um farol para guiar os fiéis na sua viagem para a eternidade.

Enfim, outras almas santas têm sobretudo por missão servir a Deus pela fidelidade ao dever quotidiano, em diferentes obras de caridade; aqui, a memória e a atividade prática são postas incessantemente, sob o influxo das virtudes teologais, ao serviço de Deus e do próximo.

Contemplemos sucessivamente essas três formas de santidade, que parecem representadas, como já se disse várias vezes, em três apóstolos privilegiados que Nosso Senhor conduziu ao Thabor, depois a Gethsemani: Pedro, João e Tiago.

Cada uma dessas almas sobressai naturalmente no exercício de uma faculdade e, como a graça aperfeiçoa a natureza no que ela tem de bom, ela apreende mais diretamente e mais vivamente esta faculdade, para se espalhar em seguida sobre as outras que são menos ativas. A graça utiliza assim, para nossa perfeição e nossa salvação, os recursos da nossa natureza e constitui nosso atrativo sobrenatural especial, que devemos sempre seguir, pois é o atrativo de Deus [4]. Mas, em compensação, cada uma dessas almas tem seu defeito dominante a vencer, um obstáculo especial a evitar e é por isto que o Senhor envia a cada uma, provações apropriadas.

Os diretores esclarecidos reconhecem nas almas o atrativo sobrenatural especial que Deus lhes dá e também o defeito dominante a combater. É conveniente conhecer um e outro, o branco e o preto, para compreender a natureza das provações que Deus nos envia, para melhor aproveitá-las e para evitar o julgamento temerário de outras almas que vão em direção ao mesmo cume mas por uma outra vertente. Aqueles que são naturalmente mansos, devem tornar-se fortes, e aqueles que são naturalmente fortes devem tornar-se doces. "Alius sic, alius sic ibat", dizia Santo Agostinho; existem caminhos diferentes que conduzem ao mesmo fim, e numa mesma estrada pode-se andar mais devagar que um outro, sem entretanto, voltar atrás [5].

O Senhor, na formação das almas, encontra um modo de tudo utilizar. Ele não toma a alma de um homem de ação, devorado pelo zelo, de um missionário, como a de um teólogo; de um santo Tomás, como a de um pintor; de um Angélico, de um poeta como Dante, de um músico como Beethoven; mas Ele faz tudo servir à expressão da Fé, da Esperança e da Caridade. Ele faz servir, no trato com um teólogo, a lógica de Aristóteles; no trato com um artista, as harmonias bem feitas de sons e de cores. E, em última análise, tudo, na ordem intelectual e na ordem sensível, só vale como expressão das perfeições divinas. Existem diferentes vertentes para se elevar em direção a este cume, mas nada pode nos interessar de uma maneira profunda e duradoura senão aquilo que a ele nos conduz. O ofício da festa de Todos os Santos faz notar admiravelmente todas as nuances da Santidade, entre os Apóstolos, os Mártires, os Doutores, os Confessores, as Virgens.

* * *

As almas nas quais domina o exercício da vontade e o ardor do amor, se assemelham aos Serafins [6]. Segundo a Revelação, estes anjos superiores são abrasados pelo amor que o Espírito Santo lhes comunica; este é o amor que os leva a contemplar as sublimes belezas de Deus. Sua chama espiritual é mais ardente que luminosa. Eles cantam o cântico: "Santo, Santo, Santo, é o Senhor, Deus dos exércitos!" [7] Eles constituem a ordem suprema da primeira hierarquia angélica, porque, naqueles que tendem em direção a Deus, a mais alta virtude é a caridade, ou o amor divino, incompatível, ao contrário da ciência, com o pecado mortal [8].

Do mesmo modo, as almas ardentes são arrebatadas antes de tudo por graças de amor; elas se dirigem ao bem com zelo e firmeza e se perguntam muitas vezes: "O que eu farei para Deus?". Elas têm uma sede ardente de sofrer, de se mortificar, para provar a Deus seu amor, de reparar as ofensas das quais Ele é objeto, de salvar os pecadores. Só secundariamente elas se aplicam a melhor conhecer Deus.

Deste grupo de almas parecem fazer parte o profeta Elias, "cheio de zelo pelo Senhor" [9], o apóstolo Pedro crucificado de cabeça para baixo por humildade e amor por seu Mestre, os grandes mártires: Santo Inácio de Antioquia, São Lourenço, o seráfico Francisco de Assis, Santa Margarida Maria levada desde a sua juventude a sofrer por amor em espírito de reparação, São Bento-José Labre, este amigo apaixonado da Cruz. Do mesmo modo, no apostolado e devotamento ao próximo, São Carlos Borromeu, São Vicente de Paulo e tantos outros.

