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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A natureza sacrifical da Missa à luz do Antigo Testamento

Sabemos que os ritos judaicos do Antigo Testamento simbolizavam as realidades vindouras da Nova Aliança. Assim, Cristo é chamado de Cordeiro pascal. Para entender bem isso, é preciso voltar aos tempos do Antigo Testamento. Desde os tempos antigos que os homes dos diversos povos oferecem sacrifícios (cruentos ou não) às suas divindades, para obterem favores e para reconhecerem o senhorio das mesmas divindades. Um tipo de sacrifício bastante comum era o sacrifício de animais, dado muito desses povos serem essencialmente pastoris: o oferecimento de parte do rebanho significa o reconhecimento de que deviam aqueles bens que os sustentavam a Deus.

Entre os hebreus, o sacrifício de cordeiros, bodes, touros, etc, já era comum na época dos Patriarcas. Contudo, após o Exôdo, Deus por meio da revelação instituiu sacrifícios, ritos e um sacerdócio regulamentado e institucionalizado. A razão é que estes ritos simbolizariam melhor as realidades sobrenaturais. No sacrifício dos animais, o homem “passava” seus pecados para o animal a ser sacrificado, simbolizando que seus pecados deviam “morrer” junto com a vítima imolada no altar. Mas certamente o rito mais significativo era o do Cordeiro Pascal. O Cordeiro pascal era sacrificado e sua carne deveria ser consumida completamente. Nos ritos antigos, para que o fiel pudesse se unir, entrar em comunhão com a oferenda do altar, deveria comer da carne oferecida. É nesse sentido que São Paulo advertia sobre o fator pecaminoso de se comer carnes oferecidas aos ídolos, pois seria como comungar de uma oferenda a um falso deus. O Cordeiro pascal representava a libertação do povo de Israel da escravidão do Egito e relembrava a Aliança de Deus com o povo eleito.

A Missa é a Páscoa verdadeira e definitiva, não simbólica como a Páscoa hebraica. Pelo sacrifício pascal de Cristo fomos libertos da escravidão e corrupção do pecado. Tal como o animal do Antigo Testamento, Cristo "tomou sobre si nossos pecados" para que com sua morte na Cruz nos redimisse de nossas culpas. Hoje em dia muitas vezes lembra-se apenas do caráter de Ceia da Missa. Fala-se muito da Última Ceia de Jesus com seus Apóstolos. De fato, ceando com seus apóstolos o Senhor instituiu a Missa, o sacrifício da Nova e Eterna Aliança. Mas convém lembrarmos que não era uma ceia ordinária, uma refeição comum. Era uma ceia sagrada, um banquete sacrifical, todo regido por cerimônias especiais e atos sagrados e de culto. Se comemos da carne de Cristo, é para entrarmos em comunhão com a oferenda que foi sacrificada no altar. O aspecto mais importante da Missa é seu aspecto de sacrifício oferecido a Deus para seu louvor e ação de graças, pela nossa redenção e nossas necessidades (a comunhão eucarística é a forma com a qual nos unimos mais intensamente a esse sacrifício oferecido). O Cardeal Tomás de Vio Cayetano, OP, em seu tratado De Missa Sacrificio et Ritu adversus Lutheranos recorda que a natureza sacrifical da Eucaristia estão contidas nas próprias palavras do Salvador “meu corpo que é entregue por vós” e “meu sangue que será derramado por vós e por muitos”: Jesus não menciona apenas Seu Corpo e Seu Sangue, mas para que fim eles estão destinados, id est, o Sacrifício da nossa redenção.

O ofício do sacerdote consiste em oferecer sacrifícios. Se a Epístola aos Hebreus nos diz que Cristo continua exercendo seu sacerdócio, é claro que Ele o exerce especialmente por meio da Santa Missa, o memorial que perpetua seu sacrifício pascal, fazendo-nos participantes de seus frutos. Que possamos ao reconhecer a beleza do que simbolizavam os ritos do Antigo Testamento, contemplar a Beleza imensurável dos ritos e do Sacrifício que realiza as antigas promessas e os antigos símbolos com perfeição. Lembremos sempre de que a Missa é um sacrifício perfeito em que rendemos a Deus a adoração, a ação de graças e pela qual recebemos a redenção e as graças que necessitamos. Assim, lembremos de fazer do Sacrifício de Cristo oferecido pelas mãos dos sacerdotes da Igreja também o nosso sacrifício, unindo nossas necessidades, orações, louvores, agradecimentos, intenções e obras (enfim, toda nossa vida e todo nosso ser) a oferenda de Cristo para que nossa oferenda imperfeita seja santificada pelos méritos do Cristo, Cordeiro de Deus oferecido ao Pai na unidade do Espírito Santo.


Iluminura de uma edição francesa de 1410 do "Rationale Divinorum Officiorum" do Arcebispo Guillaume Durand (séc. XIII): A Imagem mostra uma missa sendo celebrada por um bispo e ao lado mostra alguns tipos de oeferendas sacrificais do Antigo Testamento, evidenciando que estas simbolizavam o Sacrifício perfeito da Eucaristia.

Fonte: Salvem a Liturgia - http://www.salvemaliturgia.com 

PAX CHRSITI
Diogo Pitta

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Não há reforma da Igreja sem conversão.

 Papa apresenta vida de São Roberto Belarmino, o "bispo simples"

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org) - Apesar de ser o sobrinho de um papa e tendo vivido a maior parte de sua vida nos "ambientes mundanos" do governo e da diplomacia, o Papa não hesitou em propor hoje a figura de São Roberto Belarmino, como modelo de bispo "simples e cheio de zelo apostólico".
Deste santo, que escreveu várias obras de espiritualidade e doutrina, além de ter contribuído grandemente para a Igreja dos séculos XVI e XVII, o Papa quis destacar seu perfil como um homem de oração e contemplação.
"Belarmino ensina com muita clareza e com o exemplo de sua própria vida que não pode haver uma verdadeira reforma da Igreja, se antes não acontece nossa reforma pessoal e a conversão do nosso coração", sublinhou o Papa.
Roberto Belarmino (1542-1621) foi uma figura fundamental para a Igreja da Contrarreforma, ao sistematizar a concepção da Igreja, em resposta à crise provocada pela Reforma luterana.
Nascido em Montepulciano (Itália), entrou muito jovem na Companhia de Jesus. Primeiramente, foi professor de teologia em Lovaina e Roma, época em que elaborou uma de suas obras mais famosas, Controvérsia.
"O Concílio de Trento tinha terminado pouco tempo antes e, para a Igreja Católica, era necessário reforçar e confirmar sua identidade também no que diz respeito à Reforma Protestante. A ação de Belarmino se insere neste contexto", explicou o Pontífice.
Sua obra constitui, afirmou, "um ponto de referência, ainda válido para a eclesiologia católica, sobre as questões acerca da Revelação, da natureza da Igreja, dos sacramentos e da antropologia teológica".
"Nelas, acentua-se o aspecto institucional da Igreja, devido aos erros que estavam circulando sobre tais questões."
Nesta obra monumental, que tenta sistematizar as várias controvérsias teológicas da época, o santo "evita todo tom polêmico e agressivo com relação às ideias da Reforma, usando os argumentos da razão e da Tradição da Igreja para ilustrar de maneira clara e eficaz a doutrina católica", destacou o Papa.
Apesar de ser brilhante como teólogo, prosseguiu o Papa, seu legado "consiste na maneira como ele concebeu seu trabalho. Os trabalhos tediosos de governo não o impediram, de fato, de caminhar rumo à santidade, na fidelidade às exigências do seu próprio estado de religioso, sacerdote e bispo".
"Sendo - como sacerdote e bispo -, em primeiro lugar, um pastor de almas, ele sentiu o dever de pregar assiduamente", explicou.
"Sua pregação e suas catequeses têm esse mesmo caráter de simplicidade que ele recebeu da educação jesuíta, toda dirigida a concentrar as forças da alma em Jesus, profundamente conhecido, amado e imitado."
São Belarmino oferece "um modelo de oração, a alma de toda atividade: uma oração que escuta a Palavra do Senhor, que é preenchida com a contemplação da grandeza, que não se fecha em si mesma, que se alegra em abandonar-se nas mãos de Deus".
O santo, "que viveu na pomposa e muitas vezes insalubre sociedade dos últimos anos do século XVI e início do século XVII, esta contemplação inclui aplicações práticas e projeta a situação da Igreja do seu tempo com a corajosa inspiração pastoral".
Suas obras, concluiu o Papa, "nos lembram que o objetivo da vida é o Senhor, o Deus que se revelou em Jesus Cristo, em quem Ele continua nos chamando e prometendo-nos a comunhão com Ele".
"Elas nos recordam a importância de confiar no Senhor, de viver uma vida fiel ao Evangelho, de aceitar e iluminar, com a fé e a oração, toda circunstância e toda ação da nossa vida, sempre ansiando a união com Ele."


