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quinta-feira, 11 de maio de 2017

Como o comunista ama?

Foi com grande gozo intelectual que li um romance do grande romancista cubano Leonardo Padura, cujo título em português é "O Homem que amava Cachorros". O Romance conta a história da perseguição promovida por Stalin a Leon Trotski, cuja trama culmina com o assassinato deste a picaretadas pelas mãos de outro comunista, pau mandado de Stalin, Ramón Mercader. Neste livro, Padura descreve toda a complexidade e mendacidade que move a mente comunista, e com uma habilidade de esmiuçar perfis complexos digna de um Dostoievski, Padura entra na alma dos personagens e traça-nos um mapa para tentarmos entender o que se passa na cabeça doentia desta gente. Na trama, o que chamou-me mais a atenção, foi a relação fria e de utilidade unica e exclusivamente partidária que mantinham os personagens com seus familiares, também comunistas, que é o caso, por exemplo, de Ramón Mercader com a sua mãe, Caridad Mercader. Caridad, que teve participação na escolha do filho para ser treinado para a missão de assassinar Trotski, mesmo estando muito tempo separada do filho por um abismo espacial e sentimental criado pela patente e pela revolução, ao encontrá-lo, não o enxerga como uma mãe deveria enxergar um filho, ou seja, como uma pessoa individual, com suas carências, virtudes, e potencialidades, mas graças à mente obnubilada pela ideologia tida como pretensa redentora da humanidade, Caridad vê no filho, Ramón Mercader, apenas um instrumento; um objeto através do qual beneficiar-se-á a revolução comunista. 

A mente comunista não conhece a polaridade entre bem e mal, bom e ruim, verdade e mentira. A mente comunista só consegue inteligir aquilo que é bom ou ruim para a revolução. Se perguntarmos a um comunista se roubar é moralmente correto, além de  salientar sobre a suposta relatividade do que seria "ser correto", obviamente, para não chamar para si uma atenção desnecessária, diria que roubar é moralmente errado, e teceria catilinárias e ladainhas sobre a ética. Mas na verdade, a práxis comunista é ver como correto aquilo que ajuda a revolução, e errado aquilo que a atrapalha. Logo, embora em seu discurso diga ser moralmente errado roubar, na prática, rouba se este roubo for útil à revolução. Assim, quando as pessoas dizem que o "Lula roubou mas fez", estão dizendo exatamente isto: que roubou, mas na verdade roubou porque uma virtual melhora na qualidade de vida e poder aquisitivo do povo, favorece a revolução perpetrada pelo PT e todo o Foro de São Paulo. 

Para qualquer um de posse de um mínimo de decência e moral, jogar sobre o colo da esposa falecida a culpa por qualquer ato ilícito que fosse, sem que ela, por uma obviedade, pudesse defender-se ou responder pelos supostos atos dos quais foi acusada, é algo aviltante e intolerável. Vale lembrar que esta não é a primeira vez que Lula utiliza-se da morte de sua esposa para beneficiar-se politicamente, pois no funeral de Dona Marisa, Lula fez do ambiente onde era velada sua esposa de palanque eleitoral. O velório da defunta tornou-se o púlpito pelo qual Lula ensinou à nação que comunista, na verdade, pouco se lixa para os que supostamente ama. Assim foi com Caridad e Ramón Mercader, assim é com Lula e Dona Marisa Letícia, e assim será com quaisquer outros comunistas.

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