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terça-feira, 29 de novembro de 2016

O STF e o assassinato de crianças, ou: o gemido dos inocentes

Uma turma do Superior Tribunal Federal decidiu, quando julgava o caso de um grupo de assassinos  (alguns os dizem médicos) presos em um reduto de Aborteiros no Município de Caxias (RJ), que assassinar crianças nos ventres de suas mães, até o terceiro mês de gestação é lícito. Esta é uma decisão que, tecnicamente, aplica-se apenas ao caso do abatedouro ( alguns chamam-no de "clínica") de Caxias, mas os juristas têm sido unânimes de que isto gerará um precedente perigoso para que esta anuência ocorra em todos os outros casos. Notoriamente, estamos diante da teoria do "Navio quebra-gelos", onde através de um buraquinho mínimo intenta-se criar uma cratera. Nesta fase da gestação, a criança tem braços, pernas, sexo definido; nesta fase crescem unhas, os órgãos vitais da Criança já estão completamente formados, já há tubo neural, ou seja, é um ser humano completo. Mesmo se não tivessem se formado todas estas estruturas, ainda sim, o que está no ventre de uma gestante é um ser humano, a não ser que algum iluminado consiga provar que o que está no ventre de uma gestante transformar-se-á numa árvore ou em um ornitorrinco, ao invés de desenvolver-se a ponto de tornar-se um homem.

São emissários do Diabo estes que legislam, quando não lhes é de suas alçadas, com o pretenso e infame pretexto de estarem julgando, algo que a esmagadora maioria da população brasileira, esta, conservadora, é absolutamente e peremptoriamente contra. O Brasileiro, em sua maioria, repudia este crime de assassinato contra crianças indefesas nos ventres de suas mães. A unica diferença entre um bebê no ventre da mãe e estes juízes que coadunam com este crime, é o tempo e a nutrição: os bebês estão em simbiose com a mãe, enquanto os juízes comem feijão e arroz. Portanto, qual a diferença entre matar uma criança e matar um destes iluminados de toga? 

Mas no Brasil é assim: basta que algum político infeliz rele as mãos nos bolsos do povo para roubar-lhes seu dinheiro, imediatamente há panelaços, ruas fechadas, mega-manifestações, invasão de prédios públicos, enfim, um movimento notável e até certo ponto comovente. Mas para uma criancinha que é assassinada no ventre de sua mãe, sem direito a julgamento, defesa, e todos os trâmites jurídicos que são concedidos por lei ao pior dos facínoras, não há nem uma ruela fechada.

Querem conhecer uma república falida, onde os governantes não governam para o bem comum, e defecam e deambulam para a vontade do povo, este, donde emana o poder? Ei-lo: chama-se Brasil. 

Mas por gentileza, não tenham-me por anti-patriota. Amo meu país, e por amá-lo é que digo que a única salvação para o Brasil é olhar para a Polônia e imitar-lhes um gesto excelso: é instaurar o Reinado Social de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas para isto, Ele deve primeiro reinar em todos os corações.

domingo, 27 de novembro de 2016

O Tempo do Advento

Findamos mais um ano litúrgico e adentramo-nos num dos períodos mais propícios à conversão de todo o ano Litúrgico: o Advento. O Advento é, em suma, uma espera. Mas não é uma espera na qual não temos certeza de se alcançaremos o esperado. É uma espera com certa verossimilhança com a espera de uma mulher grávida. A gestante vive uma espera de nove meses, com a absoluta certeza, salvo alguma intercorrência, de que terminado o período de gestação, nascerá uma criança. A espera do Advento é parecida: esperamos, em estado de vigília, a chegada de Nosso Senhor Jesus Cristo, seja esperando a segunda vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, na qual chegar-nos-á qual um ladrão (Mt 24,43), seja esperando como uma gestante. Sim, uma gestante! Em muitos de nós, Jesus ainda não nasceu, e por este motivo, é-nos muito urgente a vivência profunda e radical da Santa Escravidão. Dito isto, o tempo do Advento põe-nos diante dos olhos para uma amorosa contemplação, dois mistérios excelsos: o mistério da Encarnação, e a meditação dos Novíssimos.

Meditando sobre o mistério da Encarnação do Verbo, defrontamo-nos de imediato com a questão magnífica de um Deus omnipotente, omnisciente e omnipresente, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, que por amor decidiu, num decreto Divino, viver a sua primeira aniquilação com a finalidade de criar uma ponte para que a humanidade decaída pelo pecado de Adão pudesse tocar, mesmo que às apalpadelas, a Divindade. O mistério da Encarnação é o mistério onde Deus assume a iniciativa do reencontro com a sua criação mais sublime, que por fraqueza e pequenez próprias de pequenos insetos, não conseguem alcançar Deus. Deus nos alcança primeiro.

Há uma lógica no mistério da Encarnação e em sua conveniência: Comunicar-se com os outros é um bem. Deus é o sumo bem. Ora, Deus comunicar-Se com sua criação mais sublime – o Homem – é sumamente bom.  Logo, era convenientíssimo que Deus se encarnasse. Cientes desta conveniência, olhamos para o mistério da Encarnação como que uma intercessão entre o Céu e a terra; como um ponto, em determinado momento da história, onde o Céu toca a terra com o objetivo de que na terra hajam janelas e letreiros luminosos que apontem para o Céu.

Mas de que maneira meditar no mistério da Encarnação do Verbo auxilia-nos na edificação de nossa vida interior?

Em primeiro lugar, destaco a humildade, virtude esta que anda um tanto quanto ignorada pelas almas que dizem-se devotas. A humildade, em primeiro lugar, é silenciosa. Tocarmos trombetas alardeando nossa própria humildade é prova apodítica de nossa soberba e vaidade! Basta-nos que Deus saiba-nos humildes.
A Humildade dá-nos também a oportunidade de termos uma maior qualidade na vida de oração. Quando, embalado espiritualmente pela virtude da humildade, a nossa oração é a oração de escravos que sabem-se vermes asquerosos, e que imploram de sua Senhora a Graça de serem apresentados como predestinados à Majestade Divinia, assim como Rebeca, afim de cumprir uma promessa feita por Deus (Gen 25) apresentou Jacó a Isaac, no lugar de Esaú (Gen 27). Viver o mistério da Encarnação é olharmos para a nossa miséria e sabermos que mesmo assim, o Senhor escolheu-nos para fazer morada dentro de nós, e que com tão Sublime hóspede habitando no castelo de nossa alma, devemos entretermo-nos com Ele constantemente. Qual anfitrião deixa um visitante aguardando sozinho na sala de estar de sua casa? Se não fazemos isto com visitantes menos dignos, porque o faríamos com Jesus, nosso Esposo adorável?

Viver o mistério da Encarnação neste Advento é pedir para que Maria Santíssima prepare em nossos corações uma paupérrima manjedoura na qual possa Ela depositar seu Santíssimo Filho quando chegar o tempo do Natal.

Para esta espera, é-nos salutar que purifiquemo-nos e vivamos uma certa ascese espiritual para estarmos preparados para este momento em que atualizaremos esta data tão marcante para a humanidade, que é o dia do Nascimento de Nosso Redentor. Para isto, ensina-nos a Igreja a vivermos o Jejum e a Oração. O Jejum afim  de que mortifiquemo-nos para as nossas vontades, fazendo com que vivamos apenas da Vontade de Deus, e a Oração para que mortificados para o mundo possamos unirmo-nos mais intimamente com Deus. Não há intimidade sem conversa. Com Deus não é diferente.