Fonte: www.cleofas.com.br
 

PAX CHRISTI
Diogo Pitta

O equilíbrio é fundamental.


“Naquele tempo, traziam crianças para que Jesus as tocasse. Mas os discípulos as repreendiam. Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse: “deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas.
Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”. Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos.” (São Marcos 10, 13-16)


Primeiramente quero Louvar à Deus, por esta leitura da Liturgia de hoje, e colocar-me neste instante, como alguém que mais do que ninguém necessitava destas letras no coração. As palavras da Sagrada Escritura podem, claro que com o direcionamento da Santa Igreja Católica, ter algumas interpretações que julgo serem variadas de pessoa para pessoa. Ao buscar as palavras dos sacerdotes na internet, sobre a passagem de São Marcos, deparei-me com uma série de explanações interessantes, mas uma em especial tocou mais forte o meu coração; a minha!
Não se assuste, pois não tive um surto de profundo egocentrismo, mas a maneira como esta palavra me tocou, segundo a minha interpretação, foi mais intensa, pois vivo hoje a minha fé, de uma maneira que creio não ser do agrado de Deus, pois tenho sido demasiado crítico e até certo ponto, cético.
Há algum tempo atrás, decidi e senti-me especialmente tocado a isso, aprofundar-me um pouco mais na história da Igreja. È apaixonante! Saber como era a Igreja primitiva, as Doutrinas, as celebrações, a formação do Cânon, Didaqué, heresias, monaquismo, Santos Doutores e etc...  Realmente tornei-me um apaixonado pela Igreja Católica Apostólica Romana e principalmente pelo nosso Papa, o qual chamo carinhosamente de “O bom Velhinho”. O fato é que este estudo, me trouxe algumas questões que me levaram a ver a fé Católica de outra forma, forma essa que me induzia ao descrédito em relação à muitos irmãos em Cristo, e à certos movimentos dentro da Igreja Católica.
Realmente, não mudei e nem mudarei minha forma de estudar, e principalmente, não irei eximir-me de anunciar o Evangelho e proclamar a Santa Mãe Católica como meio de Salvação, pois não se pode ter Deus como Pai, sem ter a Santa Igreja como Mãe. A questão, é a forma como eu tenho apresentado e tentado ensinar o que aprendi com meus estudos; extrema inflexibilidade!
Porém, existem alguns movimentos dentro da Igreja que devem ser combatidos com pacifismo (perdoem-me o paradoxo), como o  maravilhoso Dom de Línguas caindo na banalidade, as Santas Missas com interpretações totalmente erradas de lormas litúrgicas ou com permissão dos seus erros espalhando-se pelo mundo, Fideísmo, Biblicismo, Protestantismo, livre exame da Sagrada Escritura e etc...
Enfim, ao ler a passagem de São Marcos, tentei traçar algumas conexões com os meus dias atuais. Tenho crido como criança? O que seria "ser" como criança?
É verdade, não tenho crido como criança. Não tenho tido aquele olhar de admiração de criança, ao ouvir o pai lhe ensinar algo, e mesmo sendo inverdade, crer só por ter sido seu pai que o ensinou; tenho ponderado mais e acreditado menos.
Creio que falta na humanidade e essencialmente em mim o pensamento da criança, pois ela sabe que o Sol é amarelo, mas sequer tem um esboço de noção do porquê de ser amarelo (pelo menos é a visão que temos daqui.). Sabem que o mar é azul, mas não precisam saber o porquê do azul do mar; Sentem segurança em seus pais, mas não se questionam o porque; crianças não se cobram, e eu tenho me cobrado em excesso.
Não estou afirmando que é do meu gosto a ignorância total de como as coisas operam ou de como surgiram; não, pois sou um apaixonado pela ciência e pela história, principalmente de minha Igreja, mas acredito que seja muito benéfico, por vezes, preferir crer à entender.
Li certa vez, sobre um noviço, que dirigia-se ao seu Abade, e questionava-lhe sobre o sentido da vida; “ Mestre, por quê vivemos e caminhamos nesta terra? Qual o sentido da vida? – Respondeu-lhe o Abade: Não busque o sentido da vida, viva-a com sentido!”
Preciso crer um pouco mais como criança. Preciso não me encolerizar com os erros cometidos e vividos pelos outros, pois erro mais que eles. O meu ceticismo estava me arrastando para isso, logo pensei em alguma estratégia para livrar-me deste ceticismo amargo causado por estudos desequilibrados, e crer como criança e concomitantemente, ser prudente nos estudos e continuar aprofundando-me, sem perder a fé no que é preciso ter fé.
Perdoem-me a comparação quase que lúdica, mas não é para crer como criança? Então vamos lá; Imaginei um tripé, como aqueles que sustentam microfones; sim, um tripé! Imaginei que cada pé, representavam respectivamente; O Sagrado Magistério, A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura. Para que o microfone fique erguido, todos precisam ter o mesmo tamanho. Se o pé do Sagrado Magistério for maior, a fé cai! Se então, for maior o pé da Sagrada Tradição, a fé também cai! Se for maior o pé da Sagrada Escritura, a fé também cai, pois se entra no biblicismo tão amado pelos protestantes. Logo o equilíbrio entre os três, é fundamental. Este pensamento está plenamente de acordo com o que diz a Igreja. O catecismo da Igreja, nos mostra que um “pé” não vive sem o outro: “ Foi a tradição apostólica que fez a Igreja discernir quais escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados. Esta Lista completa é denominada Cânon da Escrituras.” (CIC 120 ).
Tenho certeza de que Deus, não nos quer ensinando o Evangelho, nem transmitindo a Tradição, como carrascos, mas ele quer que anunciemos estes, com amor e temperança. Porém, não podemos nos calar frente aos erros que acontecem na Igreja , tampouco no mundo. O equilíbrio é fundamental. Eduquemos no discernimento do Espírito.

