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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O Bem e o mal

 Escrito por Diogo Pitta

Recentemente foi-me imposto um questionamento bastante plausível por um ente muito querido. Conversávamos sobre a existência de pólos diametralmente opostos de natureza do ser, sobre se há no mundo a bipolaridade bem x mal, e se cabe supor que há homens maus ou se há homens bons.

Bem, o que me foi proposto é que todos os homens, essencialmente podem ser bons, se induzidos a isso, e maus se forem igualmente tentados, e isto está correto ao que me parece. Porém, a colocação de tal questão não exclui em absoluto a existência das polaridades “bem e mal”, uma vez que um homem induzido ao mal, incorrerá em práticas essencialmente más e um homem que for conclamado às boas práticas incorrerá em práticas essencialmente boas.

Como poderíamos ignorar a existência de um embate, seja ele material ou metafísico entre bem e mal, quando a existência destas duas realidades configuram-se como talvez as únicas entidades comprováveis às nossas limitadas visões? Como ignorar, por exemplo, a diferença abissal entre a maestria com que exercia Stalin suas habilidades assassinas ao aniquilar de fome 3 milhões de pessoas na Ucrânia com a penetrante e expansiva caridade franciscana? Como poderíamos ignorar a diferença entre o martírio exercido pelos cristãos, e o martírio exercido pelos islâmicos?

Ora, existem sim, o bem e o mal e estão em pólos opostos e constantemente em luta. A Teoria filosófica chinesa nos aponta que o bem e o mal equilibram-se pela primeira lei do I-ching; princípio de que nada se perde, tudo se transforma. Existe uma segunda lei do I-Ching, que diz que tudo muda, menos a primeira lei. Ora se tudo muda, menos a primeira lei, logo a segunda lei, que diz que tudo muda menos a primeira lei, também muda, o que torna a primeira lei mutável, logo o argumento de que tudo muda é incoerente, fazendo com que haja o mal e o bem, distintamente.

A Filosofia escolástica, mais especificamente Santo Tomás de Aquino, afirma que  a existência do mal é resultado ausência do Bem supremo que é o próprio Deus. Definitivamente creio nisso!

Tomemos o exemplo de como as doutrinas atéias foram responsáveis por banhar de sangue o solo do mundo:

Em 1848 surgia no mundo do pensamento, como que de uma indução maligna, a ideologia ateia de Karl Marx, o pensamento marxiano, o comunismo. Após uma série de desdobramentos históricos, em 1917 ocorreu a ascensão dos bolcheviques na Rússia, e após alguns anos estava instalada a ditadura do proletariado, “profetizada” por Marx e levada à prática por Lênin. Com a Morte de Lênin, subiu ao poder Joseph Stalin, cujo seus primeiros atos no comando da URSS foi aniquilar fisicamente membros do próprio partido, supostamente oposições dentro do Partido Comunista. Stalin tornou-se (mesmo que professores de história de orientação marxista façam questão de minimiza-lo) a máquina mais sanguinária que a humanidade já conheceu, fazendo com que o comunismo fosse responsável por alcunhar ao século XX, o que para os historiadores sérios ficou conhecido como o “século de sangue”. O Comunismo matou mais de 300 milhões de pessoas!

Como ignorar  por exemplo a existência de uma polaridade entre Stalin, com o que seria – embora existam muitos exemplos no Cristianismo e mesmo que extemporâneo - seu pólo oposto São Pio de Pietrelcina? Ou até mesmo com outros exemplo fora do Cristianismo como Mahatma Ghandi? Poderiam objetar que são fatos isolados, porém, podemos citar mais uma gama de exemplos destas oposições de polaridades, como São Maximiliano Kolbe x Mao Tsé Tung; São Francisco de Assis x Pol pot, enfim, de um lado máquinas sanguinárias e implacáveis, e de outro ícones da caridade e da renúncia de si mesmos em prol de outros, seguindo a máxima evangélica imposta por Cristo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Ora, além do mais atrás destas máquinas de matar pessoas, existem sempre uma infinidade de pessoas que os apoiam e ajudam a sustentar suas causas, logo, possuem a mesma orientação.

