Queridos irmãos,
Não é recente o meu
descontentamento com o contorno vital em que estamos inseridos. Minha alma
filosófica sempre me levou a buscar respostas às dúvidas mais inquietantes que
se me apresentam, a maioria delas de ordem antropológica, ou seja, sobre a
natureza humana e sua finalidade no universo.
Recentemente tenho encontrado vestígios
de Deus tentando me mostrar o caminho para tais respostas. É interessante como
parece aquela trilha de doces de João e Maria; espero que no fim eu não
encontre uma bruxa. Estes vestígios se apresentam de diversas formas: por acaso
entrei em meu perfil do facebook para alterar a foto e me deparei com o velho
poema “O Menestrel”, de William Shakespeare, que deixei lá há muito tempo. No
final desse poema segue o seguinte:
“E você aprende que realmente pode suportar… que realmente
é forte, ... E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da
vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos
conquistar se não fosse o medo de tentar.”
São
palavras reconfortantes e animadoras, não fosse o fato de terem sido escritas
no século XVI, quando a família ainda possuía seu modelo tradicional (o viver
ainda tinha valor), como explica Olavo de Carvalho em seu artigo:
“A
família em busca da extinção”
Nesse artigo Olavo dá um panorama
espetacular da família na história e da triste caricatura que ela se tornou.
Diz ainda que a família tradicional é a principal fonte de uma sociedade
saudável em todos os aspectos e que ela está ameaçada:
“Ou as famílias se agrupam em unidades
maiores fundadas em laços pessoais profundos e duradouros, ou sua erradicação é
apenas questão de tempo.”
Encontrei
nisto uma palavra de Deus para todos nós que temos e estamos em processo de
cultivo de uma família.
Por outra feliz coincidência
acabei por confirmar essa teoria quando me senti movido a contemplar novamente
a Saga de J. R. R. Tolkien: O Senhor dos Anéis. Nessa saga existe um personagem
chamado Bilbo Bolseiro. Bilbo é um Hobbit que na velhice resolve escrever
contos de suas aventuras na Terra Média. Bilbo começa descrevendo como vive a
sua raça: os Hobbits. Nesse momento Tolkien dá uma verdadeira aula sobre
família e demonstra que, já no início do século XX, se apresentavam as mazelas
atuais contra a família. Tolkien, ao descrever os Hobbits e como vivem, faz uma
exposição do que é a família, explicando que ela não se limita somente a laços
sanguíneos, elencando as peculiaridades próprias do modelo tradicional
familiar. E ao final dos contos os Hobbits, em sua inocência e aparente
fraqueza, são os responsáveis diretos e indiretos pela salvação da Terra Média,
pela vitória do Bem. É realmente lindo!
Há gerações nossas famílias não
são constituídas no modelo tradicional. Já somos vítimas do modelo
auto-destrutivo das revoluções do século XIX. Muitos de nós já enxergam com
terror a possibilidade de viver numa família numerosa, patriarcal... sempre supondo
as exigências do modelo econômico/social atual. É com pesar que reconheço que
nossas famílias, se não se unirem, estão fadadas à perseguição e ao seu
extermínio, lento e gradual, pela atual sociedade.
Vi nas palavras do mestre Olavo
uma missão de Deus para nós e uma resposta “parcial” de Deus àquela neurose
noogênica que venho sofrendo nos últimos meses. Não podemos deixar nossas
famílias definharem! Temos que nos unir e criar um refúgio em que possamos ser
cristãos e ser família como se deve ser. Atualmente, como sempre foi, ser
cristão é um desafio em todos os aspectos: social, moral, intelectual, etc. Os
desafios de hoje têm as suas próprias peculiaridades: uma Igreja cada vez mais
dividida, a moralidade cristã já não é mais tradição entre as famílias,
relativismos, perseguições, aborto, gayzismo, e o tudo mais.
Vivemos a era dos relacionamentos
virtuais. Conhecemo-nos via facebook, ou através dele mantemos contato assíduo.
Mas a família requer mais do que isso: requer convivência real e tradicional.
Requer que vivamos no modelo antigo, aquele que deu certo. Requer que criemos
um ambiente próprio para o florescimento dessa cultura familiar. Requer que
montemos um esquema, uma comunidade, um plano, uma estratégia, ou seja lá que
nome prefiramos, para nos encontrarmos assiduamente para viver a família. Por
isso, rogo-vos: Uni-vos...
... pelo direito de ser família;
... pela defesa da moral e dos bons
costumes;
... pela família tradicional e numerosa;
... pelo direito de ser cristão;
... pelo direito de criar filhos e
filhas com valores morais cristãos, sem o Estado interferindo para
pervertê-los;
... por uma cultura sem edonismos,
consumismos e mútua assistência;
... por uma vida em que não nos sintamos
alienígenas excluídos;
... por uma vida em que possamos lembrar
de bons momentos em família;
... por uma vida com ceia de natal,
canjica da vovó e almoço em família todo final de semana;
... por uma vida em que possamos viver
como Hobbits;
... por uma vida como “antigamente”;
... por uma vida que valha a pena!
Cordialmente,
Bruno Mourão.
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