Translate

domingo, 27 de janeiro de 2013

Santo Tomás de Aquino, Doctor Angelicus



Santo Tomás de Aquino está para a teologia, assim como Johann Sebastian Bach está para a música, e se como disse Ludwig Van Beethoven que um herege converte-se ouvindo Bach, o que dizer de um herege ao ler Santo Tomás de Aquino? Em todos os tempos, dificilmente o mundo conheceu uma mente como a de santo Tomás de Aquino.  Sob a imagem de um homem gordo, alto, pacatíssimo e silencioso, residia uma alma magnífica; uma mente que viria a assustar o mundo do pensamento – e da igreja – com a sua aplicação da filosofia de Aristóteles à teologia, o que G.K Chesterton chama de “o batismo de Aristóteles”. Santo Tomás foi sempre proposto pela Igreja como mestre de pensamento e modelo do modo reto de fazer teologia . Depois de Santo Agostinho, este também um gigante do pensamento teológico, Santo Tomás é o Santo mais citado no catecismo da Igreja católica; é citado por sessenta e uma vezes.

Santo Tomás surgiu no mundo em 1225, no seio da família dos Condes de Aquino, família feudal de origem germânica e normanda, no reino de Nápoles. Ainda jovem, foi encaminhado na vida monástica, sendo enviado ao mosteiro de Monte cassino, onde receberia as primeiras instruções sobre teologia. Porém, foi em Nápoles, onde havia uma universidade fundada por Frederico II, Imperador excomungado, que aos 14 anos Santo Tomás teve seu primeiro contato com a filosofia aristotélica, filosofia esta que tornar-se-ia para o santo a filosofia por excelência.

O Doutor Angélico, como ficou posteriormente Santo Tomás, em determinado momento, sente-se de alguma forma atraído pela ordem dos Dominicanos, ordem fundada por São Domingos de Gusmão, e decide separar-se da família, pois esta o impedia de aderir ao hábito dominicano. O que o atraía nos Dominicanos era a efervescência intelectual e apostólica. Conta-se que ao dirigir-se para Paris, foi sequestrado pelos irmãos e trancafiado numa torre de castelo dos Aquino, onde seus irmãos, com o intuito de ferir-lhe o celibato, fizeram entrar na masmorra uma mulher, meretriz da época, para seduzir o Santo. Santo Tomás tomou em suas mãos um pedaço de lenha que fumegava na lareira e como quem tenta espantar lobos, expulsou a meretriz do aposento, e ao fechar a porta, traçou com a lenha fumegante o sinal da cruz na porta fechada.

Em 1245, dirige-se à paris, onde coloca-se sob a tutela intelectual de Santo Alberto Magno. À época, reinava o Jovem São Luis e estava em término a construção da catedral de Notre Dame, a qual que se tornaria a “Nova Atenas”; território dominado pelo intelecto agudíssimo dos estudantes de Paris.

G.K Chesterton escreveu uma excelsa obra biográfica de Santo Tomás de Aquino, considerado pelos grandes biógrafos de Santo Tomás, como a maior e mais eloquente obra sobre o Doctor Angelicus. Nesta obra, Chesterton relata a grande amizade que brotou em ambos os corações – de Santo Tomás de Santo Alberto Magno – pois Alberto Magno havia percebido a aguda inteligência de Santo Tomás e ousou até, quando todos o alcunhavam de “Boi mudo”, por ser Tomás extremamente silencioso, a dizer que “este boi há de mugir tão alto que assustará o mundo!” Foi o próprio Alberto magno, o conferencista e mestre erudito que começou a suspeitar do vigor pela verdade em Santo Tomás. Ele encarregava Tomás de pequenas tarefas, de anotação ou exposição depois de convencê-lo a deixar de lado o embaraço e participar de ao menos um debate. Santo Alberto havido sido convidado pelos Superiores da Ordem para fundar uma Casa de estudos teológicos, e aceitando de pronto, expôs sua única e impávida condição; levar consigo o “Boi Mudo”. Então, Tomás entrou em contato com todas as obras de Aristóteles e dos seus comentadores árabes, que Alberto ilustrava e explicava.

Santo Tomás pôs-se a estudar profundamente as obras de Aristóteles, e as traduções de seus comentadores, distinguindo nelas aquilo que era válido daquilo que era duvidoso, ou que devia ser totalmente rejeitado, demonstrando a consonância com os dados da Revelação cristã e utilizando ampla e perspicazmente o pensamento aristotélico na exposição dos escritos teológicos que ele mesmo compôs. Em última análise, Tomás de Aquino mostrou que entre fé cristã e razão subsiste uma harmonia natural. E foi esta a grande obra de Tomás, que naquele momento de desencontro entre duas culturas – naquele momento em que parecia que a fé devia render-se perante a razão – demonstrou que elas caminham a par e passo, que quanto parecia ser razão não compatível com a fé não era razão; e aquilo que parecia ser fé não era tal, enquanto se opunha à verdadeira racionalidade; deste modo, ele criou uma nova síntese, que veio a formar a cultura dos séculos seguintes.

Santo Tomás iniciou sua produção literária, quando em virtude de suas explícitas capacidades intelectuais, foi convidado a retornar á Paris, para lecionar Teologia na Cátedra Dominicana, onde floresceram de sua mente comentários à Sagrada Escritura, comentários aos escritos de Aristóteles, obras sistemáticas imponentes, entre as quais sobressai a Summa Theologiae, tratados e discursos sobre vários argumentos.

