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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Ahhh... a “Modernidade moderna.”


Não é novidade que o mundo moderno, ultimamente, tem mudado bastante e numa velocidade espantosa. Analisando estas mudanças, do ponto de vista da utilidade, podemos afirmar com segurança que boa parte destas mudanças vieram para melhor:
- A medicina está tão avançada que a expectativa de vida de um ser humano, hoje, aumentou assustadoramente para mais de 70 anos. Os que conseguem seguir à risca todas as recomendações de saúde prescritas e recomendadas, conseguem chegar à 90 anos sem maiores transtornos;
- O poderio bélico atual é uma realidade que seria inimaginável 50 anos atrás. Hoje é possível destruir uma cidade ou uma formiga, com uma precisão cirúrgica, sentado em uma poltrona do outro lado do mundo;
- A comunicação com certeza foi a que mais demonstrou avanço nas últimas décadas: internet, redes sociais, GPS, quase tudo hoje em dia se faz online, até brincar;
Em suma, devemos ser gratos por todos os benefícios que o mundo moderno nos proporcionou com as suas constantes mudanças.
Entretanto, me permito avaliar estas mesmas mudanças de outros pontos de vista. Sobretudo do ponto de vista moral. Sim, pois de que adiantaria, por exemplo, adquirirmos um avanço tecnológico espantoso, se este mesmo avanço representasse um retrocesso nos nossos costumes, de tal sorte que comprometesse o nosso bem estar pessoal ou coletivo?
“No microscópio”... reduzamos o nosso universo imaginário a um campo menor, para que possamos, com exemplos simples, vislumbrar com maior precisão:
Imaginemos, por exemplo, uma tribo silvícola, de costumes rústicos e simples, na qual ocorrem constantes conflitos por posse territorial e hierarquia. Estes conflitos estariam gerando sempre alguma violência; mortes inclusive. Diante deste quadro, qual seria a consequência de uma mudança (avanço) tecnológica do poderio bélico desta tribo? Certamente, os conflitos se intensificariam, gerando mais violência, mais mortes, etc. O que, em suma, representaria um retrocesso no processo civilizatório daquela tribo.
Da mesma forma, se fosse uma nação cujos avanços científicos na medicina levassem a um descuido com a saúde. “Já que a existe cura para tal doença, descuidemos de preveni-la.”, poder-se-ia pensar, imprudentemente.
Da mesma forma, um mundo em que a facilidade de comunicação levasse a constantes espionagens, motivando conflitos internacionais. Ou o oportunismo de alguma nação, diante da ampla divulgação de um ponto fraco de outra nação.
De fato, as mudanças sempre tiveram e sempre haverão de ter pontos positivos e negativos. Neste sentido, podemos avaliar a nossa sociedade hoje e verificar o que há de positivo (como já fizemos) e de negativo nas mudanças e avanços modernos. Seria um trabalho gigantesco, de quase infinitas páginas, apontar meticulosamente todos os problemas da sociedade moderna. Assim, reflitamos sobre um em especial, unicamente do ponto de vista moral.
Poderia ser considerado um avanço a quantidade de universidades que existem hoje. Qualquer um, sem observar o contexto, pensaria matematicamente: “Mais universidades = melhor ensino, melhor cultura, melhor a educação da população”. Só que, na prática, não é bem assim. A quantidade nunca foi sinônimo de qualidade. Assim como a opinião da maioria nunca constitui uma verdade. ("Ainda que um milhão de pessoas diga ou faça uma bobagem, continua sendo uma bobagem." - Voltaire).