Mas o Advento aponta-nos também para uma leitura apocalíptica dos Evangelhos. A Liturgia nestes dias apresentar-nos-á textos que são-nos avisos claríssimos da Segunda vinda de Jesus, quando Ele virá não miserável como no Mistério da Encarnação, mas Glorioso e Juiz. Pobre mundo este que descrê do caráter judiciário de Jesus! Ele vem para Julgar e para separar o Joio do Trigo; os réprobos dos predestinados; os Salvos dos condenados. Neste dia, ou ressuscitaremos gloriosos para gozarmos da eternidade com Jesus, ou ressuscitaremos em corpos danados que serão eternamente atormentados pelo fogo inestinguível. Eis um tempo para meditarmos em três verdades da nossa Fé: o Céu, o Purgatório e o Inferno. Estes dois ultimos, lamentavelmente, não figuram mais entre os temas predileitos dos sermões das paróquias. Os padres – com raríssimas e santas excessões - não pregam mais sobre o Inferno e sobre o Purgatório, verdades estas tão salutares para a salvação das almas. Temos uma única chance: o aqui! Depois do processo da morte, vem o Juízo (Hb 9,27), onde já não haverá nada a ser feito, a não ser contemplarmos no julgamento Divino as vezes em que tivemos a oportunidade de vivermos santamente, e preferimos as nossas vontades e os impulsos da nossa carne. Para mortificarmos estas nossas vontades e estes nossos impulsos, devemos iniciar o nosso purgatório ainda nesta terra. Quanto mais sofremos nesta terra, e quanto mais entregamos estes sofrimentos a Deus como uma oferenda, mais nos santificamos e mais nos aproximamos do Céu.

Depois de confessados nossos pecados, estes são apagados, mas ainda restam-nos efeitos detes pecados apagados em nossa alma. Os Jejuns, os sofrimentos, as batalhas, e as labutas atuam como purificadores destes efeitos. Caso morrêssemos com estas “sujeiras” na alma, não entraríamos no Céu, e padeceríamos no purgatório, para que quando estivéssemos inteiramente puros, entrássemos no Céu, pois nada de impuro entra no Céu. Logo, do purgatório só há uma única saída: o Céu, pois as almas do purgatório já estão salvas, e sofrem horrivelmente devido à soma entre seu amor infinito a Deus e sua distância d’Ele.
É sinal de pouca inteligência preferir os gozos desta terra às delícias do Paraíso.

Minha mensagem para este tempo do Advento, é que tanto nas meditações do mistério da Encarnação, quanto nas meditações dos Novíssimos, o façam tendo a Santíssima Virgem como guia. Ninguém viveu um melhor Advento do que Ela. Ninguém, além de Deus, conhece as realidades espirituais como Ela. Ela já mostrou-nos o Inferno nas suas aparições; livra diariamente muitas almas do Purgatório, e Reina do alto do Céu ao lado de Seu Filho Benditíssimo, sobre todos os anjos e Santos. Que neste Advento, possamos humilharmo-nos ainda mais, falarmos e aparecermos ainda menos, e orarmos em abundância.

Diogo Pitta

Viva Cristo Rei!

sábado, 26 de novembro de 2016

A herança de Fidel

Há, no Youtube, um vídeo que mostra-nos um dos últimos embates de Margaret Thatcher, no Parlamento Britânico, e neste vídeo a "Dama de Ferro" do conservadorismo destroça seu adversário político, partidário do Socialismo.  Trocando em miúdos, o que Thatcher diz a seu adversário é que o Socialismo é a política da inveja, ou seja, que os ricos não podem ser ricos pelo simples fato de que os pobres são pobres, e que para que haja igualdade entre as classes, cláusula pétrea do marxismo, deve-se fazer com que ricos fiquem mais pobres, afim de igualá-los socialmente aos mais pobres. Isto faz-se, em parte, através dos impostos, pois como o próprio nome diz, é uma tarifa "imposta" à sociedade, que na recusa de pagamento, incorre o relutante em uma determinada pena. Tendo em vista que o meu dinheiro é minha propriedade ganha às custas do meu trabalho, e que contra a minha vontade e sob a ameaça de uma penalidade em caso de recusa, o estado impõe-me um valor a ser pago para fazer algum tipo de caridade assistencialista, que em nada assemelha-se com algum tipo de caridade franciscana, isto nada mais é do que uma expropriação da minha propriedade privada: o meu dinheiro. 

Uma das formas de constatarmos a existência de algo é dedicarmos algum tempo na contemplação dos seus efeitos, por exemplo: quando Santo Tomás de Aquino, numa de suas provas racionais apodíticas da existência de Deus, diz-nos que podemos auferir algo sobre a existência de Deus, contemplando seus efeitos (Rom 1,20), pois não há efeito sem causa; ou podemos, caso queiram, aderir ao adágio popular "onde há fumaça, há fogo". Dito isto, uma das provas da existência enraizada do pensamento marxista no Brasil, cuja implantação foi sistematicamente pensada, planejada e orquestrada por políticos comunistas, professores comunistas de ciências sociais e humanas, e Intelectuais que no dialeto gramsciano são chamados "intelectuais orgânicos", é o que foi noticiado (curiosamente, tratando-se de um jornal reconhecidamente de esquerda) na Folha de São Paulo: Desigualdade cai no Brasil com todas as classes sociais ficando mais pobres . Ou seja, o discurso atávico de igualdade que impera nas rodas intelectuais e midiáticas no Brasil, rendeu-nos efeitos visíveis: o brasileiro está mais pobre. Se pudéssemos resumir o socialismo em uma única palavra, poderíamos resumi-lo com o uso da palavra miséria. 

Por onde quer que tenha passado o Socialismo, a unica coisa que pôde produzir, além de riquezas incalculáveis para o Partido Comunista e sua cúpula, foi a miséria dos povos e o assassínio voraz dos seus opositores. 

Hoje, dia em que Fidel Castro saiu da condição de Juiz iníquo de opositores políticos, para a condição de réu da Eternidade, a herança que deixa-nos é uma América Latina infestada de Socialismo. 

Fidel Castro, este finado genocida, é co-criador do Foro de São Paulo. O Foro de São Paulo é uma entidade internacionalista criada em 1990, por Fidel juntamente com Luís Inácio Lula da Silva e o então comandante das FARC, Manuel Marulanda. O objetivo do Foro de São Paulo,  de médio a longo prazo, era recriar na América Latina aquilo que havia sido perdido no Leste Europeu, com a dissolução da URSS, ou seja, um bloco de repúblicas socialistas. Mas desde a década de 60, Fidel Castro foi incansável na luta pela implantação do socialismo no Brasil, seja no suporte logístico e de inteligência através de agentes implantados no Brasil, seja pelo fornecimento de treinamento militar para membros dos movimentos revolucionários que atuavam àquela época no Brasil como o VAR-Palmares de Dilma Rousseff. 

