Na
manhã desta quarta, Jonas Tadeu Nunes, advogado de Fábio Raposo e Caio
Silva de Souza, que acenderam o morteiro que matou o cinegrafista
Santiago Andrade, concedeu uma entrevista à rádio Jovem Pan. Participei
da equipe que conversou com ele. Nunes faz uma acusação muito grave:
segundo diz, jovens, a exemplo de seus clientes, estão sendo financiados
“por grupos” — recebendo dinheiro mesmo! — para promover a baderna país
afora. Nas suas palavras: “Eles
recebem até uma espécie de ajuda financeira, de mesada, para participar
dessas manifestações, com o intuito de terrorismo social”.
Segundo o advogado, tanto a imprensa
como a polícia devem investigar a atuação de diretório de partidos
políticos. A denúncia é muito grave. Segundo o advogado, ao chegar às
manifestações, os jovens são municiados com máscaras de gás, explosivos
etc. Nunes sugere que a vida de seus clientes está correndo risco. Para
ouvir a íntegra da entrevista, clique aqui.
Abaixo, transcrevo trechos da entrevista.
Ajuda financeira para o “terrorismo social”
“Esses jovens… Esse Caio, por exemplo, é
miserável. Esses jovens são aliciados por grupos. Eles recebem até uma
espécie de ajuda financeira, de mesada, para participar dessas
manifestações, com o intuito de terrorismo social”.
Jovens com medo de represálias
“Antes de chegar ao Caio, eu estive com
outros jovens, que fazem parte desses movimentos (…) Mas são jovens que
são aliciados. Uns três ou quatro jovens foram categóricos ao afirmar, e
eles não querem que divulguem o nome porque eles têm medo, muito medo,
de represálias…”
Pobre aliciados
“São jovens de preferência revoltados, que
têm uma certa ideologia, pobres, são aliciados para participar das
manifestações. São jovens que não têm dinheiro para comprar máscaras,
não tem dinheiro para comprar fogos…”
Por trás, vereadores e deputados estaduais
“Isso cabe a vocês da imprensa [apurar].
Vocês, da imprensa, são os olhos e os ouvidos da sociedade. A prisão
desse rapaz não deveria encerrar essa desgraça que houve com a família
do Santiago, a desgraça que está havendo com a família desses dois
jovens. Vocês deveriam investigar isso: investigar vereadores em Câmaras
Municipais, investigar deputados estaduais…
Diretórios de partidos
“Sim, são agrupamentos, movimentos… Tem
até diretórios [de partidos políticos], segundo informações que eu
tenho… Eu não posso divulgar porque tenho que preservar vidas… É papel
da imprensa, da Polícia Federal, investigar diretórios regionais de
partidos, investigar esses movimentos sociais, que aliciam esses jovens,
que patrocinam, que fomentam financeiramente essas manifestações.
Vai apresentar as provas desse aliciamento em juízo?
“Vou conversar com os meus clientes, vou
ver se eles permitem, vou conversar também no Conselho Regional da OAB
(…). Vocês da imprensa estão satisfeitos com a prisão deles. Tem de
investigar quem municiou esses jovens. Esses jovens chegam às
manifestações e são municiados com fogos de artifício, são fomentados
financeiramente.”
A imprensa
“Essas informações que eu tenho, não sou
só eu, não. Tem muitos colegas de vocês que têm essas informações. Tem
muita gente da imprensa que sabe quem está por trás disso.”
Rolezinho
“Esse mesmo engendramento iria partir
depois para os rolezinhos… Qualquer pessoa pode entrar e sair de
shoppings. Então vamos criar os rolezinhos para desestabilizar a
sociedade”.
Marcelo Freixo
“Confirmo com toda a veemência [que a militante Sininho diz ter falado em nome do deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL-RJ].
Eu ouvi isso dela. Eu ouvi [de Sininho] que os dois rapazes eram
conhecidos de Marcelo Freixo. Ela me disse que estava ligando a mando do
deputado Marcelo Freixo, oferecendo assistência jurídica”.
Encerro
É isso aí. Sem dúvida, o jornalismo tem
uma grande desafio pela frente — afinal, sua tarefa é informar o que
está acontecendo. E a Polícia Federal tem aí algumas dicas, não é? Sua
tarefa é reprimir o crime. Que investigue.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br
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