Translate

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Sobre o famigerado "não julgueis" por Tobias kuklinski

Por Tobias kuklinski

Não gosto de escrever grandes textos, cheios de pontos e visões. Na verdade até gostaria, mas tenho tantos amigos no facebook muito mais sábios e competentes do que eu, que escrevem textos tão bons, com embasamento, excelentes argumentações e tudo mais, que fico com "vergonha" de escrever qualquer coisa grande, por não me considerar 'sábio' o suficiente. Talvez seja falta de humildade, então vou parar com isso.

Também odeio discussão de internet (de internet!, veja bem), - e tenho meus motivos para detestá-las - por isso evito entrar nelas. Então resolvi excluir comentários que levem às mesmas, logo esse é um problema já solucionado.

Vejo muito "não julgueis", muito "Jesus pregou o amor", "temos que amar o irmão", "Misericórdia, né? Nos cabe apenas orar por ele/a" em certas situações, e fico preocupado e inconformado com a maioria destes comentários.

 Falo "a maioria", porque algumas (poucas) vezes eu vejo tais máximas sendo usadas em situações às quais elas realmente se aplicam.

As pessoas veem um irmão tendo alguma atitude totalmente contrária aos mandamentos de Deus, à doutrina da Igreja.. Veem um irmão cometendo não somente um pecado, mas muitas vezes uma heresia... E o que fazem? Se escondem atrás de um "não julgueis". Fazem uso de uma falsa "misericórdia", que é, na verdade, uma desculpa para não se expôr indo corrigir a pessoa que erra. E, me entendam, falo de uma correção fraterna. Correção que todos temos a obrigação de fazer. 

Não uma correção para crescer em cima do erro do outro, mas uma correção para ajudar o outro a crescer, abandonando o erro. Sei que há muitos que se dizem católicos, e são na verdade quase agnósticos. Crêem em algo, e chamam esse algo de Deus; vão na missa muito mais por costume do que por constância; mal sabem o que a Santa Mãe Igreja diz sobre certos assuntos - ou pior: sabem e são assumidamente contrários. Em qualquer um dos casos, se a pessoa se diz católica, devemos corrigí-la e ajudá-la. 

Devemos lhe mostrar a Verdade, sempre com caridade. Verdade dita sem caridade é agressão! Se a pessoa vai aceitar, entender, discordar, xingar, reclamar, continuar, sair da igreja ou o que mais quer que possa fazer, é uma responsabilidade exclusivamente dela. A nossa parte nós temos que fazer. Conforme o lema papal de Bento XVI, ser Colaboradores da Verdade.

Veja o exemplo de São Paulo: perseguia cristãos pensando ser esta a vontade de Deus. Ao descobrir que estava errado, abandonou a perseguição e mudou suas atitudes, tornando-se o Santo que é (cf. At 9, 1ss). Se as pessoas que erram tem a real intenção de seguir a Deus, de serem católicas, o alerta sobre uma conduta/pensamento errada/o será muito bem aceito e acolhido.

São João Batista não se preocupou se suas palavras ofenderiam Herodes. Ele fez o que devia ser feito: chamou-lhe a atenção para um erro que estava cometendo. Uma correção firme, mas certamente caridosa, que Herodes não acolheu. Herodes gostava do que João Batista pregava, contanto que não contrariasse seus prazeres. Herodes aceitava somente o que lhe convinha (cf. Mc 6, 16ss).

Acima apresentei dois exemplos e acho que dispensam explicações quanto à diferença nas atitudes de ambos (São Paulo e Herodes) ao serem corrigidos.

Nosso Senhor disse: ser morno é pior do que ser frio ou quente (cf. Ap 3, 15-16)! São Paulo fala: quem come e bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação (cf. 1Cor 11, 29)! Que misericórdia é essa que dizem ter pelas pessoas que erram, se as deixam comer e beber sua própria condenação? Pra mim isso não é misericórdia, nem amor ao próximo. Não é mesmo.

Em resumo: não se escondam atrás de um "não julgueis".

Dica: Não sei a qual "não julgueis" o povo se refere. Se for o do capítulo 7, versículo 1 do evangelho de São Mateus, recomendo que leiam o resto do capítulo. Se for o do capítulo 7, versículo 24 do evangelho de São João, recomendo que leiam o resto do versículo.

Há muitos outros pontos que eu gostaria de comentar sobre este mesmo assunto, mas ficaria um texto muito maior. Tô afim não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário