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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA



TEOLOGIA DOS MOVIMENTOS CATÓLICOS

CNBB

04.1997

1. Histórico

O Pentecostalismo, de longa data presente no Protestantismo, teve seu despertar com o surgimento de novos movimentos no início do século XX, nos Estados Unidos, difundindo´se pelo mundo. A partir de 1967 penetrou na Igreja Católica com o nome de Renovação Carismática Católica ou Renovação no Espírito. O início deve´se a um grupo de professores e alunos da Universidade Católica da Pensylvania e da Universidade Católica de Indiana. Em 1967 realiza´se o primeiro Congresso do movimento. O movimento carismático chega ao Brasil em 1972 através dos jesuítas. Fala´se hoje de cerca 40 milhões de adeptos católicos no mundo, dos quais 30% na América Latina. Na sua organização, a RCC se apresenta em nível internacional com o ICCRO (= Internacional Catholic Charismatic Office ´ em Roma); ´ em nível latino´americano em Bogotá com realização de encontros cada 2 anos; ´ em nível nacional tem um conselho nacional de 15 membros, que se reúne 2 vezes por ano; ´ existem as equipes regionais de acordo com os Regionais da CNBB. A Comissão Nacional se encontra em Brasília e consta de 7 membros, que atende as equipes regionais, promove encontros nacionais e edita o Boletim Nacional.´ Em nível local o núcleo ou equipe de servos organiza reuniões.

2. Linhas Doutrinais

A RCC deseja dar uma teologia trinitária, centrada porém na pessoa e missão do Espírito Santo. Jesus, em sua humanidade, recebe o Espírito e o envia. E a Igreja, como sacramento de Cristo, estende aos homens a unção do Cristo pelo Espírito Santo, que permanece na Igreja como perpétuo Pentecostes. A plenitude de vida no espírito é um bem comum da Igreja, embora nem todos se apropriem com igual intensidade. Sem Espírito e seus carismas não há Igreja. Neste sentido todo cristão deve ser carismático. Os ministérios são carismas de modo que não há oposição entre Igreja institucional e Igreja carismática. Propõe um sopro do Espírito Santo para os cristãos terem uma experiência pessoal e vida da presença e ação de Deus, fazendo´os reconhecer que Jesus Cristo é o Senhor de suas vidas, da Igreja e da história. Professa um novo Pentecostes, levando a uma vida nova, de acordo com o Espírito. Valoriza a oração individual e comunitária, principalmente de louvor, a partir da vida e da Palavra de Deus. Através de reuniões semanais e Seminários de Vida deseja evangelizar e aprofundar o estudo da Sagrada Escritura. Não pretende constituir uma estrutura, mas engajar´se nas estruturas já existentes da Igreja: CEBs, paróquias e dioceses. Põe´se a serviço da Igreja para a renovação espiritual. O plano de ação se desenvolve em diversos níveis com a associação dos servos, e procura se situar diante das realidades locais, buscando assim espiritualidade e atividades variadas, quase sempre fundamentadas no tripé: testemunho, perseverança e crescimento.

3. Avaliação

É útil recordar que o Conselho Permanente publicou orientações, ressaltando tanto os pontos positivos, como negativos, chamando a atenção para alguns pontos considerados essenciais. O Documento 53 da CNBB: ´Orientações Pastorais sobre a Renovação Carismática Católica´ é um instrumento válido e claro para ajudar o Movimento a crescer e ser útil à Igreja. Resumimos alguns pontos.

Aspectos positivos

Assinalam´se os seguintes: a busca da oração individual e comunitária, o amor à palavra de Deus, a disponibilidade à vontade de Deus, a manifestação dos carismas, a maior união familiar, o sentido de louvor, a valorização do Espírito Santo, a redescoberta do papel de Maria, a freqüência aos sacramentos, e o surgimento de vocações sacerdotais e religiosos.

Aspectos negativos

A oração em línguas pode gerar a impressão de constituir ponto alto de espiritualidade e o dom das curas cair no curandeirismo, sem valorizar suficientemente o mistério da cruz e o valor salvífico do sofrimento. O repouso no Espírito pode ocasionar um clima de histeria coletiva e levar à debilidade psíquica, e o apelo indiscriminado aos carismas ocasionar confusões e fanatismo, sem distinguir dom do Espírito e desvio psicológico. O chamado ´batismo no Espírito´ pode criar confusão em relação às dimensões do sacramento do batismo. A fácil credibilidade em profecias e visões podem levar as pessoas a ser joguete do vento de qualquer doutrina, comprometendo a fé católica. A insistência unilateral ´ pneumatológica ´ pode deixar sombras no mistério da Encarnação. O fechamento na própria espiritualidade, como única ´renovada´, causa tensões na própria Igreja. A a interpretação da Sagrada Escrituras, sem a devida preparação e orientação, pode gerar um fundamentalismo e um intimismo não condizentes com a fé católica. A insistência nos exorcismos e na ação maléfica do demônio produz a impressão de que ele é o senhor do mundo e assim esvaziar a ação libertadora de Cristo. Algumas práticas, como a unção do óleo, aclamações durante e após a Consagração, a comunhão fora da Missa, podem ser utilizadas fora do espírito litúrgico. Os pontos acima são reais, se não houver sólida formação ou se a coordenação da RCC não estiver na mão de pessoas equilibradas e de preparação eclesial.

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