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terça-feira, 5 de julho de 2011

Das divinas Escrituras reconhecidas e das que não o são - Eusébio de Cesaréia

Eusébio, bispo de Cesaréia, nasceu em cerca de 270, faleceu no ano 339/340. A data de seu nascimento só pode ser inferida de sua obra, pois ele narra a perseguição dos cristãos sob Valeriano (258-260) como sendo algo do passado, e os eventos seguintes como sendo contemporâneos seus. Não se sabe onde nasceu, mas passou a maior e mais importante parte de sua vida em Cesaréia, na época a maior cidade romana da Palestina. Era de família desconhecida mas certamente cristã, como indica seu nome. Eusébio nada fala de si mesmo em sua extensa obra.
Foi bispo de Cesaréia de 313 ou 315 em diante. Em 303 começa a última e maior perseguição aos cristãos, durando até 311. Não se sabe em que circunstâncias Eusébio atravessou essa tormenta. Assistiu pessoalmente a martírios em Tiro e na Tebaida (Egito), ele próprio foi preso mas não executado, tendo sido posteriormente acusado de apostasia.
Sua formação teológica foi baseada no estudo da obra de Orígenes. Durante os debates contra o arianismo Eusébio foi um dos principais defensores de uma posição mediadora, que procurava manter unificada a indefinição dogmática dos primeiros pais da Igreja. Para a dogmática posterior ele é suspeito de ser semi-ariano, o que pode ter sido a causa do rápido desaparecimento de muitos de seus escritos.
Sua obra se constitui de livros históricos, apologéticos, de exegese bíblica e doutrinários. Escreveu mais de 120 volumes, a maioria dos quais perdidos, alguns são conhecidos apenas por traduções. Dos originais restam nada mais do que fragmentos. Tratou de todos os temas e personalidades ligados à Igreja, citando extensamente e comentando cerca de 250 obras de muitos autores que de outra maneira estariam perdidos, sendo conhecidos apenas através de Eusébio.
 
"Chegando aqui, é hora de recapitular os escritos do Novo Testamento já mencionados. Em primeiro lugar temos que colocar a tétrade santa dos Evangelhos, aos quais segue-se o escrito dos Atos dos Apóstolos. Depois deste há que se colocar a lista das Cartas de Paulo. Depois deve-se dar por certa a chamada Primeira de João, assim como a de Pedro. Depois destas, se está bem, pode-se colocar o Apocalipse de João, sobre o qual exporemos oportunamente o que dele se pensa. Estes são os ditos admitidos. Dos livros discutidos, por outro lado, mas que são conhecidos da grande maioria, temos a Carta dita de Tiago, a de Judas e a segunda de Pedro, assim como as que se diz serem segunda e terceira de João, sejam do próprio evangelista, seja de outro com o mesmo nome.
Entre os espúrios (falsos, bastardos) sejam listados: o escrito dos Atos de Paulo, o chamado Pastor e o Apocalipse de Pedro, e além destes, a que se diz Carta de Barnabé e a obra chamada Ensinamento dos Apóstolos, e ainda, como já disse, talvez, o Apocalipse de João: alguns, como disse, rechaçam-no, enquanto outros o contam entre os livros admitidos. Alguns ainda catalogam entre estes inclusive o Evangelho dos hebreus, no qual são muito contemplados os hebreus que aceitaram Cristo.
Todos estes são livros discutidos. Mas creio ser necessário que exista um catálogo destes também, distinguindo os escritos que, segundo a tradição da Igreja, são verdadeiros, genuínos e admitidos, daqueles que diferentes destes por não serem testamentários, mas discutidos, ainda assim são conhecidos pela grande maioria dos autores eclesiásticos, de modo que possamos conhecer estes livros e os que com o nome dos apóstolos foram divulgados pelos hereges, alegando que se tratem seja dos Evangelhos de Pedro, de Tomás, de Matias ou mesmo de algum outro, ou ainda dos Atos de André, de João e de outros apóstolos.
Jamais um só dentre os escritores ortodoxos julgou digno mencionar estes livros em seus escritos. Mas ocorre que a própria índole do fraseado difere enormemente do estilo dos apóstolos, o pensamento e a intenção do que neles está contido destoa ainda mais da verdadeira ortodoxia: claramente demonstram ser invenções de hereges. Por isso não devem ser incluídos nem mesmo entre os espúrios, mas devemos rechaçá-los como inteiramente absurdos e ímpios. Continuemos agora nosso relato."

Fonte: História Eclesiástica - Eusébio de Cesaréia; Editora Novo Século - 1999, pag: 62 
Estudemos a História da Igreja! Estudemos e meditemos sobre a vida e a Obra dos Santos Padres !

PAX CHRISTI
Diogo Pitta

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