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domingo, 29 de setembro de 2013

Porque nós espionamos o Brasil

Os Estados Unidos realmente espionaram o governo brasileiro? Se sim, por que o fariam?

Todo o debate no Brasil quanto a esse tema leva em conta apenas a questão da soberania nacional, que é certamente a mais relevante para o nosso país. Porém, e pensando por um outro lado, o governo dos EUA teria alguma razão para desconfiar do nosso? Há justificativa para isso? Em busca dessas respostas, Carlos Alberto Montaner, do Miami Herald, encontrou-se com um ex-embaixador dos EUA que atuou no Brasil. O depoimento é impressionante, com minha tradução :
A Presidente Dilma Rousseff do Brasil cancelou sua visita ao Presidente Obama. Ela ficou ofendida porque os Estados Unidos estavam espionando seu e-mail. Você não faz isso a um país amigo. A informação, provavelmente correta, foi oferecida por Edward Snowden de seu refúgio em Moscou.
Intrigado, eu perguntei a um ex-embaixador americano, “Por que eles fazem isso?” Sua explicação foi nua e crua:

“Da perspectiva de Washington, o governo brasileiro não é exatamente amigável. Por definição e história, Brasil é um país amigo que ficou ao nosso lado durante a Segunda Guerra Mundial e Guerra da Coréia, mas o governo atual não é”.

O embaixador e eu somos velhos amigos. “Posso te identificar por nome?” eu perguntei. “Não,” ele respondeu. “Criaria um grande problema para mim. Mas você pode transcrever nossa conversa”. Eu farei isso aqui.

“Tudo o que você tem que fazer é ler as atas do Foro de São Paulo e observar a conduta do governo brasileiro,” ele disse. “Os amigos de Luiz Inácio Lula da Silva, de Dilma Rousseff e do Partido dos Trabalhadores são os inimigos dos Estados Unidos: Venezuela Chavista, primeiro com (Hugo) Chávez e agora com (Nicolás) Maduro; Cuba de Raul Castro; Irã; Bolívia de Evo Morales; Libia no tempo de Gadhafi; Síria de Bashar Assad.

“Em quase todos os conflitos, o governo brasileiro concorda com as estratégias políticas da Rússia e China, opostas à perspectiva do Departamento de Estado dos EUA e da Casa Branca. Sua família ideológica mais parecida é a dos BRICS, com quem ele tenta conciliar sua política externa (BRICS são Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

“A grande nação sulamericana não tem ou não manifesta a mínima vontade de defender os princípios democráticos que são sistematicamente violados em Cuba. Pelo contrário, ex-presidente Lula da Silva frequentemente leva investidores para a ilha, a fim de fortalecer a ditadura dos Castros. O dinheiro investido por brasileiros no desenvolvimento do super-porto de Mariel, próximo a Havana, é estimado em 1 bilhão de dólares.

lula-e-fidel

“A influência cubana no Brasil é disfarçada, mas muito forte. José Dirceu, ex-Chefe da Casa Civil de Lula e seu ministro mais influente, foi um agente do serviço de inteligência cubano. Em seu exílio em Cuba, ele teve seu rosto cirurgicamente transformado. Ele retornou para o Brasil com uma nova identidade (Carlos Henrique Gouveia de Mello, um comerciante judeu) e ficou nessa função até a restauração da democracia. Lado a lado de Lula, ele deixou o Brasil como um dos maiores colaboradores da ditadura cubana. Ele caiu em desgraça porque é corrupto, mas nunca recuou em suas preferências ideológicas e sua cumplicidade com Havana.

“Algo similar ocorre com o Professor Marco Aurelio Garcia, atual conselheiro de política externa de Dilma Roussef. Ele é um obstinado anti-Yankee, pior que Dirceu, porque ele é mais inteligente e teve melhor treinamento. Ele fará o que for possível para despistar os Estados Unidos.

“Para o Itamaraty – um ministério de relações exteriores renomado pela qualidade dos seus diplomatas, geralmente poliglotas e bem educados – a Carta Democrática assinado em Lima em 2001 é só um pedaço de papel sem nenhuma importância. O governo simplesmente ignora as fraudes eleitores feitas na Venezuela ou Nicarágua e é indiferente aos abusos com a liberdade de imprensa.
“Mas isso não é tudo. Há outros dois assuntos que fazem os Estados Unidos quererem ficar informados sobre tudo o que ocorre no Brasil, porque, de um jeito ou de outro, eles afetam a segurança dos Estados Unidos: corrupção e drogas.

Brasil é um notório país corrupto e suas práticas erradas afetam as leis dos Estados Unidos em dois modos: quando brasileiros utilizam o sistema financeiro americano e quando eles competem injustamente com companhias americanas ao utilizar suborno ou comissões ilegais.

O problema da droga é diferente. A produção de cocaína boliviana quintuplicou-se desde que Evo Molares tornou-se presidente, e o canal para a substância é o Brasil. Quase toda a droga acaba na Europa, e nossos aliados estão querendo informações. Essas informações, às vezes, estão nas mãos dos políticos brasileiros.”

Minhas duas perguntas finais são inevitáveis. Washington apoiará a tentativa do Brasil de ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU?

“Se você me perguntar, não,” ele diz. “Nós já temos dois adversários permanentes: Rússia e China. Não precisamos de um terceiro.”

Para finalizar, os Estados Unidos continuarão a espionar o Brasil?

“Claro,” ele me diz. “É nossa responsabilidade com a sociedade Americana.”

Acho que a Dona Dilma deveria trocar seu e-mail com frequência.

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