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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Da Venezuela à Indonésia, com Dilma Roussef

Dilma Roussef além de não saber direito o que fala, como já tivemos a oportunidade de constatar durante discursos nos quais parecia estar embriagada, como no discurso da Assembléia Geral da ONU, a presidente parece também não saber direito o que quer: Ora não quer arrochar a economia, como propugnado nos debates eleitorais de 2014, ora o quer, como o faz agora; ora não quer interferir em questões internas de outros países, ora quer.

A presidente reluta em intervir no assassinato da democracia cometido pelo bandido e ditador Nicolás Maduro, quando este deteve a murros e pontapés, sem acusações plausíveis ou sequer um mandato, o Prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, pelo simples fato de ser Ledezma um forte opositor do governo chavista, sob a alegação falsa e patife de que não é do feitio do Itamaraty intrometer-se em questões internas de outros países. Porém, não houve nem mesmo peso, nem mesma medida para as questões internas da Indonésia, que teve de aturar a adulação do governo brasileiro, com traficantes que faziam entrar naquele país quilos e mais quilos de cocaína, sabendo estes perfeitamente que neste país, a pena para quem é detido por tráfico de entorpecentes é a morte.  Ora, na minha opinião, Dilma teria que ter pedido, de joelhos, perdão ao presidente da Indonésia, pelo fato de um brasileiro ter causado tamanho transtorno, e ainda por cima, devia a presidente, ter se oferecido para custear a munição que executou os traficantes. Neste caso, Dilma não se furtou em interferir nas questões internas de um país, implorando inclusive a intercessão do Papa!


Mas suspeito o motivo pelo qual no caso da prisão violenta e arbitrária do opositor anti-chavista de Caracas Dilma calou-se de forma sepulcral, e por que em contrapartida, foi paladina incansável da liberdade e da vida, quando se tratava dos traficantes brasileiros condenados à pena de morte na Indonésia; por dois motivos: 1) Como sempre, a esquerda coaduna com o banditismo, com regimes ditatoriais e com narco-traficantes, e em ambos os casos, há a defesa incondicional de bandidos, que são os dois traficantes brasileiros e Nicolas Maduro; 2) a Indonésia não faz parte do Foro de São Paulo.

Simples assim.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Sou obrigado a ir à Santa Missa?


Padre, o Sr. ama o Sacrifício da Missa?
Sim, porque Ela regenera o mundo
Padre Pio de Pietrelcina, durante entrevista

Faz parte da teologia moderna, e por moderna entenda-se em não consonância com a Doutrina tradicional e ortodoxa de sempre da Igreja, a ideia de que não somos obrigados a frequentar certos Sacramentos; sacramentos estes que nos foram deixados por Nosso Senhor Jesus Cristo como instrumentos de Salvação e que chegou até nós pela Tradição Apostólica. Ouvi hoje pelo Youtube, proferido por um sacerdote católico, que não somos obrigados a ir à Santa Missa, pois esta seria apenas – conceito de Missa dado por ele – uma reunião de amigos, assim como também a última ceia de Nosso Senhor o foi. Lamentável, que um sacerdote não tenha a consciência, ou a tenha perdido, do que é um “sacerdócio”, pois se ele não reconhece a Santa Missa como um Sacrifício, não há sentido em ter-se um sacerdote, haja visto, que a definição mesma da palavra “sacerdote”, é de alguém que preside um sacrifício, assim como eram os Sacerdotes Levitas do Antigo Testamento, que presidiam o Sacrifício da Antiga Aliança.
Aqui, temos a oportunidade de refletirmos sobre dois pontos fundamentais a respeito da Santa Missa, que têm sido esquecidos e seriamente negligenciados, fruto da aviltante confusão doutrinal que assola a Igreja há no mínimo 50 anos. Sobre o que na verdade é a Santa Missa, e se há obrigatoriedade de irmos á Santa Missa.
O primeiro aspecto, é o Conceito de Santa Missa. A Teologia modernista, como foi dito acima, vê a Santa Missa como uma confraternização; um encontro entre amigos onde se revive a Ultima Ceia, e que esta, seria apenas uma “despedida” de Jesus de seus discípulos.
A doutrina da Igreja ensina que a Santa Missa é, antes de qualquer outra coisa, o memorial da paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo; o Sacrifício redentor do calvário, que acontece misticamente no altar de nossas paróquias.
 Diz o Catecismo da Igreja Católica:
O nosso Salvador instituiu na última ceia, na noite em que foi entregue, o sacrifício eucarístico do seu corpo e sangue, para perpetuar pelo decorrer dos séculos, até voltar, o sacrifício da cruz, confiando à Igreja, sua esposa amada, o memorial da sua morte e ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da glória futura.”(1)
No que foi dito acima, até a concepção mesma de “ultima Ceia” dada pela teologia modernista, e compartilhada pelo reverendíssimo padre, estão equivocados. A Ultima Ceia na verdade foi a instituição da Santa Missa, por autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Sobre o caráter sacrificial da Santa Missa, expressa-se o Catecismo Maior de São Pio X:
A santa Missa é o sacrifício do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, oferecido sobre os nossos altares, debaixo das espécies de pão e de vinho, em memória do sacrifício da Cruz.(2)

