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sábado, 14 de julho de 2012

Quando o bárbaro depara-se com a Pedra


Por Diogo Pitta

O cenário é próximo ao rio Míncio, na Cidade Eterna. Um estranho cortejo em meio a uma nuvem dourada de poeira; sacerdotes católicos com suas magníficas dalmáticas, monges solenemente paramentados de burel; dois patrícios à cavalo, uma multidão de diáconos e de chantres empunhando cruzes e pendões; levantando alto ofuscantes ostensórios, cujo ouro brilhava ao sol, marchando calma e solenemente ao encontro de um certo “flagelo”, temível e indomável bárbaro Amarelo; refiro-me, à Átila, o rei dos hunos.

Em meio ao cortejo solene e intrépido, cavalgava vagarosamente, mas não menos indomável, um ancião de barba branca, que orava. Durante a marcha ao encontro daquele que era o terror encarnado e reflexo do inferno, hinos e salmodias eram entoados solenemente num coro magnífico, cujas súplicas pareciam ascender aos céus pela fumaça que saía de um turíbulo fumegante, que balançava diante do cortejo. A procissão parecia surgir de dentro da fumaça do incenso. Seria impensável imaginar que este cortejo, que ostentando cruzes e paramentos litúrgicos belíssimos, seria a última linha de defesa do que teria sido o maior império que o mundo já conheceu; o império Romano!

O chamado “Perigo Amarelo” dos mongóis, que ontem assaltava a China e chocava-se contra suas intransponíveis muralhas, lançava-se agora sobre a Europa, e chocava-se contra outra intransponível muralha; uma muralha não construída por tijolos e pedras materiais e perecíveis, mas com as pedras de um edifício chamado Cristo; refiro-me ao ancião de barba branca que cavalgava no cortejo; refiro-me à São Leão Magno, Papa!

Aconselhado por dignos estrategistas do mal, um certo Orestes e um Grego infame chamado Onegésio, seus conselheiros europeus, Átila empreendeu um assalto à Roma, porém ao atravessar o Míncio, antes que seu cavalo tocasse a água, deparou-se com o brilho dos ostensórios, com a fumaça do turíbulo e com a altivez das cruzes, estas, estandartes da determinação católica, ostentadas por homens embriagados pelo suave e vivificante Sangue de Cristo.

Átila, supersticioso, exitou. O “Flagelo de Deus”, lançou-se com seu cavalo sobre o rio em direção ao Papa e parado a uma distância onde poderiam ser escutadas ambas as vozes, enquanto a multidão de cristãos aguardava na outra margem,  gritou o guerreiro amarelo; “ Como te chamas?” E do outro lado do rio, respondeu uma voz rouca e já não muito alta; “ Leão, Papa!”

O huno foi ao encontro do Papa Leão Magno, e após um breve diálogo com  os olhos fixos uns nos outros, o bárbaro amarelo retirou-se.

Nos conta uma lenda,  que houve uma ação sobrenatural responsável pela retirada de Átila e pela consequente parada na devastação da Europa, mais especificamente Roma. Conta-se que enquanto o Santo dialogava com o bárbaro, este último teria visto por trás do Papa Leão um homem vestido de branco, parecido com um sacerdote católico, que apontava-lhe ferozmente uma espada flamejante e ameaçadora. De acordo com algumas opiniões, tal personagem seria uma anjo, São Paulo ou São Pedro. Esta fábula foi difundida no século XII por Sigisberto de Gembloux.

Tendo o bárbaro se retirado, pela suposta visão mística ou pela intrepidez e solidez do Papa Leão magno, o fato é que como em toda a história ocidental, sempre que insurgiu-se contra a Cristandade e contra o mundo uma ameaça bárbara, seja ela da natureza que for, levantar-se-á uma muralha, cujas pedras que lhe dão forma, são as pedras que formam um edifício imponente e inquebrável chamado Cristo.

Ora se levantarão muralhas do pensamento e da filosofia Cristã, como Orígenes, Tertuliano, São Justino, Santo Inácio de Antioquia, Santo Agostinho Santo Anselmo e Santo Tomás de Aquino; ora erguem-se muralhas banhadas de Sangue, como os Santo Mártires; ora levantar-se-ão muralhas com a solidez de Santo Atanásio, São Gregório de Nazianzo ou Santo Ambrósio e São Leão Magno!

A Igreja é uma realidade na qual vive-se a democracia dos mortos, uma realidade eclesial diacrônica, onde embriaga-se como o mesmo sangue injetado nas veias dos heróis da fé. Comunga-se o mesmo Corpo; bebe-se o mesmo Sangue, há mais de dois mil anos! Lêem-se as mesmas letras, pensa-se a mesma verdade, e a cada tempo, há de levantar-se um Papa, um Bispo, um padre diante de um bárbaro, para frear seu  ímpeto de destruição, seja da moral e dos bons costumes, seja de nossa cultura, seja da vida, ainda que tal barbárie brote do seio da Igreja!

As letras clássicas são saqueadas e dizimadas pela horda da ignorância que opõe-se ao saber mais erudito, temendo a criação de uma classe pensante e pensando formar uma sociedade sem classes. A fé, necessária principalmente para a produção de ciência, é dilacerada ferozmente por uma onda bárbara pagã e ateísta militante, numa cruzada infernal contra o mais robusto dos 3 pilares da civilização ocidental.

O martírio de sangue voltou a florescer em alguns pontos do mundo, sem contar as vítimas cristãs da maior barbárie da história: A Barbárie comunista, protagonizadas por outros novos “Flagelos de Deus”, como Stalin, Lênin e Mao Tsé Tung.

Mas por que motivo, em todos os tempos, a única força que se encontra em oposição às hordas bárbaras é sempre a força do braço da Igreja Católica Apostólica Romana? Questão de simples resposta; resposta esta encontrada sob o intelecto inspirado de um certo Evangelista: “Pois eu te declaro: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão sobre Ela” (Mt 16, 18-19).

Onde houver um autêntico Sucessor de Pedro, ali estará a pedra sobre a qual está erigida a muralha, a última linha de defesa que deterá as hordas bárbaras! 

Rezemos que para assim como seu predecessor São Leão Magno, o Papa Bento XVI juntamente com todos os papas futuros, erga-se como de costume a cada investida bárbara, ponha-se diante dos generais do terror e grite: “ Bento XVI, Papa!”

PAX CHRISTI

Diogo Pitta

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