Ultimamente tenho me apegado mais
detidamente à espiritualidade carmelita, mais especificamente às “Teresas”:
Santa Teresa de Ávila e Santa Teresinha do Menino Jesus. Apego-me, neste
momento, mais especificamente ainda à santa Teresinha do Menino Jesus.
Mais detidamente à nossa Flor do
Carmelo pelo gigantismo espiritual que emana da sua famosa e pouco posta em
prática ‘Pequena via da infância Espiritual”, segundo a qual devemos fazer-nos
minúsculos diante da Majestade de Deus, a ponto de sermos como que brinquedinhos
nas mãozinhas do Menino Jesus. A base da espiritualidade da Santa de Lisieux é
a passagem evangélica em que Jesus diz que para entrarmos no reino dos Céus,
devemos nos reduzir à estatura espiritual de criancinhas. “Ele chamou um menino, colocou-o no meio
deles e disse: “«Em
verdade vos digo: Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis
entrar no Reino do Céu”.¹
Obviamente
que referia-se Nosso Senhor a uma humilhação espiritual pela qual deveríamos
necessariamente passar para nos igualarmos às crianças em inocência, pureza e
candura, pois a conformação física é materialmente impossível. Porém, me chama
a atenção um aspecto em particular, e que na minha opinião de leigo, o que quer
dizer que está livre para ser refutada por quem quer que tenha argumentos para
tal, dá um sentido mais profundo `a passagem supracitada e que aos meus olhos
de escravo de Nosso Senhor Jesus Cristo pelas mãos de Maria Santíssima, tomo-o
por um bálsamo para inúmeras angústias que ultimamente tomam conta da minha
vida interior. Sobre estas angústias, falarei mais adiante.
Quando
pensamos numa criança, dessas bem pequenininhas, geralmente pensamos nos seus
atributos: inocência, candura, pureza, alegria, energia, vitalidade etc.
Dificilmente nos atentamos para a realidade primeira de que esta criança, salvo
as crianças órfãs, encontra-se sob a autoridade e educação de uma Mãe. Quando
leio e medito sobre esta passagem que é basilar para a espiritualidade da
“pequena via” de Santa Teresinha, penso que encontra-se no cerne da
espiritualidade da pequena Via da infância espiritual, pôr-se sob a autoridade
e educação espiritual de uma Mãe. Esta Mãe não haveria de ser outra se não a
Virgem Santíssima, Mãe de Nosso Senhor e nossa. Educa-nos a nós, os que nos
pomos sob sua autoridade, para que moldados por suas mãos puríssimas, sejamos
imagens perfeitas de Nosso senhor Jesus Cristo, e consequentemente possamos
carimbar nossos passaportes para a beatitude celeste. Mas além de modelar-nos à
imagem perfeita de Nosso Senhor, processo esse que pode levar uma vida inteira
e muitos sofrimentos, Maria Santíssima, como Mãe da Igreja e nossa, desempenha
um papel fundamental sobre seus filhinhos amados que somos nós: Ela nos
protege! Protege-nos das armadilhas diabólicas, dos ardis dos que se põem sob a
égide de Satanás; protege-nos de todos os perigos, sejam eles do corpo ou da
alma.
Não
acredito em uma Mãe que negligencie proteção e cuidado ao filho. Uma cena que
para mim é memorável como analogia desta profunda realidade espiritual, é uma
cena do Filme de “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson. Numa cena em que
desfigurado e completamente chagado Nosso Senhor cai com a Santa Cruz ao ombro,
a Virgem Santíssima com sua alma tomada de dores, corre ao encontro do Filho
caído lembrando-se de quando o socorria na infância, quando o Divino Menino
caía pelas peripécias comuns aos pequenos infantes.
Essas
imagens, tanto a evangélica quanto a cinematográfica, acalentam-me o coração
num momento em que ele está quase que dilacerado de dor pela Igreja, Corpo
Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo. Além dos meus próprios pecados que me
atormentam muitíssimo, Apostasias, Heresias, blasfêmias e profanações assolam
tristemente a Igreja Imaculada de Cristo. Não fosse a Fé, a Fé dos apóstolos
impressa na minha alma, eu teria sucumbido.
Tenho
firme certeza de que assim como na ordem natural, uma mãe protege seu filho com
a força se preciso for, de igual maneira, a Virgem Santíssima protegerá seu
Filho, e todos os membros de seu Corpo Místico, com todas as forças das quais
dispõe, segundo a vontade de Deus. Isto foi provado pela história, através da
formulação dos Dogmas Marianos. Todos os Dogmas Marianos foram formulados paro
proteger a Igreja, Corpo Místico de Cristo, das grandes heresias.
Por
brevidade, tomarei como exemplo apenas o Dogma da Maternidade Divina, o
primeiro a ser proclamado, pelo Concílio de Éfeso em 431, que teve como
finalidade proteger a Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo da Heresia de
Nestório, que afirmava que em Jesus Cristo não havia ao mesmo tempo perfeita e
completa humanidade, e perfeita e completa Divindade, mas que havia uma
Humanidade unida a uma divindade. Logo, a Virgem Maria era chamada de “Christotokos”,
ou seja, Mãe de Jesus Cristo apenas em sua humanidade. Com a ajuda de Santos
suscitados pelo Espírito Santo como São Cirilo de Alexandria, o Concílio
condenou a heresia de Nestório, proclamando que Jesus é Deus, verdadeiro deus e
verdadeiro Homem, e que por conseguinte a Virgem Maria é “Theotokos”, ou seja,
Mãe de Deus. Desta forma foi proclamado o Dogma da Maternidade Divina de Maria
Santíssima e foi protegida pela Mãe, e Divindade do Filho.
O
mesmo penso sobre a Igreja hodiernamente. Contemplamos estupefatos uma das
maiores crises de Fé pelas quais a Igreja já passou. A crise atinge
primordialmente o sacerdócio Católico e consequentemente o laicato. É aviltante
o numero assombroso de padres e bispos hereges, pedófilos, apóstatas,
blasfemos, negligentes com as almas e desonestos, padres e Bispos esses que vilipendiam
tudo o que temos de mais sagrado; deturpam o Código de Direito Canônico da
maneira que lhes convém; alteram a Missa para agradar o “povo”; recusam a
disciplina eclesiástica, rejeitam o hábito; não pregam o evangelho, dando
preferência à política e à toda temática da Teologia da Libertação nas
homilias, enfim, proporcionam todos os subsídios necessários para e perdição
das almas. Infelizmente o diagnóstico é alarmante: humanamente, lutar contra
isso é como tentar empacotar fumaça.
Diante
de tão infamante quadro, o que nos resta? Simples: entregar os membros feridos
do Corpo do Filho, aos cuidados amorosos da Boa e Santa Mãe! Obviamente temos
que condenar as heresias e fustigar as obras diabólicas do Inferno, mas tudo
isso é vão se não o fazemos com o auxilio e proteção da Medianeira de todas as
Graças, Nossa Mãe Maria Santíssima. Ela nos protege.
Li
certa vez uma sentença do Teólogo René Laurentin, que a cada dia que passa,
parece-me mais acertada e como que uma rota a seguir: “A mariologia é a garantia
da Ortodoxia católica”
Contemplando
a Via da pequena infância espiritual de Santa Teresinha do Menino Jesus, essa
sentença para mim faz todo o sentido.
Ora
pro Nobis Sancta Dei genetrix
Ut
digni efficiemur promissionibus Christi
1 - São Mateus Capítulo XVIII v II
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