Entre 1261 e 1265, quando esteve em Orvieto, por ordem do papa Urbano IV (que nutria grande estima pelo Santo), Santo Tomás compôs hinos para festa de Corpus Christi, em honra à Sagrada Eucaristia, hinos estes que são verdadeiras obras primas cujas belezas em forma de melodias musicais e letras de refinado teor impulsionam a alma em direção ao Céu ; exemplo destes hinos é o hino Panis Angelicus, que tornou-se apresentação obrigatória em grandes eventos de música erudita. (veja o Vídeo).


Outra obra prima voltada para a adoração Eucarística é o hino Adoro te Devote, composto também a pedido do papa Urbano IV, após a promulgação da bula “Transiturus”, que institui a festa de Corpus Christi. (Veja o vídeo)



Os pensamentos de Santo Tomás foram tão marcantes para a Igreja, que fala-se que no Concílio Tridentino, nas sessões conciliares, ao lado da Sagrada Escritura encontrava-se aberta e amplamente consultada a Suma Teológica, obra que o consagrou como “O Teólogo por excelência”.

Após algumas décadas em desuso, o Papa leão XIII, através da encíclica Aeterni patris suscitou a necessidade de voltar-se à Santo Tomás, para opor-se aos erros de uma época dominada por erros doutrinais e filosóficos, o que ficou conhecido com Tomismo Leonino.

Embora fosse possuidor de uma capacidade intelectual singular e fosse absurdamente culto, Santo Tomás tinha em iguais de grandezas uma humildade e simplicidade evangélicas. O papa Bento XVI relembra essa qualidade em seu discurso na Assembléia geral em 02/06/2010: “os últimos meses da vida terrena de Tomás permanecem circundados por uma atmosfera particular, diria misteriosa. Em Dezembro de 1273 ele chamou o seu amigo e secretário Reginaldo para lhe comunicar a decisão de interromper todos os trabalhos porque, durante a celebração da Missa, tinha compreendido, a seguir a uma revelação sobrenatural, que tudo aquilo que tinha escrito até então era apenas "um monte de palha". É um episódio misterioso, que nos ajuda a compreender não só a humildade pessoal de Tomás, mas também o facto de que tudo o que conseguimos pensar e dizer sobre a fé, por mais elevado e puro que seja, é infinitamente ultrapassado pela grandeza e pela beleza de Deus, que nos será revelada plenamente no Paraíso.”

Santo Tomás de Aquino Morreu enquanto se encaminhava para o Concílio ecumênico de Lião em 7 de março, em Fossanova, concílio esse convocado pelo Papa Gregório X. Deixou a terra ainda em ebulição reflexiva e contemplativa, e foi canonizado pelo Papa João XXII, e hoje é um dos Santos mais venerados da Igreja e inspiração salutar para todos os teólogos e amantes dos livros.

Santo Tomás de Aquino, rogai por nós!

Breve lição de história ao deputado Jean Wyllys: A Igreja Católica e a escravidão

 Prof. Dr. Ricardo da Costa*

Vivemos em uma época conturbada. Qualquer coisa afirmada levianamente ganha auréola de verdade. Por exemplo, recentemente, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) disse que sessenta por cento dos congressistas brasileiros utilizavam serviços de prostitutas e que, por isso, eles gostariam de gozar essa atividade em “locais mais seguros”. Conclusão: para o deputado, deveríamos regulamentar a vida das meninas. Rapidamente a notícia ganhou as manchetes dos jornais. Contudo, dias depois, Wyllys voltou atrás – em uma matéria infinitamente menor, claro: baseou sua afirmação em sua “percepção da sociedade brasileira”, e que, de fato, desconhecia casos de pagamento de prostitutas por colegas.

Bem, cito o deputado do PSOL porque o próprio se valeu de um trecho de uma mensagem do papa Bento XVI no XLVI Dia Mundial da Paz para mais uma de suas afirmações bombásticas. O papa defendera a “estrutura natural do matrimônio” – a união entre um homem e uma mulher – quando negou que quaisquer outras formas radicalmente diversas de união fossem igualmente consideradas, pois elas “prejudicam, desestabilizam e obscurecem a função insubstituível do casamento”. Fazer essa equiparação constituía uma “ofensa contra a verdade da pessoa humana e uma ferida grave infligida à justiça e à paz”. Parafraseando o papa, o deputado afirmou que “ferida grave infligida à justiça e à paz foi a escravidão de negros africanos apoiada pela Igreja Católica”.

Nesse caso, Jean Wyllys não está só. Essa é uma das acusações costumeiras que costumam ser feitas à Igreja. Teria ela, segundo seus detratores, apoiado o sistema escravocrata, especialmente o ocorrido na África no período moderno (séculos XVI-XIX). Isso é verdade? Não. A verdade é exatamente o contrário disso. Vamos (mesmo que brevemente) aos fatos?

Na Bíblia há várias passagens relativas a escravos (especialmente o Antigo Testamento). Quase sempre são prescrições atenuantes. Por exemplo: não se deve enganar um escravo, nem utilizá-lo em tarefas degradantes ou serviços desnecessários; ao escravo é reservado o dia de descanso (sábado). Em resumo: apesar de reconhecer a escravidão, a religião a atenuava. Essa foi basicamente a herança do mundo antigo no que diz respeito aos preceitos religiosos.