Assim sendo, o único lugar onde seguramente podemos estar diante da Cruz do Senhor, diante da Cruz que nos salvou e salva, é a Santa Missa! Sobre isto, diz Santo Tomás de Aquino, o Doutor angélico: “A celebração da Santa Missa tem tanto valor como a morte de Jesus na Cruz!”

A única diferença, é que na Cruz deu-se o sacrifício de forma cruenta, ou seja, onde houve derramamento do Preciosíssimo sangue de Nosso Senhor, e em contrapartida, na Santa Missa, o Sacrifício dá-se de forma incruenta, ou seja, ocorre de forma sacramental e sem derramamento de Sangue. Ou seja, o sacerdote, assim como os antigos Sacerdotes levitas da Antiga aliança, preside um sacrifício para a nossa salvação, sacrifício este, que é uma perpetuação do Sacrifício salvífico de Nosso Senhor na Cruz do calvário. Portanto, a Santa Missa é um Sacrifício. Um santo Sacrifício!
Diante da importância do ato sacrificial da Santa Missa, cabe-nos portanto analisarmos uma segunda questão: Somos obrigados a ir à Missa? A resposta é sim, e que quem o diz é a Igreja, nos seus cinco mandamentos:
O primeiro preceito da Igreja: ouvir Missa inteira nos domingos e festas de guarda, manda-nos assistir com devoção à Santa Missa nos domingos e nas outras festas de preceito.”(3)

A Igreja, Mãe e mestra; coluna e sustentáculo da verdade, sob a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, determinou para o bem e salvação das almas, a instituição de cinco mandamentos, que devem ser obedecidos com a mesma reverência que se obedecem os Dez Mandamentos da lei de Moisés, levados à perfeição por Nosso senhor Jesus Cristo. Disto isto, o Primeiro dos cinco mandamentos da Igreja, diz-nos que a Igreja manda-nos, como uma bondosa Mãe que sabe o que é bom para os seus filhos, irmos à Missa todos os domingos e outras festas de preceito.

É preciso entender, que é prova de profundo amor a Deus e à Igreja, obedecer os mandamentos, assim como uma criança deve obedecer seus pais, também por amor; e que a obediência, é o primeiro degrau para a Santidade. Vale lembrar também que a desobediência ao que nos manda o Senhor é pecado, e que o salário do pecado é a morte, logo, a não ser por graves razões, deixar de ir à Santa Missa aos domingos, é pecado. Levando em consideração que, em última análise, a Missa nos traz a Salvação, por uma lógica consequência, deixar de ir à Missa quando manda a Santa Igreja, sem causa grave, é sinal de perdição.

Sinal de salvação para o católico também, é deixar de se orientar pelo que ensina a teologia nascida do modernismo, modernismo esse que segundo o Papa e santo São Pio X, é a síntese de todas as heresias.

Apeguemo-nos portanto, para a nossa Salvação e para maior fidelidade à Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao que sempre foi ensinado por Ela.

Uma Santa Quaresma a todos.