Hoje, pelo menos no Brasil, existe um fenômeno chamado “Indústria das universidades”: a necessidade de capacitação do brasileiro era tão grande nos anos 80 que fez, então, os oportunistas de plantão encontrarem um “nicho”: o ensino superior de fácil acesso ao cidadão de média renda. O que deveria ser uma iniciativa pública, um dever moral de preparar intelectualmente a próxima geração, acabou se tornando um comércio, muito lucrativo. E no comércio, como sempre foi, “o cliente sempre tem razão”. Traduzindo: “Pagou! – Passou!”. Nas universidades públicas não é muito diferente. O critério de seleção é tão exigente que somente os alunos de classe média/alta, que podem pagar por um ensino melhor, são capazes de alcançar uma aprovação em processo seletivo. Uma vez dentro da universidade, seja pública ou privada, imagina-se que os alunos, pelo menos, receberiam o tão esperado ensino de qualidade, o diferencial em suas carreiras. Nada disso! O que eles recebem é uma lavagem cerebral pró-sistema. Todo tipo de bobagem é incutido na mente dos alunos, de forma sutil e gradual, sem que eles se dêem conta, tornando-os verdadeiras mulas que, já no presente, servem para puxar a carroça da ignorância coletiva. E o nome da sua classe passa a se chamar: “Massa de manobra” (social).
O resultado deste “avanço” quantitativo não poderia ser outro: uma geração de débeis mentais, que não conseguem pensar sozinhos, seguem a “vibe” das suas “tribos”: não estudam de fato. Sequer lêem coisas úteis, que dirá livros: estes nunca mesmo. Começam e terminam o curso falando “pobrema” e não conseguem nem mesmo escrever uma redação que faça sentido do início ao fim. Uma geração edonista, viciada em si mesma, escrava de prazeres de todos os tipos; não conseguem sequer conceber o altruísmo de sacrificar o seu conforto por um objetivo maior. Incapazes de discutir um assunto qualquer, por mais trivial que seja, sempre recorrendo a opiniões pré-formadas pela maioria ignorante (vulgarmente conhecida como filósofos de boteco) e atacando pessoalmente (ad hominem) quem ousa discordar de suas elucubrações sem sentido. Uma geração sem elam para lutar por interesses coletivos, só pensam em sexo 24 horas por dia. Não aceitam ser contrariados, não reconhecem as autoridades pré-constituídas, não respeitam as regras mais antigas do que eles, antes as carimbam com seu selo de “atrasado” ou “retrógrado”, e propõem uma alternativa que lhes convém, segundo seus prazeres pessoais. 
Não lhes importa minimamente (pois não conseguem enxergar a esta distância) as consequências de suas ideologias para o coletivo, ou à longo prazo. Se os privamos de sexo, por questão de equilíbrio moral, pelo menos a partir dos 14 ou 15 anos, se transformam em bestas apocalípticas indomáveis, destruindo a tudo e a todos que se interpõem em seu caminho. Acabam aprendendo a profissão “na mímica” dos estágios obrigatórios, em que só se aprende o mecânico (quando chega a isso) e não se vai além, com as pesquisas próprias do ambiente universitário. A música que estes mesmos jovens ouvem nem merece considerações; as letras de “funk” falam por si próprias. Não é de se espantar que não se conheça mais figuras do calibre de: Machado de Assis, Guimarães Rosa, Rui Barbosa, Fernando Pessôa. Eles até existem, mas permanecem no ostracismo de seus próprios blogs, colunas em pasquins; ou nem isso.
De um modo geral, se por um lado mais pessoas estão tendo acesso a universidades e formação “superior”, por outro lado o nível da formação caiu demais devido a fatores externos: interesses extra-classe que se aproveitam levianamente do crescimento demográfico dos universitários. Esta é, claramente, uma conseqüência ruim de um “avanço” social moderno.
Mas eu iria além; diria até que um “avanço” de qualquer natureza, que corresponda a um retrocesso moral, não é avanço em absoluto!
No caso em questão seria preferível moralizar as universidades; afim de que fosse garantido o ensino de verdadeiro nível superior. É claro que, para que isto acontecesse, seria preciso uma moralização geral da sociedade, desde os maiores cargos públicos até os bons costumes, que dão a referência de bom, mau, certo e errado à sociedade.
Mas o que seriam bons costumes? Certamente a sociedade moderna emitiria algum grunhido que fosse objetivamente os seus interesses individuais materiais. Certamente não têm a capacidade de legislar em causa própria. Então, qual seria a solução?