Desde então, graças à Teoria da Panela de Pressão do General Golbery do Couto e Silva, que para aliviar a pressão da guerrilha urbana cedeu, literalmente, os ambientes universitários para a esquerda, as universidades brasileiras foram inundadas do pensamento de António Gramsci, cuja síntese de sua doutrina é: ao invés de ganhar o poder pela força, para criar uma hegemonia cultural marxista, cria-se através dos "intelectuais orgânicos" espalhados nas mídias e no universo das letras, uma hegemonia cultural marxista, para depois ganhar democraticamente o poder, utilizando-se de uma pseudo-democracia. 

Gramsci preconiza que usar armas para tomar o poder, que em sua linguagem é uma Guerra de movimento, é um gasto desnecessário de energia e munição, e que o ideal era que fosse empreendida uma guerra de posição, paulatina, que seria um processo constante de destruição dos pilares sustentaculares da Sociedade Ocidental ( a saber: direito Romano, Filosofia Grega e Moral Judaico-Cristã). É por isso que os partidos socialistas defendem o assassinato de crianças nos ventres das mães, que chamam aborto, a ideologia gay e a descriminalização das drogas. Numa sociedade com religião forte, alta cultura, e um arraigado sentimento moral o Socialismo não encontra meios de instalar-se.

Tudo isto têm sido cumprido à risca. O Brasil, cujas riquezas foram sistematicamente desviadas de seus objetivos para a manutenção do Foro de São Paulo, sofreu seu mais duro golpe com os anos de governo petista. O PT, principal representante do Foro de São Paulo no Brasil conseguiu levar à presidência o Criador do Foro de São Paulo. Desde então, foi um esbanjar sem fim do dinheiro do brasileiro - adquirido com os malditos impostos - não apenas com projetos assistencialistas malucos, mas com o financiamento de obras, via BNDES, nas republiquetas comunistas mundo afora, que fazem parte do Foro de São Paulo, como a Venezuela, países ditatoriais africanos e Cuba. Logo, qualquer análise da conjuntura política e econômica brasileira que não considere a ação do Foro de São Paulo como sangue-suga de nossas artérias, é infantil, para não dizer criminosa. 

Mesnsalão e Petrolão são efeitos diretos da existência do Foro de São Paulo, criado por Fidel e Lula. Obviamente, que o problema do Brasil, a priori, não é o comunismo. O problema do Brasil é a República. 

O Brasil está mais pobre porque ao invés de ter a riqueza como parâmetro de uma pretensa igualdade, tem a pobreza. Como não é possível uma sociedade onde todos sejam igualmente ricos, resta-nos aceitar o fato de que em qualquer sociedade sadia há ricos e pobres, e que o que os ricos têm a fazer com relação aos pobres é, por amor a Deus, praticar a caridade Cristã, esta que foi tão macaqueada pela esquerda no discurso da Teologia da Libertação. 

Hoje, dia da morte de Fidel Castro, o assassino de milhares e destruidor das esperanças do povo cubano, fica-me um sentimento de tristeza e de alegria. Explico-me: 

Tristeza: por ter morrido Fidel Castro sem conversão, até onde se sabe, e por todas as centenas de milhões de vítimas do Comunismo no mundo todo.

Alegria: deixa este mundo um assassino. Um homem que foi responsável pela morte e miséria de muitos. Uno-me em júbilo aos milhares de dissidentes e refugiados cubanos que hoje comemoram a ida do ditador comunistas desta para melhor, ou pior.

Que a Virgem de Guadalupe pouse sobre a América Latina seus santíssimos olhos, e livre-nos desta prega chamada Socialismo.





quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Dom Athanasius Schneider em defesa dos Cardeais que escreveram a Francisco.