Com a ascensão social e política da Igreja na Idade Média e a consequente cristianização das monarquias, a pressão a favor dos pobres, das mulheres e dos escravos tornou-se maior. Por exemplo, uma lei do século VI (sob influência da Igreja) afirmava que nenhum escravo poderia ser preso caso estivesse em um altar católico: seu dono deveria pagar uma pesada multa caso fizesse isso. Nesses séculos conhecidos pelos especialistas como Alta Idade Média (V-X) o Catolicismo que se difundiu na Europa pressionou aquelas sociedades a considerar a escravidão algo ultrajante aos seres humanos, já que, pela fé em Jesus Cristo, somos todos filhos de Deus (Gl 3:26).

Apesar disso, a escravidão só lentamente diminuiu – para dar lugar, pouco a pouco, à servidão. Com ela, a dignidade humana estava muito acima da escravidão. Nessa, o escravo era uma coisa que falava; naquela, o servo tinha deveres (e muitos!) – mas também direitos (como, por exemplo, a inalienabilidade da terra).

Mas os homens são dificilmente civilizados (e com revezes regulares). Mesmo com a pregação regular da Igreja, na Europa medieval a escravidão continuou tão comum que teve que ser reiteradamente condenada por ela (Concílios de Koblenz, em 922, de Londres, em 1022, e no Conselho de Armagh, ocorrido na Irlanda em 1171). Naquele Concílio de Londres, por exemplo, foi decidido: “Que futuramente, na Inglaterra, ninguém queira entrar naquele comércio nefasto no qual estavam acostumados a vender homens como animais irracionais” (artigo 27).

O problema era que as antigas leis romanas, e seu código civil, reorganizado nos anos 529-534 pelo imperador bizantino Justiniano I como Corpus Iuris Civilis (Conjunto do Direito Civil), regulamentavam a escravidão. Segundo ele, embora o estado natural da Humanidade fosse a liberdade, os direitos dos povos poderiam, no entanto, substituir a lei natural e escravizar pessoas. Basicamente um escravo era: 1. alguém cuja mãe era escrava, 2. qualquer pessoa capturada em batalha, 3. qualquer um que se vendeu para pagar uma dívida (fato comum nos primeiros séculos medievais).

Com a ascensão do Cristianismo, o direito também se cristianizou. Os advogados medievais, a partir do século XI, chegaram à conclusão que a escravidão era contrária ao espírito cristão. Isso para cristãos (e que não me venha nenhum fariseu acusar a Igreja de não legislar para não cristãos). Em contrapartida, por exemplo, foi o Islã quem difundiu largamente a escravidão. Vejamos isso com mais pormenor.

Começo com uma citação do grande historiador Fernand Braudel (1902-1985): “O tráfico negreiro não foi uma invenção diabólica da Europa. Foi o Islã, desde muito cedo em contato com a África Negra através dos países situados entre Níger e Darfur e de seus centros mercantis da África Oriental, o primeiro a praticar em grande escala o tráfico negreiro (...). O comércio de homens foi um fato geral e conhecido de todas as humanidades primitivas. O Islã, civilização escravista por excelência, não inventou, tampouco, nem a escravidão nem o comércio de escravos”.

Aqui chegamos à escravidão negra. Muitos séculos ANTES da chegada dos brancos europeus à África, tribos, reinos e impérios negros africanos praticavam largamente o escravismo, exatamente como os berberes (e demais etnias muçulmanas). Os europeus do século XVI tinham verdadeiro pavor de deixar o litoral ou mesmo desembarcar de seus navios e avançar para longe da costa e capturar escravos. Estes eram trazidos pelos próprios africanos, que tinham grandes mercados espalhados pelo interior do continente, abastecidos por guerras entre as tribos, ou mesmo puro sequestro. Isso pode ser facilmente comprovado, por exemplo, com a descrição do império de Mali feita pelo cronista muçulmano Ibn Batuta (1307-1377), um dos maiores viajantes da Idade Média, e o depoimento de al-Hasan (1483-1554) sobre Tumbuctu, capital do império de Songai. Ademais, havia tribos africanas que praticavam sacrifícios humanos, naturalmente de escravos. Às vezes, para interromper a chuva, mulheres negras (e escravas) eram crucificadas.

Entrementes, a Igreja Católica, reiteradamente, condenava a escravidão. Há inúmeras bulas papais a respeito: Sicut Dudum (1435) – Eugênio IV manda libertar os escravos das ilhas Canárias; em 1462, Pio II instrui os bispos a pregarem contra o tratamento de escravos negros etíopes, e condena a escravidão como um tremendo crime; Paulo III, na bula Sublimus Dei (1537) recorda aos cristãos que os índios são livres por natureza (isto é, ao contrário dos negros, eles não praticavam a escravidão); em 1571 o dominicano Tomás de Mercado declarou desumana e ilícita a escravidão; Gregório XIV (Cum Sicuti, de 1591) e Urbano VIII (Commissum nobis, de 1639) condenaram a escravidão.

Paro no século XVII. Há muito mais. Mas qual é o resumo da ópera? Devemos estudar o passado, não inventá-lo.