É patente na história da humanidade que toda sociedade necessita de uma referência, um substrato moral que indique o caminho mais adequado, justo e equilibrado. Este papel sempre foi exercido pela religião. Não digo qualquer religião, mas uma religião de verdade, que tenha pelo menos as características básicas para ser reconhecida como religião.
A sociedade moderna não reconhece a religião como uma necessidade social. Antes, a rebaixa ao nível da frivolidade que é própria dos histriônicos que, por ainda não terem se tornado 100% ateus, conservam ainda algum resquício de temência a um suposto ser superior, barbudo, sentado num trono em meio às nuvens, vigiando cada passo que damos aqui em baixo.
A religião é uma necessidade, sobretudo para a sociedade moderna, que caminha a passos largos, mas não faz ideia de “pra onde”: Deixai-os! São cegos guiando cegos. Ora, se um cego guia outro cego, os dois caem no buraco”. (Mateus 15, 14)
Vamos procurar entender porque a religião é tão necessária a uma sociedade:
Pelo princípio de que a natureza não frustra, ou seja - que não existe necessidade num ser que não corresponda a algo na natureza que supra esta mesma necessidade - precisamos reconhecer que a aspiração ao transcendente, comum em todas as sociedades humanas na história, só pode ser uma necessidade básica humana. A ideia de “Estado Laico” é absurda; simplesmente não existe tal coisa. Nunca houve na história uma sociedade que não tivesse, pelo menos em sua cultura, uma religião que tivesse como finalidade corresponder a esta necessidade humana básica pelo transcendente.
Historicamente, as religiões que obtiveram sucesso em suprir estas necessidades humanas são aquelas que apresentaram as seguintes características, segundo Luiz Gonzaga de Carvalho Neto:
- O conceito de Absoluto: limitar a ação humana segundo uma justiça;
- O conceito de Justiça: definição de certo e errado, seguindo parâmetros naturais;
- O conceito de Morte: resposta para este fenômeno irreversível, pressupondo a imortalidade da alma humana;
Uma religião, portanto, se faz necessária quando corresponde à estas características. Gerando no homem as seguintes aspirações, ou “inclinações religiosas”:
- A Curiosidade Intelectual;
- O Amor pelo Bem;
- O Temor do Sofrimento;
Enfim, a necessidade de uma religião vem de uma necessidade básica humana. Logo, as sociedades não deveriam ignorar que ao negligenciar a importância de uma religião que oriente os seus costumes, está fadada ao caos, pois perderá sua finalidade; não saberá mais para onde está indo.
Como diria o sábio iluminista: “Não importa aonde já chegou, mas onde está indo. Porém, se não sabes onde está indo, qualquer lugar serve.” (William Shakespeare)
Nunca foi prudente caminhar às cegas. Certamente é um perigo para a sociedade atual continuar com suas evoluções amorais, sem um objetivo claro que a defina como sociedade humana que busca a realização ontológica de seus integrantes.
Particularmente, não vejo opção melhor que o Cristianismo. Esta religião já provou para o mundo que é capaz de sustentar uma civilização inteira através das sólidas bases morais com as quais ajudou a construir a civilização ocidental. Neste sentido, recomendo insistentemente a obra de Thomas E. Woods Jr.: http://migre.me/4DZdu. É de cair o queixo!
Além disso, é a única religião que possui o suporte sustentáculo mais forte de todos, um que nenhuma outra religião ainda ousou apresentar: O próprio Deus, que se fez homem e falou conosco diretamente sobre a finalidade para a qual nos criou.
Nas palavras de sábio apóstolo está a orientação para quem deseja se encontrar na grande confusão do mundo moderno, que avança desenfreadamente, ao mesmo tempo em que regride: 
“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”, diz o Senhor através de Paulo (Romanos 12, 2).
Deus abençoe a todos!

PAX CHRISTI
Severus Máximus.
severuscm@gmail.com

Um comentário:

  1. Severus Máximus, obrigado pela sua contribuição para a Obra de Deus! Deus o abençoe...

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