Uma voz profética de quatro Cardeais da Santa Igreja Romana.
Movidos por uma “profunda preocupação pastoral”, quatro Cardeais da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, Sua Eminência Joachim Meisner, Arcebispo Emérito de Colônia (Alemanha), Sua Eminência Carlo Caffarra, Arcebispo Emérito de Bolonha (Itália), Sua Eminência Raymond Leo Burke, Patrono da Soberana Ordem Militar de Malta, e Sua Eminência Walter Brandmüller, Presidente Emérito do Pontifício Comitê para Ciências Históricas, publicaram, em 14 de novembro de 2016, o texto de cinco questões, chamado dubia (em latim, “dúvidas”), que previamente, em 19 de setembro de 2016, eles enviaram ao Santo Padre e ao Cardeal Gerhard Müller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, juntamente com uma carta.
Dom Athanasius em entrevista a Fratres in Unum.
Fevereiro de 2015 – Dom Schneider concede entrevista a Fratres in Unum.
Os Cardeais pedem ao Papa Francisco para esclarecer a “grave desorientação e grande confusão” acerca da interpretação e aplicação prática, particularmente do capítulo VIII, da Exortação Apostólica Amoris Laetitia e suas passagens relacionadas à admissão de divorciados recasados aos sacramentos e ao ensino moral da Igreja.
Em sua declaração intitulada “Criar clareza: alguns nós por resolver em Amoris Laetitia“, os Cardeais afirmam que para “muitos – bispos, párocos, fiéis –, estes parágrafos fazem alusão, ou ensinam explicitamente, uma mudança da disciplina da Igreja a respeito dos divorciados que vivem numa nova união”. Ao dizê-lo, os Cardeais meramente afirmaram fatos reais na vida da Igreja. Esses fatos são demonstrados pelas orientações pastorais a cargo de diversas Dioceses e por declarações públicas de alguns Bispos e Cardeais, que afirmam que, em alguns casos, católicos divorciados recasados podem ser admitidos à Sagrada Comunhão, embora continuem a gozar dos direitos reservados pela Lei Divina a esposos validamente casados.
Ao publicar um apelo por clareza em uma matéria que toca a verdade e a santidade simultaneamente de três sacramentos, Matrimônio, Confissão e Eucaristia, os quatro Cardeais apenas cumpriram seu dever básico enquanto Bispos e Cardeais, que consiste em contribuir ativamente a fim de que a revelação transmitida pelos Apóstolos possa ser sagradamente guardada e fielmente interpretada. Foi, especialmente, o Concílio Vaticano II que recordou todos os membros do colégio dos bispos, enquanto sucessores dos apóstolos, de sua obrigação, “por instituição e preceito de Cristo, à solicitude sobre toda a Igreja, a qual, embora não se exerça por um acto de jurisdição, concorre, contudo, grandemente para o bem da Igreja universal. Todos os Bispos devem, com efeito, promover e defender a unidade da fé e disciplina comum a toda a Igreja” (Lumen gentium, 23; cf. também Christus Dominus, 5-6).
Ao fazer um apelo público o Papa, Bispos e Cardeais deveriam ser movidos por uma genuína afeição colegial pelo Sucessor de Pedro e Vigário de Cristo na terra, na esteira do ensinamento do Concílio Vaticano II (cf. Lumen gentium, 22); ao fazê-lo, devem render “serviço ao ministério primacial” do Papa (cf. Diretório para o Ministério Pastoral dos Bispos, 13).
Toda a Igreja, em nossos dias, deve refletir sobre o fato de que o Espírito Santo não inspirou em vão São Paulo a escrever na carta aos Gálatas sobre o incidente de sua correção pública a Pedro. Deve-se confiar que o Papa Francisco aceitará esse apelo público de quatro Cardeais no espírito do Apóstolo Pedro, quando São Paulo o corrigiu fraternalmente, para o bem de toda a Igreja. Possam as palavras do grande doutor da Igreja, Santo Tomás de Aquino, iluminar e confortar-nos a todos: “Correndo iminente perigo a fé, os súditos devem advertir os prelados, mesmo publicamente. Por isso, São Paulo, súdito de São Pedro, repreendeu-o em público, por causa de perigo iminente de escândalo para a fé. E, assim, diz a Glosa de Santo Agostinho: ‘O próprio Pedro deu aos maiores o exemplo de se porventura desviarem do caminho reto, não se dedignem ser repreendidos mesmo pelos inferiores’” (Suma Teológica, II-II,  q. 33, ad 2).
O Papa Francisco, frequentemente, clama por um franco e destemido diálogo entre todos os membros da Igreja em matérias relacionadas ao bem espiritual das almas. Na Exortação Apostólica Amoris Laetitia, o Papa fala da “necessidade de continuar a aprofundar, com liberdade, algumas questões doutrinais, morais, espirituais e pastorais. A reflexão dos pastores e teólogos, se for fiel à Igreja, honesta, realista e criativa, ajudar-nos-á a alcançar uma maior clareza” (n. 2). Ademais, o relacionamento em todos os níveis na Igreja deve ser livre de um clima de medo e intimidação, como pediu o Papa Francisco em vários de seus pronunciamentos.
À luz desses pronunciamentos do Papa Francisco e do princípio do diálogo e aceitação da legítima pluralidade de opiniões, promovido pelos documentos do Concílio Vaticano II, as reações incomumente violentas e intolerantes provenientes de alguns Bispos e Cardeais contra o calmo e circunspecto apelo de quatro Cardeais causa enorme perplexidade. Dentre esses reações intolerantes pode-se ler afirmações como: os quatro Cardeais são tolos, ingênuos, cismáticos, heréticos, e mesmo comparáveis aos hereges arianos.
Esses julgamentos claramente sem misericórdia revelam não só intolerância, recusa ao diálogo e ira irracional, mas demonstram também uma capitulação à impossibilidade de dizer a verdade, uma capitulação ao relativismo doutrinal e prático, na fé e na vida. As reações clericais mencionadas contra a voz profética de quatro Cardeais ostentam, em última análise, impotência diante da verdade, que inquieta e importuna a aparentamente pacífica ambiguidade desses críticos do clero.
As reações negativas à declaração pública dos quatro Cardeais assemelha-se à confusão generalizada da crise Ariana no quatro século. É útil citar, na situação de confusão doutrinal de nossos dias, algumas afirmações de Santo Hilário de Poitiers, o “Atanásio do Ocidente”.
“Vós [os bispos da Gália], que ainda permaneceis juntos de mim fiéis a Cristo, não cedais quando ameaçados com a investida da heresia, e agora, ao encontrar essa investida, rompeis toda a sua violência. Sim, irmãos, vós conquistastes, para a abundante alegria daqueles que compartilham vossa fé: e a vossa inalterada constância conquistou a dupla glória de manter uma consciência pura e dar um exemplo de autoridade” (Hil. De Syn., 3).
“Vossa fé invencível mantém a honrosa distinção de cioso valor e, contentada por repudiar a ação astuta, vaga ou hesitante, seguramente obedece em Cristo, preservando a profissão de sua liberdade. Pois, desde que sofremos todos profunda e penosa dor pelas ações dos iníquos contra Deus, apenas dentro de nossas fronteiras pode ser encontrada a comunhão em Cristo, a partir do momento em que a Igreja passou a ser atribulada por perturbações como o exílio dos bispos, a deposição dos padres, a intimidação do povo, a ameaça à fé, e a definição do significado da doutrina de Cristo por força e vontade humana. Vossa resoluta fé não pretende ignorar esses fatos ou professar que se possa tolerá-los, notando que, por um assentimento enganoso, ela se veria diante das grades da consciência” (Hil. De Syn., 4).
“Hei dito o que eu mesmo creio, consciente de que era meu dever como soldado ao serviço da Igreja, segundo o ensinamento do Evangelho, o enviar-lhes por estas cartas a voz do ofício que sustento em Jesus Cristo. Corresponde a vós discutir, prover e atuar, e que possais guardar com corações zelosos a fidelidade inviolável que mantendes, e que continueis sustentando o que sustentais” (Hil de Syn., 92).
As seguintes palavras de São Basílio Magno, dirigidas aos bispos latinos, podem ser aplicadas em certos aspectos à situação daqueles que em nossos dias solicitam clareza doutrinal, incluindo os quatro cardeais: “Um dever que certamente obriga sob severos castigos é o de manter cuidadosamente as tradições de nossos pais na fé. Não estamos sendo atacados por riquezas, glória ou benefícios temporais. Descemos ao campo de batalha para lutar por nossa herança comum, pelo grande tesouro da fé recebido de nossos pais. Aflijam-se conosco todos que amam a seus irmãos, pelo silêncio dos homens da verdadeira religião, pela abertura dos lábios ousados e blasfemos de todos os que pronunciam injustiças contra Deus, e pelos pilares da fé sendo destruídos. Nós, cuja insignificância há permitido que passemos ignorados, e estamos privados de nosso direito de falar livremente” (Ep. 243, 2.4).
Hoje, estes bispos e cardeais que solicitam clareza e que intentam cumprir seu dever guardando santa e fielmente a Revelação Divina transmitida em relação aos sacramentos do Matrimônio e da Eucaristia, já não estão exilados como o estavam os bispos nicenos durante a crise ariana. Ao contrário do tempo da crise ariana, tal como escreveu em 1973 Rudolf Graber, bispo de Ratisbona, hoje o exílio de bispos é substituído por estratégias para silenciá-los e por campanhas de difamação (Cf. Athanasius und die Kirche unserer Zeit, Abensberg 1973, p. 23).
Outro campeão da fé católica durante a crise ariana foi São Gregório Nazianzeno. Ele escreveu a seguinte descrição do comportamento da maioria dos pastores da Igreja daquele tempo. Essas palavras do grande doutor da Igreja deveriam ser uma advertência salutar para os bispos de todos os tempos: “Certamente os pastores agiram como insensatos, porque, salvo um número muito reduzido – que resistiu por sua virtude, mas que foi desprezado por sua insignificância, e que havia de restar como uma semente ou raiz de onde renascesse o novo Israel sob o influxo do Espírito Santo -, todos os outros cederam às circunstâncias, com a única diferença de que uns sucumbiram mais logo e outros mais tarde, uns estiveram na linha de frente dos campeões e chefes da impiedade, e outros se uniram às filas de seus soldados em batalha, vencidos pelo medo, pelo interesse, pela adulação ou, o que é mais inexcusável, por sua própria ignorância” (Orat. 21, 24).
Quando no ano de 357, o papa Libério assinou uma das denominadas fórmulas de Sirmium, na qual descartava deliberadamente a expressão dogmaticamente definida de “homoousios”, e excomungou a Santo Atanásio para ficar em paz e harmonia com os bispos arianos e semi-arianos do leste, alguns fiéis católicos e bispos, especialmente Santo Hilário de Poitiers, escandalizaram-se profundamente. Santo Hilário transmitiu a carta que o papa Libério escreveu aos bispos orientais, anunciando a aceitação da fórmula de Sirmium e a excomunhão de Santo Atanásio. Com grande dor e consternação, Santo Hilário agregou à carta, em uma espécie de desesperação, a frase: “Anathema tibi a me dictum, praevaricator Liberi” (Eu te digo ‘anátema’, prevaricador Libério), cf. Denzinger-Schönmetzer, n. 141. O papa Libério queria paz e harmonia a todo custo, incluso às expensas da verdade divina. Em sua carta aos bispos heterodoxos latinos Ursace, Valêncio e Germinius, anunciando-lhes as decisões acima mencionadas, escreveu que preferia antes paz e harmonia do que o próprio martírio (cf. Denzinger-Schönmetzer, n. 142).
“Em que contraste dramático jazia o comportamento do papa Libério frente à seguinte convicção de Santo Hilário de Poitiers: “Não conseguimos paz às custas da verdade, fazendo concessões para adquirir a fama de tolerantes. Conseguimos paz lutando legitimamente segundo as regras do Espírito Santo. Há um perigo em aliar-se secretamente com a impiedade que se adorna com o formoso nome da paz” (Hil. Ad Const., 2, 6, 2).
O beato John Henry Newman falou sobre esses lamentáveis e inusuais feitos com a seguinte afirmação sábia e equilibrada: “Se bem seja historicamente certo, não é de nenhuma maneira doutrinariamente falso que um papa, como doutor privado, e muito mais os bispos, quando não ensinam formalmente, possam errar, tal como vemos que erraram no século quarto. O papa Libério podia assinar a fórmula Eusebia em Sirmium, e a missa dos bispos em Ariminum ou outro lugar, e apesar desses erros continuar sendo infalível em suas decisões ex cathedra.” (The Arians of the Fourth Century, London, 1876, p. 465).
Os quatro cardeais, com sua voz profética demandando clareza doutrinária e pastoral, têm um grande mérito diante de suas próprias consciências, diante da história, e diante dos inumeráveis fiéis católicos simples de nossos dias, empurrados para a periferia eclesial por sua fidelidade aos ensinamentos de Jesus Cristo sobre a indissolubilidade do Matrimônio. Mas, sobretudo, os quatro cardeais têm um grande mérito aos olhos de Jesus Cristo. Devido à coragem de suas palavras, seus nomes brilharão resplandecentes no dia do Juízo Final. Eles obedeceram à voz de suas consciências, recordando o que dissera São Paulo: “Nada podemos fazer contra a verdade, mas somente a favor desta” (2 Cor 13, 8). Seguramente, no Juízo Final, os já mencionados críticos dos quatro cardeais, em sua maioria clérigos, não terão uma resposta fácil a dar por seu ataque violento ao justo, valioso e meritório ato destes quatro membros do Sagrado Colégio Cardinalício.
As seguintes palavras inspiradas pelo Espírito Santo retêm seu valor profético, especialmente diante da crescente confusão doutrinal e prática a respeito do sacramento do Matrimônio em nossos dias: “Porque virá um tempo em que os homens não suportarão mais a sã doutrina, mas sim, com ânsias de ouvir novidades, se darão mestres que agradem sua concupiscência. Apartarão o ouvido da verdade, para voltá-lo às fábulas. Por tua parte, sê sóbrio em tudo, suporta o adverso, faz obra de evangelista, cumpre bem teu ministério” (2 Tim 4, 3-5).
Que todos aqueles que, em nossos dias, levam a sério seus votos batismais e suas promessas sacerdotais e episcopais, recebam a fortaleza e a graça de Deus para reiterar, junto com Santo Hilário, as palavras: “Que fique eu para sempre no exílio, desde que a verdade comece a pregar-se outra vez!” (De Syn., 78). Desejamos de todo coração essa fortaleza e graça aos quatro cardeais, assim como aos que os criticam.
+ Athanasius Schneider, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Santa Maria en Astana