PAX CHRISTI
Diogo Pitta

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Catequese de Bento XVI sobre São João da Cruz

Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé
(tradução de Leonardo Meira - equipe CN Notícias)

 

Queridos irmãos e irmãs,

Há duas semanas, apresentei a figura da grande mística espanhola Teresa de Jesus. Hoje, desejo falar de outro importante Santo daquelas terras, amigo espiritual de Santa Teresa, reformador, juntamente com ela, da família religiosa carmelitana: São João da Cruz, proclamado Doutro da Igreja pelo Papa Pio XI, em 1926, e chamado na tradição de Doctor mysticus, “Doutor místico”.

João da Cruz nasceu em 1542, no pequeno vilarejo de Fontiveros, próximo de Ávila, de Vecchia Castiglia, filho de Gonzalo de Yepes e Catalina Alvarez. A família era paupérrima, porque o pai, de nobre origem de Toledo, havia sido expulso de casa e deserdado por ter desposado Catalina, uma humilde tecelã de seda. Órfão de pai em tenra idade, João, aos nove anos, transferiu-se, com a mãe e o irmão, a Medina del Campo, próximo a Valladolid, centro comercial e cultural. Ali frequentou o Colegio de los Doctrinos, desempenhando alguns humildes serviços para a Igreja-convento da Madalena. Sucessivamente, dadas as suas qualidades humanas e os seus resultados nos estudos, foi admitido primeiro como enfermeiro no Hospital da Conceição, depois no Colégio dos Jesuítas, recém fundado em Medina del Campo: ali, João entrou aos dezoito anos e estudou, por três anos, ciências humanas, retórica e línguas clássicas. Ao final da formação, ele tinha bem clara a sua vocação: a vida religiosa e, entre tantas ordens presentes em Medina, sentiu-se chamado ao Carmelo.

No verão de 1563, iniciou o noviciado junto aos Carmelitanos da cidade, assumindo o nome religioso de Matias. No ano seguinte, foi destinado à prestigiada Universidade de Salamanca, onde estudou por um triênio arte e filosofia. Em 1567, foi ordenado sacerdote e retornou a Medina del Campo para celebrar a sua Primeira Missa, circundado pelo afeto dos familiares. Exatamente aqui acontece o primeiro encontro entre João e Teresa de Jesus. O encontro foi decisivo para ambos: Teresa lhe expôs o seu plano de reforma do Carmelo também no ramo masculino da Ordem e propôs a João para aderi-lo "para maior glória de Deus"; o jovem sacerdote ficou fascinado pelas ideias de Teresa, tanto que se tornou um grande apoiador do projeto. Os dois trabalharam em conjunto alguns meses, partilhando ideais e propostas para inaugurar o mais rápido possível a primeira casa de Carmelitanos Descalços: a abertura acontece em 28 de dezembro de 1568 em Duruelo, lugar solitário da província de Ávila. Com João, formavam essa primeira comunidade masculina reformada outros três companheiros. Ao renovar a sua profissão religiosa segundo a Regra primitiva, os quatro adotaram um novo nome: João chamou-se então “da Cruz”, como será depois universalmente conhecido. Ao final de 1572, sob pedido de santa Teresa, torna-se confessor e vigário do Mosteiro da Encarnação de Ávila, do qual a Santa era priora. Foram anos de estreita colaboração e amizade espiritual, que enriqueceu a ambos. Naquele período, surgem também as mais importantes obras teresianas e os primeiros escritos de João.

A adesão à reforma carmelitana não foi fácil e custou a João também graves sofrimentos. O episódio mais traumático foi, em 1577, o seu rapto e encarceramento no Convento dos Carmelitanos da Antiga Observância de Toledo, após uma injusta acusação. O Santo permanece aprisionado por meses, submetido a privações e constrições físicas e morais. Ali compôs, juntamente a outras poesias, o célebre Cântico espiritual. Finalmente, na noite entre 16 e 17 de agosto de 1578, consegue fugir de modo aventureiro, abrigando-se no mosteiro das Carmelitanas Descalças da cidade. Santa Teresa e as companheiras reformadas celebraram, com imensa alegria, a sua libertação e, após um breve tempo de recuperação das forças, João foi destinado à Andaluzia, onde passa dez anos em vários conventos, especialmente em Granada. Assume encargos sempre mais importantes na Ordem, até tornar-se Vigário Provincial, e completou a elaboração de seus tratados espirituais. Retornou depois à sua terra natal, como membro do governo geral da família religiosa teresiana, que já gozava de plena autonomia jurídica. Morou no Carmelo de Segóvia, desenvolvendo o ofício de superior daquela comunidade. Em 1591, foi dispensado de suas responsabilidades e destinado à nova Província religiosa do México. Enquanto preparava-se para a longa viagem com outros dez companheiros, retirou-se para um convento solitário próximo a Jaén, onde ficou gravemente doente. João enfrentou com exemplar serenidade e paciência enormes sofrimentos. Morreu na noite entre 13 e 14 de dezembro de 1591, enquanto os coirmãos recitavam o Ofício matutino. Despediu-se deles dizendo: "Hoje vou cantar o Ofício no céu". Os seus restos mortais foram transladados a Segóvia. Foi beatificado por Clemente X em 1675 e canonizado por Bento XIII em 1726.

João é considerado um dos mais importantes poetas líricos da literatura espanhola. As obras maiores são quatro: Subida ao Monte Carmelo, Noite escura, Cântico espiritual e Chama viva de amor.

No Cântico espiritual, São João apresenta o caminho de purificação da alma, isto é, a progressiva posse alegre de Deus, até que a alma passe a sentir que ama a Deus com o mesmo amor com que é amada por Ele. A Chama viva de amor prossegue nessa perspectiva, descrevendo mais detalhadamente o estado de união transformadora com Deus. A comparação utilizada por João é sempre aquela do fogo: como o fogo quanto mais arde e consome a lenha tanto mais se faz incandescente até tornar-se chama, da mesma forma o Espírito Santo, que durante a noite escura purifica e “pule” a alma, com o tempo a ilumina e a aquece como se fosse uma chama. A vida da alma é uma contínua festa do Espírito Santo, que deixa entrever a glória da união com Deus na eternidade.