Devem, por certo, me questionar: “Por que citar as doutrina atéias?” Respondo: por que “coincidentemente” as doutrinas atéias foram as que mais derramaram sangue inocente em toda a história da humanidade. Lembremo-nos de Santo Tomás de Aquino que disse que a existência do mal é resultado ausência do Bem supremo que é o próprio Deus. Assim como a existência do frio pode ser verificada a partir da ausência do Calor, a existência do Mal é evidenciada pela ausência do bem, que para Santo Tomás, é o Sumo-bem, que é Deus. Pressupõe-se que a existência de um ente que tenha pensado a humanidade acarrete a existência de uma norma moral. Por exemplo: Os fabricantes de computadores, antes de fabricá-los, tiveram que conceber a idéia dos computadores em suas mentes, para tanto, algumas regras da eletrônica, da física e da matemática tiveram de ser seguidas, caso contrário, se não houvesse sequer regras de montagem, os computadores não existiriam a não ser na mente de quem o pensa. Logo, subentende-se que admitir a existência de um Ser cujo pensamento precedesse a existência do homem incorreria na admissão de que há uma norma moral que permite nossa existência e a sustenta. 

Além do mais, é incoerente dizer que Deus não existe por existir o mal no mundo, pois se se admite que existe o mal, invariavelmente admite-se que existe o bem, e se existe o bem, há uma ordenação no cosmos para tal, e esta ordenação não se cria a si mesma, pois nada pode criar-se a si mesmo, então só nos resta afirmar que existe uma Mente criadora primeira que dá ordem à todas as coisas. Ora se existe Bem, existe o seu oposto, o mal. 

A revelação Cristã nos deu a certeza de que o mal surgiu no mundo com a soberba de Lúcifer, o que de fato não se afasta da concepção filosófica escolástica do mal, por que a partir do momento em que a soberba aflorou em lúcifer, anjo até então belo e luminoso, o Sumo-Bem (Deus) deixou de habita-lo e este mergulhou-se nas trevas do mal, tornando-se ele mesmo o próprio mal, abandonando a Luz do Bem. Lúcifer é o anjo sem Deus, assim, como Stalin era o homem sem Deus. 

Um pensamento filosófico moderno que nos ajudar a entender a existência do mal no mundo e do ateísmo é o de Friderich Wlhelm Nietzsche, em assim falou Zaratustra: “ Se os deuses existissem, como suportaria eu não ser um Deus, logo deuses não existem!”

Ou seja, por trás da conduta religiosa ateísta, esconde-se uma vontade atávica de ser Deus de si mesmo; “Imaginem só, o quão limitador seria ter um Deus” pensa um ateísta; pois a limitação de ter um Deus que nos tenha pensado de uma maneira, é a mesma limitação de quem admite a existência da verdade como norma. Na verdade, afirmar que não há homens bons ou maus, ou que não há a existência do bem e do mal como polos distintos e antagônicos, ou que o bem e o mal se equilibram  não é uma forma de relativismo? Será que relativizar Deus, ou sua existência, ou a existência do Summon Bonum não é o mesmo que negar a existência deste, pois pressupõe-se que Deus é absoluto e relativizar o absoluto não é mesmo que nega-lo?

Um fato é inegável historicamente: Quanto mais a humanidade afasta-se de Deus e de suas normas, mas ela se degrada; quanto mais nos afastamos do calor, mais fica clara a diferença e oposição entre frio e quente; quanto mais nos afastamos da luz, mais clara fica  a oposição e diferença entre claro e escuro; quanto mais nos afastamos do bem, mais próximos estamos do mau; quanto mais nos afastamos de Deus, mais nos assemelhamos a Lúcifer, outrora anjo luminoso, porém que deixou a escuridão da soberba, e da vontade de ser Deus o afastarem do Sumo - Bem

Escrito por Diogo Pitta

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