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sexta-feira, 28 de abril de 2017

Sobre a greve não-geral


Por Bruno Gaschagen via Facebook

Dilma Rousseff, cuja existência é a prova de que Deus existe, mas que é um grande gozador, escreveu em sua rede social que “a #GreveGeralNoBrasil mostra que o povo brasileiro é valente e é capaz de resistir a mais um golpe”.

Dilma também é a prova de como uma mesma pessoa pode estar sempre errada. Porque a “greve geral” foi a greve não-geral. Pois a geral, o povo trabalhador e valente, foi trabalhar e, portanto, decidiu ausentar-se. É como naquele chiste do escritor argentino Macedónio Fernandez: faltaram tantos que se faltasse mais um, não caberia.

O que teve na greve não-geral? A violência, a estupidez, o autoritarismo, a violação do direito de ir e vir, enfim, as perturbações de sempre. 

Não vi, porém, trabalhadores. Vi uma horda de autoritários vestida de vermelho para promover uma imitação decrépita de um protesto comunista. Não havia ali pessoas, mas bolcheviques, aqueles revolucionários marxistas que decidiram abrir mão da própria humanidade para servir à ideologia e ao partido.

O que, entretanto, ainda impressiona em atos desse tipo é que meia dúzia de pelegos consegue fechar rodovias, ruas e pontes com a facilidade de quem chupa um Chicabon na praça (obrigado, Nelson Rodrigues). Mas se antes atrapalham a sociedade que precisa trabalhar sem serem praticamente importunados, dessa vez foi diferente. Houve reação. E pelas reações de hoje, não acredito que no futuro breve consigam mais fazer o que fizeram hoje tão tranquilamente. 

Se os governos ainda permitem que sindicalistas et caterva fechem vias e aeroportos, parte da população dá indícios de que não mais vai deixar isso acontecer com a tranquilidade de sempre. Nem que seja preciso organizar uma reação articulada de gente disposta a retribuir de forma ainda mais afetuosa o carinho que os fidalgos da CUT dispensaram a alguns no aeroporto Santos Dumont, no Rio, e em outros locais país afora.

Muita gente não sabe, mas o governo de Margaret Thatcher só conseguiu enfrentar os sindicatos que ajudaram a destruir a Inglaterra - com o endosso do Partido Trabalhista e a complacência covarde do primeiro-ministro conservador Edward Heath - graças a atuação de Jonh Gouriet. 


Quem foi Gouriet? Um ex-militar que trabalhava no mercado financeiro e começou litar pelas liberdades, combater o comunismo e o abuso de poder dos sindicatos no país antes mesmo de Thatcher chegar ao poder. Ele foi cofundador e diretor da Freedom Association (FA) em 1975. Com 20 mil sócios e um trabalho incansável, a FA tornou-se o maior e mais influente grupo de direita na Grã-Bretanha. Gouriet e seus colegas da associação foram fundamentais na luta que Thatcher empreendeu contra os sindicatos. Sem a FA, Thatcher dificilmente, para não dizer jamais, sairia vitoriosa do embate. 

No Brasil, muitos banqueiros e profissionais do mercado financeiro ou promovem e financiam socialistas e partidos como o PT (olá, João Moreira Salles) ou são omissos. Em ambos os casos, são corresponsáveis pelo que acontece.

Assim como aconteceu no âmbito intelectual, nas manifestações de rua e nas discussões públicas, certamente haverá resposta contundente contra qualquer ato que atrapalhe a rotina das pessoas e que viole o direito de ir e vir. A reação não tardará.

Se é que há um ponto positivo na greve não-geral de hoje é que o PT, os seus sindicatos e a legião que o serve conseguiram ratificar nos trabalhadores brasileiros a certeza de que o objetivo deles é mesmo destruir o Brasil. O PT perdeu. O Brasil ganhou. 

Parabéns, senhores, por tão augusta conquista.

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