A Subida ao Monte Carmelo apresenta o itinerário espiritual do ponto de vista da purificação progressiva da alma, necessária para escalar o cume da perfeição cristã, simbolizada pelo cume do Monte Carmelo. Tal purificação é proposta como um caminho que o homem empreende, colaborando com a ação divina, para libertar a alma de todo apego ou afeto contrário à vontade de Deus. A purificação, que para chegar à união com Deus deve ser total, inicia a partir da vida dos sentidos e prossegue naquela que se obtém por meio das três virtudes teologais: fé, esperança e caridade, que purificam a intenção, a memória e a vontade. A Noite escura descreve o aspecto "passivo", ou seja, a intervenção de Deus nesse processo de "purificação" da alma. O esforço humano, de fato, é incapaz sozinho de chegar até as raízes profundas das inclinações e dos hábitos cativos da pessoa: pode somente freá-los, mas não erradicá-los completamente. Para fazê-lo, é necessária a ação especial de Deus, que purifica radicalmente o espírito e o dispõe à união de amor com Ele. São João define "passiva" tal purificação de amor com Ele exatamente porque, embora aceita pela alma, é realizada pela ação misteriosa do Espírito Santo que, como chama de fogo, consome toda a impureza. Nesse estado, a alma é submetida a todo o tipo de provação, como se se encontrasse em uma noite escura.

Essas indicações sobre as obras principais do Santo ajudam-nos a aproximarmo-nos dos pontos salientes da sua vasta e profunda doutrina mística, cujo objetivo é o de descrever um caminho seguro para chegar à santidade, o estado de perfeição a que Deus chama a todos nós. Segundo João da Cruz, tudo aquilo que existe, criado por Deus, é bom. Através das criaturas, nós podemos chegar à descoberta d'Aquele que, nelas, deixou um traço de si. A fé, porém, é a única fonte dada ao homem para conhecer a Deus assim como Ele é em si mesmo, como Deus Uno e Trino. Tudo aquilo que Deus queria comunicar ao homem, o fez em Jesus Cristo, a sua Palavra feita carne. Jesus Cristo é a única e definitiva via ao Pai (cf. Jo 14,6). Todas as coisas criadas são nada em relação a Deus e nada tem valor fora d'Ele: por consequência, para chegar ao amor perfeito de Deus, todo outro amor deve configurar-se em Cristo ao amor divino. Daqui deriva a insistência de São João da Cruz sobre a necessidade da purificação e do esvaziamento interior para transformar-se em Deus, que é a meta única da perfeição. Essa "purificação" não consiste na simples privação física das coisas ou do seu uso; aquilo que torna a alma pura e livre, ao contrário, é eliminar toda a dependência desordenada das coisas. Tudo é colocado em Deus como centro e fim da vida. O longo e cansativo processo de purificação exige certamente o esforço pessoal, mas o verdadeiro protagonista é Deus: tudo aquilo que o homem pode fazer é "dispor-se", estar aberto à ação divina e não colocar obstáculos. Vivendo as virtudes teologais, o homem se eleva e dá valor ao próprio empenho. O ritmo de crescimento da fé, da esperança e da caridade anda de mãos dadas com a obra de purificação e com a progressiva união com Deus, até transformar-se n'Ele. Quando se chega a essa meta, a alma emerge na própria vida trinitária, de modo que São João afirma que ela chega a amar a Deus com o mesmo amor com que Ele a ama, porque a ama no Espírito Santo. Eis porque o Doutor Místico sustenta que não existe verdadeira união de amor com Deus se não culmina na união trinitária. Nesse estado supremo, a alma santa conhece tudo em Deus e não deve mais passar através das criaturas para chegar a Ele. A alma se sente já inundada pelo amor divino e se alegra completamente nele.

Queridos irmãos e irmãs, ao fim permanece a questão: esse santo, com a sua alta mística, com esse árduo caminho rumo ao cume da perfeição, tem algo a dizer também a nós, ao cristão normal, que vive nas circunstâncias desta vida de hoje, ou é um exemplo, um modelo somente para poucas almas eleitas que podem realmente iniciar essa via da purificação, da ascese mística? Para encontrar a resposta, devemos, antes de tudo, ter presente que a vida de São João da Cruz não foi um "voar sobre nuvens místicas", mas foi uma vida muito dura, muito prática e concreta, seja como reformador da ordem, onde encontrou tantas oposições, seja como superior provincial, seja no cárcere de seus coirmãos, onde era exposto a insultos inacreditáveis e a maltratos físicos. Foi uma vida dura, mas exatamente nos meses passados nos cárceres ele escreveu uma das suas obras mais bonitas. E, assim, podemos compreender que o caminho com Cristo, o andar com Cristo, "a Via", não é um peso a mais ao já suficientemente duro fardo da nossa vida, não é algo que tornaria mais pesado esse fardo, mas é algo completamente diferente, é uma luz, uma força, que nos ajuda a levar esse fardo. Se um homem carrega consigo um grande amor, esse amor lhe dá quase asas, e suporta mais facilmente todas as moléstias da vida, porque leva em si essa grande luz; isso é a fé: ser amado por Deus e deixar-se amar por Deus em Cristo Jesus. Esse deixar-se amar é a luz que nos ajuda a levar o fardo todo o dia. E a santidade não é uma obra nossa, muito difícil, mas é exatamente essa "abertura": abrir as janelas da nossa alma para que a luz de Deus possa entrar, não esquecer a Deus, porque exatamente na abertura à sua luz se encontra a força, se encontra a alegria dos remidos. Peçamos ao Senhor para que nos ajude a encontrar essa santidade, deixemo-nos amar por Deus, que é a vocação de nós todos e a verdadeira redenção. Obrigado.


 
Fonte: Canção Nova

PAX CHRISTI
Diogo Pitta

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O Papa: Sejam Santos amando também os inimigos.

Ao presidir o Ângelus deste domingo, o Papa Bento XVI alentou os fiéis a serem santos como Deus, amando a todos inclusive os inimigos e aqueles que os perseguem, porque essa é a vontade do Senhor.

"Mas quem poderia chegar a ser perfeito? Nossa perfeição está em viver com humildade como filhos de Deus cumprindo concretamente sua vontade".

O Papa se referiu logo à exortação que faz Jesus no Evangelho de “amar os vossos inimigos” e rezar “por aqueles que vos perseguem" e assinalou que "Quem acolhe o Senhor na sua vida e o ama com todo o coração é capaz de um novo início. Pode cumprir a vontade de Deus: realizar uma nova forma de existência, animada pelo amor e destinada à eternidade".

Na segunda leitura deste domingo, prosseguiu, São Paulo afirma que o homem é templo do Espírito de Deus: "se formos verdadeiramente conscientes desta realidade e isto se plasma profundamente em nossa vida, então nosso testemunho se torna claro, eloqüente e eficaz.

"Grande coisa é o amor - lemos no livro da Imitação de Cristo -, um bem verdadeiramente inestimável que por si só torna suave o que é difícil e suporta sereno toda a adversidade. O amor tende sempre para as alturas e não se deixa prender pelas coisas inferiores. Procede de Deus e em Deus somente pode descansar".

Bento XVI disse logo que na terça-feira 22 de fevereiro a Igreja celebra a festa da Cátedra de São Pedro, a quem Cristo "confiou a missão de Mestre e Pastor para a guia espiritual do Povo de Deus, a fim de que esse possa elevar-se até o Céu”.
“Exorto, portanto, a todos os Pastores a "assimilar aquele 'novo estilo de vida' que foi inaugurado pelo Senhor Jesus e foi tornado próprio pelos Apóstolos", concluiu o Santo Padre.