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Machado de Assis e a Monarquia


"Quanto às minhas opiniões, tenho duas, uma impossível, outra realizada. A impossível é a república de Platão. A realizada é o sistema representativo ( a Monarquia). É sobretudo como brasileiro que me agrada esta última opinião, e eu peço aos deuses (também creio nos deuses) que afastem do Brasil o sistema republicano, porque esse dia seria o do nascimento da mais insolente aristocracia  que o sol jamais alumiou"     

 Machado de Assis na crônica À Opinião Pública, publicada em 5 de Março de 1867 no Diário do Rio de Janeiro.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

República: o algoz da felicidade

Por Diogo Pitta

Machado de Assis, em "O velho Senado", publicado em 1898, traça como que um prelúdio do que viria a ser a política de hoje, sob as botas moralmente asfixiantes da República, este golpe militar com o qual o Brasil foi duramente ferido em 1889. Neste conto, o Bruxo do Cosme Velho fala-nos, como que entre um gole e outro de chá, sobre o quão virtuoso era o Senado na década de 60 do século XIX. Depois de expôr as virtudes dos políticos e do Senado à época, Machado de Assis faz um paralelo daqueles políticos com os de sua época, ou seja, após a Proclamação da República. E termina assim seu conto admirável: 

E após ele vieram outros, e ainda outros, Sapucaí, Maranguape, Itaúna, e outros mais, até que se confundiram todos e desapareceu tudo, coisas e pessoas, como sucede às visões. Pareceu-me vê-los enfiar por um corredor escuro, cuja porta era fechada por um homem de capa preta, meias de seda preta, calções pretos e sapatos de fivela. Este era nada menos que o próprio porteiro do Senado, vestido segundo as praxes do tempo, nos dias de abertura e encerramento da assembléia geral. Quanta coisa obsoleta! Alguém ainda quis obstar à ação do porteiro, mas tinha o gesto tão cansado e vagaroso que não alcançou nada; aquele deu volta à chave, envolveu-se na capa, saiu por uma das janelas e esvaiu-se no ar, a caminho de algum cemitério, provavelmente. Se valesse a pena saber o nome do cemitério, iria eu catá-lo, mas não vale; todos os cemitérios se parecem. (1)
Assumo a audácia de interpretar esta passagem final do conto do grande Machado de Assis: a República enterrou de uma vez os valores construídos com esmero por uma tradição feliz, na qual os homens eram felizes por serem virtuosos, e por que com estas virtudes, serviam ao bem comum, finalidade da política. Aquele período felicíssimo da Nação, onde mesmo com as dificuldades inerentes à raça humana os homens eram felizes, e onde escravos foram verdadeiramente libertos, foi forçosamente enfiado neste corredor metaforicamente citado por Machado de Assis, e com o tempo e a ideologia fazendo o papel do porteiro "vestido segundo as praxes do tempo", é trancafiado no corredor abstruso da história.