*Medievalista. Professor efetivo da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Site: www.ricardocosta.com

fonte: http://contraimpugnantes.blogspot.com.br

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Sou gay e francesa: Não quero matrimônio nem adoção homossexual

 Nathalie de Williencourt é uma lésbica francesa e uma das fundadoras de Homovox, uma das maiores associações de gays da França. À diferença do que afirmam certos meios de imprensa, considera que a maioria de homossexuais, incluindo ela mesma, não querem nem o matrimônio nem a adoção de crianças e estão em desacordo com o projeto de lei do presidente François Hollande de legalizar ambas práticas.

Em uma entrevista concedida no dia 11 de janeiro ao site de notícias italiano Tempi.it, Nathalie assinalou que "o casal homossexual é diferente do heterossexual por um mero detalhe: não podemos dar origem à vida".

Williencourt afirmou com claridade: "sou francesa, sou homossexual, a maioria dos homossexuais não querem nem o matrimônio, nem a adoção de crianças, sobre tudo não desejamos ser tratados do mesmo modo que os heterossexuais porque somos diferentes, não queremos igualdade, mas justiça".

A líder gay assinalou ainda que os próprios homossexuais "acreditam que as crianças têm direito a ter um pai e uma mãe, possivelmente biológicos, que possivelmente se amem. Uma criança que nasce do fruto do amor de seu pai e de sua mãe tem o direito de sabê-lo. Se os casais homossexuais adotarem crianças que já estão privadas de seus pais biológicos, então (as crianças) estariam sem um pai e sem uma mãe pela segunda vez".

"Os casais heterossexuais estão esperando anos para poder adotar uma criança, e corre-se o risco que muitos países não permitam mais adoções a cidadãos franceses se esta lei for passada, já que países como a China e outros da Ásia contam com procedimentos que excluem casais do mesmo sexo".

"Isto significaria fazer que a adoção por casais conformados por um homem e uma mulher seja ainda mais difíceis", acrescentou Williencourt.

A porta-voz do Homovox considerou logo que a família, constituída sobre o matrimônio entre um homem e uma mulher, é a base para a paz.

"A paz se constrói na família e para ter paz na família é necessário dar às crianças a imagem mais natural e mais segurança infunde para crescer e chegar a ser grande. Quer dizer, a composição clássica de homem e mulher".

Williencourt denunciou logo que "na França nos censuram (Homovox.com). Escuta-se sempre o lobby dos ativistas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) que sempre falam nos meios, mas a maior parte dos homossexuais estão irritados pelo fato de que esta organização faz lobby em nosso nome. Nós não votamos por eles para que nos representem".

Nathalie explicou que os membros do lobby gay já têm uma ferida em relação à sua própria homossexualidade "porque não a aceitam, reivindicam ser como os heterossexuais. Em vez disso nosso movimento reivindica que os homossexuais sejam tratados de modo distinto que os heterossexuais porque somos diferentes".

"Não podemos pedir igualdade para situações que são diferentes. Não é a igualdade o que é importante, mas a justiça. É uma desigualdade justa e uma igualdade injusta", precisou.

Sobre sua oposição e a de toda sua associação ao projeto de lei impulsionado pelo presidente Hollande, Nathalie Williencourt disse que "eu e meus amigos gays não podemos ser acusados de homofobia, por não permitir a lei".

O que solicitam, explicou, é "um diálogo entre Hollande e o povo, porque ele tinha prometido que não ia aprovar uma lei à força se os franceses não estavam de acordo. Esperemos que se abra o diálogo com os Estados Gerais sobre o matrimônio e um referendum para consultar todos os cidadãos deste tema".

Homovox é a associação que reúne a maioria de homossexuais na França. A associação foi uma das organizações gays que marcharam pelas ruas de Paris no dia 13 de janeiro junto a mais de um milhão de pessoas em defesa do autêntico matrimônio.

O Bem e o mal

 Escrito por Diogo Pitta

Recentemente foi-me imposto um questionamento bastante plausível por um ente muito querido. Conversávamos sobre a existência de pólos diametralmente opostos de natureza do ser, sobre se há no mundo a bipolaridade bem x mal, e se cabe supor que há homens maus ou se há homens bons.

Bem, o que me foi proposto é que todos os homens, essencialmente podem ser bons, se induzidos a isso, e maus se forem igualmente tentados, e isto está correto ao que me parece. Porém, a colocação de tal questão não exclui em absoluto a existência das polaridades “bem e mal”, uma vez que um homem induzido ao mal, incorrerá em práticas essencialmente más e um homem que for conclamado às boas práticas incorrerá em práticas essencialmente boas.

Como poderíamos ignorar a existência de um embate, seja ele material ou metafísico entre bem e mal, quando a existência destas duas realidades configuram-se como talvez as únicas entidades comprováveis às nossas limitadas visões? Como ignorar, por exemplo, a diferença abissal entre a maestria com que exercia Stalin suas habilidades assassinas ao aniquilar de fome 3 milhões de pessoas na Ucrânia com a penetrante e expansiva caridade franciscana? Como poderíamos ignorar a diferença entre o martírio exercido pelos cristãos, e o martírio exercido pelos islâmicos?

Ora, existem sim, o bem e o mal e estão em pólos opostos e constantemente em luta. A Teoria filosófica chinesa nos aponta que o bem e o mal equilibram-se pela primeira lei do I-ching; princípio de que nada se perde, tudo se transforma. Existe uma segunda lei do I-Ching, que diz que tudo muda, menos a primeira lei. Ora se tudo muda, menos a primeira lei, logo a segunda lei, que diz que tudo muda menos a primeira lei, também muda, o que torna a primeira lei mutável, logo o argumento de que tudo muda é incoerente, fazendo com que haja o mal e o bem, distintamente.