Em sua saudação em francês o Papa afirmou que "as leituras deste domingo nos orientam para a alegria da reconciliação. O Senhor nos convida a fazer atos concretos de perdão: este amor efetivo ao próximo é capaz de mudar a ordem do mundo ao rechaçar sua falsa sabedoria e os ídolos que nos propõe".

"Invoquemos a Virgem Maria, mãe de Deus e da Igreja, a fim de que nos ensine a amarmos uns aos outros e a acolher-nos como irmãos, filhos do mesmo Pai celeste", exortou o Papa ao final do encontro

Fonte: ACI Digital

PAX CHRISTI
Diogo Pitta.

"MISSA SERTANEJA?"

O que dizer da chamada “Missa sertaneja”?

 01. A música dentro da Igreja Católica é um instrumento fundamental para a expressão da fé. Como toda ferramenta, há de ser utilizada com sabedoria, prudência, discernimento.
02. Em algumas comunidades eclesiais se tem criado e mantido o costume de utilizar melodias de músicas populares já existentes como base para expressões musicais católicas, particularmente para a Santa Missa (hinos, aclamações, litanias, salmos e cantos).
03. Ora, tal praxe destoa de toda a tradição musical católica, que sempre procurou reservar para os Sagrados Mistérios o que há de mais digno para prestar culto ao Senhor, edificar a assembléia e, assim, testemunhar a sua fé. Com todo esmero a Igreja tem procurado oferecer ao Senhor expressões musicais próprias, obra do Espírito e fruto da fé unida à caridade.
04. Deste modo a Igreja tem recomendado: “Poder-se-ão admitir ao culto divino as formas musicais, as melodias e os instrumentos de música, ‘contanto que sejam adequados ao uso sacro, ou possam a ele se adaptar, condigam com a dignidade do templo e favoreçam realmente a edificação dos fiéis’”[1]. Nos tempos do Papa S. Pio X se deu o problema da interferência da música teatral profana no repertório musical litúrgico, particularmente na Itália, contra o qual o Sucessor de Pedro ergueu a voz em 1903[2]. Recentemente o Papa João Paulo II fez referência a estes abusos, reafirmando que “não todas as formas musicais podem ser consideradas aptas para as celebrações litúrgicas”[3].
05. A Igreja no Brasil, em sintonia com estes princípios universais, tem solicitado que se evitem músicas profanas – letra e/ou melodia – ao interno das celebrações litúrgicas:
“Em relação aos textos, evitem-se os cantos com letras adaptadas. Além de ferir os direitos do autor, tal adaptação, por si mesma, revela a inconveniência do original que será mentalmente evocado, evidenciando empobrecimento da celebração litúrgica e desvirtuando o seu sentido”[4];
“O canto litúrgico não pode prescindir da experiência musical popular e folclórica. Conseqüentemente, para criar uma música litúrgica inculturada, o caminho correto não é o de usar melodias existentes, transpondo-as para a liturgia com um novo texto, mas sim o de criar algo novo, trabalhando com as constâncias melódicas, rítmicas, formais, harmônicas e instrumentais da música brasileira, levando em conta a comunidade concreta, a cuja oração comunitária cantada o compositor queira servir[5];
“A criação de um repertório bíblico-litúrgico pressupõe o cumprimento de alguns critérios básicos a saber: (...) b) as melodias sejam acessíveis à grande maioria da assembléia, porém, belas e inspiradas; c) sejam evitados melodias e textos adaptados de canções populares, trilhas sonoras de filmes e de novelas”[6].
06. Por conseguinte, admitem-se nas Santas Missas melodias e textos que sejam de autoria e inspiração cristãs; nada impede o uso de certos ritmos locais, de acordo com as circunstâncias celebrativas e suas partes específicas, desde que a prioridade sempre recaia sobre a mensagem veiculada, pois cantar é uma forma de rezar.
07. Não é a Sagrada Liturgia que deve se adaptar à arte, mas – falando sob a perspectiva da fé – é esta que deve se adaptar à aquela. A música há de ser uma expressão viva da fé (textos, melodias, ritmos, arranjos etc.), favorecendo a mesma, sempre e em todos os lugares. “Na liturgia o canto é um sinal de natureza sacramental”, afirma o Mons. A. Onisto. “Com todos os outros sinais sacramentais próprios da ação litúrgica (palavra, assembléia, gestos e movimentos etc.), também o canto mostra, produz e anuncia a salvação operada por Cristo...”[7]. Oxalá todos os que ministram a música sacra estejam imbuídos deste verdadeiro espírito cristão em seu prestimoso serviço a Cristo e à Igreja.

Santuário da Divina Misericórdia – Curitiba,PR, 31.08.08.

Referências;



[1] Congregação para o Culto Divino, A Liturgia Romana e a Inculturação. IV Instrução para uma correta aplicação da Constituição conciliar sobre a liturgia, 25.01.1994, n. 40. É citado: Concílio Vaticano II, Constituição Sacrosanctum Concilium, n. 120. Os destaques são nossos.
[2] Cf. Motu Proprio Tra Le sollecitudini [Entre as solicitudes] sobre a música sacra, 22.11.1903, n. 6.
[3] Quirógrafo para o centenário do Motu Proprio “Tra le sollecitudini” sobre a música sacra, 22.11.2003, n. 4. Cita-se: Idem, Encíclica Ecclesia de Eucharistia, 17.04.2003, n.50.
[4] Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Pastoral da música litúrgica no Brasil, 1976, [Documentos da CNBB: n. 7], Cap. III, n. 3.9.
[5] Idem, A música litúrgica no Brasil, 1998, [Estudos da CNBB: 79], n. 235.
[6] Idem, Guia litúrgico-pastoral, 2. ed., 2008, cap. VII,1.
[7] In Frattallone, Raimondo, Musica e liturgia, 2. ed., Ed. Liturgiche, Roma, 1991, p. 70.

Estatística: Mais católicos e padres no mundo





Cidade do Vaticano, 19 Fev (Ecclesia) - O Vaticano revelou hoje que o número de católicos registou um aumento de 1,7% entre 2008 e 2009, com mais 15 milhões de baptizados, especialmente em África e na Ásia.
Os últimos dados, recolhidos na edição 2011 do «Anuário Pontifício» mostram que há 1,18 mil milhões de católicos no mundo e quase metade (49,4%) vivem no continente americano.
A edição foi apresentada ao Papa, este Sábado, pelo seu Secretário de Estado, cardeal Tarcisio Bertone, e pelo substituto do secretário de Estado para Assuntos Gerais, D. Fernando Filoni.
As estatísticas referentes ao ano de 2009 fornecem uma análise sintética das principais tendências relativas à Igreja Católica nas 2956 circunscrições eclesiásticas do planeta, assinala um comunicado oficial do Vaticano.
A publicação mostra um aumento constante no número de padres católicos desde o ano 2000, na ordem dos 1,35%, passando de 405 mil para mais de 410 mil sacerdotes.
Entre 2008 e 2009, esse aumento foi de 0,34%, embora se verifique que na Europa a tendência vai em sentido contrário: menos 0,82% nos padres diocesanos e menos 0,99% nos padres de ordens e congregações religiosas.
Quantos às religiosas, o seu número baixou em 10 mil professas (de 739 mil para 729 mil), apenas num ano, o que leva o Vaticano a afirmar que “a crise permanece”.
A nível global, o número de candidatos ao sacerdócio aumentou em 0,82%, passando de para 117 024 em 2008 para 117 978 em 2009.
Precedido desde 1716 por várias publicações, o «Annuario Pontifício» passou a sair desde 1940 com o actual esquema, sob a responsabilidade da Secretaria de Estado, com informação sobre os cardeais, dioceses, bispos, dicastérios e organismos da Cúria Romana, representações diplomáticas do e no Vaticano, institutos religiosos e instituições culturais dependentes da Santa Sé.