Hoje não é dia para comemorações. Antes de um feriado cujo objetivo é festejar a instituição golpesca de um regime político, hoje deveria ser o dia propício para a reflexão profunda sobre para onde estamos caminhando a passos largos. Estamos, enquanto República, caminhando a galopes para o brejo político, se lá já não estamos. Certamente dar-me-ão a alcunha de dramático. Mas para dirimir dúvidas que porventura possam haver sobre a minha constatação, basta, num esforço do intelecto, pôr-se imaginariamente fora do tempo e do espaço, e contemplar de cima, todas as desastrosas primaveras pelas quais passou, aos trancos e barrancos, a República. Em 127 anos, a República do Brasil produziu golpes atrás de golpes, ditaduras, revoluções, presidentes depostos, escândalos de corrupção clamorosos, uma inflação partidária nunca vista na história do mundo, o que gera lutas partidárias cuja amoralidade faria corar de vergonha o mais vil dos homens. 

A instituição da República, na verdade, foi um golpe; diria até, a Mãe de todos os golpes! O Quinze de Novembro, na verdade, é a data onde lembramos pesarosos a largada para o início da derrocada moral e política do Brasil. Neste dia lembramos, enlutados, o dia em que o maior estadista que esta nação já conheceu, Dom Pedro II, foi expulso desta com toda a sua família. Dom Pedro II foi talvez o homem que mais amou o Brasil. Causa-nos tristeza ( a nós, Monarquistas) ver a indiferença e até mesmo o escárnio com o qual a maioria da população trata os nossos grandes e verdadeiros heróis. 

Se os políticos hodiernos cultivassem as virtudes que possuía - por que as cultivava - Dom Pedro II, talvez o Brasil pudesse erigir-se desta areia movediça na qual foi lançado após o Golpe de 1889, perpetrado por um horda de bandidos, capitaneados por Marechal Deodoro da Fonseca.

Esta junta de facínoras políticos promoveu, no curso da história, uma ruptura com o regime político que alçou o Brasil a um excelso patamar de prosperidades econômicas, morais, políticas, e  com isto fez do Brasil uma grande potência. Sim o Brasil já foi uma grande potência.

Para não romper o luto, limito-me a estas palavras. E como monarquista, digo que o que nos resta é estudar, rezar, lutar pela volta da Monarquia (mesmo que eu não esteja vivo para vê-la) e - por que não? -, ouvir um Réquiem, na certeza de uma vindoura ressurreição.

Viva a Monarquia!

1 - Obra Completa, Machado de Assis, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, V.II, 1994. Publicado originalmente em Revista Brasileira, Rio de Janeiro, 1898.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Trump e as explicações hilárias

Por Nivaldo Cordeiro
Não sei o que é mais hilário, se as previsões furadas que os falsos analistas e verdadeiros propagandistas da causa da Hilária sobre sua eleição “certeira” ou as ridículas explicações que os mesmíssimos analistas tentam alinhavar para o fracasso rotundo de suas previsões. Estamos diante do caso do mentiroso que acreditou nas próprias mentiras. Eu sempre soube que era mentira a certeza da eleição de Hillary Clinton, mas a partir de um certo momento a previsão – uma mentira maquinada e um desejo inconfesso – passou a ser tomada como verdadeira. O ferro foi geral e total em todos os falsos analistas.
“Decifra-me ou te devoro”. Está agora Trump entrando na Casa Branca e todos os falsos analista feitos Édipos renascidos postam-se à sua porta para tentar entender o enigma, sob pena de morte. Li muitos artigos de autores nacionais e internacionais, variando as explicações desde a culpa no eleitor supostamente ignorante, com baixa escolaridade, no sistema de contagem de votos/sistema eleitoral, a economia e os erros de Hillary Clinton. Ninguém se lembra de dizer que a falsa profecia era uma simples mentira, ela mesma uma ferramenta da propaganda eleitoral. É tudo muito hilariante.
Trump é uma esfinge indecifrável apenas para aqueles que, na esteira da propaganda eleitoral, fizeram da satanização diária do candidato republicano, agora presidente eleito, um instrumento de fé. Como Édipo, sinto-me em condições de decifra-lo. Para tanto, basta ver os fatos depurados das mentiras propagandistas. Por isso li, ao mesmo tempo estarrecido e divertido, o editorial de hoje do Estadão sobre Trump (A volta do populismo). O editorialista começa dizendo que a eleição do “Camarão” não foi um acidente. De fato, não foi. No mundo todo a esquerda revolucionária trata os eleitores como indigentes mentais e como massa de manobra para atingir seus objetivos espúrios. Ocorre que, com a internet, o jogo de esconde-esconde acabou e as verdadeiras intenções do grupo dirigente esquerdista estão claras como a água. A população de índole cristã de repente se viu ludibriada pelos governantes que não davam a mínima para seus sentimento, fazendo do aborto, do gaysismo e do uso recreativo de drogas enquanto políticas públicas sua má intenção manifesta, a ser transformada em leis ordinárias.
Além disso, a ideia de um governo mundial sujeitando as instâncias nacionais não mais pode ser escondida, mexendo com os brios nacionalistas e com os sentimentos vitais de toda a gente, que se sentiu ameaçada. Depois do 11 de Setembro só mesmo uma mente satânica para imaginar que os americanos aceitariam pacificamente a abertura de suas fronteiras às hordas muçulmanas. Trump ganhou a eleição aí.
O editorialista tentou resumir tudo isso em uma categoria econômica, dizendo que Trump foi eleito porque os eleitores dele foram “ludibriados e preteridos na distribuição dos benefícios gerados pela globalização e inovação tecnológica”. Nada disso. Na verdade, toda gente é beneficiária da globalização econômica como sempre houve, com o mercado mundial funcionando e cada país vendendo o que tem de melhor, ao mais baixo preço. Isso é antigo. A gente foi ludibriada com a outra globalização, aquela que propõe o governo mundial e o desaparecimento dos Estados nacionais. O editorialista, talvez por má fé ou por ignorância, embaralha as duas e nada consegue explicar. A esfinge pode devora-lo.
Explicações meramente econômicas simplificam os fatos e não lhes dão nenhum sentido lógico. Falar em multidões de ressentidos com a questão econômica é passar ao largo da guerra cultural e seu malefício que esquerdistas como Hillary Clinton tem travado no mundo todo, em prejuízo das raízes culturais profundas do Ocidente. O editorialista acusa os eleitores de Trump de usarem da força bruta, quando na verdade é a esquerda que faz isso o tempo todo. As falsas explicações da derrota são uma forma de violência. Desde que as urnas falaram os redutos hilários do Partido Democrata tratam Trump como se não merecesse respeito, como se não tivesse o direito de ser presidente eleito, no lugar da decadente Hilária.
Definitivamente, a campanha de Trump não foi populista. Foi, antes, o seu contrário. Apelou para o tradicional, evitou prometer colocar a ação do Estado para eliminar a miséria, criticou o Obamacare, prometendo aboli-lo. Este programa sim, é o populismo habitual das esquerdas, que querem colocar o Estado em tudo.
O eleitorado de Trump não é a caricatura pintada pelo editorialista e Trump não faz discurso de ódio, apenas coloca sensatamente as coisas nos seus lugares: os EUA não são a casa da Mãe Joana; há ordem e há leis a serem cumpridas. E os muçulmanos, que travam guerras sem quartel contra o Ocidente, não são bem vindos.
Estimo que viveremos uma era de paz e prosperidade com Donald Trump na presidência da República, precisamente porque ele está desprovido do discurso e dos maus propósitos dos esquerdistas e de sua variação liberal mundo a fora. Certamente sua eleição vai ajudar a fazer brotar em outras nações candidatos assemelhados, inclusive entre nós. O tempo de a esquerda fazer discurso sozinha acabou. Há contraditório, especialmente no meio da internet, instrumento que liberou as energias políticas antes adormecidas.
Quem viver verá.

domingo, 6 de novembro de 2016

Câncer de próstata: a quem interessar possa



Por Sergio Pitta

Dizem que todo homem vai ter, um dia, um câncer de próstata, bastando estar vivo o tempo suficiente para tal, por 100 anos talvez, pois nesta idade 100% dos homens tem o tumor maligno, segundo a lenda. Logo, quem tem o “mal dito”, não está sozinho.