1 - Catecismo da Igreja católica , n. 1323;
2- Catecismo maior de São Pio X, n. 652;
3- Catecismo Maior de São Pio X, n. 475


sábado, 21 de fevereiro de 2015

Democracia golpista

É uma característica intrínseca da esquerda Latino-americana, fazer-se de vítima indefesa e frágil, quando na verdade ela é uma maioria histérica, e que atualmente, manda e desmanda na América Latina.

Ultimamente, o estratagema utilizado pela esquerda latino-america para tentar parecer aquilo que não é, e para pôr em prática aquilo que já ensinava Lênin aos seus asceclas – “acuse-os do que tu és!” –  é, ao menor sinal de oposição e ameaça à concretização de estratégias para a implantação do socialismo na América latina, bradar histericamente : “É golpe! Golpistas!”

Temos de encarar esta séria ameaça ao jogo democrático: a esquerda não convive com oposições, e para isso, se vale dos argumentos mais vis e sórdidos para neutralizar os que lhe fazem oposição, o que agora tem se manifestado sob a acusação de “golpe” imposta a quem quer que lhes diga ou faça o contrário do que pensam.

Isto tem acontecido ultimamente, quando uma parcela da população brasileira têm ido às ruas para exigir o impeachment da Presidente Dilma Roussef. Aquilo que outrora, de acordo com o que lhes convinha à época, era tido como um instrumento da mais autêntica democracia, constitucional, e que fora utilizado de forma eficientíssima para arrancar quase a pontapés do planalto o então presidente Fernando Collor, agora, assume ares sombrios da mais maquiavélica maquinação golpista. Como diz o dito popular: “No dos outros, é refresco!”

Na verdade, eles interpretam ipsis litteris a supracitada estratégia leninista, e acusam os que lhes fazem oposição de “golpistas”, por que na realidade, o “golpe” já foi desferido por eles próprios, há muito tempo, desde 1990, com a criação do Foro de São Paulo, organização esta, que reúne em seu bojo a "fina-flor" do comuno-narco-terrorismo Latino – Americano.

Recentemente, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, potente crítico do governo Chavista de Nicolas Maduro, foi detido e espancado pelo Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin, a polícia política da Venezuela), sem ordem judicial e de forma arbitrária, por homens encapuzados; o homem está desaparecido e, segundo o ditador Nicolás Maduro, que determinou sua prisão sob a acusação patife de estar o prefeito de Caracas maquinando um golpe contra o Governo Chavista, ele será “processado’.  Leia-se “eliminado”. Ou seja, o simples fato de ter-lhe feito oposição o Prefeito de Caracas, foi o suficiente para desencadear na alma de Maduro aquele desonesto vitimismo característico da esquerda, utilizado como pretexto para calar a oposição.


O que faz com que a esquerda tenha por iminentes “golpistas”, aqueles que gritam por democracia, se não o fato de quererem eles mesmos acabar com a democracia, calando as vozes dissidentes sob a infame acusação de golpe? Como foi dito, historicamente, a esquerda não convive com oposições, e nada lhe faz tanta oposição como a democracia. Para eles, a verdadeira “golpista”, é justamente a democracia.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Literatura e política

"A literatura e a política, estas duas faces bem distintas da sociedade civilizada, cingiram como uma dupla púrpura de glória e de martírio os vultos luminosos da nossa história de ontem. A política elevando as cabeças eminentes da literatura, e a poesia santificando com suas inspirações atrevidas as vítimas das agitações revolucionárias, e a manifestação eloquente de uma raça heroica que lutava contra a indiferença da época, sob o peso das medidas despóticas de um governo absoluto e bárbaro. O ostracismo e o cadafalso não os intimidavam, a eles, verdadeiros apóstolos do pensamento e da liberdade; a eles, novos Cristos da regeneração de um povo, cuja missão era a união do desinteresse, do patriotismo e das virtudes humanitárias."

(MACHADO DE ASSIS, O passado, o presente e o futuro da literatura)

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Outro réu confesso...