Fonte: Agencia Ecclesia 

PAX CHRISTI
Diogo Pitta

A natureza do perdão

Por Cônego Eduardo R. Quintela
 
             O chamado cristão ao perdão faz parte do que é mais radical e nuclear da mensagem evangélica: o amor. Falar do perdão surpreende, mas não é um aspecto distinto ou regional da mensagem evangélica, mas que manifesta o rosto cristão do amor.
A mensagem cristã se aprende. Sem dúvida, aprende-se, a partir da Palavra e do Espírito de Jesus e no âmbito da própria experiência pessoal. Mas precisamente se aprende não como algo raro e sublime que chega a nossa vida como um adendo, mas como a resposta à pergunta que a humanidade se formula e que todos sentimos dentro: qual é a atitude adequada ante os demais e, em concreto, ante os que fazem e nos fazem mal.
O mundo está marcado por conflitos em todos os níveis: o valor cristão do perdão pode aliviar tantas feridas.  Situemos a mensagem cristã sobre o amor que perdoa. Não é só uma palavra proposta a algumas pessoas que sofrem. É a revelação de Deus Pai a uma humanidade marcada pelo ódio, a confrontação e a vingança, há dois mil anos, e hoje também. Deus revela seu chamado a um amor que perdoa, não para aliviar, mas para resolver, como salvação de nossa violência humana por caminhos de paz e de reconciliação.  
O perdão é a opção cristã perante um mundo tão desumano. De todas maneiras, os homens podem ignorar este chamado; os conflitos continuam aí e de fato são muito graves. Metidos neste mundo tão violento, a atitude de perdão está chamada a criar âmbitos de humanidade, a recuperar relações que talvez já foram quebradas, aliviando assim feridas muito profundas.
Saber perdoar é uma arte do espírito. Comporta, como mínimo, duas coisas. Uma é aceitar e entender o agressor. Isto não significa justificar algo que pode ser terrível; significa não derivar a experiência da agressão em ódio ao agressor, mas em entender o que faz o mal como pessoa, inclusive em sua malícia. A segunda é ainda mais difícil; é entender que a própria vida ou a dos meus entra também no âmbito do mal, que todos navegamos na mesma nave.
Para o Evangelho, perdoar comporta em sua raiz aceitar também o próprio pecado. Ambas as coisas são possíveis só no âmbito de uma experiência, a do perdão de Deus, ao outro e a mim mesmo. Saber-se já perdoado é o único clima que faz o homem capaz de dar estes dois passos; entender o que o mal faz e aceitar as próprias negatividades, sem negá-las. 
Nosso mundo moveu-se nos últimos séculos sob o impulso da justiça, e por ela viveu mudanças e revoluções muito profundas, terríveis, cruentas. Hoje olhamos com horror o sofrimento causado pelas guerras e as revoluções do século passado, e as que continuam hoje, em muitas partes do mundo. A justiça é necessária, mas sua exigência pode levar durezas muito desumanas. Talvez hoje podemos entender algo que antes parecia ridículo: a necessidade de misericórdia.
Creio que é próprio de uma grande maturidade entender a sabedoria escondida no binômio “justiça e misericórdia”, os dois acentos que a experiência cristã descobre no mistério de Deus Pai. Nisto pode viver uma maturidade que antes era muito difícil, e avaliar o entranhável acento divino e humano da misericórdia de Deus.
Faz parte de um dos acentos de nossa pós-modernidade, o desencanto ante o fracasso de muitos grandes projetos, e o recurso a experiências palpáveis, imediatas, quase como um refúgio ante a falta de perspectivas.
Toda nossa sociedade está nesta situação como perante um desafio. Há quem augura a perda cultural de todo sentido. Não creio. Trata-se de aprender de nosso passado e buscar, sem cair de novo nos enganos de sempre.
Hoje soa como luminosa a frase do Evangelho: Quem busca, encontra. Hoje é possível buscar, e há pessoas e grupos, adultos e jovens, que buscam, em meio de todas as crises. São o germe da humanidade nobre e positiva do futuro. A experiência cristã entende que quem busca a luz sobre a vida a encontra; e que toda luz autêntica é reflexão do Evangelho de Jesus.

PAX CHRISTI
Diogo Pitta

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Santa Eulália de Barcelona, Virgem e Mártir (+ Barcelona, 304)

Lembramos neste dia a santidade de Eulália virgem e mártir. Viveu em Barcelona no fim do século III numa família que a educou para o bem e para a fé em Jesus Cristo. Quando pequena Eulália gostava da companhia das amigas cristãs , e por outro lado fugia do pecado e era inimiga da vaidade. Aconteceu que possuía apenas 14 anos quando chegou à Espanha a perseguição contra os cristãos por parte do terrível Diocleciano; Eulália soube dos fatos e desejou alegremente o martírio, para assim glorificar e estar com o Cristo.
Os pais religiosos pais resolveram viajar a fim de esconderem-se juntamente com a menina, mas Santa Eulália fugiu e foi parar diante do governador que escutou daquela jovem e bela moças duras verdades quanto a ignorância da perseguição aos cristãos. De início o governador admirado pela ousadia da Santa a entregou para que apostatasse da fé, ou seja, que adorasse aos deuses, mas sua resposta foi: " Eu sou Eulália, serva do meu Senhor Jesus Cristo, o Rei dos Reis e Senhor de todos os dominadores ". Diante da fé e coragem da jovem Eulália o governador mandou os algozes queimarem o seu corpo com ferros em brasa, e sua oração durante o sofrimentos era esta: "Agora, ó Jesus, vejo no meu corpo os traços de vossa sagrada paixão ". O final de tudo foi no próprio fogo onde Santa Eulália foi consumida pelas chamas, mas tudo isto por que Eulália já estava toda consumida pelo Amor de Deus, que a levou para o céu.

