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quinta-feira, 18 de maio de 2017

Santo Tomás de Aquino e a Monarquia

"Dois pontos devem ser considerados acerca da boa organização do governo de uma cidade ou de uma nação. Primeiramente, que todos tenham alguma participação no governo, porque, segundo o livro II da Política, existe aí uma garantia de paz civil, e todos amam e guardam uma tal ordenação. Outro ponto concerne à forma do regime ou da organização dos poderes. Sabe-se que são muitas essas formas, diferenciadas por Aristóteles no livro III da Política, mas as principais são a realeza, ou o domínio de um só segundo a virtude; e a aristocracia, a saber, o governo dos melhores, ou domínio de um pequeno número segundo a virtude. Por isso, a melhor organização para o governo de uma cidade ou de um reino é aquela em que à cabeça é posto, em razão de sua virtude, um chefe único tendo autoridade sobre todos. Assim sob sua autoridade se encontra um determinado número de chefes subalternos, qualificados segundo a virtude. E assim o poder definido pertence à multidão, porque todos aí têm, ou a possibilidade de serem eleitos, ou a de serem eleitores. Este é o regime perfeito, bem combinado (politia bene commixta) de monarquia, pela preeminência de um só, de aristocracia, pela multiplicidade de chefes virtuosamente qualificados, de democracia, enfim, ou de poder popular, pelo fato de que cidadãos simples podem ser escolhidos como chefes, e que a escolha dos chefes pertence ao povo."

Suma Teológica, 1a 2ae q.105 a.1

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Como o comunista ama?

Foi com grande gozo intelectual que li um romance do grande romancista cubano Leonardo Padura, cujo título em português é "O Homem que amava Cachorros". O Romance conta a história da perseguição promovida por Stalin a Leon Trotski, cuja trama culmina com o assassinato deste a picaretadas pelas mãos de outro comunista, pau mandado de Stalin, Ramón Mercader. Neste livro, Padura descreve toda a complexidade e mendacidade que move a mente comunista, e com uma habilidade de esmiuçar perfis complexos digna de um Dostoievski, Padura entra na alma dos personagens e traça-nos um mapa para tentarmos entender o que se passa na cabeça doentia desta gente. Na trama, o que chamou-me mais a atenção, foi a relação fria e de utilidade unica e exclusivamente partidária que mantinham os personagens com seus familiares, também comunistas, que é o caso, por exemplo, de Ramón Mercader com a sua mãe, Caridad Mercader. Caridad, que teve participação na escolha do filho para ser treinado para a missão de assassinar Trotski, mesmo estando muito tempo separada do filho por um abismo espacial e sentimental criado pela patente e pela revolução, ao encontrá-lo, não o enxerga como uma mãe deveria enxergar um filho, ou seja, como uma pessoa individual, com suas carências, virtudes, e potencialidades, mas graças à mente obnubilada pela ideologia tida como pretensa redentora da humanidade, Caridad vê no filho, Ramón Mercader, apenas um instrumento; um objeto através do qual beneficiar-se-á a revolução comunista. 

A mente comunista não conhece a polaridade entre bem e mal, bom e ruim, verdade e mentira. A mente comunista só consegue inteligir aquilo que é bom ou ruim para a revolução. Se perguntarmos a um comunista se roubar é moralmente correto, além de  salientar sobre a suposta relatividade do que seria "ser correto", obviamente, para não chamar para si uma atenção desnecessária, diria que roubar é moralmente errado, e teceria catilinárias e ladainhas sobre a ética. Mas na verdade, a práxis comunista é ver como correto aquilo que ajuda a revolução, e errado aquilo que a atrapalha. Logo, embora em seu discurso diga ser moralmente errado roubar, na prática, rouba se este roubo for útil à revolução. Assim, quando as pessoas dizem que o "Lula roubou mas fez", estão dizendo exatamente isto: que roubou, mas na verdade roubou porque uma virtual melhora na qualidade de vida e poder aquisitivo do povo, favorece a revolução perpetrada pelo PT e todo o Foro de São Paulo. 

Para qualquer um de posse de um mínimo de decência e moral, jogar sobre o colo da esposa falecida a culpa por qualquer ato ilícito que fosse, sem que ela, por uma obviedade, pudesse defender-se ou responder pelos supostos atos dos quais foi acusada, é algo aviltante e intolerável. Vale lembrar que esta não é a primeira vez que Lula utiliza-se da morte de sua esposa para beneficiar-se politicamente, pois no funeral de Dona Marisa, Lula fez do ambiente onde era velada sua esposa de palanque eleitoral. O velório da defunta tornou-se o púlpito pelo qual Lula ensinou à nação que comunista, na verdade, pouco se lixa para os que supostamente ama. Assim foi com Caridad e Ramón Mercader, assim é com Lula e Dona Marisa Letícia, e assim será com quaisquer outros comunistas.