Todas essas almas são mais notáveis pela sua caridade, pelo arrebatamento de seu coração para Deus, do que pelas suas luzes.

Para as almas desse gênero que não fossem suficientemente dóceis ao Espírito Santo, o perigo estaria na própria energia de sua vontade, que poderia degenerar em rigidez, tenacidade e obstinação. Nas menos fervorosas dentre elas, é um defeito dominante bastante visível: seu zelo não é suficientemente esclarecido, nem bastante paciente e doce. Algumas delas podem se entregar demais a obras ativas às custas da oração.

A provação que o Senhor lhes envia tende sobretudo a amansar sua vontade, muitas vezes a quebrá-la, quando ela se torna rígida demais. Ele permite revezes manifestos, para que o ardor natural seja substituído por um zelo verdadeiramente sobrenatural, desinteressado, paciente e manso. Ele lhes ensina a por sua confiança não no impulso natural do coração, mas na Misericórdia divina sempre compassiva. O Senhor humilha essas almas ardentes, permitindo também, algumas vezes, violentas tentações, mesmo de desânimo, como aconteceu com Elias, dormindo no deserto sob um junípero [10]. Ele permite também quedas como a negação de São Pedro.

Ele envia ainda a essas almas grande aridez numa contemplação dolorosa mas amorosa e muito meritória. Seus amores ardentes queimam-nas, consomem e as fazem muito sofrer com todas as ofensas que se elevam contra Deus. Ele as estimula a expiar ou a reparar.

Assim se formam as almas mais ardentes que luminosas, nas quais domina o zelo ardente da caridade, a mais alta das virtudes teologais.

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Num segundo grupo de almas, predomina o exercício, não da vontade, mas da inteligência. A graça que começa mais diretamente e mais vivamente a elevá-las é uma graça de luz. Elas se assemelham aos Querubins, que estão, dizem os profetas, em torno do trono de Deus [11]. Esses anjos, admiravelmente esclarecidos pela luz que lhes comunica o Verbo Eterno, são, primeiro, arrebatados de admiração. Eles contemplam a beleza de Deus e são levados a amá-Lo e a fazê-Lo conhecido pelos outros [12]. Sua chama espiritual é, a princípio, mais luminosa que ardente.

Do mesmo modo, essas almas são, inicialmente, esclarecidas por graças de iluminação; elas são levadas a se deleitar na contemplação de Deus, nas grandes visões de conjunto que fazem o valor da sabedoria. É somente por via de conseqüência que seu amor cresce. Elas sentem menos que as precedentes a necessidade de agir, de se mortificar, de sofrer para reparar; mas elas são fiéis, chegam ao amor heróico por esse Deus que as encanta.

A esta família de almas pertencem os grandes Doutores da Igreja, um Sto. Agostinho, um Sto. Anselmo, um Sto. Alberto, o Grande, um Santo Tomás de Aquino, muitos outros que, ao correr dos séculos, foram como faróis que mostraram à humanidade o caminho que leva a Deus.

O perigo para essas almas, quando são menos perfeitas, é, muitas vezes, de se contentar com luzes que lhes são dadas e de não conformarem bastante suas vidas com estas luzes. Enquanto sua inteligência é fortemente esclarecida, em sua vontade, muitas vezes, falta ardor; São Francisco de Sales gemia por isso, pedindo graças de força.

Não é raro que grandes provações interiores sejam enviadas a essas almas. A noite dos sentidos e a do espírito, descritas por São João da Cruz, as conduzem progressivamente ao desinteresse completo e à generosidade no amor. Estas provações interiores são, no entanto, habitualmente menos dolorosas para essas almas que para as precedentes. As luzes que elas recebem consolam-nas, elas têm uma atração maior pela oração contemplativa; mas têm bastante tempo que gemer por sua falta de energia. Seu amor pela verdade faz com que elas sofram particularmente com o erro, com as falsas direções doutrinais, que extraviam as inteligências. Isto é para elas uma grande cruz e um estímulo para trabalhar para fazer conhecer a Deus.

Quando essas almas luminosas são purificadas pelo sofrimento e bem fiéis às luzes que Deus lhes envia, elas aspiram cada vez mais a se unir a Ele, a mergulhar Nele, a se perder Nele sem retorno a elas mesmas. Uma alma luminosa fiel será mais unida a Deus que uma alma ardente infiel.