FONTE: ACI Digital
PAX CHRISTI

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

São Brás, Bispo e Mártir (?-315)

     São Brás era de Sebaste, na Armênia. Tinha estudado medicina na juventude; sua ciência o tinha tornado conhecido bem além de sua cidade natal mas, mais ainda, suas virtudes. Era piedoso até o fervor, humilde e casto;  era sobretudo caridoso, doce e compassivo para com os pobres de Jesus Cristo. E assim, quando o trono episcopal da cidade se tornou vago, a escolha unânime caiu sobre ele, como sendo o mais digno e o mais capaz de deirigir o povo cristão nos tempos difíceis de então.
     Com efeito, Galério era o imperador: Galério significava a tirania mais infame e  cruel, e um ódio feroz da fé cristâ. Quando Brás se tornou bispo, os fiéis tremiam, pois estavam expostos coninuamente aos suplícios e à morte. Porém, dois anos depois Galério foi atingido por uma doença  atroz e, no meio dos sofrimentos , diante da morte iminente, ele se esforçou em acalmar a vingança divina publicando um edito de pacificação (311). Logo depois se tomava conhecimento da vitória de Constantino contra Maxêncio, vitória sob a égide da bandeira ornada da cruz, e uma paz respeitosa era oferecida ao cristinanismo. Todos os corações se alegraram. Mas depois o mestre do Oriente, Licínio, aliado, cunhado do vencedor -  que antes estava de acordo com Constantino em favorecer os cristãos – entrava em guerra contra ele e, em ódio de seu rival mais que do que por causa da política, recomeçava a perseguição nos seus estados (314).
     Lícínio enviou à Armênia, como governador, um homem muito mau chamado Agricolaüs, que empregava todo o seu zelo para satisfazer a crueldade de seu mestre. Ora, o santo bispo Brás, ou porque tinha seguido a sua inclinação para a solidão, ou porque, para cumprir o preceito divino, achou que era seu dever tentar a fuga diante do carrasco, tinha se retirado a uma caverna do monte Argéia; esta montanha, de quase 4.000 metros de altura, coroada por neve perpétua, se eleva ao sul do rio Hélis e domina o vale de Cesaréia. Lá, conta a legenda, sua doçura amestrava até as feras selvagens. Um dia, no ano de 316, o governador, porque se aproximavam os jogos públicos, enviou caçadores à montanha a fim de capturar animais ferozes. Estes encontraram Brás na caverna em oração. Transmitiram então a novidade a Agricolaüs, que deu-lhes imediatamente ordem de busca. Quando os agentes do governo disseram ao bispo: “O governador te procura. _ Vamos então, caros filhos, em nome do Senhor, respondeu ele sorrindo, pois Ele quis se lembrar de mim. Esta noite, pela terceira vez, Ele se mostrou a mim, dizendo: ’Brás, levanta-te e oferece o sacrifício de costume’. Os senhores portanto me anunciam uma boa-nova”.
     Na longa estrada que separa o monte Argéia de Sebaste, grupos de fiéis e também de pagãos vieram ao encontro do santo homem. Ofereciam-lhe meninos para que ele os abençoasse, também doentes lhe eram apresentados. Com sua amabilidade habitual, fazia sobre uns o sinal da cruz, invocava sobre outros o socorro divino que os curava, e todos saíam cheios de gratidão e admiração. Uma mãe acorreu em lágrimas, trazendo seu filho que se sufocava por causa de uma espinha de peixe engolida com a comida. Ela se lançou aos pés de Brás, gemendo e suplicando em favor desse filho único, seu único amor. E Brás, comovido, pôs a mão sobre a garganta do menino, fêz o sinal da cruz, invocando o nome do Senhor Jesus, e a espinha acabou sendo expelida pelo menino, o que lhe devolveu a saúde.
     Chegando a Sebaste, o confessor foi levado a Agricolaüs; e este, fingindo primeiro ser benevolente: 
     _ Saúde e alegria, Brás, amigo dos deuses.
    _ Saúde e alegria a ti também, excelente governador. Mas eu não posso ser amigo dos deuses; se fôsse assim, eu acabaria queimando junto com eles nas chamas eternas.
      Logo Agricolaüs mudou de tom; furioso, mandou açoitar Brás com varas e depois encerrá-lo no calabouço, mas isto não lhe provocou a mínima queixa. No dia seguinte, segundo interrogatório:
     _ Brás – reclamou o governador –  escolha a adoração dos deuses, tornando-se assim nosso amigo, ou então sofrerás os piores suplícios.
      _ Os vossos deuses não passam de vãos simulacros, de madeira, de pedra, de metal. Eu não os adoro e não tenho medo de nenhuma das tuas torturas: elas me conduzirão à vida eterna. Desta vez Agricolaüs o fêz suspender no cavalete e rasgar sua pele com pentes de ferro. Impassível, amável, mas firme, o bispo encontrava ainda a força de ironizar:
     _ Eis aí o que eu desejava há muito tempo: minha alma se eleva acima da terra e meu corpo a segue nesta ascensão; estou perto do Céu e desprezo tudo o que é da terra.
     Vencido, o governador deu ordem de reconduzí-lo ao calabouço.
     Entretanto, enquanto ia, sete mulheres cristâs se aproximaram do cortejo sangrento; recolhiam com reverência nas mãos, em panos, as gotas de sangue que corriam das chagas. Molhavam suas faces com este sangue, e se exortavam umas às outras a sofrer a mesma morte. Os agentes do governo prenderam-nas e as conduziram ao tribunal. E como Agricolaüs as exortava a sacrificar:
     _ Leva-nos ao lago, junto com os deuses; nós nos purificaremos antes de oferecer o incenso.  
     Assim o fizeram. Mas quando elas tiveram diante se si os ídolos, elas os precipitaram no fundo da água. O  juiz quase enlouqueceu de raiva.  Mas as valentes mulheres zombavam:
     _ Se os vossos deuses não pudessem ser enganados, eles teriam previsto este afogamento!
     Encolerizado, o juiz as condenou à morte.
     Elas caminhavam em direção do lugar do suplício, e uma delas, era seguida por dois meninos pequenos.
     _ Mamãe, porque a senhora nos deixa, indo receber a coroa? Pelo menos nos confie ao santo mártir Brás, para que cheguemos com esse pai ao Paraíso, já que não podemos chegar com nossa mãe.
     Chegados à beira do lago, pediram tempo para rezar; agradecendo a Deus por lhes ter dado a fé, imploravam: ”Recebei, Senhor, nossas almas, que nós entregamos em vossas mãos pelos méritos e intercessão do vosso servidor Brás, que foi o primeiro a nos conduzir ao conhecimento da tua verdade e à confissão do teu nome. E fazei que estes dois meninos se consolem com o vosso santo mártir e com ele alcancem a vossa misericórdia, ò Cristo nosso Deus, que com o Pai e o Espírito Santo viveis e reinais por todos os séculos dos séculos”.” Amém”, disseram os meninos. E todas foram decapitadas às margens do riacho. Os pequenos orfãos, gloriosos, voltaram para junto do santo bispo, que os adotou, e não deveria mais lhes deixar.
     Foi com eles, jovens e valentes minstros do último sacrifício, que ele compareceu pela terceira vez diante do seu juiz. Às ameaças, respondia:   
     _ Cristo, meu Mestre, disse: ‘Não temais aqueles que matam o corpo, mas que não podem matar a alma’ . Aquele a quem sirvo, o Deus do Céu, pode, se quiser, tirar meu corpo das vossas mãos.
     _  Como teu Cristo te salvará, se eu te jogar no lago?
     _ Tolo! Invocais os demônios nas necessidades e esperais a sua ajuda, e eu que adoro o verdadeiro Deus, deveria eu duvidar do seu poder e do seu socorro? Ele andou sobre as áaguas; e fez também Pedro marchar sobre elas. O que ele concedeu ao seu apóstolo, ele pode conceder ao seu pequeno servidor que sou eu. 
     Levaram-no então ás margens do lago. Ele fêz sobre ele o sinal da cruz e avançou com intrepidez em direção da água; e esta, como se estivesse endurecida como gêlo, permitiu que ele marchasse sobre ela até o meio do lago.
     _ Venham! – disse ele se essentando sobre a água - Se existe alguém entre os senhores que tenha esta confiança nos vossos deuses! 
     E alguns realmente tentaram o mesmo, mas afundaram.
     Espantado, mas também endurecido no coração, Agricolaüs condenou o santo a ser degolado, junto com os seus dois caros pequenos companheiros. As três cabeças caíram debaixo dos muros de Sebaste; uma senhora piedosa, Elisa, recolheu os corpos e os sepultou devotamente no lugar do suplício.