A Filosofia escolástica, mais especificamente Santo Tomás de Aquino, afirma que  a existência do mal é resultado ausência do Bem supremo que é o próprio Deus. Definitivamente creio nisso!

Tomemos o exemplo de como as doutrinas atéias foram responsáveis por banhar de sangue o solo do mundo:

Em 1848 surgia no mundo do pensamento, como que de uma indução maligna, a ideologia ateia de Karl Marx, o pensamento marxiano, o comunismo. Após uma série de desdobramentos históricos, em 1917 ocorreu a ascensão dos bolcheviques na Rússia, e após alguns anos estava instalada a ditadura do proletariado, “profetizada” por Marx e levada à prática por Lênin. Com a Morte de Lênin, subiu ao poder Joseph Stalin, cujo seus primeiros atos no comando da URSS foi aniquilar fisicamente membros do próprio partido, supostamente oposições dentro do Partido Comunista. Stalin tornou-se (mesmo que professores de história de orientação marxista façam questão de minimiza-lo) a máquina mais sanguinária que a humanidade já conheceu, fazendo com que o comunismo fosse responsável por alcunhar ao século XX, o que para os historiadores sérios ficou conhecido como o “século de sangue”. O Comunismo matou mais de 300 milhões de pessoas!

Como ignorar  por exemplo a existência de uma polaridade entre Stalin, com o que seria – embora existam muitos exemplos no Cristianismo e mesmo que extemporâneo - seu pólo oposto São Pio de Pietrelcina? Ou até mesmo com outros exemplo fora do Cristianismo como Mahatma Ghandi? Poderiam objetar que são fatos isolados, porém, podemos citar mais uma gama de exemplos destas oposições de polaridades, como São Maximiliano Kolbe x Mao Tsé Tung; São Francisco de Assis x Pol pot, enfim, de um lado máquinas sanguinárias e implacáveis, e de outro ícones da caridade e da renúncia de si mesmos em prol de outros, seguindo a máxima evangélica imposta por Cristo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Ora, além do mais atrás destas máquinas de matar pessoas, existem sempre uma infinidade de pessoas que os apoiam e ajudam a sustentar suas causas, logo, possuem a mesma orientação.

Devem, por certo, me questionar: “Por que citar as doutrina atéias?” Respondo: por que “coincidentemente” as doutrinas atéias foram as que mais derramaram sangue inocente em toda a história da humanidade. Lembremo-nos de Santo Tomás de Aquino que disse que a existência do mal é resultado ausência do Bem supremo que é o próprio Deus. Assim como a existência do frio pode ser verificada a partir da ausência do Calor, a existência do Mal é evidenciada pela ausência do bem, que para Santo Tomás, é o Sumo-bem, que é Deus. Pressupõe-se que a existência de um ente que tenha pensado a humanidade acarrete a existência de uma norma moral. Por exemplo: Os fabricantes de computadores, antes de fabricá-los, tiveram que conceber a idéia dos computadores em suas mentes, para tanto, algumas regras da eletrônica, da física e da matemática tiveram de ser seguidas, caso contrário, se não houvesse sequer regras de montagem, os computadores não existiriam a não ser na mente de quem o pensa. Logo, subentende-se que admitir a existência de um Ser cujo pensamento precedesse a existência do homem incorreria na admissão de que há uma norma moral que permite nossa existência e a sustenta. 

Além do mais, é incoerente dizer que Deus não existe por existir o mal no mundo, pois se se admite que existe o mal, invariavelmente admite-se que existe o bem, e se existe o bem, há uma ordenação no cosmos para tal, e esta ordenação não se cria a si mesma, pois nada pode criar-se a si mesmo, então só nos resta afirmar que existe uma Mente criadora primeira que dá ordem à todas as coisas. Ora se existe Bem, existe o seu oposto, o mal. 

A revelação Cristã nos deu a certeza de que o mal surgiu no mundo com a soberba de Lúcifer, o que de fato não se afasta da concepção filosófica escolástica do mal, por que a partir do momento em que a soberba aflorou em lúcifer, anjo até então belo e luminoso, o Sumo-Bem (Deus) deixou de habita-lo e este mergulhou-se nas trevas do mal, tornando-se ele mesmo o próprio mal, abandonando a Luz do Bem. Lúcifer é o anjo sem Deus, assim, como Stalin era o homem sem Deus. 

Um pensamento filosófico moderno que nos ajudar a entender a existência do mal no mundo e do ateísmo é o de Friderich Wlhelm Nietzsche, em assim falou Zaratustra: “ Se os deuses existissem, como suportaria eu não ser um Deus, logo deuses não existem!”

Ou seja, por trás da conduta religiosa ateísta, esconde-se uma vontade atávica de ser Deus de si mesmo; “Imaginem só, o quão limitador seria ter um Deus” pensa um ateísta; pois a limitação de ter um Deus que nos tenha pensado de uma maneira, é a mesma limitação de quem admite a existência da verdade como norma. Na verdade, afirmar que não há homens bons ou maus, ou que não há a existência do bem e do mal como polos distintos e antagônicos, ou que o bem e o mal se equilibram  não é uma forma de relativismo? Será que relativizar Deus, ou sua existência, ou a existência do Summon Bonum não é o mesmo que negar a existência deste, pois pressupõe-se que Deus é absoluto e relativizar o absoluto não é mesmo que nega-lo?

