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sábado, 20 de julho de 2013

Carta aberta aos meus irmãos em Cristo.


 Queridos irmãos,

 Não é recente o meu descontentamento com o contorno vital em que estamos inseridos. Minha alma filosófica sempre me levou a buscar respostas às dúvidas mais inquietantes que se me apresentam, a maioria delas de ordem antropológica, ou seja, sobre a natureza humana e sua finalidade no universo.
 Recentemente tenho encontrado vestígios de Deus tentando me mostrar o caminho para tais respostas. É interessante como parece aquela trilha de doces de João e Maria; espero que no fim eu não encontre uma bruxa. Estes vestígios se apresentam de diversas formas: por acaso entrei em meu perfil do facebook para alterar a foto e me deparei com o velho poema “O Menestrel”, de William Shakespeare, que deixei lá há muito tempo. No final desse poema segue o seguinte:

 “E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, ... E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.”

 São palavras reconfortantes e animadoras, não fosse o fato de terem sido escritas no século XVI, quando a família ainda possuía seu modelo tradicional (o viver ainda tinha valor), como explica Olavo de Carvalho em seu artigo:

 A família em busca da extinção”


 Nesse artigo Olavo dá um panorama espetacular da família na história e da triste caricatura que ela se tornou. Diz ainda que a família tradicional é a principal fonte de uma sociedade saudável em todos os aspectos e que ela está ameaçada:

 Ou as famílias se agrupam em unidades maiores fundadas em laços pessoais profundos e duradouros, ou sua erradicação é apenas questão de tempo.”

 Encontrei nisto uma palavra de Deus para todos nós que temos e estamos em processo de cultivo de uma família.

 Por outra feliz coincidência acabei por confirmar essa teoria quando me senti movido a contemplar novamente a Saga de J. R. R. Tolkien: O Senhor dos Anéis. Nessa saga existe um personagem chamado Bilbo Bolseiro. Bilbo é um Hobbit que na velhice resolve escrever contos de suas aventuras na Terra Média. Bilbo começa descrevendo como vive a sua raça: os Hobbits. Nesse momento Tolkien dá uma verdadeira aula sobre família e demonstra que, já no início do século XX, se apresentavam as mazelas atuais contra a família. Tolkien, ao descrever os Hobbits e como vivem, faz uma exposição do que é a família, explicando que ela não se limita somente a laços sanguíneos, elencando as peculiaridades próprias do modelo tradicional familiar. E ao final dos contos os Hobbits, em sua inocência e aparente fraqueza, são os responsáveis diretos e indiretos pela salvação da Terra Média, pela vitória do Bem. É realmente lindo!
 Há gerações nossas famílias não são constituídas no modelo tradicional. Já somos vítimas do modelo auto-destrutivo das revoluções do século XIX. Muitos de nós já enxergam com terror a possibilidade de viver numa família numerosa, patriarcal... sempre supondo as exigências do modelo econômico/social atual. É com pesar que reconheço que nossas famílias, se não se unirem, estão fadadas à perseguição e ao seu extermínio, lento e gradual, pela atual sociedade.

 Vi nas palavras do mestre Olavo uma missão de Deus para nós e uma resposta “parcial” de Deus àquela neurose noogênica que venho sofrendo nos últimos meses. Não podemos deixar nossas famílias definharem! Temos que nos unir e criar um refúgio em que possamos ser cristãos e ser família como se deve ser. Atualmente, como sempre foi, ser cristão é um desafio em todos os aspectos: social, moral, intelectual, etc. Os desafios de hoje têm as suas próprias peculiaridades: uma Igreja cada vez mais dividida, a moralidade cristã já não é mais tradição entre as famílias, relativismos, perseguições, aborto, gayzismo, e o tudo mais.

 Vivemos a era dos relacionamentos virtuais. Conhecemo-nos via facebook, ou através dele mantemos contato assíduo. Mas a família requer mais do que isso: requer convivência real e tradicional. Requer que vivamos no modelo antigo, aquele que deu certo. Requer que criemos um ambiente próprio para o florescimento dessa cultura familiar. Requer que montemos um esquema, uma comunidade, um plano, uma estratégia, ou seja lá que nome prefiramos, para nos encontrarmos assiduamente para viver a família. Por isso, rogo-vos: Uni-vos...

 ... pelo direito de ser família;

... pela defesa da moral e dos bons costumes;

... pela família tradicional e numerosa;

... pelo direito de ser cristão;

... pelo direito de criar filhos e filhas com valores morais cristãos, sem o Estado interferindo para pervertê-los;

... por uma cultura sem edonismos, consumismos e mútua assistência;

... por uma vida em que não nos sintamos alienígenas excluídos;

... por uma vida em que possamos lembrar de bons momentos em família;

... por uma vida com ceia de natal, canjica da vovó e almoço em família todo final de semana;

... por uma vida em que possamos viver como Hobbits;

... por uma vida como “antigamente”;

... por uma vida que valha a pena!
  
Cordialmente,

 Bruno Mourão.

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