(Extraído de René Moreau  S.J., Saints et Saintes de Dieu, tomo I).

PAX CHRISTI
Diogo Pitta

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Homilia do Santo Padre João Paulo II na Solenidade da Apresentação do Senhor no Templo

1. "Levaram o Menino a Jerusalém, a fim de O apresentarem ao Senhor, conforme o que está escrito na Lei do Senhor" (Lc 2, 22).
Quarenta dias depois do Natal, a Igreja hoje revive o mistério da Apresentação de Jesus no Templo. Revive-o com a admiração da Sagrada Família de Nazaré, iluminada pela plena revelação daquele "Menino" que como a primeira e a segunda leitura acabaram de nos recordar é o juiz escatológico prometido pelos profetas (cf. Ml 3, 1-3), o "Sumo Sacerdote misericordioso e fiel", que veio para "expiar os pecados do povo" (Hb 2, 17).
O Menino, que Maria e José levam com emoção ao Templo, é o Verbo encarnado, o Redentor do homem da história!
Hoje, comemorando o acontecimento que nesse dia teve lugar em Jerusalém, também nós somos convidados a entrar no Templo, para meditar sobre o mistério de Cristo, unigénito do Pai que, com a sua Encarnação e a sua Páscoa, se tornou o primogénito da humanidade redimida.
Desta maneira, nesta festividade prolonga-se o tema de Cristo luz, que caracteriza as solenidades do Natal e da Epifania.
2. "Luz para iluminar as nações e glória do teu povo, Israel" (Lc 2, 32). Estas palavras proféticas são proferidas pelo velho Simeão, inspirado por Deus, quando toma o Menino Jesus nos seus braços. Ele preanuncia, ao mesmo tempo, que "o Messias do Senhor" realizará a sua missão como um "sinal de contradição" (Lc 2, 34). Quanto a Maria, a Mãe, também Ela participará pessoalmente na paixão do seu Filho divino (cf. Lc 2, 35).
Por conseguinte, na solenidade do dia de hoje, celebramos o mistério da consagração: consagração de Cristo, consagração de Maria e consagração de todos aqueles que se põem no seguimento de Jesus por amor do Reino.
3. Enquanto saúdo com fraterna cordialidade o Senhor Cardeal Eduardo Martínez Somalo, que preside a esta celebração, sinto-me feliz por poder encontrar-me convosco, queridos Irmãos e Irmãs que um dia, próximo ou distante no tempo, fizestes o dom total de vós mesmos ao Senhor, na opção da vida consagrada. Enquanto dirijo a cada um a minha saudação repleta de afecto, penso nas grandes coisas que Deus realizou e continua a fazer em vós, "atraindo para si mesmo" toda a vossa existência.
Juntamente convosco louvo ao Senhor, porque Ele é um amor tão excelso e belo a ponto de merecer a dádiva inestimável de toda a pessoa, na imperscrutável profundidade do coração e no desenvolvimento concreto da vida quotidiana, ao longo das várias etapas da vida.
O vosso "eis-me!", modelado em conformidade com o de Cristo e da Virgem Maria, é simbolizado pelos círios que, nesta noite, iluminaram a Basílica do Vaticano. A solenidade de hoje é dedicada de modo particular a vós, que no Povo de Deus representais com singular eloquência a novidade escatológica da vida cristã. Sois chamados a ser luz de verdade e de justiça, testemunhas de solidariedade e de paz.
4. Ainda está viva a recordação do Dia de Oração pela Paz, vivida há dez dias em Assis. Para essa extraordinária mobilização em favor da paz no mundo, eu sabia e sei que posso contar de maneira especial convosco, caríssimas pessoas consagradas. A vós, também nesta ocasião, exprimo a minha profunda gratidão.
Em primeiro lugar, obrigado pela oração. Quantas comunidades contemplativas, inteiramente votadas à oração, batendo de dia e de noite à porta do coração do Deus da paz, cooperam para a vitória de Cristo sobre o ódio, a vingança e as estruturas de pecado!
Além de o fazer com a oração, muitos de vós, caríssimos Irmãos e Irmãs, edificam a paz com o testemunho da fraternidade e da comunhão, difundindo no mundo como fermento o espírito evangélico, que leva a humanidade a caminhar para o Reino dos céus. Obrigado também por isto!
Além disso, em numerosos campos não faltam religiosos e religiosas que oferecem o seu compromisso efectivo pela justiça, trabalhando no meio dos marginalizados, intervindo nas raízes dos conflitos e contribuindo, desta forma, para edificar uma paz substancial e duradoura. Onde quer que a Igreja se encontra comprometida em defender e promover o homem e o bem comum, ali estais também vós, queridos consagrados e estimadas consagradas. Vós que, para serdes de Deus de modo integral, sois também totalmente dos irmãos. Todas as pessoas de boa vontade vos estão muito gratas por isto.
5. O ícone de Maria, que contemplamos enquanto oferece Jesus no Templo, prefigura o ícone da Crucifixão, antecipando também a sua chave de leitura, Jesus, Filho de Deus, sinal de contradição. Com efeito, é no Calvário que alcança o seu cumprimento a oblação do Filho e, unida a esta, também a da Mãe. A mesma espada atravessa ambos, a Mãe e o Filho (cf. Lc 2, 35). A mesma dor. O mesmo amor.
Ao longo deste caminho, a Mater Iesu tornou-se Mater Ecclesiae. A sua peregrinação de fé e de consagração constitui o arquétipo para a peregrinação de cada baptizado. É-o de maneira singular para quantos abraçam a vida consagrada.
Como é consolador saber que Maria está ao nosso lado, como Mãe e Mestra, no itinerário de consagração! Além do plano afectivo, encontra-se ao nosso lado mais profundamente a nível da eficácia sobrenatural, demonstrada pelas Escrituras, pela Tradição e pelo testemunho dos Santos, muitos dos quais seguiram Cristo no caminho exigente dos conselhos evangélicos.
Ó Maria, Mãe de Cristo e nossa Mãe, agradecemos-te o cuidado com que nos acompanhas ao longo do caminho da vida, enquanto te pedimos: neste dia volta a apresentar-nos a Deus, nosso único bem, a fim de que a nossa vida, consumida pelo Amor, seja um sacrifício vivo, santo e do seu agrado.

Assim seja!

2 de Fevereiro de 2002

PAX CHRISTI
Diogo Pitta