Em raríssimas ocasiões, o bandido tem mais credibilidade do que a vítima; e uma dessas raras ocasiões, é quando o larápio torna-se réu confesso, e simplesmente escancara, para quem quiser constatar, a sua verdadeira face, dizendo por suas próprias palavras, quais são as suas pretensões. No caso do Foro de São Paulo, entidade que aos ouvidos moucos trata-se apenas de uma entidade mitológica, oriunda das profundezas da fertilíssima imaginação da direita, isso não poderia ser mais patente. Em 2005, o então presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, brindou-nos com um de seus quase inexistentes momentos de honestidade, e falou, em pronunciamento que foi veiculado no site oficial do governo, sobre o Foro de São Paulo e sobre as suas suspeitíssimas intenções. Tal pronunciamento, mereceu um artigo cuja autoria é do Filósofo Olavo de Carvalho. Tais comentários foram tecidos sob efusivos agradecimentos do Professor Olavo, aos serviços de auto-delação prestados pelo “barba”. Este artigo pode ser lido no site do Olavo de Carvalho, sob o título sugestivo de “Réu confesso”.

O Foro de São Paulo conseguiu a proeza de manter-se sob as penumbras da mídia “rabo-preso” durante 16 anos! Uma organização que mobiliza chefes de estado, delegações inteiras, envolve uma organização colossal, consegue ser imperceptível à grande mídia, o que faz com que quando alguém como o autor destas linhas, denuncie a existência dessa organização, seja alcunhado de “lunático” e adepto das “teorias da conspiração”. Nos últimos anos, tornou-se quase impossível esconder a existência do Foro de São Paulo, graças, em primeiro lugar, à atividade incansável de intelectuais de escol como o professor Olavo de Carvalho, a Graça Salgueiro, o Heitor de Paola; e em segundo lugar, pela relação intrínseca entre os países da América Latina componentes do Foro; a maneira como se sustentam mutuamente, e pelos pronunciamentos “auto-delatores” dos respectivos presidentes, cuja ascensão ao poder é obra do Foro de São Paulo, como no caso do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. 

Portanto, é um gozo indizível quando algum “braço” do Foro de São Paulo, como no caso citado acima do Lula, nos dá a graça de explicar-nos pessoalmente o que é o Foro de São Paulo, e quais as suas reais intenções. Segue abaixo uma carta, que aqui a interpreto como uma “aula” sobre o Foro de São Paulo, proferida pela boca de quem participou como organização fundadora do Foro de São Paulo: as FARC, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, organização de comuno-narco-terroristas da Colômbia, com células em toda a América Latina, e que recentemente, sob o manto de negociações de paz, está sendo erigida pelo presidente da Colômbia, Juan Manoel Santos, à categoria de partido político.

Esta carta foi redigida pelas lideranças das FARC, pela ocasião do XIII Foro de São Paulo, realizado em El salvador, e foi publicada pelo PRAVDA.ru, que é o jornal do partido comunista da Rússia.

Com a palavra, as FARC:

“Mesa Diretora, Companheiros Delegados e Companheiras Delegadas ao XIII Foro. San Salvador, El Salvador. Recebam nossa carinhosa e bolivariana saudação, muitos êxitos em suas deliberações. 

Ao não podermos nos fazer presentes em tão importante evento, lhes entregamos este documento com nossos pontos de vista e agradecemos de antemão o fato de tê-lo em conta nas deliberações. 

Queridos companheiros. 

Em 1990 já se via vir abaixo o campo socialista, todas as suas estruturas fraquejavam como castelo de cartas, os inimigos do socialismo festejavam a mais não poder, se cunhavam teorias como a do fim da história, muitos revolucionários no mundo observavam atônitos e sem conhecer o que havia falhado para que ocorresse semelhante catástrofe. 

A utopia se dissipava, a desesperança se apoderou de muitíssimos dirigentes que haviam dedicado toda sua vida à luta por conquistar um mundo melhor, idealizando-o com o modelo de socialismo desenvolvido da União Soviética. 

Ao derrubar-se esse modelo, para muitos se acabou a motivação de luta e só ficamos uns poucos sonhadores que nos mantivemos e seguimos mantendo na teoria, na política e na realidade de novas expressões de socialismo, o que potenciou a decisão de luta e acelerou o crescimento e fortalecimento desse contingente de sonhadores que vê nessa luta por um mundo melhor algo realmente possível. 

Na Ásia: China, Vietnam e Coréia do Norte tremulavam suas bandeiras socialistas sem dar espaço ao derrotismo e sem escutar os cantos de sereia para que abandonassem o sistema que se lhe opunha ao capitalismo.