Existem grandes santos, como São Paulo, São João, S. Bento. S. Domingos, Sta. Gertrudes, Sta. Catarina de Sena, Sta. Teresa, S. João da Cruz, que foram ao mesmo tempo e desde o início de sua ascensão, muito contemplativos e muito ardentes; elas reuniram logo as qualidades desses dois primeiros grupos de almas, que tendem, aliás, a se assemelhar ao se aproximarem do cume, para o qual todos devem se encaminhar.

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Enfim, existem almas que têm, sobretudo, por missão servir a Deus pela fidelidade ao dever quotidiano. A faculdade que mais se exerce entre elas, é a memória; sua atividade é de ordem prática. É o caso da maior parte dos cristãos. Sua memória os torna atentos aos fatos particulares; eles são tocados pela história dos benefícios de Deus, seja no Antigo Testamento, seja no Evangelho e na vida da Igreja. Essas almas são facilmente tocadas por uma palavra da liturgia, um traço de vida de um santo. A graça se adapta à sua natureza e lhes mostra claramente, nas suas múltiplas ocupações, o dever a cumprir, Deus a glorificar, o próximo a socorrer.

A inspiração divina lhes dá mais raramente grandes visões de conjunto, mas ela os torna muito atentos aos diversos meios de perfeição. Por aí, essas almas, se são fiéis e generosas, chegam a um conhecimento muito prático e vivido das coisas divinas e a um grande amor de Deus e do próximo. Elas podem assim alcançar os mais altos graus da santidade.

O obstáculo aqui seria o de se apegar demais às práticas, boas nelas mesmas, mas que não conduzem imediatamente a Deus; a certas austeridades exteriores ou orações vocais. Corre-se o risco então de cair na minúcia, nos escrúpulos, de se apegar sem medida a métodos, úteis no início, mas um pouco mecânicos demais; e isto pode impedir a intimidade da união com o Senhor.

As provações dessas almas se encontram geralmente menos na vida interior que na prática da caridade fraterna e no exercício de seu devotamento. Elas têm muito a sofrer com defeitos do próximo e com os obstáculos que encontram nas obras em que se ocupam. As grandes purificações interiores aparecem nelas notavelmente mais tarde que nas almas precedentes; no entanto, se elas são generosas, chegam, elas também, a uma íntima união com Deus.

Tais são as três formas de santidade que parecem manifestadas pelos três apóstolos privilegiados, Pedro, João e Tiago, que Nosso Senhor conduziu com Ele ao Thabor e depois a Gethsemani. Todas essas almas são chamadas, por formas variadas, à contemplação dos mistérios da fé e à união íntima com Deus, e quanto mais elas se aproximam do cume para o qual tendem, mais se assemelham, mais são marcadas pela imagem do Cristo, sem perder no entanto sua fisionomia especial.

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A santa alma de Cristo, contém eminentemente essas três formas de santidade, sem nenhuma das imperfeições que subsistem nos santos, um pouco como a luz branca contém as setes cores do arco-íris. É, com efeito, impossível conhecer melhor Deus, amá-Lo melhor, servi-Lo melhor que Jesus.

Jesus quis nos mostrar a excelência dessas três formas de santidade nos três períodos de sua existência aqui em baixo: sua vida escondida, sua vida apostólica, sua vida dolorosa.

Na sua vida escondida, na solidão de Nazaré, na casa do carpinteiro, Ele é o exemplo da fidelidade ao dever quotidiano, em atos exteriormente bem modestos, mas enormes pelo amor que os inspira e até de um valor sem medida.

Na sua vida apostólica, Ele aparece como a luz do mundo, e Ele nos diz que aqueles que O seguem não andam nas trevas, mas receberão a luz da vida (Jo 8, 12). O que Ele ensina sobre a vida eterna e os meios para alcançá-la, Ele não o crê, Ele o vê imediatamente na essência divina. Ele funda a Igreja, confia-a a Pedro e diz a seus Apóstolos: "Vós sois a luz do mundo". (Mt 5, 4); envia-os a ensinar a todas as nações, levar-lhes o batismo e a Eucaristia.