Um fato é inegável historicamente: Quanto mais a humanidade afasta-se de Deus e de suas normas, mas ela se degrada; quanto mais nos afastamos do calor, mais fica clara a diferença e oposição entre frio e quente; quanto mais nos afastamos da luz, mais clara fica  a oposição e diferença entre claro e escuro; quanto mais nos afastamos do bem, mais próximos estamos do mau; quanto mais nos afastamos de Deus, mais nos assemelhamos a Lúcifer, outrora anjo luminoso, porém que deixou a escuridão da soberba, e da vontade de ser Deus o afastarem do Sumo - Bem

Escrito por Diogo Pitta

Defesa da vida - Elba Ramalho revela perseguição sofrida pelo PT


Abortos Ocultos


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Números gayzistas

por Bruno Braga | 14 Janeiro 2013

No dia 10 de janeiro a Folha de São Paulo publicou um levantamento realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB): 336 gays, lésbicas e travestis foram assassinados em 2012 – dado que significa um homicídio a cada 26 horas [1].

O propósito do movimento gayzista [2] é demonstrar que existe uma matança generalizada de homossexuais no país e, consequentemente, provar que o Brasil é um país “homofóbico”. A exposição dos dados – estabelecendo a relação homicídio/tempo – não é por acaso – é um formato que sensibiliza o público em geral, e também o leitor da reportagem. Mas, será que existe, realmente, este banho de sangue gay?

Seria prudente analisar os números do Grupo Gay da Bahia e os critérios adotados para a pesquisa. Mas, que se dê um crédito à organização: 336 gays, lésbicas e travestis foram assassinados em 2012. Acontece que, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2012), 45.308 pessoas foram assassinadas em 2011 [3]. Adotando a forma expositiva do GGB, o homicídio no Brasil produz 5 cadáveres por hora. Portanto, estabelecer o comparativo – 336/45.308 – é uma obscena falta do senso das proporções.

Ademais, qual foi a motivação dos assassinatos daqueles homossexuais? Foi uma motivação “homofóbica”, quer dizer, os homossexuais foram assassinados por pessoas perturbadas que têm ódio mortal contra os homossexuais? Quando a questão foi colocada para Dudu Michels, analista responsável pelo material gayzista, ele imediatamente respondeu: “quando o movimento negro, os índios, ou as feministas divulgam suas estatísticas, não se questiona se o motivo foi racismo ou machismo”. Bom, se a questão sobre a motivação dos crimes não é posta para outros movimentos e grupos, é um grave equívoco, porque a motivação é elemento caracterizador do preconceito e da discriminação. Mas, o erro com relação aos outros não desobriga o Sr. (ou Sra.) Michels, que deve sim responder sobre a motivação dos crimes contra homossexuais, para fundamentar o alarde contra a suposta homofobia. Um caso pode esclarecer a necessidade desta obrigação.

Em 2011 um ativista do movimento gay noticiou o seguinte: “O dia de hoje foi atípico. Sentimento de dor, perda, injustiça. Na noite de ontem, mais um jovem gay assassinado no Brasil. Dessa vez, em São João del-Rei/MG. Um jovem de 18 anos perde a vida de forma brutal e injusta. No velório amigos, família e comunidade. Um só discurso: foi injusto, queremos justiça”.

Este homicídio entraria automaticamente nas estatísticas do Grupo Gay da Bahia. Mas, qual foi a motivação do crime? Foi por ódio contra homossexuais? “Homofobia”? O próprio texto esclarece a dúvida:

“Até que a Polícia Civil investigue e conclua o inquérito o que se tem como certo é um jovem gay assassinado pelo próprio companheiro por não aceitar o término do relacionamento conturbado dos últimos meses” (o destaque é meu) [4].

Um homossexual assassinou outro homossexual. Quantos casos semelhantes a este compõem os dados apresentados pela militância gayzista? A julgar pela experiência do delegado Marcelo Falcone – que trabalhou na Delegacia Especializada em Crimes Homofóbicos em João Pessoa – não são poucos. Ele observa que em muitos casos os autores dos homicídios são acompanhantes das vítimas: “Isto acontece muito entre os homossexuais do sexo masculino que contratam garotos de programa. Existe um preconceito muito grande porque esses rapazes não se sentem gays” [5]. Ou seja, são gays matando gays.

A propósito, em 2010, Marcelo Cerqueira – membro do Grupo Gay da Bahia – afirmou que a maioria dos crimes de ódio e assassinatos de homossexuais era promovida por garotos de programa [6].

O artigo da Folha de São Paulo ainda apresenta as considerações de um “especialista”. Luiz Mott - “decano” do movimento gayzista no Brasil [7] – assume a autoridade de um “antropólogo” e afirma: 99% dos homicídios listados pelo GGB – entidade da qual é presidente – é de natureza “homofóbica”. Porém, Luiz Mott acrescenta à “homofobia” uma série de categorias – “individual”, “cultural”, e “institucional” –, ampliando de tal modo o seu significado, que qualquer violência praticada contra o homossexual, e qualquer sofrimento ou dor dele, torna-se “homofobia”. Um caso explícito de manipulação conceitual.

O “antropólogo” e líder gayzista observa que o número de casos deve ser ainda maior, porque muitos não são conhecidos. Mas, se os casos não são conhecidos, como ele pode dizer que existem mais? Ora, Luiz Mott tem o dom de transformar uma hipótese em realidade concreta.