Na América: Cuba ficou só, navegando na crise mais profunda que tocou viver a país algum, com seu comércio que alcançou níveis de queda que não poucos acreditavam impossível de reverter dado a brusca mudança nas fontes e condições de seu comércio exterior. O imperialismo acreditou equivocadamente que havia chegado o momento de acabar com o socialismo na América, aumentou sua agressão com o bloqueio econômico, comercial e financeiro, sem importar a vida de milhões de crianças e anciãos que sofreriam as conseqüências de tão louca manobra. 

É nesse preciso momento que o PT lança a formidável proposta de criar o Foro de São Paulo, trincheira onde nós pudéssemos encontrar os revolucionários de diferentes tendências, de diferentes manifestações de luta e de partidos no governo, concretamente o caso cubano. Essa iniciativa, que encontrou rápida acolhida, foi uma tábua de salvação e uma esperança de que tudo não estava perdido. Quanta razão havia, transcorreram 16 anos e o panorama político é hoje totalmente diferente.
 
O outrora imperialismo arrogante e prepotente está afundado numa profunda crise que ninguém sabe quando nem como terminará. As brutais e ilegítimas agressões contra os povos de Afeganistão, Iraque e Líbano têm recebido respostas inesperadas e, a cada dia, jogam no desconcerto o governo norte-americano e seus aliados, que têm tido de carregar com o peso político e social que significam milhares de mortos e feridos, assim como de uma previsível derrota. Duras realidades como o déficit fiscal, o déficit na balança comercial, a queda dos falcões: Rumsfeld, Boltón e Negroponte e a crescente atitude crítica do povo norte-americano, agudiza ainda mais a crise dos que sonharam e ainda sonham com o poder mundial, acreditando mortas e enterradas as forças que se lhes pudessem opor. 

Na América Latina, não fazemos mais que descrever, pois todos conhecemos os processos: Cuba, Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Equador, Brasil Uruguai e Argentina, no total, oito países, se orientam pelo desenvolvimento de modelos de governo e de sistemas diferentes ao tradicional imposto pelo imperialismo ianque. Os povos optaram pela mudança, nada os deteve, a ameaça, a chantagem, a compra de votos, as fraudes milionárias, não foram suficientes para fazer mudar a opinião de milhões que buscaram e seguem buscando uma nova alternativa. 

É no marco deste cenário político que se desenvolveu e se segue desenvolvendo o Foro de São Paulo. De um partido no governo que inicialmente fazia parte do Foro, o Partido Comunista Cubano, hoje são oito as forças governantes que, ademais de ser forças no governo, foram fundadoras deste importante movimento. Assim as coisas, qualquer pessoa pensaria que o haver avançado em lutados e esperados objetivos, faria do Foro de São Paulo um impulsionador da integração da América Latina, num aríete das lutas sociais, num ente solidário com a luta dos povos, numa força capaz de buscar e propor soluções políticas a conflitos internos que se apresentam como conseqüência da iniqüidade, da injustiça e da antidemocracia. 

Porém, não é assim, há os que pensam que o fato de ter chegado ao governo os separa do Foro. Segundo tal e muito respeitável forma de pensar, uma coisa é ser oposição e outra ser governo, em razão a ter que desenvolver, em alguns casos, políticas que o Foro não comparte, como a política neoliberal. Pensam que a nova condição os inibe de participar e querem um Foro menos dinâmico, que não se faça sentir, que não seja propositivo, que não lute por objetivos que foram e seguem sendo válidos. 

Ante tal situação, outros pensam que se deve acabar o Foro, que o melhor é dar-lhe enterro de terceira e criar um novo movimento. 

Nas FARC cremos que não são corretas as duas apreciações anteriores e, pelo contrário, pensamos que os partidos que se encontram no Foro e que fazem parte dos governos têm o espaço, o justo direito e a necessidade de pleitear em seus países o fortalecimento do movimento tal como foi criado: sem exclusões, sem imposições e sem dogmatismo. Cremos, além disso, que se deve buscar que esta organização seja mais funcional, seja um ente catalisador das opiniões dos povos que sempre estão adiante de seus governantes, porque são os que sentem como se está exercendo o governo, se é justo, se é pulcro, se é humano, se tem cumprido com o que prometeu. Ter medo à crítica que possa fazer uma organização como o Foro de São Paulo é negar sua mesma essência como governo democrático, amplo e pluralista. 