Segundo um médico que me deu a primeira má noticia, se Deus dissesse a ele que ele teria um câncer, mas que poderia escolher o tipo de sua preferência, ele escolheria o de próstata, pois é o mais fácil de tratar depois do de garganta.

Prevenção: O que se pode fazer preventivamente para não ter um câncer de próstata? Infelizmente nada, absolutamente nada. Não há alimento ou ação que possa causar nem impedir o câncer de próstata. Se tiveres que ter o terá e não há nada que possa ser feito preventivamente.  A solução é, se tens mais de 45 anos, consultar um bom urologista e fazer exames periódicos (minimamente anual) de toque retal e PSA/Testosterona . Se você tem parentes próximos tais como Pai, tios paternos que tenham tido câncer de próstata, estatisticamente seu risco é maior, para o que sugiro que faça os exames e consulta semestralmente com dois médicos distintos, um a cada 6 meses, mas de igual projeção e experiência profissional. As opiniões podem divergir, e se assim for, investigue a fundo a possibilidade de estar se iniciando um câncer. Prostatites e outras doenças benignas podem produzir resultados de exames semelhantes. O que, por vezes, só é dirimido com Ressonância magnética, Biópsia ou outros exames mais específicos.

Preventivamente ainda, o que deve ser feito é manter a saúde em ordem para que, caso você seja “agraciado” com um câncer, possa suportar o uso dos remédios que são pesadíssimos e alguns de uso prolongado. Logo fazer exercícios diários, se alimentar de forma saudável e manter o sistema cardiovascular em dia - mais que isso: TININDO - é fundamental para se suportar o tratamento necessário a um câncer de próstata, alem de rigoroso controle da glicose no sangue, pois alguns remédios e exames fazem subir a glicose em algumas pessoas.

Diagnóstico: Se seu PSA deu alto e exame de toque retal positivo, em conversa com seu médico sugira fazer uma ressonância magnética, pois ela tem a capacidade de diagnosticar se é maligno ou não, é mais fácil e rápido de ser agendado e pode eliminar a necessidade de uma biópsia se constatar algo benigno. Porém, se confirmada a malignidade, o próximo passo é a Biopsia para que se determine o tipo de tumor e seu estadiamento na escala de Gleason. Essa escala classifica o tumor segundo sua velocidade em fazer metástase. Vai de 1 a 12. Maiores detalhes em sites especializados: ONCOGUIA é o melhor e mais preciso deles. Informa-nos inclusive os direitos legais de auxilio doença, aposentadoria por invalidez, PIS, redução de impostos na compra de veículos, quitação da casa própria entre outros.

 A biópsia é um exame invasivo, que perfura o intestino para colher amostra da próstata que está do lado de fora do intestino. É um procedimento cirúrgico, sob anestesia geral (exija isso).

Se confirmado: Ninguém sai feliz do consultório médico com um diagnóstico de câncer de próstata. A vontade real, ainda mais se o PSA for extremamente alto indicando metástase, é tomar providencias para a própria passagem deste mundo para o próximo... mas acalme-se. Ninguém mais morre de câncer de próstata a curto/médio prazo, mesmo metastático, se tratá-lo em tempo. Para manter a calma sugiro umas regrinhas básicas que criei, algumas delas baseado nas besteiras que fiz:

1 – Não saia pela internet buscando informações sobre quanto tempo de vida lhe resta. Todas as estatísticas hoje publicadas são de pesquisas feitas por no mínimo 10 anos, que no inicio se definiu um protocolo de tratamento. Ora bolas, em 10 anos a medicina evoluiu um absurdo, a ponto de há dois anos atrás terem iniciado o tratamento segundo novos protocolos que vão alterar e muito qualquer estatística de sobrevida publicada hoje. E é com esse tratamento que você já conta hoje. Logo não leia estatística. Se você faz questão de saber se vai morrer rápido ou não, procure seu médico ele vai avaliar isso segundo seu estado de saúde geral e do tratamento que está planejando para você. Posso lhe garantir que ele vai dizer que vais viver muito, e que provavelmente não vai morrer disso.

2 – Não esconda da família; procure apoio com família e amigos mais íntimos. Acompanhamento psicológico é fundamental falar do assunto;

3 - Não pare de trabalhar! Caia dentro de algo para fazer se já estiver aposentado;

4 – Faça exercício orientado e caminhe, mantendo a melhor forma possível. Se tiver metástase avançada faça inicialmente exercícios de baixo impacto como hidroginástica;

5 – Trate-se o mais rapidamente possível. A única coisa que o Câncer não perdoa é o tempo. Seja ágil, busque ajuda para aumentar a agilidade.

6 – Escolha um medico oncologista mais novo que você.. É melhor não ter que trocar de medico ao longo do tratamento. Eu escolhi uma médica excepcional de 34 anos extremamente competente e interessada, e mais que isso, muito paciente.

Tratamento: Existem diversos meios - até de cura - do câncer de próstata. Somente se houver metástase é que ele não tem cura. As cirurgias frontais com recurso de robótica disponíveis em diversos hospitais particulares e públicos possibilita a extração total da próstata sem prejudicar as funções de ereção. Mas isso, no momento, só adianta fazer se não houver metástase. Normalmente os cânceres de próstata são lentos em seu crescimento. Um câncer de Gleason grau 8 faz metástase em até 2.5 anos depois de seu inicio, mas é mais raro. Os de classificação mais baixa demoram muito a fazer metástase, converse com um bom oncologista.

Mas mesmo se tiveres uma metástase não é o fim do mundo, não tem cura mas tem tratamento assim como o diabetes, hipertensão e outros. Hoje já se fala em ser uma doença com características de crônica e não mais fatal como antes. As metástases do câncer de próstata, em sua maioria, atacam os ossos; metástases não gostam muito de vísceras.

Confesso que não é nada agradável você ir pegar o resultado da cintilografia e ver que seu esqueleto parece enfeitado com mangueiras de led, parecendo uma árvore de natal. Mas não é o fim, pois segundo minha médica, para 1 ou 200 metástases o trabalho é o mesmo. Todas caem. Com o tratamento correto essas metástases se reduzem para próximo de zero e a doença fica sob controle por anos com a administração do mesmo remédio. Pode ocorrer de um dia aquele remédio não lhe servir mais por algum motivo. Já existem outros. Este ano, por exemplo, chegou ao mercado brasileiro um remédio oncológico que combate a metástase óssea diretamente como se fora uma radioterapia, converse com seu médico. Quer me parecer que só usam em determinados casos que estejam se agravando.

