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quinta-feira, 14 de julho de 2011

São Camilo de Léllis, protetor dos enfermos .

   São Camilo nasceu no ano de 1550, em Bicchianico, cidade do reino de Nápoles.  O dia do nascimento foi o da morte de sua mãe. Na idade de seis  anos, perdeu o pai, oficial do exército. Do pai, parecia ter-lhe vindo a predileção pela vida militar. Mal soube ler e escrever, alistou-se no exército e, moço de 19 anos apenas,  tomou parte numa campanha contra os turcos. Gravemente doente,  voltou a Roma,  onde foi internado no Hospital dos Incuráveis.  A paixão, porém,  pelo jogo,  fez com que o demitissem daquele estabelecimento.  Posto na rua, doente, pobre,  procurou serviço como servente de pedreiro, trabalhando em seguida numa casa que os capuchinhos estavam construindo. 
          Apesar dos erros cometidos, Deus não o abandonou. Uma conversa que teve com o guardião do convento, abriu-lhe os olhos. Largou do jogo,  fez penitência e invocou a misericórdia divina. Camilo tinha então 25 anos.  Entrou na Ordem dos Capuchinhos, onde fez o noviciado e passou para os franciscanos. Estes, porém,  não lhe consentiram  a permanência na Ordem por causa de uma úlcera que tinha no pé,  e que pelos médicos fora declarada incurável.  Acabrunhadíssimo, dirigiu-se ao Hospital de São Tiago, em Roma,  onde foi aceito e por uma feliz circunstância, nomeado administrador do mesmo.  Nesta nova posição,  se dedicou exclusivamente ao serviço dos  enfermos.
Observando que os enfermeiros assalariados muito mal cumpriam o dever e os pobres doentes, devido a  esta circunstância,  sofriam muitos vexames e privações,  Camilo começou a  ocupar-se com o problema de  adquirir enfermeiros que, iguais a ele, tomassem  este encargo somente por amor a Deus.  A conselho de São Filipe Néri, organizou uma irmandade religiosa, cujos  membros se  obrigavam a tratar dos doentes, sem para isto aspirar outra recompensa, a não ser a de Deus. Os primeiros  poucos irmãos  eram leigos, aos quais  mais  tarde  se associariam alguns sacerdotes.  Adquiriram uma casa, onde moraram em comunidade. 
Esta tomou incremento e, em bem pouco tempo,  Camilo teve  necessidade de abrir institutos idênticos na Itália,  Sicília e outras partes da Europa.  Seguindo ainda o conselho de São Filipe  Néri e o exemplo de Santo Inácio, apesar dos seus 32 anos,  voltou ao estudo e recebeu o sacramento da Ordem. Sacerdote, podia, além de médico corporal, ser médico das almas.
A bula da canonização enaltece a  virtude da  caridade, que fez Camilo ser uma verdadeira mãe para os doentes.  A caridade chegou-lhe ao extremo por ocasião da peste em Roma.  Embora doente e sofrendo dores horríveis no pé, ia de casa em casa, procurando, socorrendo e consolando os pobres doentes.  Numerosos são os casos, em que foi visto levando às costas os doentes ao hospital, onde os tratava com o maior carinho. Quando a  peste fez entrada em Milão e Nola, Camilo acompanhou-a levando consigo a caridade, que o fez praticar maravilhas de mortificações e zelo apostólico. É de admirar que Deus recompensasse seu servo, dando-lhe diversos dons sobrenaturais, de que este se aproveitou para salvar as almas?  Muitos doentes recuperaram a saúde só pela palavra e oração do Santo. Muitos se  converteram dos pecados, por lhes ter Camilo  mostrado que estes eram a causa da doença, e o perigo de viver em pecado mortal.
             Camilo era humilde e  por causa da humildade, o homem mais querido em Roma. Chorando sempre os pecados da mocidade, dizia-se indigno de morar entre os homens e julgava-se  merecedor do inferno.  Palavras de elogios entristeciam e irritavam-no.  Não permitia que o chamassem fundador de uma Ordem e, depois de 27 anos de Superior,  pediu que lhe tirassem este fardo e o pusessem debaixo da obediência.