Enfim, na sua vida dolorosa, Jesus nos manifesta todo o ardor de seu amor por seu Pai e por nós. Este amor leva-O até a querer morrer por nós sobre a cruz. Ele tem sede de sofrer para reparar os ultrajes feitos a Deus, para salvar as almas, e consumar a obra redentora. Esta sede de sofrer é incomparavelmente maior Nele que em um Santo André, um Santo Ignácio de Antioquia, um São Lourenço, uma Santa Teresa, um São Bento-José Labre. O coração de Jesus é verdadeiramente uma fornalha ardente de Caridade. Ninguém mais que Ele sofreu pelos pecados, e é de seu Coração mortificado que derivam todas as graças que recebem as almas reparadoras, associadas ao grande mistério da Redenção.

Jesus possui assim eminentemente as três formas de santidade e sem nenhuma imperfeição. Ele é atento mesmo às menores coisas do serviço de Deus, sem nelas demorar-se. Ele goza da mais alta contemplação, mas não se perde nela como um santo em êxtase; Jesus está acima do êxtase e sem cessar de ver as profundezas da essência divina, Ele se entretém com seus Apóstolos sobre os próprios detalhes da vida apostólica. Ele tem todo o ardor de amor, o mais forte zelo, mas unido à maior paciência, à doçura, à compaixão, o que O leva a rezar por seus carrascos: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem."

A santa alma de Cristo se manifesta assim por seus reflexos na alma dos santos, como a luz branca pelas sete cores. Há, toda proporção guardada, qualquer coisa de semelhante em Maria, que reunia também em si, eminentemente, todas as formas de santidade.

Não diminuamos a vida do Salvador, querendo explicá-la demais pela nossa psicologia pessoal. Assim, se propôs ao mundo um Cristo jansenista e em seguida, por reação, um Cristo liberal. Elevemo-nos para Ele, ao invés de rebaixá-Lo a nós; Ele está incomparavelmente acima de nossos sentimentos mais generosos e Ele não tem ilusões. Muito superior aos maiores santos, Ele permanece, apesar de sua elevação, nosso perfeito modelo e nos oferece, incessantemente, a graça para nos dar a força de O seguir.

* * *

Os mistérios da vida de Cristo devem, em certo sentido, reproduzir-se em nós, na medida em que o Salvador quer nos assimilar a Ele e nos fazer participar da sua vida escondida, da sua vida apostólica, da sua vida dolorosa, finalmente da sua vida gloriosa no céu. Esta assimilação progressiva é muito visível na vida de vários santos. E, se nós o quisermos, a meditação quotidiana dos mistérios do Rosário pode fazer-nos avançar, com passo sempre mais firme, nessa via.

Os mistérios gozosos da infância de Cristo, os mistérios dolorosos de sua Paixão, e os mistérios gloriosos da Ressurreição, da Ascensão, correspondem aos 3 grandes atos da vida das almas: — Querer o fim último, a santidade e a bem-aventurança eterna, cujo pensamento suscita a alegria e os primeiros impulsos da alma para Deus; — Querer os meios capazes de nos fazer obter este fim, o cumprimento dos preceitos, levando a cruz, a exemplo do Mestre e para segui-Lo; — Repousar com Ele no fim conquistado.

Esses mistérios da vida de Cristo devem tornar-se assim, cada vez mais, o alimento da nossa alma, o objeto de nossa contemplação que os penetrará, os provará e os saboreará; isto será como que uma antecipação da bem-aventurança; nós perceberemos cada vez melhor que a graça santificante é o germe da glória, semen gloriae inchoatio vitae aeternae [13], que a vida cristã profunda é a vida eterna começada, segundo a palavra do Salvador, que reaparece várias vezes em S. João: "Em verdade, em verdade, vos digo: Aquele que crê em mim tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia" [14].

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Notas:

[1] Denz. Ench. 1794;

[2] Mt 28, 19;

[3] Jo 17, 20;

[4] Suma Ia. IIae., q. 66, a. 2 ad 2;

[5] Os caracteres não têm sua causa nas diferenças de organismos como acontece com os temperamentos;

[6] Is 6, 2-7;

[7] Is 6, 3;

[8] Suma Ia. IIae., q. 63, a. 7, ad 1; a. 9, ad 3.

[9] 3 Rs 19, 10;

[10] 3 Rs 19, 4;

[11] Dn 3, 55;

[12] Suma Ia., q. 63, a. 7, ad 1.

[13] Suma IIa. IIae, q. 24, a. 3, ad. 2;

[14] Jo 6, 40, 44, 47, 55.

 
 
PAX CHRISTI
 
Diogo Pitta