O tratamento do Câncer na rede particular por plano de saúde cobre tudo, até remédios psicólogos nutricionista etc.

Se tens metástase, existem remédios simples tipo comprimido que, enquanto aguarda o inicio do tratamento (burocracia) pode ser comprado, sob prescrição médica em farmácias oncológicas especializadas, que em muitos casos conseguem conter o avanço da doença por este período. Ajuda bastante. Em números, no meu caso, o comprimidinho reduziu meu PSA a 50% do valor do ultimo exame em 13 dias que fiz uso dele. Bem verdade que os médicos classificaram esse resultado como atípico no meu caso, mas não custa tentar, apesar de não fazer parte do protocolo de tratamento. A caixa com 30 comprimidos custa na casa dos R$ 150,00.

Estão usando, principalmente em caso de metástase em mais de quatro zonas no esqueleto, um ataque inicial com 6 seções quimioterapia associada a hormoneoterapia. Essa associação é uma pancada fortíssima no câncer e em você, mas ambos vão sobreviver. Mas o câncer é  muito fraquinho das pernas, e você pode ter vida normal 3 meses após a ultima seção, pois você é mais forte e mais inteligente que ele. Aproveite enquanto ele dorme ( e faz isso por anos), faça exercício, mantenha seu sistema cardiovascular e glicose em ordem para que, se ele não tiver desistido de você, tenhas condições de dar outra forte pancada nele - e em você mesmo – para mais uma vez sair vencedor.

Em minha família, todos os meus tios tiveram, meu pai teve e alguns de meus primos mais velhos tem o mesmo problema. Meu pai faleceu aos 87 anos por conta de uma isquemia; um dos tios faleceu aos 92 anos por causa de uma cirurgia de fratura causada por uma queda, e o outro tio faleceu com 95 anos porque era o dia dele. Ninguém morreu por causa do câncer de próstata.   Na realidade não há medico que vá lhe dizer quanto tempo de vida ainda tens, pois só Deus o sabe, assim como antes de você ter a doença. Parece-me ser mais provável – se falarmos comparativamente - seres atropelado na porta de casa do que morrer de um câncer de próstata.

Estou com 61 anos, fui agraciado com um câncer adenocarcinoma Gleason número 8, isto é, do tipo rapidinho (uma das besteiras que fiz: não fiz meus exames em janeiro de 2015), diagnosticado já metastático no inicio deste ano, já passei por todo o processo inicial de tratamento e meu PSA hoje é de 0,79, (uma mixaria desprezível para que já mediu 129), metástases reduzidíssimas a quase zero, examinadas por exame PETSCAN e ressonância magnética, alem do PSA. Estou bem, em plena atividade de trabalho pesado, em vida absolutamente normal. Alias não parei de trabalhar hora alguma. Apenas aumentei minha folga de fim de semana a cada 21 dias durante as seções de quimioterapia. Quando careca, fiquei mais bonito. Provo com fotos.

Ah, ia esquecendo: o tratamento hormonal usado em caso de metástase está longe de ser perfeito. Ele afeta fortemente a vida sexual, mas se você já tem mais de 60, vai saber conduzir sua vida sexual com maestria.  


Fiquem em paz e tranquilos. E bola pra frente que a vida é longa. 

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Monarquista, graças a Deus

Por Bruno Garschagen - Gazeta do Povo
Poucas confissões causam mais espanto hoje em dia do que afirmar-se monarquista. É mais fácil para um jovem hodierno dizer aos pais que tem 12 identidades sexuais ativas e passivas do que observar num almoço de domingo, entre uma garfada e outra, a supremacia da monarquia. E, se elogiar o imperador dom Pedro II, corre o risco de ser ridicularizado ou, pior, tornar-se persona non gratapara o dominical macarrão com frango.
Quando digo que sou monarquista, a seguir ao estupor e eventuais desmaios, sou alvejado por olhares de comiseração, escárnio ou lamento, a depender da classe econômica e do grau de escolaridade. Quanto mais altos a renda e o grau de escolaridade, maior é a desconfiança em relação à minha sanidade mental.
Em Portugal, pelo menos até a década de 1980, como nos informa o genial escritor Miguel Esteves Cardoso em crônica antiga publicada em A Causa das Coisas, “alguns magros milhões de portugueses” eram “dubitavelmente monárquicos”. O problema é que, imersos no dubitável, eram monarquistas inúteis à causa porque, quando puderam optar, votaram na república, transformando-se “tragicamente em republicanos úteis”.
No Brasil, quando puderam escolher, os monarquistas brasileiros fizeram em número reduzido o que deveria ter sido feito pela maioria: quase 7 milhões de bravos brasileiros votaram na monarquia. Os dados do plebiscito realizado em 1993 são reveladores: 16,5 milhões escolheram o parlamentarismo em vez do presidencialismo, cerca de 10 milhões de pessoas anularam o voto, 3,4 milhões votaram em branco e a abstenção total foi de 25,76%.
Ou seja, se em Portugal havia uma massa de portugueses “dubitavelmente monárquicos”, no Brasil tivemos uma massa de brasileiros “potencialmente monárquicos” que não foi tocada pela modesta e corajosa campanha pela volta da monarquia constitucional parlamentarista. Este que era o nosso sistema e regime de governo e foi derrubado por um infame golpe militar em 15 de novembro de 1889. Sim, aquele que aprendemos na escola ter sido uma proclamação. Não foi; foi golpe. Um golpe que inaugurou o golpismo em série que caracteriza a república presidencialista brasileira.
Os republicanos brasileiros do século 19, alguns dos quais carinhosamente apelidados de “jacobinos” – os revolucionários que tocaram o terror na França no século 18 –, derrubaram a monarquia e iniciaram um processo de revolução cultural que passava por destruir e sepultar todo o capital de experiência histórica, social e política do nosso Império. Não pretendiam os revolucionários republicanos reformar o que deveria ser reformado, mas refundar a história do país segundo novas bases e desvinculada do passado.
O resultado é conhecido: a monarquia foi ridicularizada, a história foi reescrita (primeiro pelos republicanos, depois pelos marxistas), os grandes nomes do passado foram enterrados e deliberadamente rechaçados e o que aprendemos hoje em dia sobre tão fascinante e grandioso período histórico é o casamento perfeito da ignorância com a caricatura.
O quadro, felizmente, começa a mudar aos poucos. O interesse sobre a monarquia é crescente, assim como a quantidade de brasileiros dispostos a cavar a história em busca do tesouro perdido. E a se questionar acerca das vantagens sobre a república presidencialista a partir do conhecimento das posições e das soluções da monarquia parlamentar sobre as mais diversas questões sociais, políticas e econômicas.
O mercado editorial também começa a despertar para o tema e tem aumentado o número de eventos especializados, como o Encontro Monárquico Conservador no qual fui palestrante e que foi realizado na capital do Ceará dias atrás pelo grupo São Thomas More, em parceria com o Círculo Monárquico de Fortaleza.
Num momento em que o parlamentarismo começa a ser debatido e a ganhar força política, nada mais justo do que considerar, como bem destacou Miguel Esteves Cardoso, a “questão bastante mais importante: a monarquia”.