O marido é a cabeça do casal e o chefe de família. Mas isso não importa
em uma falsa liderança despótica, dando ordens descabidas, como se a
mulher e os filhos fossem sua propriedade. A liderança cristã é baseada
na verdadeira hierarquia, não na tirania, e aquela está sempre a
serviço. O marido lidera não para mandar, mas para servir. O exemplo de
São José deve ser sempre lembrado: embora chefe da Sagrada Família e
cabeça do casal que formava com a Santíssima Virgem, sendo que ela lhe
era cristamente submissa (não subserviente), Jesus e Maria, que lhe
deviam obediência, eram superiores em santidade e em virtude ao santo!
Com base nisso, passo a dar três dicas de como os maridos podem liderar
suas famílias, cumprindo a vontade de Deus. A liderança do marido tem um
fim: proteger a família e levá-la ao céu. As dicas, portanto, serão
apenas na esfera da espiritualidade e da santificação da família pela
qual ele foi colocado por Deus para ser responsável.
01. O marido deve ser o sacerdote da Igreja doméstica. Muitas
vezes lembramos das piedosas mulheres que sustentavam espiritualmente a
família. Isso deve continuar acontecendo, pois a intercessão da esposa e
mãe é poderosa. Todavia, essa quase exclusividade do papel da mulher na
família é própria de tempos em que os homens não eram convertidos ou
não praticavam a fé católica como deveriam. A mãe, por vezes, substituía
o pai na liderança espiritual da família - não a liderança secular. Em
uma família realmente católica, o pai deve reassumir seu papel e imitar
São José.
Como sacerdote da família, deve oferecer sacrifício de louvor
cotidianamente, agradecendo e pedindo a Deus pelos que lhe foram
confiados.
Deve, igualmente, oferecer-se a si mesmo a Deus pela esposa e os filhos:
um sacerdote é aquele que oferece as vítimas em holocausto (no caso do
pai, as vítimas são espirituais, o sacrifício de louvor, pois o
sacrifício por excelência é feito por Cristo na Cruz e tornado presente
na Missa, pelo sacerdote propriamente dito, o padre), mas também quem
oferece a si mesmo a Deus (Cristo foi sacerdote, mas também vítima, na
Cruz e na Missa). E como o pai se oferecerá a si mesmo? Renunciando aos
seus gostos e caprichos em prol da família, fazendo pequenas
mortificações por ela, e sabendo que o bem maior é dos filhos e da
esposa, e não os seus. Quantos jogos de futebol na TV não poderiam ser
sacrificados, se se sabe que os filhos, justo naquele momento, precisam
de atenção? Não se trata de renunciar a tudo, pois em família as coisas
se ajeitam e é preciso conversar - e ensinar a esposa e os filhos a
também fazerem renúncias, para melhor formarem a vontade -, mas, em
conflito sem possibilidade de negociação, o chefe da família deve dar o
exemplo!
Sendo sacerdote da família, o marido irá também aumentar suas orações,
suas meditações, suas visitas a Jesus no sacrário, para ser modelo de
todos os membros da casa, que lhe emularão a piedade.
O pai rezará com sua família, liderará a ida à Missa, estará presente na
recitação do rosário, mas também rezará, sozinho, em sua oração
pessoal, pela esposa e filhos.
02. Decorrência de seu sacerdócio doméstico, o pastoreio da
esposa e dos filhos é um dever do marido. É o guia espiritual de sua
família, aquele que deve primeiro se formar em doutrina e em piedade,
para ajudar a todos. Sem substituir o diretor espiritual da esposa ou de
cada filho, que, no mais das vezes, é um sacerdote ou religioso,
procurará ouvir a vontade de Deus na oração, e a apresentará aos filhos e
esposa. Aliás, deve procurar ouvir essa vontade divina junto com a
mulher, que será sua grande conselheira e um meio pelo qual Deus fala de
modo ordinário.
O pai que é pastor, orientará a oração dos filhos, ajudará a esposa em
sua própria oração, se ela precisar, e estará ao lado da mãe quando ela
der seus conselhos de piedade às crianças e rezar com os filhos. O pai,
com a mãe, é o primeiro catequista, estimulará a leitura das Sagradas
Escrituras, do catecismo, dos livros de piedade e de doutrina, e das
vidas dos santos.
É dever do pai comprar bons livros católicos à esposa e aos filhos e
assegurar-se de que os leiam, ajudando-os a refletir, conversando sobre
os temas neles tratados etc. Exemplares da Bíblia ou alguma sua
paráfrase, adequados à idade e condição, vidas de santos, catecismos,
devem ser sempre apresentados à biblioteca das crianças.
Duas sugestões são pregar um pequeno retiro aos filhos e esposa, de vez
em quando, de meio-dia, nem que seja, e ler juntos um trecho espiritual,
da Bíblia ou outro livro, e conversarem sobre ele. O pai e a mãe
guiarão os filhos nos primeiros passos de sua oração e da meditação.
03. Outra consequência do sacerdócio paterno é o poder da bênção.
A mãe também pode abençoar, mas parece-me que a bênção do pai tem
aquele ethos de imitação mais perfeita do Pai Celestial e do sacerdote
ordenado.
Reze, pois, por seus filhos, imponha-lhes as mãos, abençoe a cada um
deles. E abençoe sua esposa. Pode-se, aliás, usar bênçãos litúrgicas,
dado que a edição pós-conciliar do Rituale Romanum traz previsões de
bênçãos a serem dadas pelos pais e mães. É uma poderosa ferramente de
bênção e unção da família.
Tenha em casa água benta e sal exorcizado e faça uso frequente deles para abençoar a esposa e os filhos.