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quinta-feira, 2 de abril de 2015

Proteção de Mãe


Ultimamente tenho me apegado mais detidamente à espiritualidade carmelita, mais especificamente às “Teresas”: Santa Teresa de Ávila e Santa Teresinha do Menino Jesus. Apego-me, neste momento, mais especificamente ainda à santa Teresinha do Menino Jesus.

Mais detidamente à nossa Flor do Carmelo pelo gigantismo espiritual que emana da sua famosa e pouco posta em prática ‘Pequena via da infância Espiritual”, segundo a qual devemos fazer-nos minúsculos diante da Majestade de Deus, a ponto de sermos como que brinquedinhos nas mãozinhas do Menino Jesus. A base da espiritualidade da Santa de Lisieux é a passagem evangélica em que Jesus diz que para entrarmos no reino dos Céus, devemos nos reduzir à estatura espiritual de criancinhas. “Ele chamou um menino, colocou-o no meio deles e disse: “«Em verdade vos digo: Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no Reino do Céu”

 Obviamente que referia-se Nosso Senhor a uma humilhação espiritual pela qual deveríamos necessariamente passar para nos igualarmos às crianças em inocência, pureza e candura, pois a conformação física é materialmente impossível. Porém, me chama a atenção um aspecto em particular, e que na minha opinião de leigo, o que quer dizer que está livre para ser refutada por quem quer que tenha argumentos para tal, dá um sentido mais profundo `a passagem supracitada e que aos meus olhos de escravo de Nosso Senhor Jesus Cristo pelas mãos de Maria Santíssima, tomo-o por um bálsamo para inúmeras angústias que ultimamente tomam conta da minha vida interior. Sobre estas angústias, falarei mais adiante.

Quando pensamos numa criança, dessas bem pequenininhas, geralmente pensamos nos seus atributos: inocência, candura, pureza, alegria, energia, vitalidade etc. Dificilmente nos atentamos para a realidade primeira de que esta criança, salvo as crianças órfãs, encontra-se sob a autoridade e educação de uma Mãe. Quando leio e medito sobre esta passagem que é basilar para a espiritualidade da “pequena via” de Santa Teresinha, penso que encontra-se no cerne da espiritualidade da pequena Via da infância espiritual, pôr-se sob a autoridade e educação espiritual de uma Mãe. Esta Mãe não haveria de ser outra se não a Virgem Santíssima, Mãe de Nosso Senhor e nossa. Educa-nos a nós, os que nos pomos sob sua autoridade, para que moldados por suas mãos puríssimas, sejamos imagens perfeitas de Nosso senhor Jesus Cristo, e consequentemente possamos carimbar nossos passaportes para a beatitude celeste. Mas além de modelar-nos à imagem perfeita de Nosso Senhor, processo esse que pode levar uma vida inteira e muitos sofrimentos, Maria Santíssima, como Mãe da Igreja e nossa, desempenha um papel fundamental sobre seus filhinhos amados que somos nós: Ela nos protege! Protege-nos das armadilhas diabólicas, dos ardis dos que se põem sob a égide de Satanás; protege-nos de todos os perigos, sejam eles do corpo ou da alma.

Não acredito em uma Mãe que negligencie proteção e cuidado ao filho. Uma cena que para mim é memorável como analogia desta profunda realidade espiritual, é uma cena do Filme de “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson. Numa cena em que desfigurado e completamente chagado Nosso Senhor cai com a Santa Cruz ao ombro, a Virgem Santíssima com sua alma tomada de dores, corre ao encontro do Filho caído lembrando-se de quando o socorria na infância, quando o Divino Menino caía pelas peripécias comuns aos pequenos infantes.

Essas imagens, tanto a evangélica quanto a cinematográfica, acalentam-me o coração num momento em que ele está quase que dilacerado de dor pela Igreja, Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo. Além dos meus próprios pecados que me atormentam muitíssimo, Apostasias, Heresias, blasfêmias e profanações assolam tristemente a Igreja Imaculada de Cristo. Não fosse a Fé, a Fé dos apóstolos impressa na minha alma, eu teria sucumbido.

Tenho firme certeza de que assim como na ordem natural, uma mãe protege seu filho com a força se preciso for, de igual maneira, a Virgem Santíssima protegerá seu Filho, e todos os membros de seu Corpo Místico, com todas as forças das quais dispõe, segundo a vontade de Deus. Isto foi provado pela história, através da formulação dos Dogmas Marianos. Todos os Dogmas Marianos foram formulados paro proteger a Igreja, Corpo Místico de Cristo, das grandes heresias.

Por brevidade, tomarei como exemplo apenas o Dogma da Maternidade Divina, o primeiro a ser proclamado, pelo Concílio de Éfeso em 431, que teve como finalidade proteger a Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo da Heresia de Nestório, que afirmava que em Jesus Cristo não havia ao mesmo tempo perfeita e completa humanidade, e perfeita e completa Divindade, mas que havia uma Humanidade unida a uma divindade. Logo, a Virgem Maria era chamada de “Christotokos”, ou seja, Mãe de Jesus Cristo apenas em sua humanidade. Com a ajuda de Santos suscitados pelo Espírito Santo como São Cirilo de Alexandria, o Concílio condenou a heresia de Nestório, proclamando que Jesus é Deus, verdadeiro deus e verdadeiro Homem, e que por conseguinte a Virgem Maria é “Theotokos”, ou seja, Mãe de Deus. Desta forma foi proclamado o Dogma da Maternidade Divina de Maria Santíssima e foi protegida pela Mãe, e Divindade do Filho.

O mesmo penso sobre a Igreja hodiernamente. Contemplamos estupefatos uma das maiores crises de Fé pelas quais a Igreja já passou. A crise atinge primordialmente o sacerdócio Católico e consequentemente o laicato. É aviltante o numero assombroso de padres e bispos hereges, pedófilos, apóstatas, blasfemos, negligentes com as almas e desonestos, padres e Bispos esses que vilipendiam tudo o que temos de mais sagrado; deturpam o Código de Direito Canônico da maneira que lhes convém; alteram a Missa para agradar o “povo”; recusam a disciplina eclesiástica, rejeitam o hábito; não pregam o evangelho, dando preferência à política e à toda temática da Teologia da Libertação nas homilias, enfim, proporcionam todos os subsídios necessários para e perdição das almas. Infelizmente o diagnóstico é alarmante: humanamente, lutar contra isso é como tentar empacotar fumaça.

Diante de tão infamante quadro, o que nos resta? Simples: entregar os membros feridos do Corpo do Filho, aos cuidados amorosos da Boa e Santa Mãe! Obviamente temos que condenar as heresias e fustigar as obras diabólicas do Inferno, mas tudo isso é vão se não o fazemos com o auxilio e proteção da Medianeira de todas as Graças, Nossa Mãe Maria Santíssima. Ela nos protege.

Li certa vez uma sentença do Teólogo René Laurentin, que a cada dia que passa, parece-me mais acertada e como que uma rota a seguir: “A mariologia é a garantia da Ortodoxia católica”

Contemplando a Via da pequena infância espiritual de Santa Teresinha do Menino Jesus, essa sentença para mim faz todo o sentido.

Ora pro Nobis Sancta Dei genetrix
Ut digni efficiemur promissionibus Christi


1 - São Mateus Capítulo XVIII v II


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