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sábado, 26 de fevereiro de 2011

O equilíbrio é fundamental.


“Naquele tempo, traziam crianças para que Jesus as tocasse. Mas os discípulos as repreendiam. Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse: “deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas.
Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”. Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos.” (São Marcos 10, 13-16)


Primeiramente quero Louvar à Deus, por esta leitura da Liturgia de hoje, e colocar-me neste instante, como alguém que mais do que ninguém necessitava destas letras no coração. As palavras da Sagrada Escritura podem, claro que com o direcionamento da Santa Igreja Católica, ter algumas interpretações que julgo serem variadas de pessoa para pessoa. Ao buscar as palavras dos sacerdotes na internet, sobre a passagem de São Marcos, deparei-me com uma série de explanações interessantes, mas uma em especial tocou mais forte o meu coração; a minha!
Não se assuste, pois não tive um surto de profundo egocentrismo, mas a maneira como esta palavra me tocou, segundo a minha interpretação, foi mais intensa, pois vivo hoje a minha fé, de uma maneira que creio não ser do agrado de Deus, pois tenho sido demasiado crítico e até certo ponto, cético.
Há algum tempo atrás, decidi e senti-me especialmente tocado a isso, aprofundar-me um pouco mais na história da Igreja. È apaixonante! Saber como era a Igreja primitiva, as Doutrinas, as celebrações, a formação do Cânon, Didaqué, heresias, monaquismo, Santos Doutores e etc...  Realmente tornei-me um apaixonado pela Igreja Católica Apostólica Romana e principalmente pelo nosso Papa, o qual chamo carinhosamente de “O bom Velhinho”. O fato é que este estudo, me trouxe algumas questões que me levaram a ver a fé Católica de outra forma, forma essa que me induzia ao descrédito em relação à muitos irmãos em Cristo, e à certos movimentos dentro da Igreja Católica.
Realmente, não mudei e nem mudarei minha forma de estudar, e principalmente, não irei eximir-me de anunciar o Evangelho e proclamar a Santa Mãe Católica como meio de Salvação, pois não se pode ter Deus como Pai, sem ter a Santa Igreja como Mãe. A questão, é a forma como eu tenho apresentado e tentado ensinar o que aprendi com meus estudos; extrema inflexibilidade!
Porém, existem alguns movimentos dentro da Igreja que devem ser combatidos com pacifismo (perdoem-me o paradoxo), como o  maravilhoso Dom de Línguas caindo na banalidade, as Santas Missas com interpretações totalmente erradas de lormas litúrgicas ou com permissão dos seus erros espalhando-se pelo mundo, Fideísmo, Biblicismo, Protestantismo, livre exame da Sagrada Escritura e etc...
Enfim, ao ler a passagem de São Marcos, tentei traçar algumas conexões com os meus dias atuais. Tenho crido como criança? O que seria "ser" como criança?
É verdade, não tenho crido como criança. Não tenho tido aquele olhar de admiração de criança, ao ouvir o pai lhe ensinar algo, e mesmo sendo inverdade, crer só por ter sido seu pai que o ensinou; tenho ponderado mais e acreditado menos.
Creio que falta na humanidade e essencialmente em mim o pensamento da criança, pois ela sabe que o Sol é amarelo, mas sequer tem um esboço de noção do porquê de ser amarelo (pelo menos é a visão que temos daqui.). Sabem que o mar é azul, mas não precisam saber o porquê do azul do mar; Sentem segurança em seus pais, mas não se questionam o porque; crianças não se cobram, e eu tenho me cobrado em excesso.
Não estou afirmando que é do meu gosto a ignorância total de como as coisas operam ou de como surgiram; não, pois sou um apaixonado pela ciência e pela história, principalmente de minha Igreja, mas acredito que seja muito benéfico, por vezes, preferir crer à entender.
Li certa vez, sobre um noviço, que dirigia-se ao seu Abade, e questionava-lhe sobre o sentido da vida; “ Mestre, por quê vivemos e caminhamos nesta terra? Qual o sentido da vida? – Respondeu-lhe o Abade: Não busque o sentido da vida, viva-a com sentido!”
Preciso crer um pouco mais como criança. Preciso não me encolerizar com os erros cometidos e vividos pelos outros, pois erro mais que eles. O meu ceticismo estava me arrastando para isso, logo pensei em alguma estratégia para livrar-me deste ceticismo amargo causado por estudos desequilibrados, e crer como criança e concomitantemente, ser prudente nos estudos e continuar aprofundando-me, sem perder a fé no que é preciso ter fé.
Perdoem-me a comparação quase que lúdica, mas não é para crer como criança? Então vamos lá; Imaginei um tripé, como aqueles que sustentam microfones; sim, um tripé! Imaginei que cada pé, representavam respectivamente; O Sagrado Magistério, A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura. Para que o microfone fique erguido, todos precisam ter o mesmo tamanho. Se o pé do Sagrado Magistério for maior, a fé cai! Se então, for maior o pé da Sagrada Tradição, a fé também cai! Se for maior o pé da Sagrada Escritura, a fé também cai, pois se entra no biblicismo tão amado pelos protestantes. Logo o equilíbrio entre os três, é fundamental. Este pensamento está plenamente de acordo com o que diz a Igreja. O catecismo da Igreja, nos mostra que um “pé” não vive sem o outro: “ Foi a tradição apostólica que fez a Igreja discernir quais escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados. Esta Lista completa é denominada Cânon da Escrituras.” (CIC 120 ).
Tenho certeza de que Deus, não nos quer ensinando o Evangelho, nem transmitindo a Tradição, como carrascos, mas ele quer que anunciemos estes, com amor e temperança. Porém, não podemos nos calar frente aos erros que acontecem na Igreja , tampouco no mundo. O equilíbrio é fundamental. Eduquemos no discernimento do Espírito.

PAX CHRISTI
Diogo Pitta

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