Enfim, a pesquisa do Grupo Gay da Bahia é mais uma peça panfletária produzida pelo movimento gayzista. Instrumento fraudulento de promoção política, mecanismo para reivindicar privilégios e realizar uma obscura engenharia social. 

Notas:

[1]. Cf. Folha de São Paulo, 10 de Janeiro de 2013 [http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1212866-um-homossexual-e-morto-a-cada-26h-no-brasil-diz-grupo-gay.shtml].

[2]. Observar a diferença entre o homossexual e o movimento gayzista. Este último é a transformação da sexualidade em princípio de organização política e de promoção de engenharia social.

[3]. Cf. Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2012, Tabela 10, p. 28. [http://www2.forumseguranca.org.br/node/32131].

[4]. Cf. [http://carllosbem.blogspot.com.br/2011/07/perdemos-mais-um-jovem-gaye-podemos.html]. E o narrador ainda revela: “Pude ver um adolescente gay de 15 anos chorando copiosamente porque também está sendo ameaçado de morte pelo assassino que continua solto pelas ruas da cidade”.

[5]. Cf. G1, 26 de Agosto de 2011. [http://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2011/08/paraiba-tem-12-assassinatos-por-homofobia-em-2011-diz-levantamento.html].

[6]. Cf. Mix Brasil, 2005. [http://mixbrasil.uol.com.br/print/NjYzNjA].

[7]. Sobre Luiz Mott, Cf. BRAGA, Bruno. “A vanguarda gayzista” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/05/vanguarda-gayzista-1.html]; “Os herdeiros de Kinsey” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/01/os-herdeiros-de-kinsey.html].

http://www.midiasemmascara.org

sábado, 5 de janeiro de 2013

Deus, a verdade e o homem

 Não é espantoso observar que as filosofias modernas, ainda que prometam a liberdade, neguem o indivíduo?

 Ao perder a fé em Deus e Jesus Cristo, o Ocidente não está apenas se degenerando. Está literalmente enlouquecendo.

Escrito por Leonardo Bruno

Dentre tantas questões da nossa época, encontradas na filosofia e em muitas perspectivas políticas, há três grandes revoltas da modernidade: a revolta contra Deus; a revolta contra a verdade; e a revolta contra o homem.

Revela-se no Ocidente a revolta contra Deus. As ideologias políticas e certas escolas filosóficas excluem Deus da história e do universo moral, político, ético e existencial do homem. O elemento da moda difundida nas universidades, na mídia e na opinião pública em geral é o materialismo e o ateísmo. Nestas teorias, o homem não precisa mais da realidade transcendente. Ele se basta a si mesmo.

A velha Europa destronou o fundamento histórico, moral e simbólico do Cristianismo nas instituições. Grupos fanáticos de militantes secularistas e esquerdistas se revoltam contra símbolos religiosos e contra a imagem maior da cruz em várias nações do mundo. A manifestação da fé cristã é hostilizada e marginalizada, senão criminalizada. Na Suécia chegou-se ao cúmulo de falar do Natal nas escolas excluindo o nome de Jesus Cristo. O nome do menino Jesus incomoda muitos. Na lógica deles, a religião deve ser extirpada da vida pública. O único mundo a ser valorizado é o terreno, o material, o temporal.

Por outro lado, há o sacrifício da verdade. É um lugar comum afirmar que a verdade não mais existe. Ou que ela é uma ilusão dos filósofos antigos e medievais. Há, ainda, pessoas que afirmam ser a verdade "intolerante", geradora de ódios e fanatismos. Em nome da tolerância, que tal abolir a idéia da verdade? Cada pessoa terá sua idéia, sua moral e seu fundamento e ninguém incomodará a outra com seus pensamentos. O relativismo, contraditoriamente, é o dogma da modernidade, a falsa verdade absoluta disfarçada de negação de todas as verdades.

Por fim, o homem é diminuído. As filosofias que negam a existência de Deus e da verdade, negam também a dignidade humana. A sacralidade da vida humana é relativizada. Neste prisma, o ser humano não passa de um composto químico orgânico, de um animal mais evoluído. Não há nenhuma questão substancialmente distintiva em relação às outras espécies. Como ser apenas biológico, um dia morrerá e sumirá. Na verdade, o homem é considerado mero produto da matéria, uma insignificante engrenagem que faz parte de um todo abstrato, porém onipotente, chamado "natureza", com suas forças irracionais e impessoais. Sua inteligência e sua razão são impotentes para enfrentar ou compreender as circunstâncias pelas quais vive.

Não é espantoso observar que as filosofias modernas, ainda que prometam a liberdade, neguem o indivíduo? A própria individualidade não passa de um efeito acidental das circunstâncias. Ela é sempre produto do meio, da genética, da sexualidade, das forças de produção econômica, da coletividade, da estrutura cultural, social e política ou da matéria. Em outras palavras, o homem não é livre. Sua liberdade e existência perdem-se num complexo arbitrário de fatores que não consegue perceber conscientemente. O homem é considerado figura amorfa de mais variados determinismos. Contudo, essa perspectiva tem uma contradição fatal: só os seus defensores conseguem perceber conscientemente essas influências. O que, na prática, confirma categoricamente a autonomia da consciência.