Pensar em criar outra organização atirando pela borda 16 anos de experiências, de credibilidade, é desperdiçar a oportunidade de converter o Foro num ente coordenador de diferentes partidos, movimentos e organizações políticas que, respeitando as diferenças, nos ratificamos na luta contra o imperialismo, o neoliberalismo, a solidariedade e a integração da América Latina. 

Fazemos um reconhecimento aos companheiros do Grupo de Trabalho pela iniciativa de ajudar na solução ao conflito social, político e armado que vive a Colômbia desde há 60 anos, a declaração de Bogotá é, sem dúvida, um documento muito importante que, com o direito que nos assiste, pedimos seja difundido entre os assistentes ao Foro. 

Na Colômbia há uma intervenção direta do Imperialismo Ianque, na atualidade há 1.400 oficiais do exército estadunidense dirigindo as operações do Plano Colômbia, do Plano Patriota e do Plano Victoria. Os Estados Unidos estão instigando e financiando a guerra com o pretexto do narcotráfico e, para isso, diariamente se estão gastando 17.5 milhões de dólares para perseguir e liquidar aos lutadores sociais, revolucionários e bolivarianos.
 
As fumigações estão acabando com a flora e a fauna da Amazônia, são milhares de toneladas de Glifosato e Paraqua, igual que os experimentos com o Fusarium Oxiporun. Que destrói a mata de coca, porém igualmente acaba toda a flora que tenha no lugar, contamina as bacias hidrográficas, pois os troncos dos vegetais, ao serem levados pelas águas, causam imensa perda ao sistema ecológico.
 
Cremos ser oportuno manifestar nossa inquietação e desagrado pela posição de alguns companheiros que, em forma e sob responsabilidade pessoal, publicamente dizem que as FARC não podem participar no Foro, por ser uma organização alçada em armas. A luta armada não se criou por decreto e tampouco se acaba por decisão similar, é a expressão de um povo que sofreu a devastação de sua população em mais de um milhão de pessoas que, nestes 60 anos, foram assassinadas, é a expressão dos milhares de militantes que foram assassinados do Partido Comunista e da União Patriótica, é a expressão de milhares de sindicalistas que foram assassinados nestes últimos anos. 

Aos companheiros que pensam que não podemos participar, fraternalmente os convidamos a que nos acompanhem, não no acionar militar ao que as circunstâncias nos obrigaram, pois sabemos que não a compartem e respeitamos seus pontos de vista, os convidamos a participar da busca da solução política e, para isso, os fazemos partícipes da Plataforma para um Governo de Reconstrução e Reconciliação Nacional, aprovada por nossa 8ª Conferência realizada em 1993. 

Com esta Plataforma de 12 Pontos convidamos reiteradamente a todos os setores sociais, econômicos e políticos de nosso país para que nos sentemos e, entre todos, construamos a Nova Colômbia. 

Ao Foro, em seu conjunto, o convidamos a que prossiga em seus pronunciamentos e acionar pela solução política ao conflito social e armado na Colômbia, passo importante para alcançar a paz com justiça social pela qual tem lutado e seguirá lutando nosso povo, ao mesmo tempo que é passo necessário para impedir que este conflito possa ser utilizado para que o imperialismo tente ações desestabilizadoras na região. 

Seguimos convidando a todos os partidos políticos, organizações sociais, de estudantes, operários, intelectuais, campesinos, indígenas e a todos os que estejam contra a injustiça, a buscar uma solução política. Convidamos a que nos acompanhem na luta pelo Intercâmbio Humanitário, com o que estaremos abrindo as portas para que centenas de colombianos e colombianas regressem a seus lares para compartir com seus seres queridos. 

COMISSÃO INTERNACIONAL
FORÇAS ARMADAS REVOLUCIONÁRIAS DA COLÔMBIA
EXÉRCITO DO POVO, FARC-EP
MONTANHAS DE COLÔMBIA, 7 DE JANEIRO DE 2007.”