 Camilo era caridoso para com os outros e severo para consigo. Muito doente,  sofria muitas dores, mas nunca se lhe ouvia da boca uma palavra de queixa ou gemido de dor.  Tendo diante de si seus  pecados e  o inferno por eles merecido, menosprezava a dor, por mais intensa e cruel  que fosse.
Gravemente enfermo e  desenganado pelos  médicos, Camilo recebeu o Santo Viático das mãos do cardeal Ginnásio, amigo e protetor da Ordem.  Vendo a sagrada Hóstia,  disse,  com as  lágrimas nos olhos:  “Alegro-me por me terem dito que entrarei na casa do Senhor. Reconheço, Senhor,  que sou dos pecadores o maior e indigno de receber vossa graça;  salvai-me segundo a vossa misericórdia. Ponho a  minha confiança nos merecimentos do vosso preciosíssimo sangue”.  Terminou a vida no ano de 1614, tendo 65 anos de idade. Em 1746 foi canonizado por Bento XIV.  São Camilo é padroeiro dos agonizantes.”
Reflexões:
O jogo é um vício detestável pelos prejuízos  que causa, natural e espiritualmente. O jogador  perde o dinheiro, o tempo, a moral  e a consciência. Geralmente, não são muito amigos da oração os que se entregam de maneira desenfreada ao jogo, e a piedade é a virtude que menos cultivam. A roda de que costumam fazer parte, os torna insensíveis, tanto pelo clima de desconfiança,  como pelas sofridas expectativas, ou ainda pelo desligamento momentâneo das virtudes cristãs.   Assim, o jogo,  a princípio um divertimento indiferente, torna-se facilmente uma paixão perigosa,  que poderá trazer completa ruína material e espiritual,  afastando a alma de Deus e do último fim, que é a felicidade eterna.
Se há jogos que não encerram o perigo de perder dinheiro, pelo menos exigem o sacrifício do  tempo, que de todos os  bens  é o mais precioso.  Seja, portanto, neste tipo de jogo,  o tempo aproveitado para sincera confraternização entre familiares e amigos,  não devendo-nos, porém,  permitir que se transforme em freqüente vício ou motivo de contendas inúteis, constrangimentos ou discórdias.
O exemplo de  São Camilo,  nos permite vislumbrar,  a sua completa renúncia dos vícios terrenos e a sua nova concepção pela busca da  salvação das  almas. Saber que o tempo passa rapidamente e que deve ser aproveitado com a maior  intensidade possível,  para as coisas  do Alto.  E que para se  atingir a Eternidade, inevitavelmente deveremos experimentar o sofrimento, vivê-lo com profundo amor e resignação, ao mesmo tempo, socorrendo com verdadeira caridade, ao maior número possível de irmãos que necessitam do nosso imediato auxílio. Foi dentro deste espírito de extrema caridade, que a família camiliana atravessou os séculos, em busca de milhares e milhares de almas;  seu divino brilho que até hoje resplandece, por sua  atuação espiritual junto ao povo de Deus.     
A cruz vermelha, símbolo da Ordem de todos os membros da família camiliana,   tornou-se o símbolo universal de  solidariedade entre os povos e de irrestrito amor aos sofredores.  Afixado nos hospitais, órgãos de saúde e em muitos medicamentos,  este símbolo foi adotado como sinônimo de estabelecimentos de saúde ou de produtos afins. O símbolo da  Cruz Vermelha Internacional, foi também adotado como símbolo universal de solidariedade entre os povos, baseado no extremo engajamento de São Camilo, que inaugurou o símbolo de sua congregação junto ao Hospital de São Tiago, em Roma. A fama e  santidade dos seus discípulos,  que dedicaram-se e ainda dedicam-se exaustivamente à causa dos pobres enfermos, deixou carinhosamente  marcado na memória de diversos povos e comunidades aquele emblema marcante, a cruz de Cristo no tom vermelho de Seu sangue,  fixado na parte frontal do hábito camiliano.  Esta farda de caridade, tornou-se distintivo perpétuo e universal, para todos aqueles que, imitando o exemplo de  São Camilo, tornaram-se sensíveis aos sofrimentos e angústias dos doentes e agonizantes.  

Fonte: http://www.paginaoriente.com/

"São Camilo de Léllis, rogai pela humanidade, doente do corpo e do espírito."
PAX CHRISTI
Diogo Pitta

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