A consequência da negação de Deus na história é a negação da unidade existencial do homem como ser revestido de essência. Se a moral, a cultura, as idéias, o acúmulo de conhecimentos, a filosofia, o direito e a própria história são apenas meros fragmentos existenciais dos homens que não se comunicam entre si, logo, essa realidade histórica vivida pela espécie humana não possui unidade, nem coerência. Para quê guardar o passado, se a vida só é eterno presente, eterna temporalidade? Para quê preservar a civilização, se ela não tem continuidade em seus legados? Se não há Deus na história, toda a moral, todo o conhecimento e toda a civilização se diluem em caprichos e paixões irracionais de uma época. A realidade ontológica do homem na história se perde num emaranhado de existências sem qualquer propósito, sem qualquer correlação, sem qualquer nexo de causalidade.

Não é por acaso que o senso de moralidade definhou muito no século XX. A realidade dos campos de extermínio nazistas ou dos gulags soviéticos é a lógica elementar de uma moral utilitária, que não obedece a valores perenes, mas sim a circunstâncias e desvarios políticos. Sem a dignidade inata do homem, sem a lei natural e a transcendência, o indivíduo pode perfeitamente ser uma cobaia de um experimento social ou vítima do extermínio. O propósito de sua existência não é intrínseco à transcendência ou permanência. Depende dos caprichos de uma época, das convenções do momento, das paixões e opiniões massificadas de uma ideologia ou credo político.

Falou-se de transcendência. Sem ela, o homem não tem a perspectiva adequada para hierarquizar os valores e as relações das coisas no universo. Não tem a faculdade nem mesmo de pensar na ciência. Até porque as noções de ato, potência, da causalidade e seus efeitos não podem ser compreendidas dentro de uma ordem arbitrária e irracional. A confusão mental da atualidade é crer que a ciência possa substituir a filosofia, a metafísica, a teologia e outras demais formas de conhecimento. Na prática, a própria ciência se autodestrói. Vira um mito, uma mistificação esotérica.

E a abolição da verdade? É surpreendente pensar que os intelectuais, filósofos e ativistas queiram revogar a distinção básica entre verdade e erro, quando na prática, não conseguem desvinculá-la do dia a dia. É possível viver sem confiar na verdade? É possível fundamentar qualquer tipo de conhecimento no ceticismo e no agnosticismo absolutos? É possível viver sem confiança? Imaginemos uma pessoa não confiar no seu vizinho, no que lê, no que faz ou no que acredita? Isso é humanamente possível sem causar degeneração na consciência? A própria pregação em favor do ceticismo e agnosticismo absolutos implica uma crença numa verdade, ainda que contraditoriamente a negue. De fato, os céticos confiam demais no seu ceticismo, ainda que seu método, na prática, possa entrevar o raciocínio. É um estranho excesso de fé no nada. A negação prévia da verdade pode se tornar negação também da realidade. O cético, como um sofista, nega a verdade pela inépcia ou pela covardia de buscá-la.

Aristóteles já dizia que uma das faculdades mais profundas do homem é o saber. O saber que nasce de um assombro, de uma contemplação da realidade ao seu redor. Toda filosofia de ceticismo é uma negação do assombro pela indiferença. A negação da verdade e o relativismo implicam transformar todo o conhecimento humano numa mentira conveniente. Então, não haverá verdades propriamente ditas, mas disputas retóricas falaciosas e facciosas. Na lógica do relativismo, convencer alguém é mentir melhor do que o outro. Entretanto, será que alguém vive na mentira? Será possível a mentira viver substancialmente na realidade, já que ela pertence a um não-ser, a algo inexistente? Se a mentira conveniente do relativismo fundamenta o discurso moral, político e filosófico, o que se pode esperar disso?

Se ninguém tem compromisso com a verdade, o que resta é a imposição da mentira. Numa situação como esta, qualquer compromisso moral de honestidade já foi jogado na lata do lixo. Se há algo que se pode concluir de uma boa parte das filosofias modernas é a mentira sistematizada, consciente. Dentro do maior século da mentira, o século XX.

Tal sintoma não apenas gera desprezo pela verdade. A consequência mais grave é o ódio até pela realidade. Variados grupos políticos propõem uma modificação radical da realidade, pelos desvarios tirânicos de suas ideologias. Grande parte dos regimes totalitários do século XX tinham este objetivo.

As loucuras atuais do politicamente correto e da engenharia social, visando remodelar comportamentos e pensamentos, são elementos nada desprezíveis do desprezo pela realidade. Uma questão é bastante clara: a realidade não pode ser apagada. No mínimo, negada. No máximo, destruída. E mesmo assim existirá, sob escombros.

O Cristianismo é um das poucas sólidas referências em um mundo cada vez mais confuso, perdido, dominado por credos perversos ou ceticismos vazios. Ao perder a fé em Deus e Jesus Cristo, o Ocidente não está apenas se degenerando. Está literalmente enlouquecendo. A ditadura do relativismo desumaniza o homem. Rebaixa as instituições e a moral. Contamina a verdade de falsidades. Destrona Deus e absolutiza a natureza e o Estado.

Sem Deus, o homem perde o senso da ordem da natureza e a noção da dignidade intrínseca que possui no universo. Sem a verdade, deixa de conhecer a realidade e se perde na escuridão e ignorância. Ou, na pior das hipóteses, enlouquece. E o caminho de tudo isso é a despersonalização, a morte e o aniquilamento. Eis o abismo que espera o Ocidente.

extraído de http://www.midiasemmascara.org