Em busca da cultura



Cultura não é só aquisição de conhecimento, é a formação de uma personalidade ao mesmo tempo arraigada na realidade histórico-social concreta e capaz de transcendê-la intelectualmente.


Publicado no Diário do Comércio.


 Em artigo escrito já há algum tempo (http://siterg.terra.com.br/post/2014/03/18/procura-se-uma-nova-classe-alta-por-nizan-guanaes/), o publicitário Nizan Guanaes observa que às nossas classes altas falta, sobretudo, cultura. Pura verdade, mas por que somente às classes altas? Ao longo da quase totalidade da história humana, o conjunto dos homens mais cultos e sábios raramente coincidiu com o dos mais ricos e socialmente brilhantes. “Livros e dinheiro são uma mistura perfeita para elegância, savoir faire e bom gosto”, diz Guanaes. É certo. Mas também é certo que elegância, savoir faire e bom gosto não são propriamente a alta cultura: são a vestimenta mundanizada que ela assume quando desce do círculo das inteligências possantes e criadoras para o âmbito mais vasto dos consumidores abonados, da sociedade chique. São cultura de segunda mão.
O que falta no Brasil não são apenas ricos educados. O que falta são intelectuais capazes de educá-los. Um indício claro, entre inumeráveis outros, é que nenhuma universidade brasileira, estatal ou privada, foi jamais incluída na lista de cem melhores universidades mundiais do Times de Londres (Times Higher Education World Ranking, http://www.timeshighereducation.co.uk/news/the-100-most-international-universities-in-the-world-2015/2018125.article). Não há nessa exclusão nenhuma injustiça. Rogério Cezar de Cerqueira Leite explicou o porquê em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/202892-producao-cientifica-e-lixo-academico-no-brasil.shtml.
Foi talvez sentindo obscuramente a gravidade desse estado de coisas que o próprio Guanaes mandou seu filho estudar na Phillips Exeter Academy, de New Hampshire, tida como a melhor escola preparatória americana, na esperança de colocá-lo depois em alguma universidade da Ivy League, como Harvard, Yale, ou Columbia.
Sem deixar de cumprimentar o publicitário pelo seu zelo paterno, observo que suas próprias ações provam antes o meu diagnóstico da situação do que o dele: se cultura faltasse somente aos homens ricos, bastaria enviar seus filhos a alguma universidade local ou fazê-los conviver com intelectuais de peso em São Paulo ou no Rio, e decorrida uma geração o problema estaria resolvido. Mas aí é que está: faltam universidades que prestem e os grandes intelectuais morreram todos, sendo substituídos por duas gerações de tagarelas incompetentes, cabos eleitorais e cultores da própria genitália, como documentei abundantemente em O Imbecil Coletivo (1996) e O Mínimo que Você Precisa Saber para Não Ser Um Idiota (2014), além de centenas de artigos, muitos deles neste mesmo Diário do Comércio.
Ricos e até governantes incultos não são, por si, nenhuma tragédia, desde que haja em torno uma classe intelectual séria, capaz de lhes impor certos padrões de julgamento que eles não precisam compreender muito bem, só respeitar. Foi assim na Europa ao longo de toda a Idade Média e até épocas já bem avançadas dentro da modernidade, quando a casta nobre considerava que a única ocupação digna da sua posição social era a guerra, deixando os estudos para os padres e demais interessados. O Imperador Carlos Magno só começou a aprender a ler – de má vontade – depois dos trinta anos. Afonso de Albuquerque, sete séculos depois, ainda considerava que saber línguas estrangeiras era coisa para subalternos. A alta cultura não era sinal de posição social elevada, era um ofício especializado. Daí a palavra clerc, “clérigo”, que não designava só os sacerdotes, mas, de modo geral, toda pessoa letrada.
Complementarmente, os homens de estudos eram o que podia haver de mais diferente do grand monde, dos ricos e elegantes. Até bem recentemente, mesmo nos EUA, os intelectuais, sobretudo universitários, primavam por uma vida austera, sem divertimentos nem confortos, a não ser que, por coincidência, viessem eles próprios de alguma família rica.
Tudo mudou nos anos 80, com o advento dos yuppies. Um yuppie é um jovem com diploma de universidade prestigiosa, um emprego regiamente pago em alguma cidade grande, um círculo de amigos importantes que se reúnem em clubes chiquérrimos e uma cabeça repleta de regras de polidez politicamente corretas, um conjunto formidável de não-me-toques que facilitam a aceitação social na mesma medida em que dificultam o pensamento. Foi aí que formação cultural começou a significar elegância, bom gosto e refinamento em vez de conhecimento e seriedade intelectual.
Esse foi um dos danos maiores produzidos pela desastrosa administração Jimmy Carter. Até os anos 70 os EUA ainda tinham a melhor educação do mundo, toda ela fruto da iniciativa autônoma da sociedade. A intervenção estatal, associada ao império do esquerdismo chique e ao açambarcamento de toda  atividade cultural pela burocracia universitária, iniciou o processo de degradação intelectual documentado por Russell Jacoby em The Last Intellectuals: American Culture in the Age of Academe e por Allan Bloom em The Closing of the American Mind, ambos de 1987.      
No Brasil, a palavra “Harvard” ainda pode significar altíssima cultura, mas nos EUA ela evoca antes a pessoa de Barack Hussein Obama, que chegou a diretor da Harvard Law Review sem ter ultrapassado o nível das redações ginasianas e depois fez fama de autor com dois livros escritos inteiramente por Bill Ayers, um terrorista doublé de talentoso artista da palavra.           
Nada mais expressivo do vazio intelectual de Harvard do que o sucesso de John Rawls, o qual, segundo a boutade de Eric Voegelin, escreveu uma Teoria da Justiça sem notar que se tratava de uma teoria da injustiça.
O que hoje resta da antiga pujança intelectual americana refugia-se em grupos autônomos, como o círculo de discípulos do próprio Eric Voegelin, as redações de New Criterion e Commentary, meia dúzia de editoras high brow ou o time seleto de scholars que compõem a equipe de Academic Questions, uma revista acadêmica dedicada ao estudo... da decadência acadêmica.
Em comparação com o que temos no Brasil, é muito, é uma abundância invejável, mas, para o antigo padrão americano, é quase miséria. Os EUA só continuam sendo o paraíso dos estudos superiores no sentido yuppie do termo. Não por coincidência, Guanaes cita como protótipo de pessoa culta a riquíssima, chiquíssima e politicamente corretíssima Ariana Huffington, fundadora do Huffington Post, um front de antijornalismo obamista empenhado em manter acesa a chama do “Yes We Can” contra todos os fatos, contra toda evidência e contra todo o descrédito geral.
Não quero me meter na vida da família Guanaes, mas mandar um filho estudar nos EUA – digo nas grandes universidades, e não nos círculos dos happy few -- é um meio de defendê-lo contra a debacle cultural brasileira? Sim, se o que você quer para ele é uma carreira de yuppie e uma alta cultura constituída de “elegância, savoir faire e bom gosto”. Não, se você quer fazer dele um estudioso sério, capaz de compreender o Brasil e ajudar o país a sair do atoleiro.
Digo isso, também, por outro motivo. Cultura não é só aquisição de conhecimento, é a formação de uma personalidade ao mesmo tempo arraigada na realidade histórico-social concreta e capaz de transcendê-la intelectualmente. Essa formação só é possível se ela começa pela absorção da cultura local na língua local e se prossegue nesse caminho até abarcar essa cultura como um todo e, então sim, tiver necessidade de ampliar o seu horizonte pelo contato mais aprofundado com outras culturas. Se um jovem ignorante da sua cultura nacional é transplantado para o ambiente acadêmico de outro país, é melhor que ele fique por lá mesmo, pois, se voltar, dificilmente chegará a compreender o lugar de onde saiu. O Brasil está repleto de diplomados de universidades estrangeiras, cujos palpites sobre a situação nacional superlotam as colunas de jornais com amostras de incompreensão que raiam a alienação psicótica. O projeto “Ciência Sem Fronteiras” está se encarregando de produzir mais alguns com dinheiro público.
Pode-se retrucar que, nas presentes condições, a aquisição da cultura brasileira se tornou inviável porque o jovem interessado não encontra guiamento nem na universidade, nem fora dela. Não tenho resposta pronta para isso, mas desde quando a dificuldade de resolver um problema torna desnecessário resolvê-lo?